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2. ANÁLISE DA PESQUISA EMPÍRICA

2.1 Percurso Metodológico

Ressaltamos inicialmente que por se tratar de uma pesquisa com seres humanos, nosso projeto foi submetido à apreciação e avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, em conformidade às Resoluções 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado e considerado relevante contribuição para o aprofundamento do estudo das relações de trabalho de professores na UFSC71.

Numa perspectiva marxista, pensar a ciência quanto ao ser social, segundo Nogueira (2006: 11), pressupõe “um ponto de partida e um ponto de chegada e as abstrações são um caminho imprescindível para que o ponto de partida ao tornar-se ponto de chegada, seja marcado pela apreensão da totalidade e pelo real processo de conhecimento”.

Nesse prisma, esta pesquisa se desenvolve por meio de fontes bibliográficas alusivas ao objeto de investigação e das entrevistas semi-estruturadas. Para atender à proposta deste estudo, estabelecemos como premissa o estudo de casos, bem como a abordagem de natureza qualitativa, considerando que a mesma é a mais adequada para a obtenção das informações e do contexto que se pretende investigar, haja visto que será analisado o significado do trabalho na vida dos sujeitos entrevistados, a partir da sua percepção da aposentadoria e dos motivos

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Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – registro n° 103/07, com parecer de aprovação durante a reunião realizada no dia 28/Maio/2007.

que os levaram a retornar à UFSC na condição de voluntários, o qual é apreendido de forma particular e individual, por ser subjetivo e peculiar a cada indivíduo72.

Vale ressaltar, todavia, que o foco central dessa pesquisa é responder a seguinte pergunta: “O trabalho docente voluntário na UFSC é uma das várias formas de expressão do trabalho na sociedade contemporânea. Em que medida, portanto, ele expressa ou não a centralidade do trabalho na sociabilidade humana?”

Nessa perspectiva, estabelecemos como critério da amostra 02 docentes de cada centro da UFSC, totalizando 22 professores. Inicialmente, o critério na busca desses sujeitos foi o cadastro fornecido pelo Gabinete do Reitor da UFSC, informando os seus nomes e respectivos centros. O segundo passo foi o contato pessoal com cada centro e especificamente com seus respectivos departamentos de cursos, com os quais esses professores voluntários estão vinculados. Então obtivemos os endereços eletrônicos e/ou os números dos telefones pessoais desses docentes, e tentamos reiteradas vezes manter contatos, no intuito de agendar as entrevistas conforme suas disponibilidades.

Cabe ressaltar que todos os professores entrevistados foram devidamente informados e esclarecidos antes da entrevista, sobre o objetivo da pesquisa, isto é, estudar, evidenciar ou não a centralidade da categoria trabalho na sociedade contemporânea através do trabalho docente voluntário na UFSC, para que não criassem expectativas não condizentes ao nosso trabalho investigativo.

Neste sentido, firmamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, devidamente assinado pela Pesquisadora Principal e pelo Entrevistado, pelo qual concede todos os direitos de uso e divulgação do conteúdo das gravações em fita magnética e transcrição literal da mesma. Por outro lado, a pesquisadora se comprometeu quanto ao caráter sigiloso dessas gravações, as quais serão acessadas somente por ela e pela professora orientadora73.

Outro cuidado relevante que tivemos foi quanto a transcrição fiel dos conteúdos das gravações com as entrevistas realizadas, visando apreender ao máximo a riqueza e complexidade das informações coletadas, tendo em vista o cumprimento ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e também o nosso comprometimento ético enquanto pesquisadores.

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Cabe destacar ainda a utilização do diário de campo como um instrumento imprescindível na realização da pesquisa empírica, como recurso de registro dos fatos e situações vividas no cotidiano.

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Objetivo Geral

Em meio às atuais transformações no mundo do trabalho, dentre as quais o trabalho voluntário, e, tendo como foco central o trabalho docente voluntário e a centralidade da categoria trabalho, esta pesquisa visa responder a seguinte questão: “O trabalho docente voluntário na UFSC é uma das várias formas de expressão do trabalho na sociedade contemporânea. Em que medida, portanto, ele expressa ou não a centralidade do trabalho na sociabilidade humana?”

Objetivos Específicos

- Evidenciar a identidade profissional dos trabalhadores entrevistados;

- Apreender a relevância do trabalho na vida desses entrevistados, a partir do impacto da aposentadoria em suas vidas.

- Evidenciar os motivos reais que levaram esses profissionais aposentados a regressarem à UFSC, na condição de professor voluntário.

2.1.1 População / Sujeitos

Segundo informações obtidas junto à Chefia do Gabinete do Reitor da UFSC, o quadro atual de docentes voluntários atuantes na academia é de aproximadamente 100 professores, ressaltando que esse número refere-se aos professores que firmaram termos de adesão voluntária ou renovaram seus contratos no período de 2004 a junho/200774.

Tendo em vista o expressivo número de professores a serem pesquisados, torna-se inviável realizar uma pesquisa com todos os sujeitos envolvidos. Diante do exposto, e face à necessidade de se estabelecer um delineamento, optamos por trabalhar com 02 (dois) professores de cada centro, totalizando 19 sujeitos inseridos em 10 centros (CCS, CSE, CFM,

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Esclarecendo que durante a pesquisa ficou evidenciado que o número real é superior a esse oficial informado, tendo em vista a constatação de professores atuantes como voluntários sem firmar o Termo de Adesão Voluntária, além do número considerável de profissionais não aposentados atuantes nessa condição, não sendo, portanto, alvo de nossa pesquisa.

CFH, CCE, CCA, CTC, CED, CCB e CCJ), considerando que há 11 centros na UFSC, sendo que o CCJ tem somente um professor voluntário e o CDS não tem nenhum.

Cumpre esclarecer que tal proposta se justifica mediante a compreensão de que esta pesquisa se propõe a estudar e entender a particularidade da realidade concreta dos sujeitos entrevistados, sem, todavia, perder o entendimento de uma realidade maior da totalidade. Em outras palavras “olhar a árvore sem perder de vista a floresta”.

Em suma, pretendemos com este estudo, ter o cuidado de não reduzi-lo às visões abstratas, que generalizam conceitos e explicações sobre realidades distintas, bem como as concepções que pensam o ser humano como desdobramento inerte das estruturas sociais.

Os sujeitos desta pesquisa são, portanto, um subconjunto do universo e constituem-se professores aposentados da UFSC que retornam à academia, após a aposentadoria, na condição de adesão voluntária.

2.1.2 Limites

Cabe esclarecer que, durante o processo de realização desta pesquisa, emergiram alguns limites à sua concretização, os quais serão elencados a seguir.

Um dos limites iniciais diz respeito à falta de referencial teórico sobre essa temática no âmbito do serviço social da UFSC, haja visto que o currículo atual do curso de Serviço Social dessa universidade não aborda especificamente a temática do mundo do trabalho. Considerando que até o momento não há nenhum trabalho de dissertação de mestrado concluído sobre o assunto em questão neste Programa de Pós-Graduação, e, ainda, não cursamos disciplina dessa temática e, inclusive não há uma linha de pesquisa específica à respeito.

Ressaltando que o referido currículo do curso de Serviço Social também não aborda a questão do idoso e do processo de envelhecimento do ser humano, sendo de fundamental importância a necessidade urgente de inclusão desta temática, por tratar-se de uma fase do processo de desenvolvimento da pessoa humana.

Outro limite a ser destacado refere-se à inserção do assistente social no mundo do trabalho, o qual atua na prática, todavia, percebe-se a limitação de literaturas existentes quanto

ao estudo e entendimento dessa categoria profissional no mundo do trabalho, e, sobretudo, quanto à centralidade da categoria trabalho.

Cumpre destacar também a não realização de entrevistas com todos os docentes voluntários previstos, 02 de cada centro, totalizando 19 professores conforme informado anteriormente, em virtude dos professores de alguns centros não se disponibilizarem a colaborar com a pesquisa, tais como o CCJ, o CCB e o CCE, ficando, portanto, esses 03 centros fora deste estudo. Entretanto, com o intuito de compensar essa limitação, entrevistamos um número maior de professores de dois centros mais acessíveis - CCS e CED.

Finalmente, cabe assinalar outro limite relevante, especificamente na realização das entrevistas, em relação ao tempo disponível para a realização da pesquisa e o término da dissertação (3,5 meses após a qualificação), aliado à dificuldade em encontrar os professores voluntários na UFSC, dos quais vários estavam viajando (até no exterior). Salientamos também que alguns departamentos não têm conhecimento que esses professores estão na condição de voluntários e nem têm informações sobre seu paradeiro e, tampouco, se dispuseram em contribuir para mediar um contato com eles. Percebe-se claramente um grande distanciamento entre esses profissionais e os respectivos departamentos, os quais estão formalmente vinculados.

Concluída esta etapa, o próximo item apresenta a análise e a interpretação do resultado da pesquisa empírica realizada com os referidos professores voluntários da UFSC.

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