• Nenhum resultado encontrado

Mãe Idade Escolaridade Raça/etnia59 Marido/

Companheiro Nº filhos/as

1. Carmem 40 EM completo Branca Sim 2

2. Beth 21 EF II incompleto Negra Não 1

3. Ivete 27 EF II incompleto Branca Sim 2

4. Armelinda 24 EM incompleto Negra Não 1

5. Rosina 37 EM completo Parda Sim 2

6. Emília 29 EM completo Branca Sim 1

7. Evelina 38 EM completo Parda Sim 3

8. Olímpia 30 EM completo Não sabe Sim 2

9. Floriza 19 EF II completo Branca Sim 1

10. Genária 37 EF I completo Não sabe Sim 1

11. Marlene 27 EF II completo Parda Sim 1

12. Mimi 29 EM completo Branca Sim 1

Fonte: Direito à creche: um estudo das lutas das mulheres operárias no município de Santo André

1. Carmem – É encarregada de produção há cinco anos em uma tecelagem de meias no mesmo bairro onde está situada a creche (anteriormente trabalhava como bloquista em gráfica). Mãe de adolescente e de criança pequena, mora com o seu marido/companheiro que é mecânico e está concluindo o ensino médio. Nasceu no Piauí e mora no bairro há dez anos. Cursou o Ensino Médio completo e deseja cursar o ensino superior. A entrevista foi realizada em seu local de trabalho, no horário de almoço.

2. Beth - Faz um mês que está como ajudante de costureira em uma oficina de costura situada no mesmo bairro onde mora e também onde se localiza a creche. Começou a trabalhar aos 17 anos na linha de produção de uma indústria de brinquedos, também já trabalhou a domicílio tirando rebarba de peças de borracha, sempre na informalidade. Mãe de uma criança pequena, mora com sua mãe, ex-empregada doméstica, de 39 anos com

59

93

problemas de saúde e com a irmã adolescente. Nasceu em Santo André e sempre morou no mesmo bairro. Não pensa em voltar a estudar. A entrevista, realizada em sua casa, contou com a participação da mãe e da irmã, que relembraram alguns momentos da trajetória da entrevistada na mesma creche que sua criança frequenta.

3. Ivete – Começou a trabalhar aos 10 anos em casa de família. É operária desde os 14 anos na mesma indústria em Santo André, onde hoje atua no controle de qualidade. Tem vínculo formal de trabalho e conta com o benefício de convênio médico. Mãe de duas crianças, mora com o marido/companheiro que faz serviços esporádicos como pedreiro. Nasceu no Ceará e mora no bairro vizinho à creche há 20 anos. A entrevista foi realizada em sua casa antes de buscar as crianças, o que acabou apressando, de certa forma, sua finalização.

4. Armelinda – Trabalha há quatro meses como costureira em uma oficina de costura. Aprendeu o ofício aos 19 anos em uma oficina de costura longe de sua casa e depois, já grávida, trocou por outra mais próxima. Pretende trabalhar futuramente em “fábrica” para ser registrada e receber benefícios que atualmente não recebe, pois está na informalidade. Começou a trabalhar aos 17 anos em pizzaria e depois teve sua primeira experiência como costureira, mas resolveu deixar a oficina de costura para trabalhar como faxineira a fim de receber pagamento imediato. Disse ter ficado arrependida de ter interrompido a atividade de costureira, pois teria mais experiência para tentar outras oportunidades com o apoio e a experiência de sua irmã, também costureira. Mãe de uma criança de 4 anos mora com sua mãe, irmã, sobrinhos e tia em uma casa cujos adultos são somente mulheres. Nasceu em Ribeirão Pires, no Grande ABC, e mora há 18 anos num bairro vizinho à creche. A entrevista foi realizada em sua casa, num sábado de manhã e dela participaram todas as mulheres da família, principalmente falando sobre a profissão de costureira e sobre o funcionamento do mercado de trabalho. Tem vontade de fazer curso na área de estética.

5. Rosina – Trabalha como costureira em uma oficina há um ano, mas começou aos 17 anos. Trabalhou em atividades diversas, sem especificar. Antes da entrada de sua criança na creche, trabalhava a domicílio com costura e com peças automotivas. Também foi atendente em uma vídeo locadora, quando teve sua primeira criança. Mãe de duas crianças

94

(8 e 3 anos), mora no mesmo bairro onde se situa a creche com seu marido/companheiro que trabalha como atendente numa loja de autopeças e como entregador de jornais de madrugada. Ambos frequentaram uma mesma creche assistencial em bairro próximo. Nasceu em Santo André e mora há cinco anos nesse bairro. A entrevista foi realizada em sua casa, após a mãe buscar a criança na creche.

6. Emília – Trabalha como costureira desde os 19 anos, atualmente em uma confecção. Começou a trabalhar aos 12 anos num lava-rápido para ajudar a mãe, foi cuidadora de criança e trabalhou como doméstica. Entrou na costura e permaneceu por um tempo, depois trabalhou em uma firma de importação de ferramentas − na qual estava registrada − e saiu devido à falência da empresa. Teve que retornar para a faxina e logo retomou sua atividade de costureira. Ela e dois irmãos frequentaram a mesma creche assistencial que Rosina, mas seu irmão caçula (tio) frequentou a creche que sua criança de 3 anos frequenta. Moram na casa criança, mãe e marido/companheiro que é operário, mas estava desempregado no momento da entrevista. Nasceu na cidade de Porto Calvo, em Alagoas, e mora no bairro há 24 anos. A entrevista, realizada em sua casa, no início do recesso natalino, foi acompanhada de perto por sua criança, mesmo com o pai em outro cômodo da casa. Foi a mais longa daquelas realizadas, pois a mãe contou as enormes dificuldades para conseguir a vaga na creche e a articulação com o trabalho de costureira. Tem vontade de cursar o ensino superior.

7. Evelina – É costureira há 22 anos, desde quando chegou a Santo André, vinda da cidade de Novo Lino em Alagoas. Trabalhou como costureira por 14 anos na informalidade. Há aproximadamente três anos está trabalhando com registro na mesma confecção que Genária, sua amiga. É mãe de uma criança de 3 anos e dois jovens (17 e 12 anos). Seu marido/companheiro é pedreiro e moram há 16 anos no mesmo bairro em que se situa creche. Tem vontade de fazer um curso para ser modelista/estilista devido ao seu talento e prática. A entrevista foi realizada em sua casa na semana do natal, após o almoço, enquanto sua criança assistia à TV.

95

8. Olímpia – Trabalha a domicílio como costureira para uma confecção de marca de um Shopping Center (de São Paulo), em um espaço embaixo de sua casa, no núcleo habitacional Capuava, onde também costura para a comunidade. Começou a trabalhar como ajudante de costura no Piauí, aos 12 anos. Já trabalhou numa confecção de ternos e depois na Valisère por 3 anos. Ressaltou que gosta muito de ser costureira, fazendo pequenas costuras para a comunidade e costurando para confecções de grife. É mãe de duas crianças e mora com seu marido/companheiro, que é operador de empilhadeira. Nasceu em Itainópolis, no Piauí, e mora no mesmo bairro onde se situa a creche há 11 anos. A entrevista ocorreu na semana do natal, em seu espaço de trabalho enquanto sua criança pequena dormia.

9. Floriza – É costureira e trabalha com vínculo formal em uma oficina de costura. Começou como ajudante de costureira aos 14 anos em uma oficina na qual aprendeu o ofício e lá permaneceu por dois anos. Trabalhou em outra oficina por pouco tempo, ambas na informalidade, situadas no bairro. Tem uma criança de 2 anos e mora com seu marido/companheiro, que trabalha como ajudante em um lava-rápido. A criança de sua irmã está em lista de espera na mesma creche e, caso consiga a vaga, a convivência das crianças será ampliada. Nasceu em Santo André e sempre morou no mesmo bairro. Completou o Ensino Fundamental II. A entrevista ocorreu em sua casa, um dia após o natal e sua criança permaneceu próxima, mesmo com o pai presente, mas em outro cômodo da casa.

10. Genária - Não soube declarar sua origem étnica cultural, disse que o lado do pai é preto e da mãe é branca e por isso acha que é misturada. É costureira há onze anos. Veio da Bahia, aos 23 anos, com a intenção de trabalhar na costura, mas trabalhou como doméstica por três anos antes de começar numa oficina de costura como ajudante. Aprendeu rapidamente o ofício e trabalhou em uma pequena confecção para comprovação de sua experiência. Contou bastante sobre a profissão e o trabalho nas oficinas de costura. É mãe de uma criança de 5 anos e mora com o marido/companheiro, que trabalha como metalúrgico. Mora no bairro vizinho à creche há 12 anos. Cursou o Ensino Fundamental I

96

no MOVA, em Santo André. A entrevista ocorreu em sua casa nos primeiros dias de janeiro de 2010, enquanto sua criança assistia à TV.

11. Marlene – É costureira desde os 15 anos, quando aprendeu o ofício em uma oficina de costura. Trabalha com vínculo desde 2002 Já trabalhou na linha de produção da indústria de Linhas Correntes. É mãe de uma criança de 4 anos e mora com o marido/companheiro, que é porteiro noturno. Nasceu em Santo André e mora há 4 anos em bairro bem próximo à creche. A entrevista foi realizada em sua casa num sábado de manhã, com sua criança por perto, na primeira semana de janeiro de 2010, antes de sua saída para o curso de bombeira.

12. Mimi – Trabalha, atualmente, como estoquista na indústria, mas iniciou na linha de produção, onde acumulou experiência também no controle de qualidade e da embalagem. Começou a trabalhar aos 25 anos, antes fazia alguns bicos. É mãe de uma criança e mora com seu recente companheiro, que trabalha como auxiliar de contabilidade em Diadema. Nasceu em Santo André e mora no bairro há uns cinco anos. A entrevista foi realizada enquanto sua criança brincava com outras na garagem do prédio, num sábado de manhã na primeira quinzena de janeiro de 2010.

97

Capítulo 4. Lutas atuais: pela garantia do direito à creche e pela qualidade