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2.2 A TEORIA DO PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO E A PRODUÇÃO ORAL EM L2

2.2.5 Pesquisas em produção oral em L2

A aquisição da habilidade de produção oral em um curso de espanhol a distância foi investigada por Volle (2005), a qual conduziu um estudo com 19 alunos do primeiro semestre de um curso universitário. A pesquisadora avaliou a pronúncia, o acento e a entonação dos aprendizes a partir da comparação de dois e-mails de voz gravados (um de leitura em voz alta e outro de exercícios de gramática); e em duas conversas usando um programa de conversação de voz síncrona analisou a acurácia e a proficiência oral dos aprendizes. A partir da análise estatística dos dados obtidos, foram observados ganhos estatisticamente significativos apenas na medida de proficiência oral.

Uma pesquisa sobre como medidas de capacidade de memória do trabalho e produção oral se relacionam durante a aquisição da produção oral de aprendizes de uma L2 e também sobre se o teste de amplitude de memória de trabalho consegue prever o desenvolvimento da produção oral em L2 foi desenvolvida por Weissheimer (2007). Foram analisados os aspectos de fluência, acurácia, complexidade e densidade lexical da produção oral de 45 alunos do curso de Letras Inglês da Universidade Federal da Bahia, que foram submetidos a dois procedimentos de coleta de dados, cada um com um teste de amplitude de memória de trabalho e uma tarefa de produção oral em L2, com um intervalo de 12 semanas entre esses, e de 10 outros sujeitos que compunham um grupo controle, os quais realizaram dois testes de amplitude de memória de trabalho sem intervalo entre esses. Os resultados demonstraram que houve aumento nas medidas de produção oral em L2 dos participantes com menor e também com maior amplitude de memória de trabalho da primeira para a segunda fase do

29 In other words, greater complexity is taken to be a surrogate of a willingness to experiment, and to try extend

or make more elaborate the underlying IL system. In contrast, a focus on accuracy is seen to reflect a greater degree of conservatism, as the learner tries to achieve greater control over more stable IL elements (SKEHAN;

experimento. Os dados obtidos indicaram também que o teste de amplitude de memória de trabalho se relacionou mais com a complexidade do que com os demais aspectos investigados.

Já a relação entre a capacidade da memória de trabalho e o desenvolvimento do desempenho oral de aprendizes de inglês como L2 expostos a tarefas orais de repetição foi investigada por Finardi (2008). Os 12 participantes da pesquisa realizaram um teste de capacidade de memória de trabalho e um teste de produção oral (descrição de imagem), ambos em L2. Os resultados dos testes apontaram que houve ganhos de complexidade da fala na repetição da tarefa, mas isso não se correlacionou com as diferenças individuais na capacidade da memória de trabalho dos colaboradores da pesquisa.

O efeito do planejamento da fala antes do desempenho da tarefa oral com relação à fluência, precisão gramatical e complexidade foi estudado por Cardoso et al (2008), que pesquisaram o efeito de um minuto de planejamento no desempenho oral em uma narrativa de 7 aprendizes de inglês como LE. Os dados, advindos das anotações dos participantes durante o planejamento, das falas ao executarem a tarefa oral e da entrevista retrospectiva, foram analisados qualitativa e quantitativamente e indicaram um equilíbrio entre forma e significado e também revelaram trade-off effects entre os três aspectos da PO analisados, pois um ou mais aspectos foram priorizados em detrimento de outros, provavelmente pela escolha particular de cada participante de como alocar seus recursos atencionais.

Nessa mesma linha de investigação, Guará-Tavares (2009) analisou a relação entre planejamento anterior à realização da tarefa, capacidade de memória de trabalho e desempenho oral de 25 aprendizes adultos de inglês como L2. Os participantes foram divididos em um grupo controle e outro experimental e ambos desempenharam duas tarefas orais de narração após visualizarem imagens por 40 segundos. Os do grupo controle realizaram as duas tarefas sem planejamento e os do grupo experimental executaram a primeira tarefa sem planejá-la, mas para a segunda tiveram 10 minutos para planejar a fala. Todos os participantes realizaram também, individualmente, um teste de amplitude de memória. Com os dados obtidos foi possível concluir que o planejamento levou a ganhos nos aspectos da fluência e da acurácia, mas não na complexidade. Ademais, a pesquisadora constatou que não houve correlação significativa entre desempenho oral e memória de trabalho na primeira tarefa, apenas na segunda tarefa de ambos os grupos.

Os processos de ensino e aprendizagem da habilidade de produção oral em inglês como L2 em um curso de Letras Inglês a distância foram analisados por Estivalet (2012), com o propósito de identificar como é realizado o ensino da produção oral no curso, considerando as atividades e os objetivos pedagógicos desenvolvidos no ambiente virtual utilizado, e

ponderar sobre como otimizar o ensino e a aprendizagem dessa habilidade na EaD. A partir de um estudo de caso que contou com a utilização de um questionário aplicado a dez alunos, de uma entrevista com a equipe pedagógica e da análise dos planos de ensino e do ambiente virtual, o pesquisador concluiu que a habilidade de produção oral é realizada de forma exitosa no curso, especialmente nas aulas presenciais e com base nas propostas dos materiais didáticos utilizados, mas ressaltou a necessidade de realizar-se mais interações orais síncronas, de aperfeiçoar a utilização das tecnologias para a prática dessa habilidade, bem como de fomentar a autonomia dos alunos quanto à sua aprendizagem.

Sousa (2014) conduziu um estudo com 49 aprendizes de inglês como L2 para analisar como a ferramenta VoiceThread (VT), em uma abordagem híbrida, impacta o desenvolvimento oral global dos aprendizes considerando os aspectos de fluência, acurácia gramatical e habilidade de noticing. Para isso, dividiu os participantes em dois grupos: experimental, que foi exposto a uma experiência híbrida com o VoiceThread por dois meses, e um controle, que não teve a experiência com o VT. Ambos os grupos realizaram um pré e um pós-teste e a comparação dos escores desses testes de cada grupo revelou uma correlação estatisticamente significativa entre a produção oral dos alunos e sua habilidade de noticing, bem como apontou um impacto positivo do VT sobre os aspectos de produção oral analisados. Ademais, a pesquisadora também analisou as impressões dos aprendizes sobre a experiência com a ferramenta, através de questionários, e os resultados indicaram uma reação positiva dos participantes com relação ao uso do VT.

Sales (2015) realizou uma pesquisa longitudinal comparando o desenvolvimento das habilidades de compreensão e produção oral e escrita de professores de inglês em formação nas modalidades EaD e presencial, tencionando verificar se esses alunos desenvolvem essas habilidades em níveis equivalentes e investigar qual modalidade mais eficaz para esse desenvolvimento. O estudo qualiquantitativo foi conduzido com sete alunos do curso de Letras inglês presencial e cinco discentes do curso a distância, os quais responderam a um questionário socioeconômico e educacional, realizaram dois testes TOEFL iBT (pré e pós- teste) e cumpriram atividades de produção oral e escrita que foram analisadas considerando-se as variáveis de fluência, acurácia e complexidade. Os dados foram analisados considerando-se também as variáveis grupo, tempo e interação e os resultados apontaram que para as habilidades de produção escrita e de compreensão oral e escrita, os níveis de desenvolvimento foram equivalentes para ambos os grupos. Com relação à produção oral, os alunos do curso presencial demonstraram maior desenvolvimento e que o fator tempo influenciou as variáveis de análise para todos os participantes. Já o fator grupo teve mais impacto para o grupo

presencial, enquanto que o cruzamento dos fatores grupo e tempo não indicaram relevância de uma modalidade com relação à outra quanto à oralidade. Desses resultados concluiu-se que é possível aprender uma língua estrangeira a distância.

Os estudos apresentados nos brindam com importantes aportes teóricos e discussões pertinentes sobre o tema da produção oral e se relacionam diretamente com a presente pesquisa por tratar dos aspectos da produção oral. Este estudo se propõe a colaborar com o tema ao estudar o desenvolvimento da PO de alunos de LE, mas diferencia-se por investigá-lo em um contexto de educação a distância e com tarefas assíncronas, o que não possibilitou o acompanhamento efetivo do planejamento prévio das tarefas orais realizadas. Embora se reconheça a importância do planejamento pré-tarefa para o desenvolvimento da produção oral (ORTEGA, 1995; MEHNERT, 1998; YUAN E ELLIS, 2003; GUARÁ-TAVARES, 2011, ELLIS, 2009) e se tenha proposto isso nas tarefas elaboradas para esta pesquisa, o contexto da EaD investigado, com sua peculiaridade de não ser obrigatória a concomitância espaço- temporal de professores e alunos, dificulta o controle e a constatação do planejamento prévio das tarefas o que, consequentemente, inviabilizou considerá-lo como uma variável de análise para esta pesquisa.