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Perfil sociográfico das famílias

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2.2 Capital cultural e as famílias dos alunos da EAFSalinas

2.2.1 Perfil sociográfico das famílias

A origem familiar e social dos alunos que ingressaram na EAFSalinas no ano de 2007 é fundamental na identificação de elementos que esclareçam o perfil dos estudantes do ensino médio/técnico. Nesse sentido a renda familiar e a escolaridade dos pais dos alunos assumem importância ímpar nessa análise.

Considera-se nesta análise a seguinte tipologia de família: o núcleo familiar original que é aquele formado por parentes consangüíneos e/ou outros que não são parentes dos alunos. Obtivemos os dados tanto dos questionários respondidos pelos pais quanto dos respondidos pelos filhos/alunos investigados. Em relação à composição familiar, constata-se que os alunos vivem em famílias nucleares simples, com pais e filhos, sendo que destes 90% declararam viver com a mãe, e destes a grande maioria 78% residem com pai e mãe, os demais 22% residem com o/a companheiro (a) da (o) mãe (pai). Os dados apontam que os pais são casados em sua grande maioria 82%, e a dissolução do vínculo conjugal atinge apenas uma minoria das famílias investigadas 2%. A constatação de que o vínculo residencial com a mãe é predominante, reflete a tradição social brasileira de, mesmo em caso de separação, os filhos ficam sob a guarda materna, esta constituindo ou não novo vínculo conjugal.

A maioria das famílias 71%, segundo os pais, tem dois ou três filhos, o que é confirmado ao questionarmos os alunos quanto ao número de irmãos, visto que 39% informam que têm apenas um irmão e 32% que têm dois irmãos. A proporção de famílias com apenas 1 filho 9% segundo os pais, é surpreendentemente pequena, dado que cai mais ainda segundo a informação dos estudantes identificados como filhos únicos 4%. O percentual de famílias com mais de cinco filhos 2% é irrisória, apesar de se ampliar com o universo dos estudantes respondentes, pois 6% têm quatro irmãos e 8% acima de cinco irmãos. Apenas 11% dos estudantes declararam ter três irmãos , conforme explicita a tabela 1.

Tabela 1 – Número de irmãos dos alunos da 1ª série/2007

Quantidade de irmãos em casa

% Nenhum irmão 6 4,0% 1 irmão 59 39,0% 2 irmãos 49 32,0% 3 irmãos 17 11,0% 4 irmãos 10 6,0% 5 irmãos ou mais 13 8,0% Total 154 100,0%

Os dados referentes à composição familiar indicam que a redução da prole é uma estratégia utilizada cada vez mais pelas famílias, o que já favorece a ampliação do investimento na escolarização dos filhos. Entretanto, esta redução da prole, provavelmente por tratar-se do interior do país e em um estado tradicional como Minas Gerais, ainda que não ocorra de forma tão acentuada quanto nos grandes centros urbanos, já expressa uma mudança no que tange à composição familiar, confirmando os trabalhos que demonstram que o tamanho da prole está relacionado aos investimentos na educação dos filhos. Assim, o tamanho maior das famílias está negativamente associado ao desempenho do aluno, já que

22 uma família grande tem mais dificuldades de prover os mesmos recursos financeiros, culturais e sociais para todos os filhos. Podemos comparar as famílias investigadas com os dados de pesquisa realizada em nove escolas de prestígio, freqüentadas por frações de elite do Rio de Janeiro, que possuem um percentual de 68% das famílias com dois ou três filhos.

Quanto à renda das famílias investigadas observa-se a comprovação de informações bem próximas às apresentadas em pesquisa realizada pelo INEP (2005), que nos informa que as famílias mais pobres do Brasil são as principais usuárias das redes públicas de ensino fundamental. Segundo os dados do INEP (2005), mais de 73% dos respondentes auferiam uma renda familiar de até três salários mínimos, 18% de três a cinco salários mínimos e apenas 9% declararam ter renda familiar superior a cinco salários mínimos. Conforme o critério Brasil de classificação socioeconômica, aplicado nessa pesquisa, 58% dos pais ou responsáveis brasileiros pertencem às classes D e E; 7,5% às classes A e B; e à classe C, (29,7%).

Comparando com os dados obtidos na nossa investigação, cabe destacar que foi observada uma pequena elevação, porém significativa, nos padrões de renda, principalmente dada a região onde a EAFSalinas se encontra. Temos, assim, um percentual de 68% com renda de até três salários mínimos, sendo que 20% dos respondentes vivem com uma renda de 3 a 5 salários mínimos, 10% das famílias recebem de cinco a dez salários mínimos, apenas 1% possui renda mensal de dez a quinze salários e 1% das famílias tem renda acima de quinze salários, conforme ilustra o gráfico abaixo.

10%

20%

68%

1% 1%

Renda de até 3 salários mínimos Renda de 3 a 5 salários mínimos Renda de 5 a 10 salários mínimos Renda de 10 a 15 salários mínimos Renda acima de 15 salários mínimos

Gráfico 1 - Situação financeira da família

Quanto à escolaridade dos pais, os dados da pesquisa do INEP (2005) demonstram que: cerca de (58,3%) têm até o ensino fundamental incompleto e (7,5%) declaram-se analfabetos ou sem nenhuma escolaridade. Os que completaram o ensino universitário somam somente (2,8%). O maior percentual de escolaridade dos pais, (31,4%) foi encontrado no ensino fundamental incompleto.

Comparando estes dados com os obtidos em nossa pesquisa, podemos constatar uma significativa elevação quanto à escolaridade dos pais e mães, dos alunos investigados. Entre os pais, vemos que o nível de mais alta titulação é o nível superior, observa-se que 11% iniciaram o curso superior e deles 8% concluíram, dentre eles nenhum possui especialização. Há o percentual significativo de 35% dos pais que possuem o ensino médio, conforme o gráfico 2 explicita que 54% dos pais, ao contrário de seus filhos, não alcançaram o ensino médio, e destes 7% permaneceram analfabetos.

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Gráfico 2 – Escolaridade dos pais

Quando analisamos a escolaridade da mãe, observa-se que 28% delas têm o nível superior, dentre essas, 3% possui especialização e 1% mestrado, 8% ingressaram no nível superior, mas não concluíram. Há 18% de mães que cursaram o ensino médio, sendo que 2% não conseguiram finalizá-lo. Assim menos da metade 44% das mães não alcançaram o nível médio, o grau de escolaridade que os filhos cursam atualmente. Sendo que o percentual de analfabetas é de 4%, e o das que cursaram apenas o ensino primário, ou seja, de 1ª a 4ª série é 22% .O número de mães que fizeram de 5ª a 8ª série é significativo, ou seja, 18%.

18% 2% 18% 36% 4% 22% Analfabeto Até a 4º série Entre a 5º e a 8º

Segundo Grau incompleto Segundo grau completo Superior completo e incompleto

Gráfico 3 - Escolaridade das mães

Comparando os gráficos 2 e 3, observamos uma significativa elevação da escolaridade das mães em relação aos pais, confirmada pelo acesso ao nível superior de 36% das mães ser o triplo do dos pais 11%, e o percentual de analfabetas 4% quase a metade dos pais 7%, o mesmo ocorrendo com o percentual das que não alcançaram o nível médio 46% em relação aos pais 54%. Sabendo que são às mães que geralmente compete o acompanhamento da escolarização dos filhos, estes dados confirmam a relevância do grau de escolaridade das mães para o desempenho acadêmico dos filhos quando se consideram trajetórias escolares mais longas.

Segundo o INEP (2005), o nível de escolaridade e de renda dos pais explica o baixo desempenho do estudante brasileiro, tema já amplamente estudado pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). A proficiência obtida pelas crianças e jovens brasileiros correlaciona-se fortemente com o nível socioeconômico das famílias desses estudantes, em contrapartida ao se analisar o rendimento dos alunos considerados “bons”,

19% 3% 35% 11% 7% 25% Analfabeto Até a 4º série Entre a 5º e a 8º

Segundo Grau incompleto Segundo grau completo Superior completo e incompleto

24 observa-se que a proporção destes varia de maneira significativa caso o pai seja diplomado ou não.

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