• Nenhum resultado encontrado

Pesagem dos animais

No documento REINALDO CUNHA DE OLIVEIRA JUNIOR (páginas 141-146)

3 SUBSTITUIÇÃO TOTAL DO FARELO DE SOJA POR URÉIA OU AMIRÉIA,

3.4 Conclusões

4.2.3.3 Pesagem dos animais

Os animais foram pesados no final do período de adaptação e no final de cada sub-período experimental. As pesagens dos animais foram feitas com jejum de 16 horas de alimento.

4.2.4 Delineamento experimental e análise estatística

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, sendo os blocos arranjados de acordo com peso inicial e raça, tendo três animais por baia e nove baias por tratamento. Os dados foram analisados pelo procedimento MIXED do programa estatístico SAS (1988). Foi utilizado o seguinte modelo estatístico:

Yijk = M + Bi + FPj + Pk + FPjxPk + Eijk

Onde:

M = Média geral Bi = Efeito do bloco

FPj = Efeito da fonte protéica Pk= Efeito de período

FPjxPk = Interações entre a fonte protéica e o período Eijk = Efeito aleatório

Este modelo foi utilizado para analisar todas as variáveis, exceto o consumo de matéria seca, onde utilizou-se semana no lugar de período. O efeito bloco foi considerado efeito aleatório.

As diferenças entre os tratamentos para as diversas variáveis analisadas foram verificadas através do teste Tukey utilizando o comando LSMEANS/PDIFF, considerando 5% (P<0,05) como nível de significância e até 10% como tendência (P<0,10).

4.3 Resultados e discussão

Os dados de consumo de MS, ganho de peso diário e conversão alimentar estão apresentados na Tabela 22. Observando a Tabela 22, não se verifica diferenças entre os tratamentos contendo uréia e amiréia. O tratamento com farelo de soja apresentou um menor (P<0,05) consumo de MS, ganho de peso e também pior (P<0,05) conversão alimentar (Tabela 22), em relação aos demais tratamentos (uréia e amiréia).

O menor consumo de matéria seca no tratamento com farelo de soja deve ter ocorrido devido a menor fração de proteína degradável no rúmen (Tabela 21). Alterações no consumo ocorrem quando a quantidade de proteína dietética não é suficiente para produzir quantidade adequada de amônia ruminal, sendo importante conhecer as frações protéicas da proteína da dieta (Ørskov, 1988). Segundo os modelos NRC (1996) e CNCPS (Fox et al., 2000) o balanço de nitrogênio no rúmen ficou negativo no tratamento com farelo de soja e positivo nos demais. Ferrell et al. (2001) concluíram que suplementação com PNDR promove benefícios para o animal, mas só deve ocorrer após satisfazer as exigências em PDR, estando de acordo com os dados do atual experimento.

As bactérias fermentadoras de carboidratos fibrosos utilizam amônia como única fonte de nitrogênio, sendo estas altamente prejudicadas quando ocorre uma deficiência de nitrogênio degradável no rúmen, levando a um menor desaparecimento dos carboidratos fibrosos, diminuindo assim a taxa de passagem e conseqüentemente, o consumo de matéria seca (Russel et al., 1992 e Tedeschi et al., 2000). Isso foi confirmado com a redução na digestibilidade da fibra (FDN e FDA; Tabela 6) no tratamento com farelo de soja (deficiente em PDR), no experimento metabólico. O menor consumo de MS proporcionou um menor aporte energético para o animal e, consequentemente, um menor ganho de peso diário.

As dietas do atual experimento com NNP (uréia ou amiréia) apresentaram 70% da PDR proveniente do NNP (Tabelas 20 e 21), proporcionando um maior consumo e desempenho (Tabela 22). Animais pastejando forragem de baixa qualidade (PB=2,4% e FDN=73,0%) diminuíram o consumo quando a uréia (3,2% do suplemento) contribuiu com mais de 40% da PDR. Animais confinados recebendo feno de sorgo (PB=4,4% e FDN=58,9%) como volumoso e uma dieta com até 60% da PDR proveniente da uréia (4,8% do concentrado) não alteraram o consumo (Köster et al., 2002). O limite de inclusão de uréia na dieta parece estar relacionado com a dieta (qualidade da forragem, tipo de carboidrato, etc) e o manejo (pastejo, confinamento, etc).

Tabela 22. Desempenho de bovinos de corte confinados e suplementados com fontes nitrogenadas.

Tratamentos1

Itens2 FS Uréia A-150S EPM3 P4

Peso inicial, kg 279,8 265,4 269,4 5,47 0,3416 Peso final, kg 367,3b 374,6a 374,2a 5,89 0,0001 CMS, kg/d 6,56b 7,18a 6,97a 0,42 0,0001 %PV 1,98b 2,19a 2,14a 0,11 0,0069 g/kgPV0,75 85,2b 92,7a 90,6a 4,79 0,0116 GPV, kg/d 0,889b 1,114a 1,088a 0,05 0,0001 CA, kg MS/kg ganho 7,3a 6,5b 6,7b 0,39 0,0014

a,b=Letras diferentes nas linhas referem-se as médias que diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05); as médias foram ajustadas pelos quadrados mínimos (LSMEANS);

1 FS=farelo de soja; A-150S=amiréia;

2 GPV=ganho de peso vivo; CMS=consumo de matéria seca; PV= peso vivo; CA=conversão alimentar;

3

Erro Padrão da Média;

4 P= Probabilidade de haver efeito significativo entre tratamentos.

Alguns autores (Thompson et al., 1972; Schmidt et al., 1973; Seixas et al., 1999 e Teixeira et al., 2000), utilizando novilhos em crescimento,

observaram resultados similares aos do atual experimento, no tocante ao consumo de matéria seca, quando compararam amiréia e uréia. Por outro lado, não verificaram alterações no consumo de matéria seca quando avaliaram fontes de nitrogênio não protéico (uréia e amiréia) e farelo de soja (Thompson et al., 1972; Schmidt et al., 1973 e Teixeira et al., 2000) ou farelo de algodão (Seixas et al., 1999). Da mesma foram, Silva et al. (1994) e Salman et al. (1997) também não observaram alterações no consumo de matéria seca entre farelo de soja, uréia e amiréia (Silva et al., 1994) e farelo de algodão, uréia e amiréia (Salman et al., 1997 e Ezequiel et al., 2001a) em borregos. No atual experimento, houve uma redução no consumo de matéria seca no tratamento com farelo de soja.

Stiles et al. (1970) sugeriram que a extrusão provoca a incorporação da uréia na estrutura do amido, promovendo uma melhor aceitabilidade do concentrado. Neste sentido, Salman et al. (1997) sugeriram que amiréia pode aumentar a aceitação da uréia das rações por parte dos animais, não ocorrendo isto no atual experimento, onde o consumo de matéria seca do tratamento com uréia e amiréia foram similares.

Revendo dez anos de pesquisa com amiréia, Bartley & Deyoe (1975) sumarizaram diversos trabalhos totalizando 12 comparações de ganho de peso diário e conversão alimentar em novilhos em terminação, recebendo uréia ou amiréia. Estes autores observaram que em nenhuma das avaliações ocorreram diferenças, sendo que as médias de todas as comparações foram iguais (1,25 kg.animal-1.d-1), para uréia e amiréia, estando de acordo com os dados do atual experimento.

O desempenho dos animais alimentados com amiréia ou uréia não diferiu, talvez porque a amiréia liberou muito rapidamente o nitrogênio, não exercendo uma “proteção” do nitrogênio prontamente solúvel, ou o sistema de reciclagem de nitrogênio no rúmen se adapta facilmente a rapidez da liberação de amônia pelas fontes de nitrogênio não protéico, desde que as concentrações

não atinjam níveis tóxicos (Owens & Zinn 1988). No entanto, está de acordo com a maioria dos dados da literatura.

Alguns autores (Carmo et al., 1999; Teixeira et al., 1999; Ezequiel et al., 2000 e Feitosa et al., 2000), avaliando a degradabilidade da proteína bruta da amiréia com diferentes granulometrias, observaram que o processamento físico da amiréia (quebra ou moagem) altera a fração solúvel da proteína (liberação de nitrogênio), tornando a fração solúvel da proteína da amiréia moída muito próxima de uma mistura de uréia mais milho sem extrusão. No atual experimento, utilizou-se uma amiréia com alto equivalente protéico (150) e na forma não peletizada.

Observando os Quadros 5 e 6 pode-se inferir que a amiréia utilizada não apresentou “proteção” do nitrogênio, fato este, confirmado no desempenho dos animais (Tabela 22), onde verifica-se resultados similares entre uréia e amiréia.

O benefício sugerido para amiréia é que ela apresenta uma liberação gradativa de nitrogênio no rúmen e, como visto anteriormente, isto não ocorre ou ocorre muito pouco se a amiréia estiver na forma moída ou de

pellet quebrado e esta alta solubilidade pode levar o animal a uma intoxicação

com amônia, dependendo da quantidade de amiréia na dieta. A amiréia na forma de pellet diminui um pouco a solubilidade do nitrogênio, mas esta ainda é bem elevada quando comparada às fontes de proteína verdadeira. No entanto, a amiréia na forma de pellet pode apresentar segregação nas misturas, dificultando a sua utilização.

4.3.1 Avaliação dos modelos NRC (1996) e CNCPS (Fox et al., 2000) em

No documento REINALDO CUNHA DE OLIVEIRA JUNIOR (páginas 141-146)