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Anexo 2 Projeto de roteiro-guia aprovado para a Oficina de Lagoa Santa 708 Anexo 3 Livros-Brinquedo de mercado Acervo Pessoal.

12. Prêmio FNLIJ 2009 A história de tudo: do Big Bang até hoje em divertidas dobradu-

1.4 Pertinência da Pesquisa

• O debate contemporâneo e as publicações em Educação e Linguagem – como por

exemplo o Jornal Letra A (Ceale) e a linha editorial “Ensino da Escrita e da Leitura”

(Ed. Autêntica): obras Leituras Literárias; Escolhas (literárias) em jogo; e Literatura:

saberes em movimento – tratam na atualidade não só de sugestões para se lidar com a alfabetização e o jogo do livro infantil, mas também do desafio que se desenrola a partir

de objetos e objetivos de escolhas literárias contemporâneas.

• Os professores se encontram diante de novos impasses refletindo a leitura do entretenimento

ou a leitura de apreciação estética, dirigida a crianças inscritas na Educação Infantil. Que recursos usar? Qual o papel do livro-brinquedo neste cenário, segundo uma perspectiva

de aprender brincando? Mudanças significativas estão atualmente em andamento no País

para renovar os acervos públicos escolares mediante políticas de incentivo à leitura por endereçamento e seleção de obras de qualidade. No atual contexto escolar, há um cenário de crescente absorção de crianças na creche e pré-escola. Para além disso, há propostas do Governo Federal para ampliar o ensino obrigatório para 4 anos no País. Ou seja, demandas e novas estratégias de aprendizagem batem à porta, incluindo a busca por possibilidades de formação e de atuação/mediação no campo da leitura literária.

• Conforme registros da Exposição do Alfalendo 2010, Viajando em asas de papel, os

livros-brinquedo produzidos pelas professoras talvez possam estimular a aproximação espontânea das crianças ao literário, e auxiliar em exercícios lúdicos de letramento.

Afinal, é notório que a rede municipal de Lagoa Santa hoje é reconhecida nacional- mente através de índices alcançados em avaliação externa estadual (PROALFA), e todo

o trabalho realizado pelo Núcleo vem funcionando como referência para o Centro de

Alfabetização, Leitura e Escrita da UFMG (Ceale) em suas contribuições.

• O projeto realizado há quatro anos pela professora emérita da UFMG, Magda Soares,

em Lagoa Santa, no Núcleo de Alfabetização e Letramento, apoiado pela Secretaria Municipal de Educação, trabalha com jogos lúdicos para incrementar o interesse dos alunos no período de pré-leitura e alfabetização. Exposições do paralfaletrar e al- falendO nos familiarizam com projetos pioneiros, de repercussão textual, social e/ou lógica, esteticamente atraentes e brincantes, apropriados aos endereçamentos, e que

aproximam a criança do saber. Em maio de 2010, quando o Núcleo solicitou oficinas

de livros objetos lúdicos e livros-brinquedo para o Alfalendo, o resultado foi a criação

de um significativo acervo artístico e lúdico para as salas de aula – no total, mais de 60

livros. Uma vez confeccionados os livros, as narrativas se contaram pelo apoio dos tex- tos, desenhos, apliques, palavras-chave, formatos, dobraduras, sugestões e intervenções

de cena. O professor sempre despontou como artífice organizador do livro, mediador e

parceiro na tarefa de construção do conhecimento com os alunos. Os livros-brinquedos estimularam usos sociais da linguagem, habilidades motoras, propósitos pedagógicos,

aproximação do campo da comunicação e do campo da educação, além de gerar reper- tórios, vivências das práticas de aprendizagem e prazer estético.

• Produções e demandas culturais refletem tendências de cada século. O mundo editorial

do século XXI inclui um acerto de informação com destaque para o uso da tecnologia

(maquinários e acabamentos), do mix gráfico (integração de fotografia, desenho, publi-

cidade, design etc.), da performance (animação, montagens em movimento e projeção)

e da comunicação multimeios e audiovisual (sonora, visual, escrita, tátil, fragrante etc.).

Os livros absorvem expressivamente a interatividade e o visual técnico-produtivo deste século. Naturalmente, a concepção visual do livro infantil acompanha estas mudanças.

• “Sempre haverá os livros de momento e os livros de sempre”, afirma John Ruskin.21 Ainda não se sabe se o livro-brinquedo vai superar este deslumbramento recente (mo- dismo) e estabilizar-se como recurso literário de qualidade.

• É sempre preciso colocar o livro em discussão: canônico, transgressor, interativo, cênico,

textual, não textual, sensorial etc. Livro expressão do pensamento humano, desenvolvido em técnicas e saberes, com existência fundamental para a cultura em sua temporalidade.

• O lúdico é o que se faz por gosto, prazer, divertimento, desafio. Inter-relacionado com

artes e técnicas, tecnologias e a literatura, o livro-brinquedo é, potencialmente, um suporte iniciador para o desejo da leitura e o brincar, em apropriação multimeios. Em sua estrutura variada, tal suporte pode dar lugar: ao acaso, ao entretenimento, a regras

e transgressões, ao poético, ao humorístico, às adivinhações, às perspectivas (espaciais, geométricas, dimensionais, volumétricas), à inversão dos lugares lineares (começo, meio e fim), às identificações textuais e ilustradas (responsabilidades, comportamentos, tem- poralidades etc.), à ambivalência do discurso, e à decifração pelo entusiasmo do folhear. • O livro-brinquedo parece ser um tipo de suporte que acresce ao livro uma função [de

diversão pela ação, interação] dentre as existentes – informar, documentar, entreter, re- gistrar, reunir, mediar, autenticar, interpretar, ilustrar, repertoriar. Quando plástico, feito de modo adequado para a apreciação e manuseio, pode incitar a exploração, atraindo mãos, mente, afeição, como livro que acompanha a brincadeira – que ele mesmo propõe.

• O livro-brinquedo pode estimular competências e habilidades físico-motoras (jogo com

objetos, manuseio, brincadeiras de construção, montagem e desvendamento, ação pelo

movimento, ganhos em orientação espacial e organização de elementos). Pode contribuir

para o esquema corporal, ações animadas e o vivencial criativo.

21 O livro The Darkening Glass (Columbia UP, 1960) é tido como a obra definitiva sobre Ruskin no século XX, escrita pelo professor de Columbia John D. Rosenberg, acompanhado de sua antologia de Ruskin, The Genius of John Ruskin.

• Trabalhos referenciais no campo da educação (bakhtin: 1992) tratam do translinguístico, isto é, do que ultrapassa a visão da língua como sistema isolado, valorizando fatores extralinguísticos – tais como reações, sensações, trocas, sentimentos, emoções etc. – que podem mudar ou alterar o aproveitamento da leitura. O livro-brinquedo pode apresentar a capacidade de por a circular estes signos motivacionais, acionando a criança para uma leitura não dependente só do texto, segundo uma “dimensão conceitual expandida e

nova presença visual” (druker: 1995).

• A educação, a literatura e a cultura dialogam com o lugar social dos leitores – contextos,

situações de interpretação, acessos, representações do mundo etc. O livro-brinquedo pode trazer à tona discussões sobre procedências, endereçamentos literários, livros e

leitor(es), aluno e mediador, bem cultural e produto de massa.

• Segundo Piaget (1996), em O nascimento da inteligência da criança, os pequenos alu-

nos parecem se animar com experiências que levam: à ação (as crianças conhecem os

objetos usando-os), à representação (manifesta via simbolismo infantil), a atividades grupais (pelo contato e interação diretos), à organização (através de método e atividades regulares), a desafios (mediados pelo professor que promove e amplia a experiência e a autonomia), e a áreas de conhecimento integradas. O livro-brinquedo poderia ser refletido como um recurso a mais para a Educação Infantil, estabelecendo novo vínculo

de formação leitora via experimentos de intervenção, emoção, sensações e buscas, ao entreter, estimular e provocar, pela leitura textual, imagética, sensorial, e quando permitir um acesso a repertórios, a representações, a operações cognitivas, à produção artística

e à experiência significativa de compreensão narrativa pela apreciação autônoma. • No catálogo Literatura na Infância (paiva: 2008), do Ministério da Educação/PNBE

2008 para a destinação especial Educação Infantil, fica evidenciada a tarefa de selecio-

nar para os alunos deste segmento obras de qualidade – que instiguem a imaginação, tenham alto padrão estético e propiciem ludicidade no manuseio, escuta e brincadeira coletiva. O critério é a formação literária adaptada àqueles que estão ingressando no mundo da escrita e da leitura. Fica explícito o valor do contato sistemático e espontâneo com livros de caráter lúdico, assim como a importância de criar acessibilidades a usos variados de linguagem em sala de aula. No mesmo catálogo está documentado o privi- légio que ainda se dá à prosa na feitura de livros para a primeira infância. A quantidade de livros recebidos nas categorias palavra-chave e imagem é muito inferior aos de prosa

(paiva: 2008). Ou seja, a tendência de escrita do Ensino Fundamental ainda afeta pro- duções voltadas para a Educação Infantil. O livro de narrativa em prosa é bom para a

construção do sistema alfabético e conhecimento de usos e funções da linguagem, mas tem de ser adaptado às demandas de crianças de Educação infantil. Ademais, a categoria

livro-brinquedo ainda não é fichada no PNBE. Já o parâmetro 0-3 anos agora é real na

seleção. Mas para essa faixa etária e a de 4-5 anos há poucos livros escritos em poesia, quadra, cantiga, trava-língua, adivinhação e teatro. Por outro lado, livros de narrativa por

palavra-chave, sensoriais, em 3D e animação (com movimento) vêm ganhando espaço

no mercado editorial, mas ainda são escassos nas inscrições para o PNBE; já os livros em prosa, de narrativa por imagem e clássicos adaptados em narrativas de encantamento,

existem mais abundantemente. Enfim, também há uma distribuição desequilibrada e de

forte predominância na produção literária.

• Segundo Vygotsky (vygOtsky: 1984), “gestos mecânicos são desprovidos de intenção e involuntários. A importância da comunicação aumenta quando há mediação e empenho”. A linguagem é a função máxima do intercâmbio, é instrumento do pensamento. Se os livros tratam de linguagens e apropriações, pode ser pertinente investigar a linguagem

do brincar afim ao livro-brinquedo.

• Não saber a priori operar um livro-brinquedo novo em formato lúdico ou em orientação

de jogo é algo que não causa impedimento ou desinteresse nas crianças as quais, pouco a pouco, vão se acostumando com as pistas de exploração e se divertindo nas alternân- cias e recreação – autônoma, coletiva e/ou mediada. “Há todo um envolvimento de

vitalidade, um empenho, que estimula o aprendizado através do jogo” (Murcia: 2005), e que facilita a comunicação. O jogo é uma constante em civilizações, contribui para a atenção, adesão e participação ativa e atenta da criança que brinca. O valor do jogo – incluindo o jogo editorial, o jogo do livro infantil – reside também na quantidade de oportunidades que ele oferece à inteligência motora e emocional.

• O espaço escolar reflete a sociedade. O acesso à informação permite diálogos com de-

mandas e expectativas que acompanham o cidadão em formação. Mudou o livro e o leitor desde a Antiguidade e 1ª Revolução Industrial. Políticas públicas, ações sociais, a escola e o mercado são algumas das instâncias que acompanham e engrenam tais mudanças. As crianças vivenciam o consumo e o bombardeio diário de informações. O consumo de bens simbólicos sofreu revoluções que atingem o ramo literário infantil. Se há um novo discurso editorial reconhecido pelas crianças, ou seja, um conjunto de elementos de ima-

gem, tipografia, formatos e chamadas lúdicas que elas reconhecem como “seção infantil”,

em livrarias e bienais, por exemplo, talvez seja válida uma análise do livro-brinquedo,

1. 5 Indicações Metodológicas

Esse é um trabalho de pesquisa acadêmico-teórico, com análise de documentos e pesquisa-ação.

O documento como fonte de pesquisa pode ser escrito e não escrito, tais como fil- mes, vídeos, fotos, slides ou pôsteres. Esses documentos são utilizados como fontes de informação, indicações e esclarecimentos que trazem seu conteúdo para eluci- dar determinadas questões e servir de prova para outras, de acordo com a pesquisa (FIGUEIREDO: 2007).22

• Documentos:

Os documentos que compõem o corpus da tese são livros e imagens de livros. Algumas perspectivas principais se articulam na investigação metodológica desses livros-brinquedo: observação dos chamamentos e denominações de capa; observação das classificações ou

restrições de endereçamento na quarta capa; observação da resistência do suporte ao manuseio infantil; observação das temáticas; observação das formas de escrita (verbal, visual, sensorial, mista); observação dos formatos de livro conectivos ao ler brincando;

observação das propostas de argumentação interativa na lógica interna e estruturada

do suporte livro (faça/interaja/descubra /escreva/apague/esfregue etc.); e observação de

perspectivas verificáveis de apropriação literária (e pedagógica) do livro-brinquedo. • Procedimentos:

Os procedimentos para a realização da pesquisa incluíram meses de seleção preliminar de

livros-brinquedo infanto-juvenis, nacionais e internacionais, comerciais e escolares-artesanais (Alfa- lendo). Após a seleção houve um longo período de aquisição das obras comercializadas e de consulta. As obras ainda não tinham recebido tratamento analítico segundo o objetivo de definir especificidades para a linguagem desta categoria literária. As etapas da pesquisa dos documentos (livros) selecionados

incluíram então observação direta dos suportes, descrição obra a obra de aspectos considerados rele- vantes no tratamento dado à linguagem brincante, manuseio e leitura de todas as obras, observação das suas temáticas e chamadas de interatividade, verificação de origem (local de procedência), de

autoria e reflexão a respeito dos aconselhamentos de endereçamento ou sua ausência.

22 FIGUEIREDO, N.M.A. Método e metodologia na pesquisa científica. 2.ed. São Caetano do Sul, São Paulo: Yendis Editora,

2007 apud SÁ-SILVA, Jackson Ronie et al. “Pesquisa documental”. Revista Brasileira de Historia e Ciências Sociais. Ano1,

Quando finalmente em 2011, ao lado dos outros registros disponíveis à pesquisadora,

os livros-brinquedo premiados pela FNLIJ puderam ser adquiridos para observação, surgiu um

esquema de trabalho direcionado à análise dos documentos (livros).

As análises descritivas caso a caso (livro a livro) foram reunidas processualmente em várias folhas de cartolina. O foco inicial, antes de serem criados os critérios de análise definitivos

que estão na base e conclusão da tese, foram os seguintes:

Observação inicial dos livros-brinquedo ressaltando:

Temas Linguagem de jogos e brincadeiras

Formatos (valor objetal) Potencial de apropriação pedagógica

Apelos Tipo de narrativa

(verso, prosa, palavra-chave, imagem)

Sem este foco ficaria mais difícil perceber os conjuntos de situações que se repetem na apresentação dos livros-brinquedo, e também ficaria mais complexo comentar os padrões que

são encontrados dentro desta estrutura de linguagem. Ou seja, sem um roteiro de entradas do

que observar e descrever nos livros ficaria muito vago ou impreciso comentar igualdades de

padrões, padrões desiguais, o que é mantido, o que ganha posição e que padrão diverso é este da linguagem do livro-brinquedo contemporâneo.

Procedimento gradativo de seleção das obras Esquema de trabalho com análise de registro

Objeto: Livro- brinquedo Meses de coleta, leitura, registro e observação dos livros Total de livros selecionados na fase de leitura flutuante Livros-brinquedo submetidos à análise Acervo pessoal, nacional e interna- cional de livros- brinquedo abril a novembro de 2010. Análise: fevereiro a junho de 2011. 100 50 10 livros no corpo da tese e 40 anexos Premiados pela FNLIJ na categoria livro- brinquedo junho de 2010 a julho de 2011. Análise: agosto e setembro de 2011 11 - houve tentativa de acesso aos livros inscritos na categoria 10 livros Produzidos pelas professoras do Alfalendo 2010 julho a dezembro de 2010. Análise: janeiro a março de 2012. 50 10 livros

O motivo que coloca em maior quantidade a priori os livros-brinquedo de acervo pessoal se

justifica por alguns critérios: (1) só havia 11 livros premiados pela FNLIJ na categoria livro-brinquedo quando houve em 2010 a seleção das obras; (2) foram eleitos 10 livros de análise no Alfalendo para equilibrar a análise cruzada com os premiados da FNLIJ; (3) foi complexo no início selecionar apenas

10 livros-brinquedo de produção mercadológica nacional e internacional para descrever, dos anos 90 ao ano de 2010,23 um plural e complexo uso de linguagem literária brincante, pois a variedade de expressões e acessibilidade é muito grande e significativa nestes suportes de circulação global. Portanto, se a observação e leitura iniciais, passando pela seleção de livros, ficasse limitada a poucos exemplares, o alcance de pesquisa para conceituação seria, provavelmente, superficial e deixaria de

fora informações, padrões e variações relevantes para este estudo de linguagem.

Resumindo, na tese a metodologia faz uso de uma triangulação de dados (10:10:10),

sobretudo para conceituar o livro-brinquedo, algumas especificidades de seus esquemas de codificação de mensagem, sua concepção de linguagem dupla do livro que é brinquedo e do brinquedo que é livro, e para o levantamento de uma amostra frequencial verificável.

O total de livros-brinquedo analisados (70) foi estrategicamente refletido como pertinente diante do desafio da expressividade comunicativa deste suporte. E os livros de mercado representam mesmo um contexto maior, no fluxo ininterrupto de suas edições, onde qualquer editora, autor ou

ilustrador pode apresentar seu livro-brinquedo. Por isto, o corpus de livros de mercado expressa, em certa medida, o que há como tendência no mercado editorial associado ao livro-brinquedo.

As editoras, os temas, os acabamento gráfico, o formato, as autorias etc. desses 50 livros refletem fragmento de prateleiras (mundo) de seção editorial infantil que comercializam o livro-brinquedo.

Fig. 1.2 Observação transversal e cruzamento de dados.

A tese opta também por ser ilustrada para que os dados visuais (imagens dos livros-brin- quedo) sejam percebidos como instrumentos de análise e acesso ao conhecimento. As fotografias

dos livros ou cenas-chave funcionam como retratos instantâneos e detalhados, valorizados na visão de conjunto, e têm o poder de transgredir o tempo em que estas imagens foram reunidas ou registradas, pois a interpretação imagética se atualiza em outras épocas e por outros pesqui- sadores, desejosos de observar interdependências entre uma realidade de produção editorial contextualizada, suas tendências e movimentos para a acessibilidade infantil.

Outra informação importante para a decisão de análise de obras é que os livros escolhidos no Alfalendo 2010 foram aqueles que apontaram características valiosas quanto a decisões de

usos de linguagem lúdica e literária, ressaltando a influência do(s) mediador(es) de leitura em

sua participação no grupo e nas ações criativas.

Na metodologia priorizam-se as produções de livro-brinquedo acessíveis ao público

infantil. Utiliza-se como referência a faixa etária de 0-5 anos porque é esta a definição para a

seleção de obras literárias para a Educação Infantil do PNBE, 24 e também porque mudou a meta do Ensino Fundamental (ampliação para nove anos),25 o que inclui crianças de 6 anos, de modo

que a Edu cação Infantil absorve crianças de 0-5 anos.

Após a descrição dos livros de análise ser completada e ilustrada houve um momento de aprofundamento da visão. Olhares sobre o objeto exprimiram na avaliação desse conjunto a presença, para consulta e estudo, de uma representatividade de gênero. Houve, no período de pesquisa, uma reelaboração dos critérios de análise para que as obras do corpus pudessem ser analisadas segundo

eixos mais precisos, menos difusos, e definidos como não excludentes. Uma reorganização dos

critérios de análise renasceu como modo de ligação e cruzamento entre livros distintos.

O conhecimento adquirido a partir dessas novas observações das obras permitiu uma abor-

dagem conjuntural de especificidades e curiosidades a respeito da linguagem do livro-brinquedo.

• Contexto:

O contexto de produção dos livros-brinquedo é considerado relevante para compreen- dermos o período histórico26 e determinadas particularidades culturais (livros para bebês, livros para menores de seis anos, formatos lúdicos, propostas interativas, locais de impressão). O ano

24 PNBE 2010 e critérios de seleção para Educação Infantil: Categoria 1) para instituições que atendem crianças de 0-3 anos e

Categoria 2) para as instituições que atendem crianças de 4-5 anos. Ver: http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/01/images/

stories/arquivos/antigos/3781.pdf

25 Determinação legal (Lei nº 10.172/2001, meta 2 do Ensino Fundamental) de implantar progressivamente o Ensino Funda- mental de nove anos, pela inclusão das crianças de seis anos de idade, tem duas intenções: “oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”. Acesso em novembro de 2011: http://portal.mec. gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/noveanorienger.pdf.

26 Menção ao livro-brinquedo nos anos 80 pela Bibliografia de Literatura Infantil em Língua Portuguesa (Suplemento 1983

– Apoio Prefeitura de São Paulo); menção à categoria livro-brinquedo nos anos 90 pela FNLIJ; e menção de mercado ao

de publicação ou feitura e a vinculação da obra ao mercado, à FNLIJ e a usos escolares (Nú-

cleo) também apresentam situações de uso num contexto real que envolve autorias, públicos e

parcerias. Já o endereçamento aponta informações a respeito do destinatário, isto é, daquele para quem a obra foi destinada em dada época. O endereçamento pode ser uma recomendação ou um indicativo de restrição. Esta mensagem é considerada importante sobretudo porque muitos

livros-brinquedo contemporâneos abolem uma menção precisa de classificação etária. A autoria dos livros remete não só aos nomes dos idealizadores (autores, ilustradores, engenheiros do papel, projetistas), mas também pode indicar influências na elaboração literária e tecnicidade do livro (organização de elementos e do conteúdo, produção e acabamento gráfico), e sinalizar

tendências na seleção do que vem sendo disponibilizado e apresentado como conteúdo e jogo na categoria livro-brinquedo.

A observação como metodologia

Algumas indicações metodológicas são levadas em conta para a realização desta pesquisa de cunho teórico-documental com observação participante.

Segundo Moraes & Mont’Alvão (1998):27 “A observação sistemática é aquela que prevê um