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PESQUISA EM SINTAXE E SUAS RELAÇÕES PRÓXIMAS:

No documento PESQUISA EM LETRAS (páginas 86-90)

SEMÂNTICAEPRAGMÁTICA

Ana Maria Tramunt Ibaños

A Sintaxe é uma subteoria lingüística que investiga as propriedades da sentença em linguagem natural. Ela faz interface interna, em suas relações intradisciplinares, com as outras subteorias lingüísticas, a Fonologia (Fonética), a Morfologia, a Lexicologia, a Semântica e a Pragmática. Os tópicos mais investigados são exatamente os relevantes para que a investigação pura e ou aplicada esteja numa relação adequada. Inferências como acarretamento, hiponímia, pressuposição e implicaturas estão no centro dessas relações intradisciplinares.

Como a Lingüística tem relações externas, ou interdisciplinares com outras áreas, Psicologia, Computação, Comunicação, etc., a Sintaxe, como área da lingüística, também deve ser entendida em suas interfaces com tais disciplinas. Pode-se, então, caracterizar o conjunto de tais relações interdisciplinares e intradisciplinares como compromissos teóricos da Sintaxe.

Paralelamente, pode-se considerar o conjunto de aplicações potenciais da Sintaxe, por exemplo, no ensino de línguas, maternas e estrangeiras, na implementação de programas de computação, na avaliação e tratamento de doenças cerebrais, na abordagem de textos e fragmentos discursivos de comunicação, etc.

A Sintaxe teórica é a base para aplicações e práticas que dependem de conceitos, princípios e leis, obtidos no contexto das relações interdisciplinares e intradisciplinares mencionados anteriormente. Assim, a Sintaxe mais adequada é a que melhor se adapta a tais relações e, com isso, abre seu escopo de possíveis aplicações. Dessa forma, para se ter uma visão clara das propriedades da teoria sintática que melhor se aplica a um determinado campo de estudo, deve-se fazer “uma rápida inspeção sobre questões metodológicas da teoria da linguagem em suas tendências expressivas mais recentes” (Campos, 2004:26). Saussure (1916), Chomsky (1957/1995) e Montague

(1974) constituem-se em três parâmetros diferenciados e necessários para se compreender a questão metodológica e teórica da ciência da linguagem.

De acordo com Campos (2004), Saussure representa uma expressiva contribuição à definição metodológica e teórica da ciência da linguagem; assume a perspectiva de uma lingüística enquanto ramo da Semiologia e da Psicologia Social e desenha um conceito de língua (langue) como sistema de signos socialmente determinado pela prática histórica dos indivíduos. Saussure vê a linguagem como um instrumento estruturado a serviço da comunicação social. Chomsky (1957), por outro lado, inaugura uma nova perspectiva metodológica para a lingüística. “A teoria da linguagem se viu determinada pelo paradigma das ciências naturais, sob a inspiração de um empirismo mais abstrato e sofisticado, compatível com a matematização crescente em áreas como a Física, Química e Biologia” (Campos, 2004:27). A sintaxe é o componente privilegiado do estudo, uma vez que, para Chomsky, tudo o que pode ser descrito está nos limites da forma, portanto, sintaxe. Por fim, Montague (1974) rompe com a tradição de Lingüística como enraizada na Psicologia e define linguagem como algo passível de ser investigado dentro de uma ciência formal, como a Lógica e a Matemática. Diferentemente de Chomsky, Montague estabelece a sintaxe e a semântica como componentes integrados em uma interface isomórfica, mas é a semântica que determina a direção do processo, impondo restrições sobre a sintaxe.

A Sintaxe mais desenvolvida para o trabalho das interfaces é a Gerativa, modelo Chomskyano, que desenvolve uma teoria da linguagem (UG) estimulante em termos teóricos e origina importantes debates para todos os estudos da linguagem. Os objetivos da teoria são o de descrever a linguagem como uma propriedade da mente humana e de explicar sua fonte.

Todos os seres humanos compartilham parte de seu conhecimento da linguagem; independentemente da língua que falem, a UG é sua herança comum.

O conhecimento da linguagem se dá com variações em um pequeno número de propriedades. UG é uma teoria do conhecimento, não de comportamento; preocupa-se com a estrutura interna da mente humana. A natureza deste conhecimento é inseparável do problema de como ele é adquirido; uma proposta para o conhecimento da linguagem necessita de uma

explicação de como ela surgiu. A teoria UG mantém que o falante conhece um conjunto de princípios que se aplicam a todas as línguas e de parâmetros que variam dentro de um escopo claramente definido de uma língua para outra. Adquirir uma língua significa aprender como esses princípios se aplicam a uma língua particular e que valor é apropriado para cada parâmetro.

Dentro deste escopo, destacam-se as pesquisas sobre anáforas, papéis temáticos, parâmetro do sujeito (pro-drop) e forma lógica; a Semântica compatível com tal descrição é a praticada por teóricos como Kai Von Fintel, Irene Heim e, no nível discursivo, a empregada na DRT de Hans Kamp. A Pragmática Griceana e modelos subseqüentes, como o de Sperber&Wilson, são compatíveis tanto com a interface cognitiva quanto com a formal e comunicativa, externamente, e com a sintaxe/semântica, no nível interno.

A metodologia científica empregada consiste de uma parte abdutiva inicial que prepara hipóteses de trabalho a serem discutidas, seguida por uma parte empírica que se caracteriza como pesquisa indutiva em que se corroboram ou falseiam tais hipóteses, com conseqüente formatação dedutiva para garantir a validade da argumentação. Os resultados de tais pesquisas são aplicados essencialmente às Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado em Lingüística realizadas no PPGL / FALE / PUCRS (1).

Referências

Campos, Jorge. Metateoria Lingüística (considerações ao nível da Filosofia da Ciência) Revista da ADPPUCRS, no. 5, p. 25-32, 2004.

Chomsky,N. Syntactic Structures. The Hague: Mouten and Company, 1957. Chomsky,N. The minimalist program. Cambridge: MIT Press, 1995.

de Saussure (1916). Cours de linguistique générale. Paris: Payot, 1974. Montague,R. Formal Philosophy. New Haven: Yale University Press, 1974.

(1) Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado em Lingüística realizadas no PPGL / FALE / PUCRS

Dissertações de Mestrado

Santos, Júlia Braga dos. Mecanismos sintáticos e estruturação de

parágrafos. 2005. Dissertação

(Mestrado em Letras (Lingüística Aplicada)) - Faculdade de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 2005.

Silva, Ana Márcia Martins da. As vozes verbais sob a perspectiva da teoria

da regência e ligação: uma análise de manuais de ensino da língua

portuguesa. 2006. 112 f. Dissertação (Mestrado em Letras (Lingüística Aplicada)) - Faculdade de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 2006.

Sobieszczanski, Miriam. Análise funcional das orações adverbiais

reduzidas de particípio em textos jornalísticos. 2005. 80 f. Dissertação

(Mestrado em Letras (Lingüística Aplicada)) - Faculdade de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 2005.

Teses de Doutorado

Abreu, Sabrina Pereira. A negação sentencial: de Teoria dos Princípios e Parâmetros ao Programa Minimalista. 1998. 232f. Tese (Doutorado em Letras (Lingüística Aplicada)) – Faculdade de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 1998. Pacheco, Silvana Zardo. Syntax-Pragmatics interface: Brazilian Portuguese L2 acquisition of English. 2005. Tese (Pós-Doutorado em Lingüística), Massachusetts Institute Of Technology, MIT, Estados Unidos, 2005.

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