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4.1 DESCREVENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA

4.1.1 Perfil social dos profissionais: Quem são os enfermeiros, médicos e

O perfil geral dos enfermeiros, médicos e odontólogos da ESF, preceptores do PET- Saúde de Natal (RN) caracterizou-se, de modo geral, por profissionais do sexo feminino, com idade entre 46 e 52 anos, casados e com renda mínima de 6 salários, conforme mostram as tabelas e gráficos a seguir.

O gráfico 1 identifica a faixa de idade dos 15 participantes da pesquisa de acordo com a categoria profissional a que pertencem. Entre as categorias profissionais estudadas (enfermagem, medicina e odontologia), constatou-se uma predominância de idades entre 46 e 52 anos, com um número de 07 (46,6%) profissionais, sendo 03 (42,8%) enfermeiras, 02 (28,6%) médicos e 02 (28,6%) odontólogos.

Gráfico 1: Distribuição por faixa de idade dos sujeitos da pesquisa, conforme categoria

profissional.

Com relação à idade, destacou-se na ESF a existência de profissionais mais experientes, alguns até em término de carreira. Esta configuração aponta para indivíduos que provavelmente tiveram oportunidades de vivenciar experiências profissionais e pessoais diversas, conferindo certo privilégio que pode contribuir para melhorar o desempenho no trabalho junto à equipe de Saúde da Família. Esse achado também foi identificado em outras pesquisas que retratavam o perfil dos profissionais da ESF, especialmente, médicos e enfermeiros (CAMELO; ANGERAMI, 2008; GIL, 2006). Entretanto, ressalva-se que essa configuração também pode trazer os vícios adquiridos ao longo da carreira profissional, ocasionando um déficit no atendimento.

O gráfico 2 retrata o sexo dos participantes da pesquisa de acordo com as categorias profissionais estudadas. Conforme o mesmo, observa-se maior percentual de profissionais do sexo feminino entre todas as categorias profissionais analisadas, sendo que deste total de 11 (73,3%) profissionais, 05 (45,4%) eram enfermeiras, 03 (27,3%) médicas e 03 (27,3%) odontólogas.

Gráfico 2: Distribuição por sexo dos sujeitos da pesquisa, conforme a categoria profissional.

Neste estudo, as equipes são predominantemente femininas, embora haja presença masculina (26,7%) somente entre médicos e odontólogos. No que diz respeito à enfermagem, esse domínio do sexo feminino assemelha-se com a pesquisa de Machado et al. (2000) sobre o perfil dos médicos e enfermeiros do PSF no Brasil, indicando que a ESF absorve mais mulheres em suas equipes de trabalho. Na mesma pesquisa, contrariamente, prevaleceu, entre os médicos, o sexo masculino.

Igualmente à predominância feminina na enfermagem, diversos estudos em odontologia (FERNANDES, 2008; VILARINHO; MENDES; PRADO JUNIOR, 2007) apontam para uma preponderância do sexo feminino, também encontrado nesta pesquisa.

Em relação ao estado civil dos participantes, 11 (73,3%) profissionais eram casados, 03 (20%) solteiros e apenas 01 (6,7%) era divorciado. Dentre os 11 profissionais casados, ressalta-se que 03 (27,3%) eram enfermeiras, 05 (45,4%) médicos e 03 (27,3%) odontólogos. Portanto, verificou-se que a maior parte dos profissionais dessa pesquisa são casados e do sexo feminino, que a seu turno sugere uma sobrecarga do número de tarefas e responsabilidades perante o trabalho e a família, requerendo uma forma conciliatória para atender as demandas da esfera público-privada e seus desdobramentos.

Tabela 1: Categorias profissionais da pesquisa em relação ao estado civil

Profissão

Estado Civil Total

Casado Solteiro Divorciado

n % n % n % N %

Enfermeiro 03 60 02 40 - - 05 100

Médico 05 100 - - - - 05 100

Odontólogo 03 60 01 20 01 20 05 100

Total 11 73,3 03 20 01 6,7 15 100

No gráfico 3 observa-se a renda dos sujeitos pesquisados por categoria profissional estudada na realidade cotidiana da ESF do município de Natal (RN). Entre as enfermeiras, a renda média situa-se na faixa de 6 a 8 salários mínimos (60%), seguido dos médicos com renda superior a 8 salários mínimos (60%) e dos odontólogos com renda variando entre 6 a 8 (40%) ou mais de 8 salários mínimos (40%).

Gráfico 3: Distribuição da renda dos sujeitos da pesquisa, conforme categoria profissional.

A diferenciação no salário das categorias profissionais da ESF configura-se em um vestígio do modelo curativista, onde há maior valorização do profissional médico. Tal fato constitui um sério problema a ser enfrentado no contexto nacional, pois gera insatisfação dos demais profissionais de saúde frente ao paradoxo da desigualdade salarial e ao cumprimento da carga de trabalho, evidenciado no relato abaixo:

Os pontos fracos que eu acho o principal é esse de você é... dar muita ênfase pra o médico, certo? Você começa logo pelo lado do salário, você vê que agora mesmo a própria prefeitura tá fazendo um plano de cargos onde o médico vai ficar com o

salário inicial, se brincar, vai ficar três vezes o salário dos outros profissionais. (Pedro Américo)

Apesar da questão do aumento salarial não solucionar sequer uma minoria dos problemas enfrentados na ESF, salienta-se que os salários pagos aos profissionais da atenção básica, sejam eles do nível médio ou superior, ainda são bastante irrisórios e insuficientes para mantê-los vinculados unicamente à estratégia. Os depoimentos abaixo revelam essa questão:

A solução é que os profissionais fossem melhor remunerados pra que eles pudessem ficar no Programa de Saúde da Família, não saíssem do Programa de Saúde da Família pra ir pra outros locais. (Anita Mafalti)

(...) nisso aí passa também a questão salarial que tem profissionais que tão aí com defasagem salarial. Eu acho que não é a solução, a solução passa por realmente ver a satisfação e se, realmente, aquela pessoa está capacitada do ponto de vista técnico, do ponto de vista humano. (Abigail de Andrade)

Nesse tocante, faz-se imprescindível a aprovação do PCCS, previsto na lei nº 8.142/1990, para adoção de uma política salarial com isonomia e piso de salários para todas as categorias profissionais e trabalhadores do SUS, assim como incorporação de gratificações por dedicação exclusiva e garantia dos direitos dos servidores municipalizados e estadualizados (BRASIL, 2004).

4.1.2 Trajetória profissional dos enfermeiros, médicos e odontólogos da ESF, preceptores do PET-Saúde Natal (RN)

Em relação à trajetória profissional, detectou-se, de maneira geral, maior concentração de profissionais com tempo de formado variando entre 22 e 29 anos. Estes graduaram-se em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, especialmente na UFRN. Entre os cursos de pós-graduação, predominaram os de Saúde Pública, conforme retratam as tabelas e gráficos abaixo.

O gráfico 4 ilustra o tempo de conclusão do ensino superior dos sujeitos pesquisados, onde 03 (60%) enfermeiras e 03 (60%) médicos concluíram entre 22 e 29 anos, enquanto que nos odontólogos houve 02 (40%) com tempo de conclusão entre 22 e 29 anos e outros 02 (40%) que possuíam de 30 a 37 anos de formado.

Gráfico 4: Distribuição do tempo de conclusão do ensino superior dos sujeitos da pesquisa,

conforme categoria profissional.

Gil (2006), em seu estudo sobre as práticas profissionais de enfermeiros e médicos na saúde da família do município de Curitiba (PR), constatou predomínio de enfermeiros com tempo de formado entre 10 e 15 anos, contrariando o encontrado no presente estudo, e de médicos que concluíram há mais de 20 anos, corroborando com os resultados apresentados nesta pesquisa. No tocante aos odontólogos, a pesquisa de Vilarinho, Mendes e Prado Junior (2007), realizada com os cirurgiões dentistas inseridos no PSF de Teresina (PI), revelou uma taxa de 46,02% desses profissionais com tempo de graduado entre 17 e 23 anos, contrapondo- se aos achados encontrados neste estudo.

De acordo com a tabela 2, todos os profissionais entrevistados concluíram seus cursos de graduação em instituições públicas, majoritariamente (80%) na UFRN. Destes, 05 (100%) são enfermeiras, 03 (60%) médicos e 04 (80%) odontólogos. Este resultado mostra uma absorção local dos profissionais formados pela UFRN. Além destes, 02 (40%) médicos graduaram-se na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e 01 (20%) odontólogo, na Universidade Regional do Nordeste (URNE), em Campina Grande (PB).

Tabela 2: Categorias profissionais da pesquisa segundo Instituição de conclusão do ensino

superior.

Profissionais

Instituição de conclusão do Ensino Superior

UFRN UFPB URNE Total

n % n % n % n %

Enfermeiro 05 100 - - - - 05 100

Médico 03 60 02 40 - - 05 100

Odontólogo 04 80 - - 01 20 05 100

Total 12 80 02 13,3 01 6,7 15 100

O gráfico 5 revela que 100% das enfermeiras e dos médicos da presente pesquisa realizaram algum curso de pós-graduação lato sensu, enquanto que para os odontólogos esse número corresponde a 60%. Esse gráfico constata um maior interesse dos enfermeiros e médicos da ESF na busca de conhecimento o que pode resultar em melhora da prática de trabalho.

Gráfico 5: Distribuição da frequência a curso de pós-graduação entre os sujeitos da pesquisa,

conforme categoria profissional.

Entre as 05 enfermeiras que realizaram cursos de pós-graduação lato sensu, 02 informaram mais de um curso. As especializações mais citadas estão descritas abaixo:

- 01 fez Especialização em Materno-infantil

- 05 fizeram Especialização em Saúde Pública/Saúde Coletiva - 01 fez Especialização em Saúde da Criança

- 01 fez Especialização em Geriatria

- 01 fez Especialização em Gerência em Serviços (GERUS)

Quadro 5: Cursos de pós-graduação lato sensu realizados pelas enfermeiras da pesquisa.

A partir desse quadro infere-se que o curso de Especialização em Saúde Pública/Saúde Coletiva foi a opção mais procurada pelas enfermeiras, evidenciando a busca de um conhecimento e melhor resposta para sua área de atuação.

Em relação aos cursos de pós-graduação lato sensu referidos pelos 05 médicos, salienta-se que apenas 02 relataram um único curso, seja residência ou especialização, enquanto os outros 03 referiram mais de um. Entre os quais, enumeram-se:

- 01 fez Residência em Medicina Preventiva e Social - 01 fez Residência em Ginecologia e Obstetrícia - 01 fez Residência em Pediatria

- 01 fez Especialização em Homeopatia

- 02 fizeram Especialização em Epidemiologia - 03 fizeram Especialização em Saúde da Família - 01 fez em Especialização Saúde do Trabalhador - 01 fez em Especialização Saúde Pública

Quadro 6: Cursos de pós-graduação lato sensu realizados pelos médicos da pesquisa.

Observou-se que os médicos integrantes das equipes de Saúde da Família de Natal (RN) e preceptores do PET-Saúde, qualificaram-se, por meio de cursos de especialização e/ou residência, ao longo das suas respectivas trajetórias profissionais, em diversas áreas do conhecimento que, de uma forma ou de outra, são importantes para sua atuação na ESF.

Quanto aos 03 odontólogos que possuíam curso de pós-graduação lato sensu, 02 informaram mais de um curso. As especializações referidas foram:

- 01 fez Especialização em Odontologia do Trabalho - 02 fizeram Especialização em Saúde Pública - 01 fez Especialização em Saúde da Família - 01 fez Especialização em Periodontia

Quadro 7: Cursos de pós-graduação lato sensu realizados pelos odontólogos da pesquisa.

Esses dados mostraram que os odontólogos, assim como as duas categorias profissionais mais tradicionais no campo da saúde, buscaram aperfeiçoar seus conhecimentos numa perspectiva social para desenvolver uma melhor prática no âmbito da ESF, sendo esta considerada um campo ainda novo para a odontologia.

4.1.3 Perfil profissional na Saúde da Família dos enfermeiros, médicos e odontólogos,