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5. METODOLOGIA

5.2. Percurso metodológico e procedimentos utilizados

UTILIZADOS

A pesquisa ocorreu no cotidiano de serviços recifenses de Oncologia Pediátrica no período de janeiro de 2010 a março de 2011, exigindo rigor e respeito à ética da prática profissional dos envolvidos na pesquisa. Para tanto, utilizamos procedimentos participativos pertinentes ao campo investigado, os quais incluíram os três momentos descritos a seguir.

5.2.1. Primeiro momento: as entrevistas individuais

Desde janeiro de 2010, começamos a visitar as instituições participantes da pesquisa (hospitais e clínicas especializadas em tratamento do câncer da rede pública e privada de saúde da cidade do Recife-PE) em busca de encontrar psicólogos que trabalhassem nessa área, e mais especificamente, na assistência às crianças com câncer.

Primeiramente, reunimos o contato de nove psicólogas atuantes em Oncologia Pediátrica em seis instituições por intermédio de informações dessas mesmas instituições e de contatos telefônicos com profissionais dos serviços de

Oncologia. A partir disso, fizemos contato via telefone com cada possível participante para agendar um horário e assim, apresentar a pesquisa em questão e consultar a sua possibilidade de participação. Após esses encontros individuais nas instituições, obtivemos a anuência de todas elas que concordaram participar espontaneamente da pesquisa.

Diante disso, estivemos em Recife-PE quinzenalmente, durante o primeiro semestre de 2010 a fim de resolver as questões do comitê de ética em pesquisa (CEP) e obter o consentimento para iniciar a colheita de dados12. Além de

submissão e aprovação do projeto de doutorado ao CEP da UFES; também tivemos de submetê-lo à avaliação por um comitê de ética local, uma vez que duas instituições alegaram que só emitiriam parecer favorável mediante aprovação em um comitê do estado onde seria realizada a pesquisa. E assim foi feito; contudo, uma das instituições só liberou confirmação após seis meses de tentativas.

O período de espera da aprovação foi demorado e repleto de burocratização. Houve dias em que o desgaste por informações truncadas e processos decisórios verticalizantes dificultaram a observação para além das questões de poder institucional. Uma das instituições participantes exigiu que a execução deste projeto fosse acompanhado/supervisionado por um de seus funcionários do CEP como garantia de que o mesmo seria executado mediante parâmetros éticos. Apesar das dificuldades, obtivemos parecer favorável (CAAE número 0051.0.447.447-10) em janeiro de 2011.

Participaram desta pesquisa nove psicólogas, que foram denominadas colaboradoras. As mesmas provêm de cinco instituições, sendo quatro públicas e uma privada. Apenas uma das colaboradoras, por pedido próprio, não pôde

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Colheita de dados é um termo utilizado na metodologia Fenomenológica em vez de coleta de dados, pois se presume que a palavra coleta dá uma idéia de ir ao encontro de algo/dado que já existe ou está pronto. Já colheita nos remete ao sentido de construção coletiva e processual dos dados na qual o pesquisa re-colhe as experiências dos participantes através de uma relação dialógica.

continuar até a fase final da pesquisa, tendo realizado apenas a entrevista inicial. As demais continuaram, sendo que duas delas não participaram do grupo focal devido à incompatibilidade de horários e demais participaram de todas as etapas metodológicas, que incluíram: 1) entrevista inicial com literalização13, 2) grupo focal com literalização e 3) devolutiva de questionamentos.

Sobre as colaboradoras, todas são do sexo feminino e possuem um tempo de prática na OP que varia de 02 a 18 anos em instituições públicas e privadas, sendo a maioria proveniente de instituições públicas A faixa etária variou de 25 a 45 anos, aproximadamente. A inserção na área se deu por concurso, escolha pessoal, convites e oportunidades ocasionais. Três delas possuem pós- graduação (stricto sensu e lato sensu), estando a maioria vinculada a programas de estágio profissional na área de psicologia hospitalar, possuindo outras atividades, tais como consultório clínico privado, preceptoria de estágio, docência, gestão de grupos e participações eventuais em programas de pós-graduação (especialização). Além disso, todas referiram possuir vinculação a um dado credo religioso/espiritual seja este impulsionado pelo contato com a OP, seja este preexistente.

Os cuidados éticos envolveram assinatura dos Termos do

Consentimento livre e esclarecido/TCLE (em anexo) pelas colaboradoras e emissão de Cartas de Anuência de todas as instituições participantes. Todas as colaboradoras foram informadas quanto aos procedimentos metodológicos utilizados, sendo-lhes atribuídos nomes fictícios por uma questão de sigilo. Portanto, a participação na pesquisa não envolveu riscos.

Os critérios de inclusão das colaboradoras na pesquisa foram: estar empregada ou ser uma prestadora de serviço em instituições públicas ou privadas de Oncologia Pediátrica; possuir pelo menos um ano de prática nessa área e estar trabalhando (diretamente) no campo da assistência às crianças

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Literalização é uma técnica de pesquisa proposta por Schmidt (1990) que consiste em transformar as narrativas em um texto literário através da condensação e organização cuidadosa dos depoimentos de cada um dos colaboradores de uma pesquisa, resguardando o máximo possível das propriedades da linguagem oral e a tonalidade afetiva correspondente às falas.

com câncer. Isso foi feito com o intuito de delinear melhor seus percursos e práticas profissionais. Todas elas foram previamente informadas sobre os objetivos e procedimentos usados ao longo pesquisa. Consideramos instituições públicas e privadas devido ao pequeno número de profissionais que atuam nessa área em Recife-PE.

Quanto às visitas ao campo, essas ocorreram entre os meses de janeiro de 2010 a março de 2011 mediante prévio agendamento nas instituições participantes. Todas as colaboradoras estiveram presentes no momento das visitas, demonstrando disponibilidade em co-laborar. Nem mesmo as chuvas fortes, as longas filas de espera ou obrigações institucionais constituíram impeditivos para a realização da pesquisa. Estivemos em contato via email durante todo esse período a fim de enviar e receber as narrativas14 (oriunda das entrevistas e do grupo focal) devidamente literalizadas. As transcrições demandaram muito tempo e escuta atenta, tendo em vista a densidade dos conteúdos e o longo período de gravação.

Como principais dificuldades, destacamos os entraves institucionais de nossa instituição de trabalho em nos conceder o devido afastamento que viabilizasse as viagens até Recife-PE; o que acabou exigindo ajustes na última etapa metodológica da pesquisa, que, a princípio seria uma etnografia em uma das instituições participantes, mas que, no decorrer da pesquisa, se revelou como inviável devido a distância geográfica e aos entraves supracitados. Além disso, o nosso período de férias, que seria comumente usado para a etnografia, acabou coincidindo com as férias da maioria dascolaboradoras, resultando em seu afastamento das instituições. Contudo, tais dificuldades não comprometeram a qualidade do trabalho nem confundiram nosso entusiasmo e vontade de prosseguir. A última etapa do que seria a etnografia foi, então, substituída por encontros em minigrupos e/ou individuais em cada uma das instituições

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Narrativa é a maneira pela qual se transmite a experiência. Esta, por sua vez, adquire valor de testemunho dos acontecimentos vividos. Já que a experiência é polissêmica, cabe ao pesquisador buscar compreendê-la através de um contato profundo com a sua expressão nas narrativas. Em nosso caso, optamos pela narrativa em razão de sua estreita relação com a transmissão da experiência.

participantes, nos quais compartilhamos e registramos nossas impressões sobre os questionamentos, que surgiram ao longo do grupo focal e da pesquisa como um todo.

Os locais destinados à colheita de dados foram seis instituições nas quais as colaboradoras trabalham, mas houve também a inclusão de um consultório particular de uma delas por questão de maior conveniência para uma delas naquela ocasião. Quanto às visitas, estas serão detalhadas a seguir.

A primeira visita ocorreu às 11 horas da manhã em janeiro de 2010 em um serviço especializado. Nessa instituição, fomos recepcionados pela psicóloga do serviço, a qual nos acolheu e demonstrou cordialialidade, aceitando fazer a entrevista mediante a apresentação do parecer do CEP. A entrevista transcorreu em sala de consulta médica durante aproximadamente duas horas. Nela, a profissional mencionou sua trajetória prática em OP, chegando a se emocionar durante a narrativa de casos clínicos e de questões ligadas à finitude. Esperamos cerca de 20 minutos e os funcionários da recepção nos encaminharam ao setor de Psicologia com informações precisas, mas alegando que a profissional que procuravámos estava de licença e, de fato, estava, porém compareceu nesse dia para nos conceder a entrevista. Percebemos os funcionários atentos ao nosso pedido. A profissional estava à vontade com o gravador e falou bastante de sua prática, ilustrando-a com exemplos.

A segunda entrevista ocorreu em consultório particular de uma profissional, por sugestão da mesma, também em janeiro de 2010. Nesse dia, houve um acidente de trânsito no meio do percurso e chegamos atrasados devido ao engarrafamento. Liguei avisando o motivo do atraso e a sua secretária nos garantiu que ela esperaria. De fato, esperou e nos recebeu bem. Concedeu a entrevista após a apresentação da pesquisa e dos documentos, mas enfatizou que a maior parte de sua prática ocorrera com adultos.

A terceira, quarta e quinta entrevistas ocorreram no mesmo dia em outra instituição participante. Apresentei a proposta da pesquisa a três profissionais e cada uma delas concedeu a entrevista individualmente. Nessa instituição, tivemos

a impressão de que tais profissionais já estão mais habituados com o cotidiano da pesquisa e das atividades acadêmicas, facilitando a abertura e a fluidez do diálogo.

A sexta e sétima entrevistas ocorreram em outra instituição na qual já havia tido contato durante nossa formação. Voltar a esse lugar nos trouxe a sensação de espaço conhecido, mesmo com as diferenças arquitetônicas nítidas. Não havia mais nenhum profissional que conhecíamos por lá. Passamos pelos corredores em busca de conhecer os novos psicólogos, e nesse meio tempo, presenciamos muitas pessoas deitadas pelo chão, com a cabeça coberta, olhar distante, aparência pálida e corpo esquálido. Essas imagens nos sensibilizaram e nos convocam a desacelerar o passo, a ―olhar para ver‖ cada vida que ali se debruçava sobre os corredores. Ao entrar na sala de Psicologia e ali permanecer à espera das profissionais, percebemos que havia uma senhora ao nosso lado falando do medo de fazer a cirurgia de mama e que já havia perdido o emprego devido a sua incapacidade para carregar peso. Falava de sua filha como sendo sua principal cuidadora e incentivadora. Perguntamos à recepcionista, nessa hora, se a psicóloga ainda tinha muitos pacientes para atender e essa senhora nos pergunta se nós também aguardávamos para ser atendida, para a qual respondemos que não. Ela começa a conversar e pergunta sobre nossa profissão. Ao responder, essa senhora narra sua história e faz o seguinte comentário: ―eu melhorei muito quando comecei a vir para a consulta da psicóloga, mas no começo eu não queria vir‖. Diante disso, despedimo-nos, e fomos para outra sala com a participante da pesquisa que acabara de me chamar. Tivemos várias interrupções de profissionais, que batiam em sua sala, perguntavam sobre pacientes e pediam informações. A profissional agiu de modo espontâneo, nos pediu desculpas e manteve a fala na sequência do que já vinha falando, demonstrando atenção e desenvoltura. Ao longo da entrevista, compartilhamos momentos de conversação quando ela demonstrou envolvimento e afetação com o tema da pesquisa. Foi uma longa conversa e nessa pudemos trocar experiências sobre a prática psicológica com crianças com câncer. Essa profissional demonstrou calma, segurança e disponibilidade, o que nos ajudou a não perder o foco da conversa.

Já a segunda profissional da mesma instituição acima se apresentou e logo acrescentou que tinha pouco tempo de prática. Demonstrava ansiedade, alegando que achava que não contribuiria muito devido ao pouco tempo de formação. Admitiu que tem revisado seu referencial teórico (psicanalítico) devido às necessidades da Oncologia, sobretudo da OP, na qual se sente impelida a ter uma postura ―mais Humanista-Existencial‖ devido ao teor das colocações e demandas dos pacientes. Esse encontro fluiu, apesar da preocupação da profissional em corresponder com as expectativas do trabalho. Contudo, ao longo da conversa, ela parecia menos tensa, sobretudo quando me coloquei a relatar experiências de minha prática há anos atrás; isso pareceu acalmá-la e a fez voltar-se para a própria experiência.

A oitava e a nona entrevista ocorreram em outra instituição em fevereiro e março de 2010 após o preenchimento de alguns trâmites burocráticos exigidos, tais como a leitura prévia e aprovação do projeto de pesquisa pelo setor de Psicologia. A oitava entrevista ocorreu em sala arejada e sem interferências durante aproximadamente três horas, período no qual conversamos sobre a sua experiência de modo aprofundado. A profissional narrou episódios ao longo de vários anos de prática com desenvoltura e sem nenhuma interrupção externa. Ao final, agradeceu pela oportunidade de colaborar com a pesquisa e se dispôs a continuar ajudando no que fosse necessário. Sua atitude de abertura facilitou o encontro e o diálogo.

E, por último, a nona entrevista, ocorreu em um ambulatório hospitalar em horário previamente agendado após o atendimento de pacientes. Esse encontro ocorreu durante cerca de 1 hora e meia e envolveu um diálogo sobre a prática psicológica e algumas relações com a formação e docência. A colaboradora demonstrou atenção e expressou vontade em participar, mesmo admitindo que sua experiência seja mais direcionada aos familiares das crianças com câncer. Narrou situações limítrofes enfrentadas ao longo de sua trajetória profissional em OP, a partir das quais, teceu reflexões.

5.2.2. Segundo momento: o grupo focal

De janeiro a junho de 2010, participamos como ouvinte de uma disciplina sobre a Psicologia Fenomenológica no doutorado na Universidade Católica de Pernambuco/UNICAP, em Recife-PE. Viajei quinzenalmente a fim de assistir às aulas, participar das discussões a construir o capítulo da fundamentação teórica. Esse foi um período de intensa correria, aprendizagem e cansaço, pois, além das viagens, do trabalho e das aulas, ainda estávamos tentando complementar nossa colheita de dados devido a algumas exigências burocráticas do comitê de ética local. Passados alguns meses, enfim, conseguimos concluir a colheita. As profissionais dessa instituição me ajudaram bastante na medida em que me indicaram as pessoas a quem recorrer e ofereceram o espaço institucional para as eventuais necessidades da pesquisa.

Nesse período, também ficamos transcrevendo e literalizando todas as entrevistas e devolvemos-a a cada uma das profissionais via email, as quais nos responderam confirmando a narrativa individual até junho de 2010. Nenhuma teve acesso à narrativa das demais. Apenas uma das colaboradoras (a que só participou da entrevista) demorou um pouco mais para nos devolver, e mesmo assim, o fez, demonstrando solicitude.

Uma questão que nos chamou atenção foi a colocação de uma das profissionais que nos questionou se eu iria publicar o material da colheita antes da tese e da anuência das colaboradoras, pois alguém já teria feito uma entrevista com ela, divulgando os dados sem a sua anuência. Conversamos via email e esclarecemos que os dados só seriam publicados na tese e que ninguém teria sua identidade revelada. Após tais esclarecimentos, a mesma confiou em nós e nos enviou a narrativa via email com vários cortes/edições em sua própria fala, suprimindo todos os momentos que se referia à instituição na qual estava vinculada.

Em julho de 2010, tentamos marcar o grupo focal15, mas, devido ao período de férias da maioria das entrevistadas, foi inviável. Marcamos para o dia 5 de agosto de 2010, conforme sugestão da maioria. Apenas duas profissionais não compareceram ao grupo. Uma delas teve um imprevisto com uma viagem de trabalho, e a outra não conseguiu remarcar uma aula naquele mesmo dia e horário. Como já estávamos a pelo menos três meses tentando marcar, fizemos o grupo assim mesmo.

No dia do grupo focal, choveu bastante em Recife-PE, dificultando o acesso ao local de sua realização (uma instituição participante) e atrasando o seu início devido ao engarrafamento e alagamento provocados. Estava previsto para iniciarmos às 8horas e 30 minutos, mas só começamos às 9:30 horas. Quando chegamos i já se encontrava presente uma das profissionais, o que nos deixou surpresa, pois não esperavámos que ela aderisse ao grupo devido a preocupação, que anunciara anteriormente, quanto ao pouco tempo de prática.

O local reservado para o grupo foi uma sala ampla, arejada e livre de barulhos. Em seu centro, havia uma mesa grande e várias cadeias em volta, além de um computador e mesa pequena no canto direito. Chegamos `ss 8 horas e organizamos um lanche para as colaboradoras. Contamos com a ajuda de alguns funcionários e voluntários do grupo de apoio a criança com câncer , além de um técnico de som, que providenciou a gravação em áudio mediante a instalação de dois microfones e de um programa computadorizado para reprodução de voz.

Enquanto as demais colaboradoras não chegavam, providenciamos a mesa do lanche e a água, conversamos informalmente e apresentei as profissionais entre si. As duas últimas a chegar já haviam nos ligado justificando o atraso devido aos percalços da chuva. Pedimos licença ao grupo para o técnico de som permanecer no local até o teste do equipamento de áudio e todas concordaram em o mesmo permanecer até o final do grupo. Isso não fora empecilho para o prosseguimento. Não tivemos nenhuma interrupção ao longo do

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Grupo focal é uma técnica de pesquisa oriunda das ciências sociais que consiste no debate orientado para uma questão que se pretende investigar.

grupo, pois a sala estava fechada e os funcionários devidamente avisados sobre o evento.

Começamos o grupo falando que daríamos prosseguimento à pesquisa ―Cuidado em Oncologia Pediátrica: concepções e práticas de psicólogos em Recife-PE‖ e afirmamos que se tratava de um momento para compartilharmos as experiências da prática nessa área, e assim, avançarmos coletivamente na compreensão do tema. Falamos que não estaríamos ali apenas para observar, mas também para participar juntamente com o grupo na medida em que sentíssemos necessidade de esclarecer, comentar ou trocar experiências sobre o que seria falado. Reiteramos que a duração do grupo seria delimitada pelas mesmas e que, na medida em que identificássemos já ter explorado o tema, encerraríamos a discussão mediante acordo coletivo.

O grupo focal demorou aproximadamente duas horas e, ao final, tivemos um lanche, mas ainda permanecemos no local um bom tempo até nos despedirmos. Foi unânime: todas falaram ter apreciado a oportunidade do grupo para trocar experiências e, inclusive, para se conhecerem, já que algumas haviam ingressado na OP há pouco tempo. Agradecemos a participação e a disponibilidade das presentes. Em seguida, combinamos quanto ao recebimento da transcrição via email e fechamos o encontro. Continuamos a nos comunicar via email, quando uma das colaboradoras que faltou ao grupo me enviou email lamentando não ter podido participar e que gostaria de ser informada quanto a todos os passos da pesquisa de agora em diante também. Aproveitamos o ensejo e escrevemos para todas as colaboradoras agradecendo-lhes a participação e informando-as sobre a devolutiva das transcrições via email, e todas concordaram. Após três meses, enviamos as transcrições já literalizadas para o email de cada uma das colaboradoras, solicitando a devolutiva individual com as possíveis edições.

5.2.3. Terceiro momento: diálogo com as colaboradoras

O retorno da literalização do grupo focal demorou, aproximadamente, dois meses. Após o recebimento, enviamos por email alguns questionamentos, que surgiram durante e após o grupo focal para todas as colaboradoras. Obtivemos respostas de seis delas, inclusive de uma colaboradora ausente do grupo focal. Em fevereiro de 2011, algumas se dispuseram a conversar sobre os questionamentos e marcamos encontros com elas; dessa vez, em pequenos grupos em suas respectivas instituições. Nos encontros, dialogamos sobre a co- construção da pesquisa e atualizamos reflexões a respeito das questões levantadas após o grupo focal. Esses diálogos foram registrados em áudio mp3 e em diário de campo para fins de análise. Em síntese, os procedimentos utilizados foram:

 Submissão do projeto de doutorado ao Comitê de Ética em pesquisa da UFES;

 Submissão do parecer favorável do comitê de ética em Pesquisa da UFES para as instituições envolvidas e nas quais os psicólogos trabalham a fim de obter as cartas de anuência das mesmas (exigência das instituições);

 Contato com as instituições envolvidas a fim de apresentar formalmente o