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Perspectivas futuras para a energia eólica

2. O Sector Eléctrico Português

2.4 Perspectivas futuras para a energia eólica

Segundo a Agência Internacional de Energia (OCDE/IEA, 2004), em 2002 demorava-se entre 2 a 6 anos para obter as licenças ambientais por parte do Ministério do Ambiente, para além do tempo necessário para a realização do projecto e a falta de transparência nos critérios utilizados para

a avaliação de impacto ambiental. Estes factores tornam o investimento arriscado, uma vez que várias condições financeiras e técnicas poderão ser alteradas durante esse processo.

Embora já tenham sido requeridas licenças para uma capacidade que se aproxima das metas indicativas para a energia eólica, o governo não pretende emitir licenças que ultrapassem esse valor devido a dificuldades e custos associados da ligação à rede eléctrica e aos atrasos verificados nos projectos já licenciados.

Para a criação de condições técnicas de funcionamento da rede nacional de transportes nos próximos anos, a REN apresentou um Plano de Investimento da Rede para o período de 2006 a 2011 (PIR 2006-2011) considerando as previsões do consumo assumidas na “Proposta de Evolução do Sistema Electroprodutor – Período 2006-2025” (PESEP 2006-25), de Junho de 2005.

Seguindo o PIR 2006-2011, o cenário considerado apresenta uma evolução no consumo final desde os 45,8 TWh em 2006 até aos 56,9 e 71,9 TWh em 2011 e 2016, respectivamente, a uma taxa média anual de 4,6%. Assume, ainda, a instalação:

o ao nível das grandes centrais hídricas: as centrais do Baixo Sabor (2012), de Picote (2012), de Linhares (2013), de Bemposta 2 (2014) e de Foz-Tua (2015);

o ao nível das centrais térmicas de base: 6 novos grupos de 450 MW a carvão, 5 de ciclo combinado de 400 MW e 3 de ciclo simples de 250 MW;

o ao nível de centrais de ponta e apoio em regime seco: 3 grupos de 250 MW de turbinas a gás, ciclo simples;

o ao nível de produção em regime especial: conjunto de reforços para permitir receber e transportar a potência proveniente da PRE de acordo com a Directiva 2001/77/CE, nomeadamente 4500 MW de potência eólica (não abrangendo, portanto, a nova meta de 5100 MW).

Aquando da elaboração do referido relatório já se encontravam atribuídos pontos de recepção para projectos eólicos num valor de aproximadamente 3800 MW, dos quais 990 MW já se encontravam ligados em finais de Setembro de 2005 (acabando por atingir os 1043 MW no final desse ano, segundo dados da DGGE).

Tendo em consideração os elementos sobre avaliação do recurso eólico e os pontos de interligação entretanto atribuídos pela DGGE, a REN procedeu a uma reestruturação na repartição da potência eólica por regiões, que apresentou no seu plano de investimentos para o período de 2006- 2011. Neste plano foi apenas considerada a meta até então estabelecida, igual a 4500 MW de potência eólica instalada até 2010.

21,07% 15,47% 19,73% 16,80% 20,80% 20,00% 6,13% Minho Trás-os-Montes Beira Alta Litoral Centro Interior Centro Oeste Sul

Tabela 9. Previsão dos montantes de potência eólica por região, no horizonte 2010 (Fonte: REN, 2005b).

O mapa seguinte ilustra a situação prevista quanto à capacidade e localização provável dos parques eólicos em Dezembro de 2011, segundo a REN.

Zonas Potência (MW) Minho 790 Trás-os-Montes 580 Beira Alta 740 Litoral Centro 630 Interior Centro 780 Oeste 750 Sul 230 Total 4500

A produção eólica é aquela que irá provocar maior impacto na RNT devido ao significativo valor absoluto, assim como ao facto de, como já referido, a maior parte do potencial se situar em regiões montanhosas e do interior, onde as redes se encontram pouco desenvolvidas e os consumos são pouco significativos. Estas duas situações implicam a necessidade de reforços suplementares na RNT, de modo a ter capacidade de recepção e a efectuar o transporte para a região litoral com estabilidade e segurança.

Estão a ser realizados estudos pela REN conjuntamente com outras entidades, incluindo os fabricantes dos aerogeradores, com o objectivo de analisar a estabilidade do sistema integrando grandes volumes de produção eólica, que podem por em risco a segurança do funcionamento do sistema eléctrico, e avaliar e estabelecer limites de produção eólica.

No entanto, a estimativa realizada pela REN já não garante a nova meta entretanto estipulada pelas Resoluções do Conselho de Ministros n.º 169/2005, de 24 de Outubro e n.º 104/2006 de 23 de Agosto de 2006 (PNAC 2006) de atingir os 5100 MW em 2012, ou 4700 MW em 2010.

Em Julho de 2005 foi publicado um anúncio do concurso público para atribuição de 1200 MW (que poderão ir até 1500 MW) de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas. O concurso, ainda a decorrer, está organizado em duas fases: a primeira – Fase A – para atribuição de um lote de 800 MW, que poderão ser acrescidos de 200 MW e a segunda – Fase B – para a atribuição de 400 MW, que poderão ser acrescidos em 100 MW. Segundo o Caderno de Encargos a potência prevista para cada Lote deve estar disponibilizada até 31 de Dezembro de 2013.

A data limite para entrega das propostas foi em Março deste ano, mas ainda falta passar por uma fase de negociações antes da decisão final e adjudicação.

Participaram quatro consórcios, mas só dois deles – Eólicas de Portugal (liderado pela EDP) e Ventinveste (liderado pela Galp Energias) passaram à fase de negociações directas com o júri. Os restantes (Novas Energias Ibéricas e Ventonorte, liderados pela Iberdrola e Enel/Unión Fenosa, respectivamente) ficaram de fora, mas recorreram da decisão, adiando a decisão final, que estava prevista para Setembro deste ano.

Espera-se que este projecto traga, para além do cumprimento das metas estabelecidas por Portugal, um impacto económico, o apoio à inovação e a criação de um cluster industrial de apoio ao sector, através de, por exemplo, implementação de unidades de produção de componentes e unidades fabris de montagens de aerogeradores.

O consórcio que actualmente está melhor classificado (Eólicas de Portugal) prevê na proposta apresentada a criação de 1800 postos de trabalho, a constituição de um fundo para financiamento do sistema científico nacional, a instalação de 48 parques eólicos espalhados pelas

regiões do Norte, Centro, Oeste, Lisboa e Algarve e a construção de sete fábricas (de vários componentes dos aerogeradores e de secções metálicas).

Apesar das expectativas e da atribuição de nova potência, podem constatar-se algumas dificuldades no cumprimento do objectivo de atingir 5100 MW de potência eólica instalada até 2012. A potência eólica lançada em concurso não está contemplada no PIR 2006-2011 e mesmo para a capacidade prevista existem riscos na conclusão atempada dos reforços da rede. Outro grande obstáculo prende-se com a actual demora nos processos de licenciamento.

A verificar-se o cumprimento das metas e tendo em conta o valor total instalado até 2005, apresentado pela DGGE, deverá ser instalada uma média de 732 MW de potência por ano, mais 47% do que a instalada em 2005, atingindo um valor em termos de produção eléctrica aproximadamente igual a 12%, superior à contribuição desta fonte em países como Espanha (6%) e Alemanha (5%) e perto da contribuição na Dinamarca (19%).

O Sector Eólico e a sua

Relevância no Contexto Energético Actual

3. O Sector Eólico e a sua Relevância no Contexto