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5 O PIBID E O DESPERTAR DA DOCÊNCIA

5.3 Percepções dos licenciando sobre o trabalho docente

Levantamos essa questão junto aos licenciandos bolsistas no intuito de apreender as suas impressões sobre o trabalho dos professores, já que a vivência no Programa lhes permite uma aproximação com a prática docente com observações e intervenções em sala de aula.

Dessas percepções iniciais, nossos achados acerca desse tema têm manifestado posicionamentos distintos. Para muitos, prevalece o entendimento de que o trabalho do professor é desvalorizado, sendo que, ao mesmo tempo, ressaltam a importância da atuação do professor para a formação das pessoas.

Gráfico 16 – Percepção dos licenciandos bolsistas sobre a valorização da profissão docente

Fonte: Dados da Pesquisa.

Pelo Gráfico 7, percebemos que os licenciandos bolsistas, em sua ampla maioria, consideram o trabalho dos professores desvalorizado. Assim, diante da questão formulada: Quais suas impressões e concepções sobre o trabalho docente? Obtivemos as seguintes respostas:

“Na minha concepção o trabalho docente é ainda muito desvalorizado na sociedade, sendo que é de fundamental importância para o desenvolvimento enquanto sujeito crítico e reflexivo” (LBP, 3 anos no PIBID).

“Vejo como um trabalho fundamental, entretanto é uma caminhada difícil, por questões de reconhecimento e condições de trabalho” (LBP, 3 anos no PIBID). “O trabalho docente, apesar de não ser tão valorizado financeiramente e também em outros aspectos, como reconhecimento e etc., ele é de extrema riqueza em conhecimento e poder compartilhar desse conhecimento é mais gratificante” (LBP, 9 meses no PIBID).

“O trabalho docente é imprescindível para a formação de futuros cidadãos, mas, infelizmente, é um trabalho pouco valorizado no nosso país” (LBQ, 9 meses no PIBID).

Percebemos pelos relatos dos bolsistas que o trabalho docente não recebe o devido valor que esse profissional merece, tanto em termos financeiros,

como também em relação às condições de trabalho, mesmo que identifique a sua importância para formar indivíduos, ou seja, a possibilidade de ensinar as pessoas e incidir na formação de valores das futuras gerações.

Ao mesmo tempo, a profissão docente envolve, para eles, uma dificuldade intrínseca, pois exige ouvir e fazer o outro se envolver no processo de aprendizagem. Por isso, trata-se de uma carreira “difícil”, “árdua” e que “exige muito”, conforme os depoimentos a seguir:

“É um dos trabalhos mais importantes já que o profissional docente tem a obrigação de formar pessoas” (LBP, 3 anos no PIBID).

“Um trabalho árduo e que requer muita paciência e disponibilidade, porém é muito gratificante acompanhar e participar do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos” (LBP, 3 anos no PIBID).

“É uma profissão na qual tem extrema importância, que exige muito, pois ali você estará ensinando uma pessoa tudo o que se sabe” (LBP, 4 meses no PIBID).

“Eu acho que ser professor é uma profissão que exige muito da pessoa porque tem que tolerar inúmeros jeitos e modos de pensar. Um aluno é contra algo, outro é a favor, e o professor tem que saber tolerar isso” (LBQ, 9 meses no PIBID).

Apreendemos desses relatos que uma das características apresentadas pelos bolsistas está no entendimento de que as atividades do professor dependem da relação com um conjunto de outros fatores, além do desempenho em si. Um desses fatores postos é o entendimento de que as metas profissionais do professor são alcançadas com o sucesso do aluno. Assim, quando a escola está bem organizada e o aluno é motivado e acompanhado a cumprir suas tarefas discentes, acreditamos que a experiência do Programa passa a ter um desdobramento mais positivo.

Outra característica ressaltada pelos bolsistas diz respeito à complexidade e às adversidades do trabalho docente. Eles também destacam aspectos subjetivos ao mencionar a necessidade do “amor à profissão”, como condição para enfrentar os desafios inerentes ao exercício “da sala de aula”.

“Um trabalho que exige muito, e precisa de dedicação e amor pela profissão” (LBP, 1 ano e 6 meses no PIBID).

“É uma profissão bastante complexa que exige muito do educador, o mesmo deve estar preparado tecnicamente e psicologicamente para atuar em sala de aula” (LBQ, 10 meses no PIBID).

Os jovens atribuem o “amor” como um dos atributos para lidar com as dificuldades da profissão, ou seja, por ser um trabalho “cansativo”, “complexo” e “pouco valorizado”. Em certo sentido há uma visão romantizada sobre a atuação dos professores, como se esse sentimento fosse suficiente, por si só, para o exercício da docência. Atribuem o preparo psicológico para atuar na sala de aula como necessário por entender que, ao adentrar no ambiente escolar, o bolsista tem o primeiro contraste entre aquilo que ele idealiza da profissão e aquilo que realmente é o trabalho do professor. Fica claro que para atingir os objetivos do trabalho é necessária a atuação conjunta de vários fatores a fim de que o futuro professor se sinta motivado para o exercício da função que almeja abraçar.

A partir dessas evidências, os bolsistas compreendem a profissão docente sobre vários aspectos, ressaltam a complexidade desse trabalho, a importância do educador para as futuras gerações e, ao mesmo tempo, mencionam a desvalorização do trabalho dos professores. Também fazem referência que ser professor exige dedicação e compromisso, o que pressupõe uma formação específica que lhe dê condições de compreender a realidade e de mobilizar saberes para modificá-la.

Por fim, alguns alunos enaltecem o trabalho do professor como sendo de extrema importância para a sociedade, conforme o relato do bolsista de Pedagogia que está há 3 anos no Programa:

“É um dos trabalhos mais importantes, já que o profissional docente tem a função de formar as futuras gerações”.

Sendo assim, muitos ressaltam o trabalho docente como fundamental para a formação do indivíduo. Acreditamos que essas percepções só foram possíveis através da vivência no Programa que, em certa medida, colabora para que

os licenciandos se envolvam com a prática docente, entendam os seus afazeres e os desafios impostos à profissão.