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Perfis dos produtores e gestores culturais do Brasil: uma investigação

2. PRODUTORES E GESTORES CULTURAIS DO BRASIL: A CONSTRUÇÃO ANALÍTICA

2.3. Perfis dos produtores e gestores culturais do Brasil: uma investigação

Nesta seção a pesquisa apresenta a ferramenta analítica concebida para realizar o estudo acerca dos agentes culturais brasileiros e as estratégias adotadas para o levantamento dos dados dentro dos limites de tempo inerentes a esta pesquisa.

2.3.1. O questionário

Sob essas premissas, este trabalho se propôs realizar um survey junto a esses agentes intitulado

Perfis dos produtores e gestores culturais do Brasil no intuito de conferir a esse grupo uma

feição quantitativa mais alargada, capaz de reunir e organizar as vertentes que vêm sendo iluminadas de tempos em tempos por etnografias de grupos, mas que ainda não foram relacionadas entre si. Uma vez concluído, a análise dos seus resultados deverá levar em conta também as transformações identificadas por estudos mais recentes no sentido das relações mantidas entre as predisposições sociais dos agentes e o consumo cultural. O aumento na escolaridade geral em diversos países, o advento das tecnologias de informação e comunicação na reconfiguração dos padrões de trabalho, a elevação geral dos gastos das famílias com atividades de lazer, cultura e aproveitamento do tempo livre. (COULANGEON, 2014; RIDENTI, 2014, 2018). Entre os trabalhos produzidos pelas novas safras, a pesquisa pretende estabelecer um diálogo particular com as análises de Vicent Dubois (2015) a respeito das novas feições assumidas pelos gestores culturais na França nos anos 2000.

O gosto dos produtores e gestores culturais brasileiros, fio condutor deste survey, será conhecido a partir da intensidade com a qual esses consomem um determinado conjunto de bens culturais. A definição dessas práticas levou em conta precisamente o universo das expressões artístico-culturais legitimadas e deslegitimadas pelos agentes dominantes na esfera do Estado brasileiro ao longo do século XX e na primeira década e meia do século XXI. Essas expressões foram selecionadas a partir de um esforço em mesclar – levando em conta as transformações estruturais recentes do Brasil – o que serão denominadas como práticas legítimas tradicionais, práticas contemporâneas ou de legitimação recente, e práticas ilegítimas.

Tabela 10 – Grupos de práticas culturais por legitimidade Práticas legitimadas e tradicionais Práticas contemporâneas ou de legitimação recente Práticas ilegítimas • cinema • concertos

• teatro (peça, ópera, musicais)

• museus ou galerias • biblioteca

• cineclube

• atividades de cultura tradicional (ex.: Jongo, rodas de samba)

• leitura por prazer (exceto jornal, revista, quadrinhos) • livros e artigos científicos • saraus/ clube de leitura • escreve alguma história ou

poema

• toca um instrumento • escreve/ compõe música • pinta (incluindo Grafite),

desenha ou faz escultura • pratica dança (incluindo

balé) • dança contemporânea • SESC • centros culturais • slam de poesia • shows

• carnaval/ eventos artísticos de rua

• festivais

• trabalhos visuais e animação no computador • produção de conteúdo para

internet (texto ou vídeo) • fotografa ou filma como

atividade artística

• manifestações, marchas, encontros políticos

• leitura de jornais e revistas • alugar DVD

• assistir filmes e séries por streaming (Netflix, Amazon Prime Video) • assistir YouTube • Instagram • assistir telejornal • assistir novela • assistir futebol

• assistir outros esportes • assistir séries em TV paga • encontra amigos em bar ou

casa noturna

• passa o tempo com amigos na rua principal do bairro ou da cidade

Fonte: o autor

Os enquadramentos propostos não levam em conta o momento de surgimento da expressão cultural em si, mas o período em que ela é reconhecida pelo Estado como digna de fomento84.

Desta forma, mesmo sendo o carnaval de rua um dos eventos populares de longa tradição no país, levamos em conta a moderna relação mantida entre as prefeituras e essa prática, bem como o seu reconhecimento pelas leis de incentivo como categoria elegível ao patrocínio de empresas. As práticas enquadradas como ilegítimas consideram as oposições registradas em diferentes momentos entre os partidários da arte “pura” posicionados nos conselhos e nas instituições culturais do Estado e as manifestações da indústria cultural, como a televisão, que historicamente tem sido confrontada com a criação de canais educativos, alguns gozando de grande reputação, mas insuficientes para fazer frente à hegemonia dos canais privados. Todavia,

84 Em um flagrante das próprias práticas do autor, algumas expressões foram ignoradas, à exemplo da escuta de música, noticiário ou esportes por rádio. A ausência fora constatada em um momento avançado da coleta de dados. Outras práticas, como assistir o YouTube também incorporam a possibilidade de escuta de músicas, mas essa é uma separação que não poderá ser realizada neste momento. Na seara das redes sociais, o mesmo se deu com Facebook e Twitter, ainda que a rede social Instagram seja representativa deste universo.

mesmo nesta prática procurou-se distinguir internamente o que seriam usos supostamente mais nobres, como informar-se por meio dos telejornais, de outros menos nobres, como assistir novela ou esportes. Ainda no âmbito doméstico das práticas ilegítimas, jornais e revistas também foram agrupados em razão da ausência de seu reconhecimento por parte da burocracia estatal da cultura como expressões financiáveis pelas políticas públicas de cultura. Entretanto, a relação desses veículos com o Estado não pode ser negada, na medida em que este promove políticas de veiculação de propagandas que respondem por uma parcela expressiva do faturamento das empresas deste setor. Desta forma, para uma política cultural em sentido amplo, esses veículos não deixam de ser reconhecidos pelo Estado, mas na esfera específica da cultura e das artes, ressalvadas revistas voltadas a conteúdos exclusivamente culturais, esses meios de comunicação de massa são permanentemente desclassificados. As práticas relacionadas à internet foram segregadas entre aquelas dedicadas à redes sociais e ao consumo de bens audiovisuais hospedados em plataformas (YouTube, canais de streaming) das práticas dedicadas à criação artística (arte digital, criação de blogs, determinados vídeos, como os voltado à instrução), cujo fomento é amparado por editais e pelas leis de incentivo. As práticas ilegítimas em ambientes externos, como participação em marchas e manifestações e encontros com amigos baseou-se tanto nos estudos de consumo cultural realizados no Reino Unido pelo levantamento Understanding Society – The UK Household Longitudinal Study85, como na pesquisa do IPEA “O consumo cultural das famílias brasileiras” (SILVA; ARAÚJO; SOUZA, 2007).

Este levantamento também não explora neste primeiro momento outros elementos do gosto relacionados à forma de consumo desses bens culturais, como as escolhas por gênero artístico e as particularidades dessas experiências (tipos de filme, de música, de livros etc.). O intuito deste esforço inicial é identificar como os agentes culturais investem seu tempo na escolha e no deslocamento para os espaços institucionais dessas práticas ou para o consumo das práticas domésticas. A seleção dos espaços externos, assim como do consumo cultural doméstico, opera uma relação distintiva em relação ao que não será consumido, ou será consumido em menor intensidade, permitindo ao analista apreender nessas exclusões a atuação de um hábito constituído.

85 Disponível em https://www.understandingsociety.ac.uk/documentation/mainstage/dataset-

2.3.1.1. Gosto, tomada de posição e posição ocupada

O conhecimento das práticas culturais dos produtores e gestores culturais será levantado conjuntamente com informações relacionadas às suas atuações, às suas opiniões sobre temas relacionados à sua atividade de grupo e com dados de perfil. Ao todo, chegou-se a seis rubricas de variáveis86, comentadas abaixo.

Rubrica 1 – Atuação na área

As variáveis reunidas neste bloco iniciam o survey perguntando se o participante já atuou na área da cultura. O termo atuou aqui, como explicado no questionário online, tem o propósito de não restringir a relação entre esses agentes e a área da cultura à noção de trabalho, podendo escolher como resposta as opções “apenas de forma voluntária (não remunerada)”, “apenas de forma profissional (remunerada)”, “de forma profissional e voluntária” ou “Nunca atuei”. Neste último caso o questionário encerra-se. Em seguida, os participantes são perguntados sobre a forma como foram introduzidos na área. A finalidade do questionamento é verificar se os respondentes contaram com o apoio de suas redes pessoais para o ingresso na atividade. Familiares, amigos de escola, colegas de faculdade, outras pessoas do ramo, processos seletivos e concursos carregam consigo diferentes capitais, desde o cultural propriamente dito, identificável pela força das primeiras socializações em família e na escola, passando pelo capital social adquirido posteriormente nos vínculos criados durante o ensino superior e nas relações de trabalho, ou pela ausência de capitais que levam o agente a recorrer a estratégias impessoais. Em seguida o questionário se dedica a mapear os vários aspectos relacionados aos espaços de atuação, como segmento, lugares onde trabalhou (por tipo de instituição/ empresa cultural), funções desempenhadas.

A Figura 5 apresenta as variáveis relacionadas à ocupação em uma sequência de modalidades que cada participante poderá selecionar de maneira cumulativa. O mesmo conjunto de opções será colocado àqueles agentes que assinalarem terem atuado tanto de forma voluntária como profissional. Nos casos que atuarem de ambas as formas, a pessoa responderá duas vezes, dado que a atuação profissional pode ocorrer em áreas distintas da atuação voluntária. A abertura de um leque amplo de possibilidades considera aspectos deste grupo identificados por outros

86Os resultados do survey serão utilizados na criação de uma Análise de Correspondência Múltipla, apresentada com mais detalhes na seção seguinte. Todavia, optou-se por apresentar a estrutura do questionário em acordo com a terminologia do método de representação. Desta forma, rubricas dizem respeito ao termo adotado para se referir aos grupos de questões. As questões tornam-se variáveis e as respostas são denominadas modalidades. (KLÜGER, 2018)

estudos, como o “nomadismo cultural” identificado por Cunha, a indeterminação enquanto característica definidora cunhada por Bourdieu no caso francês.

Figura 1 - Possibilidades de atuação

Fonte: o autor

Apenas nos casos em que a atuação de forma profissional for selecionada, os participantes deverão preencher a faixa de remuneração do último trabalho e modelo de contratação (se pela CLT, por cooperativa, como Microempreendedor Individual/ MEI, outro contrato Pessoa Jurídica, ou cotas societárias/ propriedade). A escolha dessas variáveis, assim como a seleção das variáveis relacionadas às tomadas de posição dos agentes culturais em assuntos como o papel de uma política cultural deveu-se em grande parte à colaboração estabelecida com a pesquisa Arts/cultural Management in International Contexts (2017) conduzida por Birgit Mandel87. Em seguida, os participantes devem responder se possuem outros familiares na área

87 Entre os meses de abril e outubro de 2018 o autor realizou doutorado-sanduíche no Institut für Kultupolitk da Universität Hildesheim, na Alemanha. Nesta oportunidade conheci o trabalho desenvolvido pela Professora Mandel e contei com a sua colaboração na elaboração deste survey, com o compartilhamento do questionário utilizado em sua pesquisa e de outros materiais de apoio.

da cultura. A finalidade, novamente, é observar a existência de redes familiares que possam representar uma propriedade social favorável aos agentes, em linha com as considerações de Dubois: “In addition to being a factor of professional heredity, having parentes who work in the cultural sector and have the relevant dispositions and practices (frequent cultural outings, reading, discussions, etc.) is largely a factor of intense cultural socialization, which in turn encourages these students to choose this sector” (DUBOIS, Op. cit., p. 85).

Esta rubrica será concluída com um conjunto de questões destinadas somente aos participantes que selecionarem a opção atuação profissional, ou ambas. Nesta última sequência, o agente assinala alternativas sobre o trabalho mais recente/ último trabalho, informando a localização do mesmo, porte por número de funcionários, modos de financiamento das suas atividades e desempenho nas linhas de fomento estatais (se captou recursos por editais ou incentivos fiscais, montante e linguagens artísticas dos projetos culturais apoiados). Por fim, a pesquisa questiona se o agente atua em outra área além da cultura. O intuito desta questão é apreender o hibridismo de alguns agentes, que atuam em outras áreas sociais com mobilização de recursos por incentivos fiscais.

Rubrica 2 – Condições para se atuar em produção e gestão cultural

Nesta rubrica é solicitado aos participantes que tomem posição em relação a quatro questões. A primeira delas, Em que medida você se identifica com cada uma das categorias a seguir?, oferece um conjunto de possibilidades aos participantes aos quais devem reagir selecionando uma das opções na escala Likert de cinco pontos “Não me identifico nem um pouco”, “Me identifico um pouco”, “Neutro”, “Me identifico muito” e “Me identifico totalmente”. As possibilidades de identificação compreendem de posições com algum nível de precisão, como “artista”, ou “Arte-educador, educador sobre temas culturais” até outras mais imprecisas, como “Agente de transformação social”. Bourdieu identifica o surgimento do profissional de

animação cultural entre a nova pequena burguesia dos anos 1960-1970, cujo movimento

distintivo no meio profissional é a capacidade desses agentes em ajustar os termos às suas ambições, em autodenominações propositalmente ambivalentes. No momento atual em que a divisão do trabalho social é praticamente toda permeada por esse tipo de estratégia de autoclassificação – não restringindo-se ao setor da cultura e das artes88 – a pergunta deseja verificar o quanto os agentes culturais ainda valorizam posições abertas e imprecisas, ou

88 A língua inglesa tem sido pródiga nas últimas décadas em produzir termos amplamente assimilados mundo afora, como toda sorte de profissional personal, passando pelos organizer, até o fenômeno mais recente do coach que eufemiza a função de “treinador” como figura de suporte às mais diversas profissões.

desejam ver-se em posições mais estruturadas. A questão deseja verificar ainda que tipo de agente se alinha a cada tipo de estratégia de autoclassificação. A segunda questão, Na sua

opinião, em que medida os seguintes fatores influenciam a forma como a produção e a gestão cultural são praticadas? solicita aos participantes que tomem posição quanto ao que possa ser

o papel exercido por condicionantes micro e macroestruturais sobre o exercício da atividade de forma geral. As respostas aqui se alternam em “Não influencia nem um pouco”, “Influencia pouco”, “Indiferente”, “Influencia Muito” ou “Influencia totalmente”. Entre essas condicionantes encontram-se “Histórico educacional individual”, ou “Situação política do país”. Nessas tomadas de posição, o interesse da pesquisa é observar aqueles que se sentem apto a emiti-la e o perfil daqueles que serão, na maior parte dos assuntos, indiferentes. A terceira questão direciona a análise para o próprio agente ao perguntar Qual é a importância dessas

condições para a sua atuação na área cultural?, e pretende novamente verificar a

autopercepção desses agentes quanto à importância do contato com a cultura legítima na socialização em família. Assim, os participantes deverão analisar tópicos como “Ter visitado museus e instituições culturais com os pais” e “Ganhar livros quando criança”, selecionando uma opção entre “Nada Importante”, “Pouco Importante”, “Indiferente”, “Muito importante” e “Extremamente Importante”. A pesquisa pretende ainda matizar essas experiências da infância pedindo reação à ida ao museu em excursões da escola e ida ao museu em excursões de projetos sociais. Também são colocados a esses agentes questões sobre a importância de envolver-se com festividades comunitárias, participar de grêmio ou centro acadêmico, e da política. A quarta variável deste bloco, Qual é a importância dessas atividades para a forma como você se

integra a redes? Pede que os participantes assinalem o grau de importância de determinadas

estratégias para a formação das redes sociais. Nessas estratégias também procurou-se adicionar elementos potencialmente distintivos, como “cursar pós-graduação” e “participar de grupos no Whatsapp”, ou de grupos no Facebook. Ainda que não sejam excludentes em si, importa verificar o grau de importância atribuído a cada uma dessas estratégias.

Rubrica 3 – Práticas culturais

Neste grupo de variáveis os participantes são solicitados a selecionar a intensidade com a qual se dedicam às 38 práticas apresentadas (ver Tabela 11). Para isso devem selecionar entre 1 e 7 (escala tipo Likert de sete pontos), sendo 1) Nunca/ quase nunca, 2) Uma vez por ano ou menos, 3) 2 vezes no último ano, 4) Ao menos 3 a 4 vezes por ano, 5) Ao menos 1 vez por mês, 6) Ao menos uma vez por semana, 7) Maioria dos dias.

Rubrica 4 – Sociedade, Estado e Cultura

As duas questões desta rubrica solicitam dos participantes tomadas de posição em relação ao papel de uma política cultural. A primeira questão é seguida de variáveis que representam as diferentes finalidades possíveis e os agentes culturais devem selecionar uma opção sobre o grau de importância que atribuem a cada uma dessas finalidades. A segunda questão apresenta sentenças relacionadas às políticas públicas de cultura e solicita que os participantes registrem seu grau de concordância com cada uma dessas asserções (“Discordo totalmente”, “Discordo um pouco”, “Não discordo nem concordo”, “Concordo um pouco” ou “Concordo totalmente”). As duas questões e as variáveis apresentadas aos participantes pretendem medir o grau de identificação desses agentes com as diferentes ideologias a respeito do papel do Estado na cultura mapeadas no Capítulo 1. Assim, a sentença “Uma política cultural deve financiar de forma prioritária o patrimônio histórico, artístico e as manifestações folclóricas que constituem a identidade nacional” pretende ecoar a ideologia concebida pelo Estado Novo, da qual foram originados o SPHAN e os museus temáticos mencionados. Outra sentença “É dever do Estado criar condições de expressão para os fazedores de cultura dos diversos grupos sociais” procura registrar as compreensões mais recentes à respeito do tema, que enfeixam esse agente como parte de uma economia da cultura, ao mesmo tempo em que o ajusta às premissas do patrimônio imaterial e da diversidade convencionados pela UNESCO89.

Rubrica 5 – Dados pessoais

Nesta parte final do questionário são levantados os dados de perfil relacionados ao gênero (mulher, homem, outro), cor, ano de nascimento, religião, nacionalidade, local de nascimento (UF e município), endereço atual (UF e município), tipo de moradia dos pais ou responsáveis, com quem reside atualmente e em que tipo de moradia. As modalidades (respostas) das variáveis relacionadas ao perfil identitário dos participantes (gênero, cor, religião) foram orientadas pelas classificações adotadas pelo IBGE na produção do Censo. Com as perguntas relacionadas à moradia dos pais e moradia do participante, a pesquisa pretende analisar o impacto que a atuação na área da cultura desempenha ou deixa de desempenhar na produção de mobilidade social, no que diz respeito ao capital financeiro acumulado. As variáveis relacionadas ao local de nascimento e local de residência pretendem verificar se a atuação em

89 O termo “fazedores” é de uso recente e parece tentar dar conta de uma generalização pouco distintiva dos agentes culturais, adaptando com certa literalidade o termo inglês culture makers. Michetti e Burgos (2016) interpretam no termo mais um eufemismo para se designar o empreendedor cultural brasileiro, agente precarizado pelo modelo de mecenato estatal altamente concentrador em voga.

produção e gestão cultural demandam a migração dos agentes para os grandes centros, nos quais o mercado de bens culturais costuma ser mais diversificado, à exemplo do que ocorre com as carreiras artísticas.

Rubrica 6 – Escolaridade, formação e vivências

O questionário é concluído com esta rubrica, na qual os participantes são solicitados a informar a respeito do seu grau de escolaridade, acrescentando o tipo de escola que eles e os pais cursaram (pública, privada, confessional, internacional). Desta forma, a pesquisa pretende apreender a correlação entre essas variações no tipo de experiência escolar e os hábitos de consumo cultural. Da mesma forma, o participante deve responder, caso possua instrução superior ou pós-graduação, quais são as áreas de formação (humanas, exatas, biológicas), os nomes dos cursos e o tipo de Instituição de Ensino Superior/ IES (Universidade pública, universidade confessional/ privada, faculdade privada) onde se formou. As mesmas perguntas são feitas sobre pai e mãe, caso possuam instrução superior. Junto com este esquadrinhamento da educação formal, tendo em vista conseguir inferir o capital cultural dos participantes deste levantamento, são ainda questionadas a existência de formações específicas na área da cultura, na forma de cursos livres e, por fim, questionada a existência de experiências no exterior, acompanhada de continente e país onde ficou mais tempo, tempo de estadia e motivos da viagem.

No capítulo dedicado à análise das respostas, voltar-se-á à discussão de algumas questões

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