CAPÍTULO II A PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE E DÉFICE DE
2.2. Perspetiva atual da definição do conceito PHDA
Desde o início do século XXI têm sido realizadas várias investigações no que se refere à definição da PHDA, à sua etiologias e diagnóstico. Neste sentido, surgem três grandes perspetivas: a Francesa, a Americana e a da Organização Mundial de Saúde, sendo esta última a mais aceite.
A definição mais empregue pela American Psychiatric Association (APA) e na Europa é a que está consagrada no DSM-IV-TR (2002).
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A PHDA no DSM-IV- TR (2002) é enumerada como Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção e engloba os três subtipos da versão anterior.
No que concerne ao subtipo ‘’Predominantemente Hiperativo-Impulsivo’’, as crianças apresentam pelo menos seis dos nove co mportamentos de hiperatividade-impulsividade. No subtipo ‘’Misto’’, as crianças apresentam sintomas de Falta de Atenção e Hiperatividade- impulsividade, devendo possuir pelo menos seis dos nove sintomas de ambas as categorias. Em relação ao subtipo ‘’ Predominantemente Desatento’’ a criança deve preencher pelo menos seis sintomas de desatenção.
A. 1) ou 2):
1) 6 (ou mais) dos seguintes sintomas de falta de atenção devem persistir pelos menos durante
6 meses com u ma intensidade que é desadaptativa e inconsciente, em relação co m o nível de desenvolvimento.
Falta de Atenç ão
(a) com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades lúdicas;
(b) co m frequência te m d ificuldade e m manter a atenção em ta refas ou atividades; (c) co m frequência parece não ouvir quando se lhe dirige m direta mente;
(d) co m frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos, ou deveres no local de trabalho (se m ser por oposição ou por incompreensão das instruções); (e) co m frequência te m d ificuldade e m organiza r tare fas ou atividades;
(f) co m frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeira m u m esforço mental mantido (tais como traba lhos escolares ou de casa);
(g) com frequência perde objetos necessários a tarefas ou atividades (por exe mplo brinquedos, e xerc ícios escolares, lápis, livros ou ferra mentas);
(h) co m frequência distrai-se facilmente co m estímulos irre levantes; (i) esquece-se com frequência das atividades quotidianas.
2) 6 (ou ma is) dos seguintes sintomas de hiperatividade – impulsividade persistira m pe lo
menos durante 6 meses com u ma intensidade que é desadaptativa e inconsciente com o nível de desenvolvimento.
Hi per ati vi dade
(a) co m frequência movimenta e xcessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado; (b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja sentado;
(c) co m frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê -lo (e m adolescente ou adultos pode limitar-se a sentimentos de impaciênc ia);
(d) com frequência te m dificuldades para jogar ou dedicar-se tranquila mente a atividades de ócio;
(e) co m frequência "anda" ou só atua como se estivesse "ligado a um motor'; (f) co m frequência fa la e m e xcesso.
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Impulsivi dade
(g) co m frequência precip ita as respostas antes que as perguntas tenham acabado; (h) co m frequência te m d ificuldades em esperar pela sua vez;
(i) co m frequência interro mpe ou interfere nas atividades dos outros (ex. intromete-se nas conversas ou jogos).
B) Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou de falta de atenção que causam défices
surgem antes dos 7 anos de idade
C) A lguns problemas re lacionados com os sintomas devem ocorrer, pelo menos, em 2 ou mais
contextos [por e xe mplo, escola (ou trabalho) e e m casa].
D) Deve m e xistir provas claras de um dé fice c linica mente significativo do funciona mento social,
académico ou laboral;
E) Os sintomas não ocorre m e xc lusivamente durante uma Pe rturbação Global do
Desenvolvimento, Esquizofren ia ou outra Perturbação Psicótica e não é melhor e xplicada por outra perturbação mental (por exe mp lo, Perturbação do Humor, Pe rturbação da Ansiedade, Perturbação Dissociativa ou Perturbação da Personalidade.
Codificação baseada no ti po:
314.01 Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção, Tipo Misto: se estão preenchidos
os critérios A1 e A2 durante os últimos seis meses;
314.00 Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção Tipo Predominantemente
Desatento: se esta preenchido a critério A1 mas não o critério A2 durante os ú ltimos seis meses;
314.01 Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção Tipo Predominantemente
Hiperat ivo-Impulsivo: se o critério A2 está preenchido mas não o critério A1 durante os últimos 6 meses.
Notas de codificaç ão: Pa ra sujeitos (especialmente adolescentes e adultos) que atualmente tenham
sintomas e que já não preencham todos os critérios, deve especificar -se «em Re missão Parcia l»
Quadro 1 - DSM – IV – Critérios de diagnóstico para PHDA (2002, p. 92)
Para o diagnóstico é fundamental que a criança apresente os sintomas antes dos sete anos, com a duração de pelo menos seis meses. Os sintomas devem manifestar-se em vários contextos de ação da criança, como por exemplo, na escola e em casa. Os sintomas de falta de atenção, impulsividade e hiperatividade devem ser muito evidentes pela sua frequência, gravidade e intensidade. Os comportamentos das crianças com PHDA causam problemas graves em contextos múltiplos.
Segundo Wolkmar (2000), a PHDA é um distúrbio neuro comportamental caracterizado pela falta de atenção e concentração, impulsividade, agitação motora excessiva, instabilidade de humor e dificuldades em exprimir-se (Costa, Santos, & Ramalho, 2010).
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Barkley (2006) refere que a natureza da PHDA pode ser crónica ou estar relacionada a vários fatores, tais como: perturbações do foro neurológico, sensorial, motor e desenvolvimento mental.
Inúmeras investigações apontam que a PHDA é uma perturbação genética com um metabolismo defeituoso a nível dos neurotransmissores.
Nos dias de hoje os psicólogos, psiquiatras, médicos e outros clínicos consideram que a PHDA assenta em três problemas fundamentais: na dificuldade que o indivíduo tem em manter a atenção, atividade excessiva e controle ou inibição dos impulsos. Barkley e outros profissionais acham que os indivíduos que apresentam esta problemática podem apresentar dois problemas adicionais: instabilidade constante em dar respostas a determinadas situações escolares e dificuldades em seguir normas, regras e instruções (Barkley, 2002).