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O objetivo deste estudo consiste em compreender a dinâmica e o papel do Pronto- socorro do Hospital São Paulo no Sistema Único de Saúde a partir da visão de gerentes de nível intermediário do setor.

A fim de compreender o cotidiano do pronto-socorro, optei pelo método estudo de caso qualitativo. O estudo de caso investiga fenômenos contemporâneos dentro de um contexto da vida real em que os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos, ou seja, o contexto é investigado pois se apresenta altamente pertinente ao fenômeno do estudo. (Yin, 2005) O estudo de caso é indicado ao estudo de organizações ou comunidades trazendo à tona as múltiplas inter relações de fenômenos sociais complexos e específicos observados durante a pesquisa. Os fenômenos observados são incorporados aos dados obtidos e em seguida recebem atribuição de relevância teórica. Ou seja, ao contrário do que acontece em experiências de laboratório, onde os pressupostos são testados, o estudo de caso fornece alguns fatos para guiar tais pressuposições e força o pesquisador a reorientar seu estudo à luz de seu desenvolvimento e no aparecimento de novos achados. (Becker, 1994)

Assim, o estudo de caso se apresenta como método adequado ao presente estudo uma vez que o fenômeno estudado nesta pesquisa (a maneira pela qual os serviços de urgência e emergência integram a rede de cuidado no município de São Paulo) está intimamente ligado ao contexto do local do estudo (o Hospital São Paulo e seu papel no sistema de saúde na cidade de São Paulo).

Caracterização do local do estudo

O estudo foi realizado no Serviço de Urgência e Emergência do Hospital São Paulo, após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo 1) e a assinatura do Termo de Consentimento Institucional (Anexo 2). O HSP tem como missão a prestação de assistência à população brasileira, prestando serviços ao Sistema Único de Saúde. Possui 743 leitos, sendo 651 para adultos e 92 pediátrico, que estão divididos da seguinte forma: 121 leitos de

UTI e Semi Intensiva; 51 leitos de Emergência, 510 leitos de Unidade de Internação; 35 leitos de Hospital Dia; e 26 leitos externos. Atende uma multiplicidade de especialidades clínicas e cirúrgicas: Cardiologia, Ortopedia, Oftalmologia, Cardiovascular, Vascular, Plástica, Torácica, Gastrocirurgia, Gastroclínica, Pneumologia, Dermatologia, Endocrinologia, Psiquiatria, Pediatria, Quimioterapia (Adulto/Infantil), Ginecologia, Obstetrícia, Nefrologia, Otorrinolaringologia, Urologia, Clínica Médica, Hemoterapia, Medicina de Urgência, Neurocirurgia, Neurologia, Moléstias Infecciosas, Anatomia Patológica, Medicina Legal; além dos serviços de Pronto-socorro Adulto/Pediátrico, Recepção Médica, Ambulatórios, Raios-X, Radioterapia, Ultra-sonografia, Tomografia, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear, Cineangiocoronariografia, Densitometria, Laboratório de Análises Clínicas, Laboratório de Líquor, Endoscopia, Hemocentro, Eletrocardiograma, Gama câmara, Eletroencefalograma, entre outros, além de um sistema ambulatorial de especialidades.

O Serviço de Urgência/ Emergência do Hospital São Paulo presta atendimentos a usuários adultos e pediátricos e é composto por diferentes especialidades médicas. O corpo clínico é formado por um médico coordenador geral, um médico responsável pelo Plantão Controlador Universitário (PCU) e por equipes de médicos chefes de plantão, médicos contratados e médicos residentes. O corpo de enfermagem é composto pela enfermeira gerente, enfermeira encarregada, enfermeiras assistenciais, enfermeiras residentes, técnicos e auxiliares de enfermagem. Além disso, possui um corpo de assistência social e administrativo.

Segundo a Portaria 479/1999, o Hospital São Paulo é um Hospital Tipo III, pois possui recursos tecnológicos e humanos adequados para o atendimento geral das urgências/emergências clínicas, cirúrgicas e traumatológicas e desempenham atribuições de capacitação, aprimoramento e atualização dos recursos humanos envolvidos com as atividades meio e fim da atenção às urgências/emergências. Segundo a Portaria 2048/2002, que aprova o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, o HSP é classificado como uma Unidade Hospitalar de Referência em Atendimento em Urgência e Emergência por estar apto a prestar de urgência e emergência de alta complexidade. Portanto, o HSP é classificado, segundo as citadas portarias do Ministério da Saúde, como uma Unidade Hospitalar de Referência em Atendimento em Urgência e

Emergência Tipo III. Além disso, ele integra a grade de referência de atendimento de urgências e emergências da Secretaria Municipal de Saúde por meio da Portaria nº 245/2007-CIRS/SMS.G.

Sujeitos da pesquisa e coleta de dados

Segundo Thiollent a utilização da técnica de entrevista em uma pesquisa não requer determinação amostral para a definição dos sujeitos que serão entrevistados. A seleção dos narradores baseia-se na

disponibilidade do entrevistado, a qual não é previsível antes de um primeiro contato. A seleção resulta de uma avaliação da relevância ou da representatividade social (não estatística) das pessoas. Tal avaliação fica por conta da „intuição‟ dos pesquisadores. (Thiollent, 1987)

Neste estudo os sujeitos foram escolhidos pelas suas experiências de gerência no pronto-socorro estudado e na minha percepção de que seus entendimentos sobre o pronto- socorro explicitam um ponto de vista relevante no âmbito institucional do problema estudado. As entrevistas foram realizadas com os três gerentes de nível intermediário do Pronto-socorro do HSP. Com a finalidade de assegurar o sigilo acordado com os narradores, optei não identificar os entrevistados às narrativas transcritas, tampouco os setores que gerenciam.

Os dados foram coletados por meio da técnica da entrevista. As entrevistas foram realizadas individualmente pela pesquisadora, gravadas após a aquiescência dos sujeitos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3). Para sua realização foi utilizado um roteiro semi-estruturado (Anexo 4), que, segundo Thiollent (1987), é aplicado a partir de um pequeno número de questões abertas e tem por objetivo permitir a existência de um diálogo livre entre o pesquisador e o entrevistado. As entrevistas foram transcritas pela própria pesquisadora visando assegurar o sigilo acordado com os depoentes. Após a transcrição, as narrativas foram encaminhadas individualmente aos entrevistados,

que avaliaram o seu teor e realizaram as alterações que julgavam necessárias. A conferência do texto transcrito pela entrevistadora e entrevistado é o momento em que se prepara o conteúdo a ser levado a público, permitindo a correção de datas e falhas de memória do respondente e de transcrição da pesquisadora. (Janotti, 1996)

Análise dos dados

Os dados foram analisados por meio da técnica da análise temática. Emergiram os seguintes eixos temáticos: (1) Equipamento de saúde e ensino: implicações para o trabalho em saúde; (2) Na busca de integralidade: a demanda espontânea de saúde; (3) Motivações para a demanda espontânea: aspectos culturais; (4) Motivações para a demanda espontânea: aspectos macroestruturais; (5) O papel normatizado: a demanda referenciada; (6) Superação de obstáculos: propostas de intervenção.

CAPÍTULO 4

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