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5 MATERIAL E MÉTODO

5.2 PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de uma pesquisa em nível descritivo, pois tem como objetivo “[…] descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis" (GIL, 1991, p. 31). Portanto nesse tipo de pesquisa, intenciona-se descobrir a existência de relações entre variáveis. Nesse caso específico, “A pesquisa não está interessada no por que, nas fontes do fenômeno; preocupa-se em apresentar suas características” (GONSALVES, 2001, p. 65). ANZIL (2004) P ARÂ ME T RO S Acesso

1. A pessoa competente em informação reconhece a necessidade de informação e determina a natureza e nível da informação que necessita.

2. A pessoa competente em informação encontra a informação que necessita de maneira eficiente e eficaz.

Avaliação

3. A pessoa competente em informação avalia criticamente a informação e o processo de busca da informação.

4. A pessoa competente em informação gerencia a informação coletada ou gerada.

Uso

5. A pessoa competente em informação aplica a informação anterior à nova para elaborar novos conceitos ou entendimento.

6. A pessoa competente em informação utiliza a informação com sensibilidade e reconhece os problemas e questões culturais, éticas, econômicas, legais e sociais que cercam o uso da informação.

Em relação ao tipo de estudo, pode ser classificado como uma pesquisa aplicada, pois conforme Silva e Menezes (2001) têm como objetivo gerar conhecimento para aplicação prática, direcionada à solução de problemas específicos.

Neste estudo, indagou-se sobre a aplicação dos padrões de Competência em Informação, elaborados a mais de uma década, frente aos constantes avanços tecnológicos ocorridos ao longo dos últimos anos. Será que estes atendem de maneira satisfatória a realidade brasileira? Esta é a principal questão desse estudo, a qual se almeja responder e encontrar possíveis lacunas e limitações desses instrumentos.

Quanto ao método de pesquisa, utilizou-se o estudo documental, visto que para atingir os objetivos preestabelecidos, este apresenta as características que melhor se ajustam a proposta deste estudo. A literatura aponta que este método qualitativo de pesquisa, permite aprofundar determinado fenômeno e responder questionamentos que o pesquisador não tem muito controle. Segundo Gil (1999, p. 66) “[...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico porque ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.”

A abordagem do problema foi de caráter qualitativo, visto que este tipo de estudo favorece a interpretação dos dados ou fenômenos, bem como a atribuição de significado e a compreensão de aspectos subjetivos na exploração dos documentos pesquisados. Segundo Silva e Menezes (2001), neste tipo de estudo há uma relação entre o mundo real e o sujeito, cujo processo e seu significado são os focos principais da abordagem.

As principais características da pesquisa qualitativa são:

[...] objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de

descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o

global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32, grifo do autor).

Ainda segundo Gerhardt e Silveira (2009), este método de pesquisa pode ser aplicado a diversas áreas do conhecimento: às ciências sociais, educação, planejamento, trabalho social, desenvolvimento comunitário, ao estudo do comportamento político, para pesquisas de mercado e em corporações, que é o caso deste estudo e pesquisa.

Os documentos selecionados para realizar este estudo, foram: o Information Literacy Competency Standards for Higher Education, da Association of College and Research Libraries (ACRL, 2000); Australian and New Zealand Information Literacy Framework: principles, standards and practice do Australian and New Zealand Institute for Information Literacy (ANZIIL, 2004) e o Information Literacy Standards do Council of Australian University Librarians (CAUL, 2001).

O critério adotado para seleção destes instrumentos fundamenta-se na constatação de que: são documentos de grande influência no âmbito da avaliação de Competência em Informação e que norteiam estudos em todo mundo na área da Ciência da Informação. Em vista desta comprovação, despertou-se o interesse em analisar estes padrões com maior profundidade. Além disso, são padrões baseados ou influenciados pela ACRL (2000), documento de significativa importância no campo da avaliação de Competência em Informação.

O trabalho foi realizado em duas etapas: a primeira constitui-se de levantamento e análise do material bibliográfico selecionado, para posterior fundamentação teórica e sistematização das Competências em Informação. Este procedimento ocorreu por meio da análise de literatura especializada nacional e internacional, em língua portuguesa, inglesa e espanhola, enfatizando as publicações entre os anos 2000 e 2015. Para o levantamento teórico faz-se necessário a utilização de diversas fontes de informação pertencentes ao campo da Ciência da Informação, tais como:

a) Consultas em bibliotecas físicas para localização de livros, dissertações e teses;

b) Internet, através de ferramentas de busca, páginas de pesquisadores do tema, entre outros;

c) Bases de dados internacionais: Library and Information Science Abstracts (LISA), Web of Science, Library Information Science and Technology

Abstracts (LISTA), Information Science and Technology Abstracts (ISTA) e Education Resources Information Center (ERIC).

A estratégia de busca consistiu em utilizar palavras-chave, a saber: Competência em Informação e competência infocomunicacional, avaliação de Competência em Informação, habilidades informacionais e suas traduções para inglês e espanhol.

A segunda etapa constituiu-se na busca e análise dos padrões de Competência em Informação, os quais serviram de base para a comparação dos indicadores das Competências em Informação.

A técnica de análise de dados foi possível através da análise de conteúdo dos padrões de Competência em Informação estudados. Segundo Bardin (2010, p. 44), análise de conteúdo é:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Neste trabalho enfatiza-se o estudo de Bardin, por se tratar de uma conceituada teórica que trata da análise de conteúdo, técnica de análise de dados que mais se adéqua aos objetivos deste estudo e, sobretudo, para evidenciar e justificar a interpretação dos dados a serem analisados.

A análise comparativa dos padrões de Competência em Informação foi realizada com base na identificação dos núcleos de sentido. Segundo Silverman (2009), neste tipo de análise de conteúdo se estabelece um conjunto de categorias definidas, sendo que na pesquisa qualitativa, utilizam-se trechos e recortes não tabulados que ilustram categorias em particular.

Assim, neste estudo as informações foram organizadas em categorias de análise e os dados sistematizados em uma matriz de análise, que permitirá a visualização e a compreensão dos dados de forma mais consistente.

Segundo Bardin (2010) esta técnica é realizada por meio de três fases distintas:

 A pré-análise;

 A exploração do material;

 Tratamento dos resultados, através da inferência e interpretação.

A primeira fase, segundo a autora consiste na tarefa de organização. Fase intuitiva, cujo objetivo é operacionalizar e sistematizar as ideias primeiras, conduzindo ao desenvolvimento de um esquema mais preciso dos passos seguintes. Nesta fase realiza-se uma “leitura flutuante”, que permite um primeiro contato com o texto a ser analisado e aos poucos, as primeiras impressões e orientações vão se tornando mais precisas em função dos objetivos propostos no estudo.

A pré-análise, segundo Bardin (2010, p. 121) apresenta três finalidades: “a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final.” Esclarece ainda que: a escolha dos documentos deve seguir algumas regras, a saber: da exaustividade, da representatividade, da homogeneidade e da pertinência; a formulação das hipóteses e dos objetivos é muito importante para indicar as dimensões e direções de análise e a elaboração de índices e indicadores, devem ser escolhidos com base nas hipóteses e objetivos de análise, caso tenham sido determinados e organizados em indicadores. Segundo a autora, a escolha dos índices permite construir indicadores precisos e seguros.

Feito isso se inicia a segunda fase, a exploração do material selecionado, cujo objetivo é a administração das decisões tomadas na fase de pré-análise. Trata-se das operações de codificação com base em regras preestabelecidas. A codificação diz respeito à escolha das unidades de registro, ou seja, recorte do texto em unidades significativas (BARDIN, 2010).

[...] corresponde a uma transformação – efetuada segundo regras

precisas – dos dados brutos do texto, transformação esta que, por

recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão, susceptível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices [...] (BARDIN, 2010, p. 129).

Uma das etapas mais importantes da codificação é a escolha das categorias de análise, momento em que as unidades de registro são agregadas e classificadas através da operação de categorização.

[...] a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por

reagrupamento segundo gênero (analogia), com critérios

previamente definidos. [...] são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos (BARDIN, 2010, p. 145).

A terceira e última fase da análise de conteúdo diz respeito ao tratamento dos resultados obtidos, através da inferência e a interpretação. Esta etapa é realizada levando-se em conta as duas primeiras, a pré-análise e a exploração do material em análise, que se refere aos documentos da pesquisa.

As inferências e interpretações foram feitas através do método de abordagem indutiva, abordagem que Segundo Moraes (1999) busca a compreensão dos fenômenos investigados, para chegar a uma teoria. Para isso, adota-se como ponto de partida os dados para construção das categorias e a partir destas, chegar a uma teoria. A finalidade não é generalizar ou testar hipóteses, mas construir uma compreensão dos fenômenos investigados.

Em complemento a essa argumentação Gerhardt e Silveira (2009, p. 29, grifo do autor) assegura que “A partir da observação, é possível formular uma hipótese explicativa da causa do fenômeno. Portanto, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis.”

Moraes (1999) afirma ainda que a abordagem indutiva-construtiva persegue um rigor científico. O autor enfatiza que o rigor e a cientificidade na perspectiva indutiva, precisam ser construídos ao longo de todo o processo, não podendo ser garantidos a priori.

Com base nestas fases realizou-se a leitura dos padrões de Competência em Informação, tendo em vista os objetivos da pesquisa. Os procedimentos pré- estabelecidos, permitiu não só o reconhecimento dos dados considerados mais significativos para o desenvolvimento da análise, mas também, o desenvolvimento dos indicadores que nortearam a análise dos dados obtidos durante a leitura dos documentos.

As unidades de registros, que são os dados importantes para a análise referentes aos objetivos propostos na presente pesquisa, foram definidas e selecionadas. Em seguida, os dados foram agrupados e classificados em categorias. O sistema de categorias foi definido com base nos objetivos do estudo, na literatura especializada sobre Competência em Informação e através da classificação dos dados encontrados durante a leitura dos documentos.

Segundo Bardin (2010) a comparação e interpretação dos dados devem estar amparadas em provas de validação, que podem ser obtidas por meio da comparação dos dados com a revisão de literatura. Desta forma, as categorias definidas neste estudo levaram em consideração sua relevância na literatura sobre Competência em Informação. Diante destes procedimentos, foi possível discutir os resultados apresentados no capítulo seguinte.