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CAPÍTULO 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.2 Metodologia de Procedimento São apresentados nesse tópico: descrição do tipo de pesquisa desenvolvida, estudo de campo, que incorpora a seleção do conjunto a

5.2.1 O tipo de pesquisa desenvolvida

O estudo do polo moveleiro foi realizado como estudo de casos múltiplos com vistas a identificar diferentes padrões entre as empresas componentes do APL. Para Bruyne et al. (1991), o estudo de caso é uma forma rica de pesquisa, uma vez que reúne informações tão numerosas e detalhadas quanto possível, procurando apreender a totalidade da situação. Yin (2005) considera que o poder diferenciador dos estudos de caso é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências. Conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas

acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório do historiador: observação direta e série sistemática de entrevistas (YIN, 2005). Ainda para o mesmo autor, como a investigação no estudo de caso se baseia em várias fontes de evidências, os dados precisam convergir em formato de triângulo, o que traz o benefício do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados.

Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva. Para Cervo e Bervian (1983), este tipo de pesquisa observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los. Procura descobrir, com precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com os outros, sua natureza e características (CERVO e BERVIAN, 1983).

A pesquisa também se caracteriza pela natureza qualitativa e quantitativa. A abordagem quantitativa se caracteriza pela dimensão mensurável da realidade adotada na coleta de dados. Já a abordagem qualitativa apresenta as seguintes características básicas de acordo com Godoy (1995): tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental e usa o enfoque indutivo na análise e interpretação dos dados.

Utilizou-se de entrevistas semiestruturadas e da aplicação de formulários, sendo a técnica da entrevista utilizada junto aos atores estratégicos e aos decisores das empresas, e os formulários, somente aplicados aos decisores.

Para Trivinõs (1987), as entrevistas semiestruturadas são aquelas cujos questionamentos se apoiam em algumas teorias importantes para a pesquisa que se está realizando, mas que levam a novos questionamentos à medida que as respostas forem surgindo dos entrevistados.

Os dados obtidos nas entrevistas foram interpretados pelas técnicas advindas da análise de conteúdo. De acordo com Richardson (1999), a análise de conteúdo se constitui em um conjunto de técnicas com o objetivo de entender melhor as verbalizações e apontar os momentos importantes para a pesquisa, apresentando as seguintes características metodológicas: objetividade, sistematização e inferência.

A análise de conteúdo é uma técnica para o tratamento de dados que visa a identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema. Bardin (1979 p. 42) a define como:

“Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos

de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

Ainda para a mesma autora, a análise de conteúdo compreende três fases: 1) pré-análise, em que se seleciona o material e se definem os procedimentos a serem seguidos; 2) exploração do material, que se refere à implementação dos procedimentos escolhidos; e 3) tratamento e interpretação dos dados, que conduzem a inferências e obtenção dos resultados da investigação.

As inferências surgem a partir das informações fornecidas pelo conteúdo ou de premissas oriundas do estudo dos dados e representam a parte mais importante da análise, pois possibilitam que o procedimento tenha capacidade de comparação e relevância teórica. Puglisi e Franco (2005) fazem o seguinte comentário sobre inferências oriundas da análise de conteúdo:

Produzir inferências é, pois, la raison d’être da análise de conteúdo. É ela que confere a esse procedimento relevância teórica, uma vez que implica, pelo menos, uma comparação, já que a informação puramente descritiva, sobre conteúdo, é de pequeno valor. Um dado sobre o conteúdo de uma mensagem (escrita, falada ou figurativa) é sem sentido até que seja relacionado a outros dados. O vínculo entre eles é representado por alguma forma de teoria. Assim, toda análise de conteúdo implica comparações, e o tipo de comparação é ditado pela competência do investigador no que diz respeito a seu maior ou menor conhecimento acerca de diferentes abordagens teóricas (PUGLISI; FRANCO, 2005, p. 26).

É importante definir categorias pertinentes aos propósitos da pesquisa que, para Bardin (1979), são classes que reúnem um grupo de elementos sob um título genérico, sendo o agrupamento gerado em razão dos caracteres comuns desses elementos. O ato de categorizar significa isolar elementos para, em seguida, agrupá- los. Para Laville e Dione (1999), a definição de categorias pode ser feita por meio do estabelecimento de três grades:

Grade aberta: as categorias são definidas durante o andamento da pesquisa, apresentando, assim, flexibilidade e permitindo alterações até que se obtenha o conjunto final.

Grade fechada: o pesquisador recorre à literatura referente ao tema para formular as categorias, de modo a verificar a presença ou ausência de determinados elementos estabelecidos a priori.

Grade mista: incorpora características da grade aberta e da fechada, de modo que com base na literatura, estabelecem-se categorias, mas elas podem ser mutáveis, apresentando a forma aberta de grade.

Ainda para Laville e Dione (1999), na análise qualitativa do conteúdo, são focalizadas as peculiaridades e as relações entre os elementos, enfatizando o que é significativo, relevante, e que pode não necessariamente ser recorrente no texto.

Diante do exposto, o uso da grade aberta apresentou contribuições para análise dos resultados da pesquisa.