PARTE II – ESTUDO EXPLORATÓRIO
CAPÍTULO 4 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
4.7. Avaliação das aprendizagens
4.7.2.6. Perspectivas dos alunos do 3º ano A: actividades de que gostaram mais
encontravam ausentes, por motivos justificados.
Quadro 8: Actividades de que os alunos do 3.º ano A gostaram mais - 2.º/3.º períodos Questionário apresentado a 31 de Março de 2004 a 22
alunos
Questionário apresentado a 25 de Junho de 2004 a 20 alunos Actividades preferidas Quantidade de Alunos Actividades preferidas Quantidade de Alunos
Jogo do golfinho 18 Jogo do golfinho 15
Jogo da máquina infernal 13 Improvisações 9
Fantoches 9 Jogo da máquina infernal 9
Dramatização de histórias 5 Jogo dos nomes 9
Teatro de bonecas 3 Dramatização do “Grilo Verde” 8 Dramatização da história
“Formiga doente”
3 Jogo do “Rei diz” 2
Mímica 2 Fantoches 2
Teatro inventado 3 Jogo de movimentos 2
Dramatização de cenas do dia-a- dia
2 Jogo das estátuas 1
Fazer o círculo 2 Dramatização de histórias 1
Jogos corporais 2
Jogo do espelho 1
Sentir o mar 1
Jogo dos nomes 1
Analisando no Quadro 8, as respostas, em paralelo, verifica-se que persiste a preferência pelas seguintes actividades: jogo do golfinho e máquina infernal. No segundo questionário, aumenta a preferência pelas improvisações (é interessante que os alunos as
designem como tal; no primeiro questionário chamavam-lhe «teatro inventado»). A preferência pelo teatro de fantoches, no primeiro questionário, é substituída pela dramatização de O Grilo Verde, no segundo questionário. Além disso, o jogo dos nomes aumenta consideravelmente, na escala de preferências.
Da análise dos resultados dos questionários, confrontados com as actividades efectivamente realizadas nas aulas de cada período lectivo, poder-se-á afirmar que: os alunos do 3º ano A elegeram o jogo do golfinho, como a actividade de que mais gostaram, embora ela tivesse sido realizada no segundo período lectivo. O que levaria os alunos a gostarem tanto dessa actividade? Esta questão não foi posta aos alunos. Se tivéssemos que aplicar novamente este questionário, talvez ele devesse ser reformulado, de modo a incluir, também, a fundamentação das respostas. Assim, apenas se poderão levantar algumas hipóteses, fazendo a retroacção: os alunos aprenderam a cantar a canção O Golfinho Prateado, que é muito agradável e contém uma energia que parece ser contagiante; foram golfinhos e participaram todos juntos (toda a turma, em simultâneo).
Em relação à actividade Máquina infernal, a segunda mais preferida nos dois períodos lectivos (e neles efectivamente realizada) os alunos revelaram, de facto, a sua criatividade, utilizando diferentes onomatopeias (a pares) associadas a movimentos corporais, que no seu conjunto (integrando toda a turma) faziam um efeito espectacular, em que o igual (de cada par) contratava com o diferente dos outros pares.
A dramatização da obra O Grilo Verde mobilizou toda a turma: os alunos iam estudando o texto e, de seguida, fazia-se uma adaptação, com a orientação da professora, para ser dramatizada (Anexo V).
É de acrescentar que estas três actividades foram sendo desenvolvidas em várias aulas, em jeito de projecto, fazendo-se experimentações (corporal, a voz, o movimento), talvez
pontos de partida, que, depois, os alunos transformavam nas improvisações no pequeno e grande grupo. Esta questão, parece ser bastante pertinente, na medida em que remete para as metodologias de trabalho na operacionalização das aulas de Expressão Dramática e para a importância da utilização do trabalho de projecto nas expressões artísticas.
4.7.2.7. Perspectivas dos alunos do 2.º ano B: actividades de que gostaram mais Na turma do 2.º ano B, o questionário aplicou-se a todos os alunos, nos dois períodos lectivos.
Quadro 9: Actividades de que os alunos do 2.º ano B gostaram mais - 2.º /3.º períodos Questionário apresentado a 31 de Março de 2004
a 20 alunos
Questionário apresentado a 23 de Junho de 2004 a 20 alunos Actividades preferidas Quantidade de Alunos Actividades preferidas Quantidade de Alunos
Jogo do golfinho 16 “Teatros” 7
Fantoches 14 Todos os jogos 6
Jogo do espelho 6 Polícias e ladrões 6
Jogo da máquina infernal 3 Corridas 5
Jogo dos movimentos 5 Fazer os animais 3
Jogo do lenço 3 Lencinho da botica 3
Adivinha quem me toca 2 Cantar 3
História que a Cristiana contou 1 Fazer a roda 3
Jogo dos polícias e ladrões 1 Dançar 2
Jogo do cardinal 1 Dizer poemas 2
Corridas 1 Jogos de imitação 2
Sentir o mar 1 Fazer os gestos que queremos 1
Dramatização da história “O passarinho”
Lagarta 1
Lengalenga “Era uma velha” 1
Brincar com a bola 1
Jogo “O rei diz” 1
Jogo dos nomes 1
Escondidas 1
Fazer o círculo 1
Relaxar 1
Analisando o Quadro 9, verifica-se, no primeiro questionário, a preferência dos alunos pelas seguintes actividades: jogo do golfinho e os fantoches. No segundo questionário, as opiniões não são tão unânimes, aparecendo os teatros e os jogos como as actividades preferidas.
Confrontando estes resultados com as actividades efectivamente realizadas nas aulas de cada período lectivo, poder-se-á afirmar que: os alunos do 2.º ano B referiram as actividades realizadas correspondentes a cada período lectivo e que misturavam actividades da Expressão Dramática com as da Expressão Físico-Motora, porque estas se interligavam, aconteciam no mesmo dia (umas sucediam às outras) e nelas, também, eram utilizadas músicas e algumas rotinas muito semelhantes (por exemplo, a formação do círculo de discussão). Numa perspectiva de globalização das expressões foi assim mesmo que o currículo foi operacionalizado. O jogo do golfinho foi uma actividade de que gostaram bastante, talvez pelos mesmos motivos apontados em relação à turma do 3º ano A, isto é, prolongou-se no tempo e envolveu saberes das outras disciplinas curriculares.
Os alunos do 2.ºano B manifestaram, no segundo questionário, o seu agrado pelos jogos, actividades muito praticadas nestas aulas. Pode afirmar-se que o jogo é uma actividade
própria da criança; constitui um meio de conhecimento, em que o aluno pode dominar o tempo, parar quando não se sente capaz para prosseguir; tem o direito de voltar atrás, pois permite a repetição criativa e os regressos. Esta questão necessita de ser aprofundada e remete-nos, mais uma vez, para a fundamentação teórica desta pesquisa, para a importância da improvisação para a qual chamou a atenção Spolin (1963). Também é de salientar o facto de o jogo dramático não ser um exercício; esta ideia foi também veiculada por Small (1966) ao defender que «o jogo é que dá corpo ao exercício. Tudo tem de decorrer num ambiente de alegria. Quanto maior for a liberdade de escolha, tanto melhores os resultados» (Small, 1966: 16). Esta foi uma orientação metodológica, adoptada pela professora como filosofia de trabalho para a operacionalização de todo o currículo, nesta turma, desde o primeiro ano de escolaridade.