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CAPÍTULO IV INTERLOCUÇÕES COM OS DADOS: TESSITURA DA REDE

4.1 O perfil dos docentes

Os primeiros dados são referentes ao perfil dos entrevistados, como: gênero, se têm ou não filhos, formação acadêmica, tempo de magistério, tempo de trabalho na instituição e carga horária de trabalho docente.

No quadro a seguir podemos perceber a quantidade de docentes engenheiros do sexo masculino e do feminino.

Quadro 3 - Gênero dos sujeitos da pesquisa

FREQUÊNCIA

GÊNERO

FEMININO MASCULINO TOTAL

08 22 30

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

Quanto ao gênero dos entrevistados, temos 22 docentes do sexo masculino e 8 do sexo feminino, o que comprova que ainda hoje, apesar de encontrarmos muitas mulheres engenheiras, a predominância masculina na profissão é um traço forte. Mesmo se tratando aqui da docência, em que, na maioria das vezes, prevalece o sexo feminino, na graduação em Engenharia a predominância é masculina. De acordo com Saraiva (2008), a Engenharia é a profissão com formação acadêmica que mais tem enraizada a masculinidade em sua essência. Ainda é comum referir-se à Engenharia como uma profissão para homens; a decisão de entrar para um curso de Engenharia ainda significa pisar em território masculino.

Nos quadros de número 4 e 5 apresentamos as respostas em relação ao fato de ter ou não filhos e a faixa etária deles.

Quadro 4 - Você tem filhos?

PERGUNTA

FREQUÊNCIA

SIM NÃO NÃO

RESPONDEU TOTAL

VOCÊ TEM

FILHOS? 15 14 01 30

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

Quadro 5 - Qual a faixa etária de seus filhos?

PERGUNTA FREQUÊNCIA QUAL A FAIXA ETÁRIA DE SEUS FILHOS? 0-5 6-12 13-17 ACIMA DE 17 03 05 03 07

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

A questão de ter ou não filhos e sua faixa etária foi colocada para que pudéssemos perceber se aqueles docentes com filhos, principalmente com idades entre 6 e 17 anos, estão mais inseridos no mundo das TIC, pois, como já mencionado, os nossos jovens, hoje chamados de “nativos digitais”, fazem parte da Geração Z. Essa geração é também conhecida, de acordo

com Freire Filho e Lemos (2008), por outras nomenclaturas como “Geração Digital”, “Geração Net”, “Geração Online”, “Geração Conectada” e “Geração Pontocom”.

Uma característica dessa geração é a ansiedade ou o imediatismo, pois, uma vez que na internet ou na frente do computador tudo é feito rapidamente, na vida também deve ser assim. Segundo dados apresentados na edição Veja Especial Jovens (set. 2001, p.15), isso traz outra característica, que é a afetividade à tecnologia.

Garotos e garotas da Geração Z, em sua maioria, nunca conceberam o planeta sem computador, chats, telefone celular. Por isso são menos deslumbrados que os da Geração Y com chips e joysticks. Sua maneira de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Diferentemente de seus pais, sentem-se à vontade quando ligam ao mesmo tempo a televisão, o rádio, o telefone, música e internet.

Viver sem internet, computadores, celulares, tabletes é algo inconcebível para essa geração, que muitas vezes ensinou seus pais e avós a utilizarem tais tecnologias e pensam que a Educação e os professores também precisam acompanhar o avanço tecnológico.

Como podemos observar pelo Quadro 5, um total de 15 filhos de nossos entrevistados encontram-se na Geração Z, no entanto, em relação ao objetivo que buscamos ao questionar sobre a faixa etária, pudemos inferir que não representa uma influência no trabalho desenvolvido pelos docentes com relação ao uso das TIC em sala de aula.

Quadro 6 - Titulação máxima dos docentes

FREQUÊNCIA

FORMAÇÃO ACADÊMICA

BACHARELADO ESPECIALIZAÇÃO MESTRADO DOUTORADO TOTAL

0 09 11 10 30

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

Quanto à formação acadêmica, no grupo de 30 pesquisados, 10 são doutores, 11 são mestres e nove possuem especialização lato-sensu. Como podemos observar, 21 dos docentes pesquisados possuem pós-graduação stricto-sensu. Com isso reforçamos a observação de Pimenta e Anastasiou (2002), que para a docência da Educação Superior a pós-graduação é a exigência principal, porém, nem sempre essa especialização oferece a formação necessária para o cargo citado.

Nos Quadros 7 e 8 apresentamos a forma de contratação, ou seja, a carga horária que os docentes dedicam à IES e, também, quanto tempo faz que eles estão trabalhando na instituição.

Quadro 7 - Tipo de contratação na IES

TIPO DE CONTRATAÇÃO NA

IES

FREQUÊNCIA

TEMPO INTEGRAL HORISTA DEDICAÇÃO

EXCLUSIVA

14 05 11

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

Quadro 8 - Tempo de docência na IES (em anos)

TEMPO DE DOCÊNCIA NA IES FREQUÊNCIA 1-5 6-10 11-20 21-30 ACIMA DE 30 15 06 08 01 0

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos questionários

Quanto à forma de contrato, 14 dos pesquisados são contratados por tempo integral, cinco são horistas e 11 possuem dedicação exclusiva à IES onde atuam. Podemos perceber que 50% dos docentes que responderam ao questionário estão na docência da Educação Superior há uma década ou mais. Isso significa que adentraram a Educação Superior no mínimo ao final da década de 70, início da de 80 e 90, período em que a internet dava os primeiros passos.

Segundo Castells (2009, p. 82), a criação e o desenvolvimento da internet, “o mais revolucionário meio tecnológico da Era da Informação”, se deu a partir de 1960, como “consequência da fusão singular de estratégia militar, grande cooperação científica, iniciativa tecnológica e inovação contracultura”. O desenvolvimento se deu ao longo das três últimas décadas do século passado, sendo a década de 70 o divisor tecnológico, pois as TIC desenvolvidas “representaram um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em aplicações comerciais e civis, devido à sua acessibilidade e custo cada vez menor, com qualidade cada vez maior.” (CASTELLS, 2009, p. 91).

Na década de 1980, a rede passou a ser acessível a cientistas de diversas áreas, mas somente ao final de 1990 é que as TIC provocaram uma mudança mais significativa, com os microcomputadores e a distribuição da rede ao redor de servidores web. Com isso podemos perceber que 50% dos sujeitos pesquisados não pertencem à Geração Z e provavelmente precisaram aprender e se adaptar à TIC na vida pessoal e profissional.

Os outros 50%, que têm de 1 a 5 anos na docência da Educação Superior, fizeram seus cursos de graduação num momento em que a tecnologia já estava presente no dia a dia da maioria de setores da sociedade, inclusive na Educação. Alguns, portanto, pertencem à Geração Z, fazem uso das tecnologias no seu cotidiano e seria de se esperar que a utilizassem como aliadas ao processo de ensino-aprendizagem. No entanto, indo ao encontro do que nos fala

Kensky (2003), percebemos na investigação que conhecer e utilizar as tecnologias rotineiramente não prepara o docente para usá-las em sala de aula. É necessária uma formação que inclua muito mais que o conhecimento operacional das TIC, que apresente, sim, como elas podem ser utilizadas de maneira a ser uma forma de possibilitar a mediação no trabalho docente - e constituírem-se verdadeiramente em um artefato cultural.