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O PERFIL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE DIREITO

4. O CURSO DE DIREITO NO BRASIL: CRÍTICAS E PERSPECTIVAS A

4.2 O PERFIL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE DIREITO

Um estudo realizado pelo Núcleo de Metodologia de Ensino da FGV DIREITO SP apresentou dados consolidados a respeito das Instituições de Ensino Superior (IES) de Direito.18 O estudo baseou-se no Censo da Educação Superior de 2012 realizado

pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no Censo Demográfico 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nos Formulários de Referência relativos ao exercício social encerrado em dezembro de 2012, das seguintes companhias abertas: Anhanguera

18 FGV DIREITO SP. Escola de Direito de São Paulo. Relatório v. 2, n. 2 - O financiamento estudantil

federal nos cursos jurídicos brasileiros. Núcleo de Metodologia de Ensino. Novembro de 2015. Disponível em: <http://direitosp.fgv.br/observatorio-ensino-direito>. Acesso em: 28 ago. 2016.

Educacional Participações S.A., Estácio Participações S.A. e Kroton Educacional S.A.

Como resultado desse estudo, foram elaborados vários relatórios, em vários ciclos de pesquisa, especificamente relativos a cursos jurídicos. Ressalta-se que os cursos jurídicos mencionados nos relatórios podem ser de diferentes graus acadêmicos (graduação, pós-graduação, sequenciais) e se referem a uma área específica do saber, o Direito, segundo classificação do próprio Inep, adaptada a partir da Classificação Internacional Padronizada da Educação (Isced), fixada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat).19

Dentre os resultados apresentados no Relatório da FGV – O financiamento estudantil federal nos cursos jurídicos brasileiros –, de novembro de 2014, vale destacar que 41,6% do total de alunos dos cursos jurídicos estão na região sudeste do país (320.615 matriculados); 34% dos cursos jurídicos estão localizados nas capitais do país e concentram quantidade próxima a metade dos matriculados (48%); 84% dos cursos jurídicos são oferecidos por instituições privadas (975), em sua maioria (524) sem fins lucrativos, sendo essas instituições estão organizadas academicamente como faculdades (596 de 975) e as públicas como universidades (155 de 182) e representam 16% do total de cursos oferecidos.

Relevante ressaltar que as instituições de ensino superior (IES) também podem ser diferenciadas segundo a organização acadêmica. Conforme consta do Censo da Educação Superior, elas podem ser faculdades, centros universitários, universidades, centros federais de educação tecnológica e institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Para os cursos jurídicos, as mais relevantes são as faculdades, que envolvem um número reduzido de áreas sem autonomia para criar cursos; os centros universitários, que se caracterizam por atuação em várias áreas de conhecimento, contando com autonomia para criar cursos, mas requisitos para o corpo docente; e as universidades, que oferecem atividades de ensino, pesquisa e

19 BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Manual de Classificação. Brasília: MEC, 2000.

Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/2009/Tabela_OCDE_2009.pdf>. Acesso em: 13.nov.2014.

extensão em várias áreas do saber, contando com autonomia para criar cursos, mas requisitos para o corpo docente.

O referido relatório ainda demonstra que na Região Sudeste, 6% dos cursos jurídicos são da rede pública e 94%, da rede privada. Em relação às funções docentes, 10% são da rede pública e 90%, da rede privada. Ao todo, são 1.731 funções docentes nas IES públicas e 15.829, nas IES privadas20.

No tocante a Programas de Pós-Graduação (PPG) em Direito, de acordo com a Avaliação Trienal de 2010, realizada e avaliada pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior e pelas respectivas Comissões de Área da Capes, havia em atividade regular 82 programas de pós-graduação, compreendendo cursos de mestrado (58) e de doutorado (24), na área de Direito.21 Com efeito, as regiões

Sudeste e Sul concentram a grande maioria dos PPGs (45% e 31%, respectivamente)22.

Em âmbito nacional, 25% dos docentes em cursos presenciais de Direito contam com doutorado, 45% com mestrado, 28% com especialização e 2% com apenas graduação.

Em relação às IES públicas, há mais funções com mestrado (36%) e doutorado (35%), seguidas por funções com especialização (22%) e graduação (7%). Por outro lado, nas IES privadas, há mais funções com mestrado (47%) e especialização (30%), seguidas por funções com doutorado (22%) e graduação (1%).23

Especificamente com relação à Região Sudeste onde fica situada a instituição de ensino objeto da presente pesquisa, o mesmo relatório mostra, em relação às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, uma proporção maior de funções com

20 FGV DIREITO SP. Escola de Direito de São Paulo. Relatório v. 2, n. 2 - O financiamento estudantil

federal nos cursos jurídicos brasileiros. Núcleo de Metodologia de Ensino. Acesso em: 28 ago. 2016.p. 32.

21 FGV DIREITO SP. Escola de Direito de São Paulo. Relatório v. 1, n. 1 – Quem é o professor de

direito no Brasil? Núcleo de Metodologia de Ensino. Acesso em: 28 ago. 2016.p. 35.

22 Ibid., p. 28. 23 Ibid., p. 35.

doutorado (29%) e mestrado (46%), mas menor de funções apenas com especialização (23%).24

Comparativamente, em âmbito nacional, pode-se afirmar que na rede pública, há maioria de funções ocupadas por doutores (58%), seguida da proporção de mestres (26%), especialistas (9%) e graduados (7%). Por outro ângulo, na rede privada, a maior parte das funções é ocupada por mestres (48%), seguida da proporção de doutores (26%), especialistas (24%) e graduados (2%).

No que concerne ao gênero, em geral, constatou-se que 38% das funções docentes do curso de Direito são preenchidas pelo gênero feminino e 62%, por docentes do gênero masculino. Curiosamente, especificamente quanto à Região Sudeste, objeto deste estudo, a realidade é bem similar, pois, 37% correspondem a docentes do gênero feminino e 63% do gênero masculino.25

Note-se que, de acordo com o relatório, a maioria absoluta dos docentes do curso de Direito é de brancos (78%), seguida de pardos (20%) e pretos (2%). Segundo os dados do Inep, há informações sobre cor da pele para 34.457 (84%) das 40.863 funções docentes em cursos de direito, no país. O percentual divulgado diz respeito apenas às funções docentes nas quais houve declaração de cor de pele (78%).26

Em relação ao regime de trabalho, pode-se afirmar que 6% das funções docentes são em tempo integral com dedicação exclusiva, 28% em tempo integral sem dedicação exclusiva, 34% em regime parcial e 32% são horistas.

Nas IES públicas, há maior proporção de funções docentes em regime integral, com ou sem exclusividade (30% e 32%, respectivamente), seguida de funções em regime parcial (27%) e horistas (11%). Já nas instituições privadas de ensino superior, o retrato foi invertido. Há maior proporção de funções docentes em regime horista

24 FGV DIREITO SP. Escola de Direito de São Paulo. Relatório v. 1, n. 1 – Quem é o professor de

direito no Brasil? Núcleo de Metodologia de Ensino. Acesso em: 28 ago. 2016.p. 41.

25 Ibid., p. 52. 26 Ibid., p. 57.

(36%), seguida de funções em regime parcial (35%), integral sem exclusividade (27%) e integral com exclusividade (2%).27

Especificamente na Região onde fica situada a instituição de ensino objeto desta pesquisa – Sudeste -, encontramos uma maior concentração de funções docentes horistas (34%), seguidas de funções em regime parcial (31%) e em tempo integral sem exclusividade (30%). Na rede pública, predominam funções em tempo integral e regime de dedicação exclusiva (39%), enquanto na rede privada os horistas são maioria (37%).