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2. PELAS TEIAS DA SUBJETIVIDADE

2.1 Pesquisando a comunicação

$¿PGHEXVFDUHVFODUHFLPHQWRVVREUHDDWXDomRPtGLDLPSUHVVDQDFREHUWXUDVREUHD proibição das sacolas plásticas, adota-se como referencial o fazer jornalístico e as teorias da notícia, partindo do pressuposto de notícia como construção social da realidade. Notícia é toda construção de texto que se caracteriza na narração de fatos recentes, para o público e de interesse público, seja na região, no país ou no mundo, organizada nos jornais por eixos temáticos. As notícias trazem à tona fenômenos pelos quais o homem está exposto, permitindo o conhecimento de situações cotidianas em todos os campos da vida cultural. A notícia é baseada na linguagem, um ato discursivo que organiza o modo pelo qual a informação é dada. Através da linguagem se coloca em prática a comunicação de sistemas de valores, competência e domínio do assunto. A notícia de nenhuma forma pode ser considerada altruísta pois, além de se utilizar a linguagem, é um produto das tensões entre as partes envolvidas: o jornalista, antes de tudo, inserido na cultura local, instituição e público leitor. Assim, “pode se dizer que a informação implica processo de produção de discurso em situação de comunicação” (CHARAUDEAU, 2012).

Desta forma, ao estabelecer uma relação estreita com o conteúdo noticioso das publicações jornalísticas deve-se considerar, antes de tudo, que o jornalismo faz parte de um "campo emergente" (LOPES, 2003 p.135): o da Comunicação.

Como campo particular das ciências sociais, estuda as práticas, desenvolvimento e consequências dos processos de transmissão e recepção de mensagens no seio social (TEMER; NERY, 2009) mediadas ou não por aparelhos tecnológicos, e depende de um olhar crítico por parte dos pesquisadores. Isto porque os estudos que se situam dentro de um conjunto de pesquisas GDVFLrQFLDVKXPDQDVHPJHUDOFDUHFHPGHOHJLWLPLGDGHFLHQWt¿FD3RLVLVVRDQHFHVVLGDGHGH defender as fronteiras da comunicação, suas raízes e campo.

Ora, é fato que a especialização do saber se apresenta como um caminho para sua diferenciação, e “se a comunicação pretende ser uma disciplina e postular um lugar ao lado de tantas outras, é preciso que ela seja mais que uma interseção passiva ou um simples efeito de diferentes orientações do saber” (HOHLFELDT; MARTINO; FRANÇA, 2001 p.29).

Segundo Bourdieu (1997) um dos objetivos das ciências sociais é compreender a razão prática da existência dos fenômenos, para investigação aprofundada. Assim como a comunicação contribui para a organização do trabalho e a estruturação dos espaços econômicos (MATTELART, 2006), é importante que ela seja cada vez mais coerente e integrada com sua funcionalidade.

+LVWRULFDPHQWHDXUJrQFLDSHORFLHQWL¿FLVPRWHPUDt]HVQRGHVHQYROYLPHQWRGDVRFLHGDGH do século XIX e seu crescimento acentuado, que foi legitimado pelo pensamento Comteano (1798-1857), de uma ciência positivista, cujo processo de desenvolvimento é natural e consequentemente bom. Assim percebemos as raízes de uma sociedade contemporânea marcada pelo neoliberalismo e avanços tecnológicos constantes. Esta noção parece nos acompanhar na contemporaneidade, em que uma ordem natural é de tal forma inacabada que exige sem cessar a intervenção humana (MEDINA, 2008 p. 20).

A ciência estava por toda parte: “as primeiras invenções tecnológicas eram aclamadas com orgulho, mas poucas vezes sem controvérsia” (BRIGGS; BURKE, 2006, p. 109). Não é difícil imaginar que, neste cenário, a comunicação era importante para a aquisição de novos PHUFDGRVFRPRSDUWHLQWHJUDQWHGDVQHJRFLDo}HV'DtSDUDRWHOpJUDIRRUiGLRDIRWRJUD¿DHR cinema, não demorou muito. Todos estes aspectos, segundo Mattelart e Mattelart (2002 p. 18), ³REHGHFHPDXPDOHL¿VLROyJLFDGHGHVHQYROYLPHQWRSURJUHVVLYR´HVHXQHPDRFRQFHLWRGH revolução industrial e aceleração da economia.

Diversas disciplinas das ciências humanas e sociais já tiveram papel predominante na FRPXQLFDomRDRHVWXGDUDVRFLHGDGHYLGDHRKRPHPFRPRD¿ORVR¿DDVRFLRORJLDDOLQJXtVWLFD e a psicanálise cada qual com determinado ponto de vista. Assim como a comunicação também requer que indivíduo, linguagem e sociedade sejam colocados sob as lentes do microscópio.

Para Hohlfeldt, Martino e França (2001, p. 28), “a natureza dos estudos em Ciências Humanas – que tem, no homem, um ser essencialmente comunicativo – faz com que a análise dos processos comunicativos seja um ponto de passagem quase que obrigatório”. A delimitação GHVXDVIURQWHLUDVQRHQWDQWRDLQGDpXPGHVD¿R7UDEDOKDUFRPFRPXQLFDomRVLJQL¿FDWUDEDOKDU FRPXPFDPSRKHWHURJrQHRHIUDJPHQWDGRFXMDGH¿QLomRGRREMHWRH[LJHGRSHVTXLVDGRUR comprometimento que vai além do conhecimento das teorias modernas da comunicação. É QHFHVViULDXPDYLVmRLQWHJUDGDGDFRPXQLFDomRTXHSDUD)UHL[R  VLJQL¿FDFRPSUHHQGr la em seus diferentes níveis ou contextos. Ainda para o autor, “o estudo da comunicação constitui uma emergência que se coloca a todas as formações e que se impõe ao exercício de cidadania neste dealbar do milênio" (FREIXO, 2006, p. 12).

O desenvolvimento dos estudos em torno da comunicação passaram a ter importância entre os saberes das ciências sociais. Hohlfeldt, Martino e França (2001 p. 26) descreve a

dimensão deste fenômeno:

Um panorama do desenvolvimento das Ciências Humanas, PHVPRVXSHU¿FLDOMiVHULDVX¿FLHQWHSDUDQRVUHYHODUDQRWyULD importância que adquiriram os saberes organizados em torno GRV SURFHVVRV FRPXQLFDWLYRV 'HVGH D SURIXQGD LQÀXrQFLD proporcionada pelo aparecimento da sociologia, fazendo com que as Ciências Humanas incorporassem uma análise GR VRFLDO D FHOHEUH D¿UPDomR GR ³LQFRQVFLHQWH HVWUXWXUDGR como linguagem”, é o conjunto dessas ciências, e mesmo a ¿ORVR¿DTXHYHHPQXPFXUWRHVSDoRGHWHPSRVHXFHQWUR de gravidade se deslocar para a problemática da comunicação (HOHLFELDT, MARTINO e FRANÇA, 2001 p. 26).

Devemos considerar a essência multidisciplinar da comunicação, cuja característica se dá pelo “empréstimo” de teorias de diferentes origens que possam dar conta deste um objeto WUDQVLWDQWHHQDGH¿QLomRGH+RKOIHOGW0DUWLQRH)UDQoD  XPVDEHUDLQGDHPFRQVWUXomR

O ponto de vista do pesquisador em comunicação, por conta deste aspecto ainda em GH¿QLomRHPUHODomRDVVXDVIURQWHLUDVDFDEDID]HQGRSDUWHGDFRQVWUXomRGHVHXFDPSR,VVR porque estamos diante de um objeto multidisciplinar, que se fundamenta nas contribuições de FLrQFLDVMiVROLGL¿FDGDVSDUDHVWXGDUVHXVIHQ{PHQRV2GLiORJRSRUWDQWRGHYHVHUFRQWtQXR