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A pesquisa dos estudos mais significativos realizados até ao presente momento sobre a problemática da satisfação profissional dos docentes, constituíu uma forma útil de alargar o conhecimento científico neste domínio, mas revelou, também, a acuidade que esta problemática tem suscitado no seio da comunidade investigacional. Ficou patente em quase todas as investigações a opção pela teoria dual de Herzberg para justificar os factores motivadores de satisfação/insatisfação profissional.

Por conseguinte, destacam-se a nível internacional, os estudos de Gordon (1982) e Fox (1986) e a nível nacional, os estudos de Alves (1991), Santos (1996), Seco (2000) e Cabral (2003).

Gorton (1982), numa investigação relacionada com esta problemática, adoptou uma posição ecléctica, ao reunir os dados de três teorias importantes para a explicação deste fenómeno da (in)satisfação:

1- Teoria de Maslow, mediante a qual a satisfação do sujeito é determinada pela realização de cinco níveis de necessidades,

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hierarquizadas desde as necessidades fisiológicas (fome, sede, repouso...) até às necessidades psicológicas (auto-actualização, auto- realização).

2-Teoria de Herzberg, pela qual se afirma que dois conjuntos de factores determinam a satisfação de um indivíduo: factores internos (como a realização pessoal e o reconhecimento...) e factores externos (como o salário e as relações interpessoais...).

3- Teoria de Miskel que, no fundo, amplia a teoria de Herzberg ao incluir, em vez de dois, três tipos de variáveis na génese da satisfação: factores motivadores (“motivators” - factores intrínsecos de Herzberg), factores higiene (“hygienes” - programa político e administrativo, supervisão, condições de trabalho) e factores ambiente (“ambients” - salário, promoção, relações com superiores e estatuto. (Alves, 1997, p. 85)

Alves (1991), num estudo restrito realizado a professores do 3º Ciclo e do secundário do distrito de Bragança, sobre «satisfação/insatisfação docente», através da administração de um questionário, pesquisou vários factores de insatisfação, nomeadamente factores económicos, institucionais, pedagógicos, relacionais e sociais e manifestações desse sentimento. Constatou que os professores têm uma percepção pessoal de satisfação fundamentada em motivos intrínsecos (o gosto de ser professor), e uma percepção pessoal de insatisfação fundamentada em motivos extrínsecos (comparação com outras profissões). Reconheceu que os professores apesar de uma auto-percepção de insatisfação profissional bastante pronunciada, não apresentam manifestações de insatisfação de grande significado (no que respeita ao stress, à fadiga…), mas em relação ao processo de colocações.

Em relação aos motivos de insatisfação docente, estes apontam, primordialmente, para a conjugação das determinantes económica e social, merecendo também uma consideração especial a determinante institucional. Numa situação oposta, os professores auferem grande satisfação com base na determinante relacional.

Florbela Santos (1996), na sua pesquisa sobre «atitudes e crenças dos professores do ensino secundário» realizada na região de Lisboa, inferiu que os sentimentos de satisfação profissional são determinados por factores

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intrínsecos, denominados por “satisfiers”, enquanto que os sentimentos de insatisfação se encontram ligados a factores contextuais ou externos à profissão e são denominados por “dissatisfiers ou hygienes”. Indicou, como resultados, que os docentes estavam «ligeiramente» satisfeitos e «consideravelmente» insatisfeitos com a sua profissão. Conta-se como factores verdadeiramente motivadores para a satisfação: a responsabilidade, a auto- realização e o trabalho em si, e por outro lado; como factores determinantes de insatisfação: o salário, as determinações políticas, o estatuto e as condições de trabalho.

Seco (2000), no seu estudo sobre a temática da «satisfação na actividade docente» direccionado a docentes do segundo e terceiro ciclos do ensino básico e do ensino secundário e empregando como instrumento de medida da satisfação profissional um questionário, apontou como resultados o caso da satisfação-insatisfação se situar num «continuum único», estabelecido conjuntamente por factores intrínsecos (natureza interessante e desafiante da tarefa) e extrínsecos (salário, condições e materiais de trabalho, promoções) ao trabalho e não propriamente pelo modelo de Herzberg ou pela pirâmide de Maslow. Assume que o ensino, enquanto profissão, exige a prática de um conjunto de incentivos que melhore as dimensões extrínsecas, mas principalmente os aspectos intrínsecos para se percepcionar um bem-estar profissional. Os resultados indicaram, também, uma (re)organização dos programas de formação inicial e contínua de modo a corresponder às novas e crescentes exigências da actividade docente. A nível da formação inicial, com a integração no processo de selecção de testes de personalidade para restringir o acesso por parte de pessoas pouco equilibradas a esta profissão, com a substituição de modelos normativos (transmissão ao educador daquilo que deve fazer, deve pensar e deve evitar) por abordagens descritivas (educador deve desenvolver comportamentos consoante as condições que o rodeiam), com a adaptação dos conteúdos à prática real do ensino, nomeadamente a resolução de problemas que surgem no âmbito das práticas pedagógicas e a nível da formação contínua organizada, não só no âmbito dos conteúdos académicos, mas também no desenvolvimento de competências que permitam resolver situações problemáticas decorrente de um processo de auto-formação docente.

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Cabral (2003), num estudo comparativo dos factores que são motivo de satisfação e insatisfação entre as educadoras que exerciam funções na rede pública do Ministério da Educação e as educadoras que exerciam funções em Instituições privadas de solidariedade social, e com base na análise de entrevistas e de um questionário aplicado a 41 educadoras, tirou como conclusões que as educadoras da rede pública consideram motivos de satisfação os factores intrínsecos como “Gostar de ser educadora”, e consideram motivos de insatisfação os factores intrínsecos como a “não valorização” e o “não reconhecimento”. As educadoras das IPSS consideraram os mesmos factores intrínsecos no que concerne aos motivos de satisfação, acrescentando quanto aos motivos de insatisfação, os factores extrínsecos, como os vencimentos e o horário do trabalho. Salienta-se, que apenas as educadoras das IPSS, referenciaram como factores de insatisfação “a relação com o órgão de gestão” e a “falta de autonomia”.

2.6. Factores determinantes de Satisfação e Insatisfação

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