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1 INTRODUÇÃO

1.6. PERFIL ESTEROIDAL ENDÓGENO

O perfil esteroidal endógeno pode ser definido como um conjunto de dados, apresentados de forma quantitativa, que mostram uma tendência para a identificação de dopagem por esteróides endógenos (MARQUES et al., 2003).

Os hormônios esteróides são sintetizados a partir do colesterol através de várias reações enzimáticas e são liberados pelo córtex supra-renal na circulação. Alguns desses esteróides possuem atividade biológica mínima e atuam como precursores de outros hormônios. Existem três classificações possíveis para os hormônios esteróides: os que possuem efeitos importantes sobre o metabolismo intermediário (glicocosticosteróides), os que exercem principalmente atividade de retenção salina (mineralocorticosteróides) e os que exercem atividade estrogênica ou androgênica, os quais são mais importantes no controle de dopagem (MARQUES et al., 2003).

A Figura 8 apresenta a biossíntese e o metabolismo dos esteróides endógenos. A primeira etapa de síntese de pregnenolona através da clivagem oxidativa da cadeia lateral do colesterol é o principal processo da esteroidogênese e é controlada pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). Essa etapa é limitadora da taxa de sequência de reações que levam à síntese dos hormônios esteroidais adrenais (MARQUES et al., 2003).

Nos seres humanos, a testosterona é o androgênio mais importante, sendo que nos homens cerca de 95% é secretada pelos testículos e apenas 5% pelas glândulas supra-renais. Já do ponto de vista quantitativo, a desidroepiandrosterona (DHEA), também conhecido como prasterona, é o principal androgênio, uma vez que são secretados cerca de 20 mg por dia (em parte na forma de sulfato). Entretanto, tanto o DHEA quanto a androstenodiona são androgênios muito fracos. Nas mulheres, estes hormônios são produzidos apenas pelas glândulas supra-renais, porém em quantidades reduzidas. Como por exemplo, a testosterona circulante nas mulheres é aproximadamente dez vezes inferior em relação ao homem. (MARQUES et al., 2003; CUNHA et al., 2004; GUYTON e HALL, 2006).

HO HO COCH3 HO COCH3 OH HO O HO OH COCH3 O COCH3 O OH O O OH O O OH H OH HO H O COCH2OH OH O COCH2OH OH HO O HO OH HO H O COCH2OH O OH O COCH2OH OH HO O COCH2OH OH Colesterol

Pregnenolona 17OH-Pregnenolona DHEA Androstenodiol

DHEA-S A B C D 17 20 22 23 24 25 5α e 5β-DHT

Progesterona 17OH-Progesterona Androstenodiona Testosterona

5α e 5β-androstanodiol

11-desoxicorticosterona 11-desoxicortisol Estrona Estradiol

Androsterona e Etiocolanolona Corticosterona Aldosterona Cortisol (1) (2) (3) (4) (4) (5) (2) (7) (6) (6) (3) (4) (5) (5) 3β-Des (1): 20-22-desmolase (2): 3β-HSB/ 5-4- Isomerase (3): 17α-hidroxilase (4): 17-20-desmolase (5):17β-HSD (6): Aromatase (7): 5α-redutase 21β-OH 11β-OH

A principal via de degradação da testosterona é realizada no fígado com a redução da ligação dupla entre o carbono 4 e 5, seguida da redução da carbonila do anel A. Assim, são formadas as substâncias inativas, como androsterona e etiocolanolona, que são posteriormente conjugadas e excretadas na urina (MARQUES et al., 2003).

De acordo com o documento técnico da AMA, TD2014EAAS, específico para esteróides androgênicos anabólicos endógenos (EAAE), a avaliação do perfil esteroidal é realizada monitorando alguns desses EAAE e algumas razões entre as suas concentrações, uma vez que essas são alteradas se tiver ocorrido a administração de EAA sintéticos. Os parâmetros avaliados são:

• Testosterona (T) • Epitestosterona (E) • Androsterona (A) • Etiocolanolona (Etio)

• 5α-androstano-3α, 17β-diol (5αAdiol) • 5β-androstano-3α, 17β-diol (5βAdiol) • Razão Testosterona/Epitestosterona (T/E)

Outras razões entre essas concentrações também podem ser avaliadas no monitoramento do perfil esteroidal endógeno.

Além da administração exógena de esteróides endógenos, outros fatores também provocam alterações no perfil esteroidal, como por exemplo, os citados a seguir.

• Administração de esteróides exógenos

A administração de esteróides exógenos diminui a secreção de esteróides endógenos por um mecanismo de retroalimentação negativa (HAYNES e MURAD, 1987).

• Administração de álcool

A ingestão de grandes quantidades de álcool pode provocar o aumento da razão T/E e diminuir a razão A/T através do aumento da excreção da testosterona conjugada e decréscimo na excreção de androsterona conjugada (MARQUES et al., 2003).

• Administração de probenecida e diuréticos

O uso de probenecida reduz a excreção dos esteróides conjugados, mas as razões entre os esteróides não se modificam. Já os diuréticos, por aumentarem o fluxo de urina, eles reduzem apenas a concentração na urina excretada e não a excreção dos esteróides excretados não alterando as razões entre eles. (DONIKE et al., 1993; MARQUES et al., 2003).

• Administração de finasterida

O uso de finasterida provoca à inibição da enzima 5α-redutase, e consequentemente a redução da razão A/E, da razão 3α,5α-Diol/ 3α,5β-Diol e na concentração de DHT (MARQUES et al., 1999).

Outro fator que também altera o perfil esteroidal, além de outros, é a atividade bacteriana. Essa atividade é avaliada pela presença de 5α e 5β-androstanodiona ou 4-androstenediona (AMA - TD2014EAAS, 2015).

De acordo com o documento técnico TD2014EAAS, os critérios que indicam perfil endógeno alterado são:

- Razão T/E superior a 4;

- Concentração de testosterona ou epitestosterona (corrigida pela densidade) superior à 200 ng/mL para homens ou 50 ng/mL para atletas femininas.

- Concentração de androsterona ou etiocolanolona (corrigida pela densidade) superior à 10000 ng/mL combinada com a razão A/Etio menor que 0,4 para homens e maior que 4 para os dois sexos.

De acordo com o mesmo documento, a correção da densidade é realizada através da Equação 1:

Conccorr = Conc mens x (1.020-1)/(d -1) Equação 1

onde, Conccorr é a concentração corrigida, Conc mens é a concentração mensurada e d é a densidade.

2 OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é avaliar a excreção do letrozol e sua influência no perfil esteroidal endógeno em urina humana.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar a cinética de eliminação do metabólito principal do letrozol a partir do estudo de excreção após a administração de uma dose do medicamento Femara;

- Avaliar a alteração dos esteróides endógenos testosterona, epitestosterona, androsterona, etiocolanolona, 5α-diol e 5β-diol nas urinas obtidas através do estudo de excreção.

- Avaliar a extração líquido-líquido frente à diferentes solventes.

- Avaliar o tempo de hidrólise necessário para análise do carbinol.

- Avaliar algumas figuras de mérito presentes no protocolo de validação qualitativa do LBCD como seletividade, repetibilidade, limite de detecção e rendimento de extração.

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