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INTRODUÇÃO 25 1 O IFNMG

5. PERCURSO METODOLÓGICO

Para compreensão do objeto pesquisado no contexto em que se situa, e ampliação dos conhecimentos sobre o processo de implantação e desenvolvimento do PROEJA no IFNMG, seus limites e contribuições, adotou-se como procedimento metodológico o estudo de caso. Para Yin (2001), o estudo de caso deve ser utilizado para a realização de pesquisas científicas quando se colocam questões do tipo “como” e “por que” e quando o foco de pesquisa se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida.

Complementando esta ideia, Martins (2006) argumenta que o estudo de caso é uma investigação empírica de fenômenos no princípio de realidade do contexto de interesse, em que o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis e intenciona apreender a totalidade de uma situação, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto. O estudo de caso possibilita, através de uma análise profunda e exaustiva de um objeto delimitado, a compreensão da realidade social, não alcançada plenamente pela avaliação quantitativa.

Na presente pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa, “mais preocupada com a compreensão ou interpretação do fenômeno social, com base nas perspectivas dos autores por meio da participação em suas vidas. O pesquisador precisa tentar compreender o significado que os outros dão às suas próprias situações” (SANTOS FILHO, 1995, p. 43). Assim, na abordagem qualitativa procura-se o entendimento de maneira contextualizada do fenômeno. Minayo (1994, pp. 21-22) afirma que a pesquisa qualitativa:

[...] responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

O estudo teve como método a pesquisa documental. De acordo com Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa documental utiliza documentos, materiais escritos ou não, que servem como fonte de

informação e que ainda não foram elaborados chamados de fontes primárias, principalmente documentos oficiais, que, segundo as autoras, constituem geralmente a fonte mais fidedigna de dados. Gil (2002, p. 45) expõe que “[...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”.

Desta maneira, as fontes utilizadas para a pesquisa documental foram a legislação referente à Educação de Jovens e Adultos, à Educa- ção Profissional e ao PROEJA como: Decretos, Leis, Pareceres, Docu- mento Base do PROEJA, documentos atinentes à implantação do PRO- EJA, Editais dos processos seletivos do Programa, Atas de reuniões de conselhos de classe, Projetos Pedagógicos dos Cursos, etc. De acordo com os objetivos propostos para a pesquisa buscou-se ainda subsídios em dados de resultados estatísticos encontrados nos órgãos oficiais de pesquisa, como no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD).

A escolha do método foi atrelada ao fato de que este tipo de pro- cedimento oferece maiores possibilidades para análise dos dados refe- rentes à implantação e desenvolvimento do PROEJA nos Campi pesqui- sados, e do contexto socioeconômico e político presentes no período de criação do Programa em âmbito nacional.

Foi ainda empregada uma pesquisa de campo visando conseguir informações e conhecimentos do Programa a partir dos indivíduos nele envolvidos, descobrir novos fenômenos e a relação entre eles, bem como compreender os vários aspectos do cenário em que o Programa estava inserido (MARCONI e LAKATOS, 2002). Para isto, optou-se pela entrevista como instrumento de coleta de dados (cujos roteiros estão disponíveis nos Apêndices II, III, IV e V).

Segundo Gil (2007), a entrevista é uma das técnicas de coleta de dados que proporciona maior interação entre o pesquisador e os participantes da pesquisa, sendo utilizada em larga escala no âmbito das ciências sociais. Isto porque, a entrevista permite a obtenção de dados referentes aos diversos aspectos da vida social. É uma técnica flexível, pois possibilita ao entrevistador esclarecer o significado das perguntas, adaptar-se com mais facilidade às pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista, bem como propicia a captação da expressão corporal, a tonalidade de voz e a ênfase nas respostas dos entrevistados.

Para o tratamento dos dados coletados, fez-se uso da técnica de análise de conteúdo que, de acordo com Bardin (1977, p. 42), consiste

em:

Um conjunto de técnicas de análise das comuni- cações visando obter, por procedimentos, sistemá- ticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis in- feridas) destas mensagens.

Neste sentido, a análise de conteúdo contribui para um melhor entendimento do contexto da investigação, assim como o aparecimento de variáveis e fatores de influência, direcionados pelas informações tra- zidas por meio das entrevistas. Segundo Bardin (1977), a análise de con- teúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras, dos conte- údos manifestos, sobre os quais se debruça, intentando extrapolar a deci- fração normal, ir além das aparências do que está sendo comunicado, para atingir outros “significados” de natureza sociológica, política, his- tórica, dentre outros.

Para Minayo (2000), a análise de conteúdo visa ultrapassar o ní- vel do senso comum e do subjetivismo da interpretação, além de alcan- çar uma vigilância crítica em relação à comunicação de documentos, textos literários, biografias, entrevistas ou observação. Esta técnica rela- ciona as estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológi- cas (significados) dos enunciados e articula a superfície dos textos des- crita e analisada com os fatores que determinam suas características (BARDIN, 1977; MINAYO, 2000). Por isso, entende-se que a escolha desta técnica pode proporcionar uma análise aprofundada dos dados coletados, a partir da compreensão da complexidade e dinâmica do obje- to investigado.

A técnica de análise de conteúdo utilizada no estudo denomina-se temática, ou categorial, e consiste em operações de desmembramento do texto em unidades (categorias), segundo reagrupamentos analógicos que permitam a compreensão da significação dos itens obtidos, repondo-os no seu contexto (MINAYO, 2000). De acordo com Bardin (1977, p. 117) a categorização refere-se a:

[...] uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gê- nero (analogia), com os critérios previamente de-

finidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos.

A partir da análise das entrevistas foi realizada a classificação do texto segundo a frequência da presença de itens de sentido, característi- cas ou aspectos que se relacionam para definição das categorias e subca- tegorias do estudo visando a interpretação dos dados.

Os preceitos/princípios éticos previstos na legislação vigente, Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas que envolvem seres humanos foram respeitados. No momento das entrevistas, os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice I), no qual foram expostos os objetivos da pesquisa e o sigilo em relação à identidade dos entrevistados. Após a autorização dos participantes da pesquisa, as entrevistas foram gravadas em meio magnético e, posteriormente, transcritas. A transcrição visou apontar tanto aspectos da oralidade, quando aspectos formais da escrita, de modo a preservar a fala dos entrevistados, em relação ao que foi dito e como foi dito, de maneira legível, facilitando a leitura e a compreensão dos conteúdos.

5.1 COLETA DE DADOS E CARACTERIZAÇÃO DOS