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4 A PERSPECTIVA DE UM TRABALHO INTERDISCIPLINAR COMO PROPOSTA DE ATENDIMENTO DOS USUÁRIOS, JUNTO AO EMAJ

A discussão acerca da interdisciplinaridade é recente no meio acadêmico e enquanto forma de organização do trabalho. Conceituar interdisciplinaridade, segundo muitos autores se constitui uma tarefa permanente ao passo que existem vertentes de pensamento sobre esta temática.

Iniciando-se pela a origem da palavra, tem-se que o prefixo “inter” designa uma postura de reciprocidade. Ao desmembrarmos a palavra no seu substantivo “disciplina”, tem- se o conhecimento, o saber que é organizado por um regime imposto ou consensual. E, ao tratarmos do sufixo “dade”, a qualidade intrínseca a esta ação, o que resulta desta ação, como ela se caracteriza. Dessa forma se pensa a interdisciplinaridade enquanto um conhecimento que leva em consideração as diferenças de cada segmento ao mesmo tempo em que propõe

10 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social e Relações de Gênero da Universidade Federal de Santa

uma interlocução entre estes conhecimentos. (Mioto & Mangini, 2009 apud Assumpção, 1991)

Em se tratando da temática sobre interdisciplinaridade, Mioto & Mangini (2009) ressaltam que este tipo de atividade gera no ser humano, um crescimento, uma emancipação.

A ação interdisciplinar nos diferentes espaços sócio-ocupacionais deve estar focada em princípios, sejam eles: expectativa, humildade, coerência e audácia - que expressam introspecção e intersubjetividade.

Ainda sobre interdisciplinaridade, Vasconcelos (1997), diferencia interdisciplinaridade auxiliar e interdisciplinaridade. A primeira se refere ao uso de contribuições de outras disciplinas a serem apropriadas por uma disciplina específica. A essa disciplina específica cabe a coordenação das outras com as quais se relaciona. O sistema, nesse nível se apresenta enquanto aquele que possui certa hierarquia, onde essa disciplina que recebe contribuições das demais coordena e hegemoniza seus objetivos. Quanto à própria interdisciplinaridade o autor a designa como um espaço onde as disciplinas são conexas, as quais são definidas de forma hierárquica, de forma a introduzir nesta relação um determinado fim em comum. Seu sistema contaria com dois níveis com a coordenação hierarquizada, no entanto com a proposta de as relações de poderes serem horizontalizadas.

Com relação à multidisciplinaridade tornam-se importantes as contribuições trazidas por Vasconcelos (1997)11. Segundo este autor, caberia, enquanto definição geral de multidisciplinaridade um conjunto de disciplinas propostas simultaneamente, sem que se explicite relações entre elas. Dessa maneira o sistema seria de um só nível, onde se tem a presença de objetivos únicos, mas estes não cooperam entre si. Pode-se perceber neste tipo de atividade uma coordenação, mas esta ocorre em nível administrativo.

Complementando essa definição Dal-Bó ( 2009) diz que multidisciplinaridade se refere

A uma gama de disciplinas, ligadas principalmente pelo diálogo entre os especialistas, mas sem relação entre si. É a observação de um objeto sob diversos ângulos, sem pressupor um acordo ou rompimento de fronteiras entre as disciplinas. A solução de um problema exige informação de várias ciências ou setores do conhecimento, sem que as disciplinas envolvidas estejam imbricadas (DAL-BÓ, 2009: 342-343).

11 Para tanto a referida autora se utiliza da linha específica de conhecimento trazida por Japiassu (1976) e Jantsch

Especificamente no EMAJ, pode-se perceber, através do fluxograma trazido anteriormente que as atividades dentro deste espaço se encontram em uma linha menos avançada, multidisciplinar por não tomar como pressuposto o diálogo intermitente- ainda que existente- entre Serviço Social, Psicologia e Direito e uma quebra de barreiras entre os conhecimentos, onde cada área atua de forma singular.

4.1 – Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e sua ingerência no EMAJ

O EMAJ possui em seu corpo disciplinar a presença de Professores de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, acadêmicos do curso de Direito, acadêmicos da Psicologia, acadêmicos do Serviço Social, bem como seus devidos supervisores de forma a oferecer aos usuários o acesso aos direitos sejam eles civis, sociais, ou políticos, através da assistência jurídica gratuita, por meio de um trabalho interprofissional, estabelecido nos marcos do Plano Nacional de Extensão Universitária, que propala a extensão enquanto sendo aquela onde

Com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico (...). Esse fluxo que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como conseqüência, a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/ prática, a Extensão é um trabalho

interdisciplinar que favorece a visão integrada do social (PLANO

NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 1998: 15).

Como se pode perceber na citação acima, a interdisciplinaridade consta enquanto um trabalho necessário nas atividades de extensão universitária. Segundo Severino (2002) esta prática de interdisciplinaridade se constitui enquanto fundamental para o papel de aprendizagem por que passam os alunos do Serviço Social em estágio, bem como os estagiários das demais áreas. A ação pedagógica, segundo o referido autor se multiplica, pois é através deste processo de ensino que se intervém na realidade sócio-cultural e institucional.

Entretanto é a multidisciplinaridade e não a interdisciplinaridade que se faz presente na realidade existente no Escritório Modelo de Assistência Jurídica (EMAJ), ao passo que os

saberes propõem resoluções sobre determinadas temáticas de forma individual sem a interlocução entre os mesmos. Um exemplo disto é a demanda atendida no dia 17 de maio de 2010.

- DESCRIÇÃO DA DEMANDA ATENDIDA

No dia 17 de maio de 2010 após o recebimento da ficha com o nome da usuária em questão, houve o direcionamento a sala de espera e chamamento da usuária. A mesma estava acompanhada de sua mãe. Juntamente com elas, direcionei-me a cabine de atendimento para dar início à entrevista.

Ao sentarmos apresentei-me enquanto estudante do Serviço Social, e que este primeiro momento era para entrar em contato com as questões que a levaram até o EMAJ e os possíveis encaminhamentos que podem ser feitos tanto as equipes de Direito quanto externamente. Prontamente a usuária L. inicia então sua fala, expondo sua demanda.

Segundo ela a mesma possuía o intuito de separar-se litigiosamente do seu esposo P., de 44 anos.

A usuária em questão diz que pretendia se separar, pois, o seu marido é usuário de drogas e há um tempo vem agindo de maneira agressiva com a mesma. Segundo ela, ele a xinga, cospe em sua cara, não a deixa comer em casa – disse-nos que atualmente a mesma faz as refeições na casa de sua mãe-. Além disso, a usuária disse que se preocupa muito com as ameaças que ele, bem como a mãe do seu esposo faz a ela.

Perguntada sobre se L. já havia registrado Boletim de Ocorrência contra o marido, a mesma disse que não, pois tinha muito medo que ele fizesse algo de ruim se soubesse disso, pois, segundo ela a família dele é influente em Florianópolis e possui bons advogados para defendê-los.

A partir disto salientei a importância de que L. registrasse um Boletim de Ocorrência não só para aferir o motivo pelo qual pretende se separar, como também para resguardá-la.

Disse à usuária que na Delegacia da Mulher (6ª DP de Florianópolis) ela encontraria orientação sobre como proceder com relação a essa situação de violência. Comuniquei-a que a mesma é amparada pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) e que a violência psicológica pela qual ela vem sofrendo, também se caracteriza como uma violência. Perguntei a ela se ela gostaria de saber o endereço da Delegacia e a mesma disse que sim, salientando que após a sua saída do EMAJ iria até lá. Após isto, fui, então, até a sala de Serviço Social pegar o endereço e o telefone da Delegacia e entreguei em um papel as informações à usuária, explicando que encaminharia o seu pedido de separação litigiosa a

equipe de Direito, a qual a atenderia no mesmo dia e a orientaria sobre a melhor forma de proceder.

Pedi, em seguida, para que L. bem como sua mãe se direcionassem a sala de espera para aguardar o atendimento feito pela Equipe de Direito, e usuária foi, orientada a se direcionar a 6ª Delegacia de Polícia. Voltei a minha sala de atendimento com um sentimento de frustração em relação ao tipo de atendimento realizado, que poderia ter sido de forma interdisciplinar.

Nesta situação específica, e em inúmeras outras demandas que nos chegam, desde sua organização institucional o EMAJ, é possível afirmar que apesar de aferir-se a todos um objetivo comum, que seria o do acesso dos usuários a assistência jurídica gratuita, cada área do saber acaba por, de forma individualizada conferir sua contribuição. Por exemplo, cabe ao Serviço Social a chamada „triagem‟ dos usuários e seus possíveis encaminhamentos externos ou as equipes de assistência jurídica. Aos estagiários do Direito, ao receberem, pelas mãos da secretaria a ficha de identificação do usuário, aprovada pelas estagiárias do Serviço Social, o atendimento as demandas de ordem jurídica, restando à Psicologia a espera pela procura dos Operadores de Direito (Serviço Social e Direito) para poderem fazer mediações, conciliações e possíveis encaminhamentos externos. Desta maneira, ainda que o usuário possa receber o atendimento destas três áreas, os saberes em poucos, ou em nenhum momento, se conectam para um atendimento mais integral da demanda trazida pelo usuário.

No caso da situação explicitada anteriormente, a usuária terá que repetir sua história de violência inúmeras vezes, para os estagiários das diferentes áreas tendo aumentada a sua dor, a sua vergonha e sendo duplamente vitimizada.

A maneira como são encaminhados os usuários não propicia um diálogo entre as áreas, uma interação entre os estagiários, de modo tal que da aprovação do usuário para o atendimento jurídico quebra-se o contato das estagiárias do Serviço Social com o usuário, e cabe a secretaria a escolha da equipe de Direito responsável.

Dessa forma, o diálogo verbal com as equipes de Direito torna-se ínfimo, e com a Psicologia mais ainda por ela se localizar fora do espaço ocupacional. Relativo ainda a esta demanda é importante salientar que houve a inexistência de um acompanhamento processual da demanda por parte das estagiárias de Serviço Social, uma vez que o processo fica em mãos dos acadêmicos do Direito, e não se tem mais acesso sobre os mesmos.

Levando em consideração que cabe ao Direito no EMAJ “a prática jurídica. Orientar

jurídicas. Atendimento, acompanhamento até a sentença” (professor de Direito EMAJ, 2010)

poderia tal atendimento ser feito de outra maneira.

Primeiramente, percebida a complexidade do caso, a secretaria (a qual poderia contar com Assistentes Sociais) poderia chamar alguma equipe de estagiários específica tanto do Direito, quanto da Psicologia e Serviço Social, para que se pudessem abarcar, de forma otimizada as demandas pertinentes a cada área.

Caberia ao Direito a entrada com o processo de separação/divórcio. Ao Serviço Social o encaminhamento a redes sócio-assistenciais, como a exemplo da violência doméstica, o encaminhamento formal, se a usuária o quisesse, ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência de Florianópolis, além do seu encaminhamento a 6ª Delegacia de Polícia. A Psicologia poderia ser feita não só uma mediação no caso de conflito relativo à separação litigiosa, como o encaminhamento as redes de apoio psicológico da UFSC, levando em consideração o que consta em seu Projeto de Extensão que é o acolhimento dos “clientes envolvidos em conflitos relacionais, discriminando a demanda psicológica a ser assistida ou encaminhada para outro centro de atendimento”.

Toda essa ação de forma tal que houvesse o acompanhamento através de estudos sociais da família envolvida na situação em questão, e até um possível acompanhamento em audiências. Dessa forma a usuária não precisaria expor ao Direito e ao Serviço Social sua história, pois, como explana a estagiária do Serviço Social EMAJ A que relata que “o usuário

conta sua história a secretaria, e na verdade, isso não deveria acontecer”, o usuário acaba

repetindo novamente sua história à equipe de Serviço Social e a equipe de Direito, e abrindo sua vida privada a todos os meios de atendimentos.

Outro ponto a se pensar seria acerca das equipes do Direito e do Serviço Social em encaminhar a Psicologia às demandas que achassem passíveis de mediação e perícia. Haja vista que um dos entrevistados acha

Que os estagiários do Direito do EMAJ não têm a devida capacitação para aferirem ao caso a possibilidade ou não de ser feita a mediação por parte da Psicologia. Acredita que isto seja algo complicado para ser feito pelos alunos (Estagiário de Direito do EMAJ B, 2010).

Com relação a isto se deve pensar formas de capacitação dos operadores de direitos, aqui compreendidos os estagiários do Serviço Social e do Direito de forma tal que estivessem

hábeis a percepção de questões passíveis de serem atendidas pela Psicologia. O que se deve pensar, é que ao contrário do que se coloca, o que poderia ter se presente nos atendimentos dos usuários do EMAJ era uma prática interdisciplinar que a colocasse e a compreendesse

Como meio de conseguir uma melhor formação geral, como meio de atingir uma formação profissional, como incentivo à formação de pesquisadores e à pesquisa, como condição para uma educação permanente, como superação da dicotomia ensino-pesquisa, como forma de compreender e modificar o mundo (FAZENDA, 1979:8).

Parafraseando Fazenda (1979, p.8), a interdisciplinaridade deve ser vista como um processo em que se vive, em que se exerce, que não pode ser aprendido ou ensinado, e por estas razões requer uma „nova pedagogia‟, e dentro do EMAJ tal prática, segundo a Supervisora de Serviço Social do EMAJ A é fundamental para o trabalho. Seria um dos principais pontos para se ter um caminho de qualidade no EMAJ. Além disso

É importante, porque além de passar uma segurança para as pessoas que estão atendendo, os profissionais ao trabalharem juntos se auto-auxiliariam. Esta prática estaria mais perto do ideal, do atendimento integral (Estagiária da Psicologia EMAJ A, 2010).

A natureza dos atendimentos são as demandas sócio-jurídicas. A integração sobre um mesmo processo propiciaria maior interlocução de forma que se privilegiassem as demandas sócio-jurídicas e psicológicas de uma forma não tão restrita como é feita (Supervisora de Serviço Social do EMAJ B, 2010).

Como se pode perceber a interdisciplinaridade se constitui enquanto um processo, um meio para se alcançar uma maior qualificação profissional, como forma de interlocução entre os mais variados níveis, sejam eles de ensino, pesquisa e na prática social. Apresenta-se também como uma alternativa para um melhor atendimento das demandas trazidas pelos usuários.

Ainda que haja uma certa determinação de que a interdisciplinaridade vincula as várias disciplinas, as quais interagem entre si em nível de reciprocidade de complementaridade, não

consegue se precisar em como se efetivar na prática tal tipo de interlocução. Segundo inúmeros autores a interdisciplinaridade ainda não foi vivida, sendo necessária uma reelaboração de saberes. É algo tido como desejado, mas ainda não alcançado, ao passo que

A interdisciplinaridade é difícil e complexa e traz em seu bojo a trajetória histórica de cada profissão, a postura ideológica, pessoal e profissional de cada elemento da equipe e as relações sociais, que implicam a conquista de espaços e a competitividade, originárias da própria estrutura social, onde está presente a variável da divisão social do trabalho, vinculada ao modelo capitalista dependente (SAMPAIO, RONI ET AL, 2002: 93).

E sobre este aspecto há de se ressaltar que no EMAJ esta prática se torna cada vez mais dificultada, quer pelas condições materiais e institucionais a que se coloca, quer pelo fato de estar inserido em toda uma lógica de desmonte das prestações de serviços públicos, e que, por este fator, encontra barreiras no concernente a tanto espaço físico para que possa, juntamente com outros profissionais dialogar acerca das demandas que aparecem no EMAJ, das melhores formas de resolucionar aquilo que aflige os usuários e até mesmo reconhecerem o fazer de cada disciplina.

Torna-se importante pensar que estes entraves não são singulares, mas fazem parte de toda uma lógica de ajuste estrutural de cunho neoliberal, que busca, através do reordenamento do capital as formas de flexibilização do trabalho e especialização deste, ao mesmo tempo em que exige do profissional um conhecimento amplo, multifuncional. Segundo Iamamoto (2006)

É exatamente o legado de direitos conquistados nos últimos séculos que hoje está sendo desmontado nos governos de orientação neoliberal, em uma nítida regressão da cidadania social, que tende a ser reduzida às suas dimensões civil e política, erodindo a cidadania social. Transfere-se os distintos segmento da sociedade civil significativa parcela da prestação de serviços sociais, afetando diretamente o espaço ocupacional de varias categorias profissionais, dentre as quais os assistentes sociais (p.274).

E, nesse sentido, a própria organização do trabalho, cada vez mais especializado e das políticas, cada vez mais setorializadas pela mundialização do capital e suas “diretrizes de focalização, descentralização, desfinanciamento e regressão do legado dos diretos do trabalho” (Iamamoto, 2009: 14) dificulta também a interlocução não só entre as disciplinas

existentes no EMAJ como também acarreta no desconhecimento das redes e das formas para se sanar as demandas. Dessa forma

O Poder Judiciário sofre os impacto das novas formas de organização econômica e configurações do Estado, no universo da mundialização do capital, da reestruturação produtiva e das políticas neoliberais, que vem estabelecendo parâmetros para a reforma do Estado, com refrações na reforma do Poder Judiciário (IAMAMOTO apud cf. FARIA, 2001, p.278).

Ao mesmo tempo, segundo Iamamoto (2006) o trabalho exercido pelos Assistentes Sociais dentro do judiciário pauta-se na defesa da esfera pública, tomando esta defesa enquanto um desafio, de forma a enfrentar “a herança histórica da sociedade brasileira, que afirma o máximo de Estado para mínimo de esfera pública, ou o máximo de aparência de Estado para o máximo de privatização do social” (Iamamoto, p. 294 apud Oliveira, 1994:43).

Segundo Chuairi (2001) além de operarmos em prol da socialização do conhecimento acerca das redes sócio-assistenciais devemos levar em consideração o fato de que estes usuários, em sua maioria carentes, depositam nos estagiários de Serviço Social e do Direito a confiança para que os seus problemas sejam solucionados, e que a maioria dos usuários “só entra em contato e toma consciência dos seus direitos e deveres, e de quais as implicações destes na sua vida cotidiana, quando se encontram em uma situação problema, necessitando do serviço judiciário”(p.135)

Somam-se a isto, falta de tempo e espaço físico para que se resolucione as questões pertinentes a atuação do Serviço Social. Além disso, há de se trabalhar a idéia de interdisciplinaridade dentro deste espaço e a sua importância não só para os usuários, mas para o aprofundamento e conhecimento das demandas trazidas por eles e da ampliação do leque de conhecimento de cada profissional, de maneira tal que consiga qualificar o seu fazer profissional, e reconhecendo a importância de um trabalho de interlocução que propicie a visão de totalidade das situações sociais e as contribuições que cada área pode trazer.

É importante um atendimento que possa contar com as 3 áreas de conhecimento presentes no EMAJ. Os usuários precisam de maior apoio com relação as suas demandas. Eles precisam, além da resolução de suas problemáticas jurídicas, da estrutura emocional, familiar, dos Centros de Apoio, que são importantes e as pessoas precisam saber disto (Estagiária de Direito EMAJ A, 2010).

No Escritório Modelo de Assistência Jurídica especificamente esse fator é de reconhecimento da maioria dos entrevistados, sejam eles professores ou estagiários da psicologia, do Direito ou do Serviço Social, que ao perguntados sobre a sua percepção acerca da ocorrência ou não de integração/ interlocução entre as áreas, respondem

Não isso não ocorre. O que procuramos fazer é alguns atendimentos em conjunto. Geralmente este tipo de atendimento ocorre quando vem à primeira vez ao EMAJ. Dos retornos o estagiário do Serviço Social não é mais chamado para fazer atendimento em conjunto. Isso é muito frágil, até por terem desconhecimento das nossas atribuições, das atribuições da Psicologia. Se tivessem conhecimento veriam o quão importante é o diálogo.

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