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Perfil Hemodinâmico e Função Autonômica

No documento UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU (páginas 78-83)

5. DISCUSSÃO

5.3. Perfil Hemodinâmico e Função Autonômica

Na insuficiência cardíaca (independentemente da etiologia) e após o IM, mudanças complexas na função autonômica estão caracteristicamente presentes. Existe um aumento no fluxo simpático para o coração e para vasculatura periférica, bem como uma redução no fluxo vagal para coração. Estas alterações estão normalmente associadas com um aumento na noradrenalina plasmática, em parte uma consequência do aumento da liberação, e, em parte, um resultado de uma depuração reduzida a partir da circulação, em razão do baixo débito cardíaco (Frenneaux, 2004).

Evidências de modelos experimentais de IM sugerem que há uma redução na sensibilidade dos receptores cardiopulmonares e dos barorreceptores arteriais, ambos com aferentes vagais (Jorge et al., 2011; Rodrigues et al., 2012; 2013; Barboza et al., 2013). A atividade tônica desses receptores no estado normal tem um efeito restritivo sobre fluxo simpático do tronco cerebral, por isso a atividade aferente reduzida promove simpatoexcitação. Por outro lado, há aumento da atividade nos aferentes que promovem um aumento do fluxo simpático do tronco cerebral, incluindo fibras cardíacas simpáticas aferentes, a aferência dos metaborreceptores musculares esqueléticos, bem como dos quimiorreceptores periféricos e centrais. Em conjunto, essas aferências para o tronco cerebral promovem o aumento fluxo simpático e reduzida saída vagal do tronco cerebral. Redução óxido nítrico tronco cerebral e aumento da angiotensina II parecem desempenhar um papel importante nesta mudança (Frenneaux, 2004).

No presente estudo, o IM induziu alterações da frequência cardíaca de repouso, reduziu a sensibilidade barorreflexa, frequência cardíaca intrínseca, o tônus vagal, bem como aumentou o tônus simpático nos animais do grupo IS em relação ao grupo C, mesmo que precocemente (~4 dias após o IM). Os achados da presente investigação corroboram estudos prévios do nosso grupo, onde alterações hemodinâmicas e autonômicas foram observadas mais agudamente (Lacerda et al., 2007; De La Fuente et al., 2013) e cronicamente (Jorge et al., 2001; Rodrigues et al., 2011; 2013).

Por outro lado, o TF de moderada intensidade é responsável por adaptações estruturais e hemodinâmicas no sistema cardiovascular, bem como promove ajustes no sistema nervoso autônomo. A bradicardia de repouso está associada com uma diminuição da frequência cardíaca intrínseca, bem como um equilíbrio autonômico alterado, levando a dominância parassimpática (Smith et al., 1989). Isto ocorre, pelo menos em parte, por um aumento do tónus vagal (De Angelis et al., 2004). Os mecanismos pelos quais o exercício produz alterações no controle autonômico ainda devem ser plenamente compreendidos, no entanto, há evidências de alterações na via central de aferentes e eferentes, bem como nos órgãos efetores (função do receptor) (Brum et al., 2000; Favret et al., 2001).

Nesse contexto, desde os estudos clássicos, como os de Billman et al. (1984) e Hull et al. (1994), que existe uma consonância acerca do fato de que o TF reduz a mortalidade em indivíduos após um IM, particularmente quando associada ao aumento da componente vagal e diminuição da atividade simpática. No estudo de La Rovere et al. (2002), 95 pacientes do sexo masculino, sobreviventes de um IM,

treinaram por 4 semanas. Os pesquisadores descobriram que TF foi associado com o aumento da sobrevida, juntamente com uma mudança adequada do balanço autonômico para aumento da atividade vagal, como revelado pelo aumento da sensibilidade do barorreflexo. Nesse contexto, vários estudos clínicos têm relatado melhorias no controle autonômico cardiovascular, particularmente na variabilidade da frequência cardíaca, depois de TF entre os pacientes infartados (Malfatto et al., 1996; Sandercock et al., 2007).

No cenário experimental, nosso grupo tem estudado o papel do TF nas alterações funcionais, bioquímicas e moleculares, bem como na taxa de mortalidade após o IM em ratos. Rondon et al. (2006), investigando o papel do TF em ratos com insuficiência cardíaca induzida pelo IM, demonstram que o TF aumentou a captação de oxigênio de pico, a banda de alta frequência da variabilidade da frequência, reduziu a banda de baixa frequência, bem como a atividade nervosa simpática renal. Além disso, Jorge et al . (2011) demonstraram que a intervenção precoce com TF após o IM induziu a uma normalização da hemodinâmica e fluxos sanguíneos regionais, bem como alterações positivas da função autonômica cardiovascular associada com o aumento da sensibilidade do barorreflexo. Resultados semelhantes também foram demonstrados em ratos diabético submetidos ao IM, no qual além dos benefícios do TF foram além das vantagens observadas na função autonômica (Rodrigues et al., 2012).

Em linha com o estudo de La Rovere et al. (2002), em que TF foi associado a melhora na sensibilidade do barorreflexo e aumento da taxa de sobrevivência em 10 anos de acompanhamento, o nosso grupo testou a hipótese de que os benefícios

autonômicos do TF pudessem permanecer por um longo período, mesmo durante o destreinamento. Assim, em um estudo realizado por Barboza et al. (2013) os animais infartados foram submetidos a três meses de TF e um mês de destreinamento. Os autores demonstraram que um mês de destreinamento não alterou os efeitos benéficos do TF na área de IM, parâmetros estruturais e função do VE, na sensibilidade do barorreflexo, bem como na taxa de sobrevida global nos animais infartados e destreinados. Estes resultados indicam que o TF não é apenas uma ferramenta eficaz na gestão dos desarranjos cardiovasculares e autonômicas do IM, mas também que essas mudanças positivas foram estendidas até mesmo após um mês de destreinamento em ratos.

Conforme discutido até o momento, existe um vasto corpo de evidências acerca dos benefícios do TF aeróbico de moderada intensidade na função autonômica após o IM ou na insuficiência cardíaca, bem como em sujeitos saudáveis. No entanto, pouco se sabe sobre os efeitos do TF de alta intensidade nessa condição. Além disso, para o nosso conhecimento, esse é o primeiro estudo a verificar a eficácia do TF aeróbico de alta intensidade nas respostas sub-agudas hemodinâmicas e autonômicas prévio ao IM em ratos.

Os resultados observados na presente investigação demonstraram que tanto o TF de moderada intensidade quanto o de alta intensidade, quando realizados previamente ao IM, preveniram o aumento da frequência cardíaca de repouso, a queda da sensibilidade barorreflexa, da frequência cardíaca intrínseca, do tônus vagal, bem como o aumento do tônus simpático em ratos submetidos ao IM. Estes

dados evidenciam que a cardioproteção promovida pelo TF não foi dependente da intensidade em nosso experimento.

No documento UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU (páginas 78-83)

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