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Pior que 7x1: os escândalos em que a CBF já esteve envolvida

Beatriz Souza Em duas semanas, o mundo do futebol viu tudo estremecer: sete cartolas foram presos na véspera do Congresso da Fifa, o FBI e a Justiça americana estão debruçados sobre os negócios da entidade máxima do futebol a procura de corrupção e o presidente recém reeleito Joseph Blatter acabou renunciando ao mandato. E, ao que tudo indica, esse é só o que começo de uma operação que promete "limpar o futebol".

Entre os presos está o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que comandou a entidade entre 2012 e 2015. Ainda não se sabe quais são os casos em que Marin estaria envolvido, mas a Justiça americana cita a Copa do Brasil, organizada pela CBF, como uma das competições em que pode ter havido corrupção na negociação de direitos de transmissão e marketing.

Dessa vez, a prisão dos cartolas pegou o mundo todo de surpresa, mas essa não é a primeira vez que a

96 CBF é envolvida em escândalos de corrupção. A gestão - de mais de duas décadas - de Ricardo Teixeira foi marcada por polêmicas deste tipo.

Nos 23 anos (1989-2012) que esteve à frente da CBF, Teixeira acumulou duas grandes conquistas: as vitórias da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1994 e 2002. Em compensação, os escândalos foram tão importantes quanto as Copas e deixaram suas marcas.

Agora, sob o comando de Marco Polo Del Nero, que substituiu Marin, a CBF está novamente na mira. Além da investigação que é conduzida agora pela Justiça americana, o Senado brasileiro também investigará as acusações. Segundo o ex-jogador e agora senador Romário (PSB-RJ), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) vai investigar os contratos da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014.

Ele afirma que, embora as investigações anteriores não tenham prosperarado, "esta CPI do Futebol vai até o fim."

Veja a seguir alguns dos escândalos em que a CBF já esteve envolvida:

97 Voo da Muamba (1994)

Após a conquista do tetracampeonato na Copa do Mundo dos Estados Unidos, a seleção brasileira desembarcou no Rio de Janeiro com 17 toneladas de material na bagagem.

Teixeira teria pressionado o auditor fiscal da Receita Federal para liberar o material trazido. Ele teria dito que se os produtos não fossem liberados, a seleção não desfilaria em carro aberto para comemorar o título.

Em condenação de 2009, Teixeira foi condenado por improbidade administrativa e foi proibido de realizar contratos com o poder público. Dois anos depois, no entanto, os advogados do ex-presidente da entidade conseguiram derrubar a condenação.

CPI do Futebol (2001)

Esta não é a primeira vez que a CBF está sob a mira do Congresso Nacional. Em 2001, o Senado já havia instalado uma CPI para investigar o futebol brasileiro.

O então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, era o principal alvo das investigações que duraram 14 meses.

98 Ele foi citado por desvio de recursos através do banco Delta Bank, na realização do Mundial de Clubes da Fifa de 2000 e em operações com a agência de turismo SBTR. Mesmo assim, se manteve à frente da entidade.

A CPI denunciou 17 dirigentes do futebol por crimes que vão desde apropriação indébita de recursos até evasão de divisas e sonegação fiscal. Alguns foram indiciados pelo Ministério Público, mas os processos não foram concluídos.

Amistoso Brasil e Portugal (2008)

Em 2008, Brasil e Portugal jogaram um amistoso em Brasília. O jogo, que terminou com vitória da seleção brasileira por 6 a 2, marcou a reinauguração do estádio Bezerrão, na região metropolitana da cidade.

A festa, organizada pela empresa Ailanto Marketing, com sede no Rio de Janeiro, custou R$ 9 milhões ao governo do Distrito Federal.

De acordo com investigações da Polícia Civil, a empresa iniciou suas atividades pouco mais de um mês antes do amistoso. Além disso, a polícia descobriu

99 cheques de uma das sócias da empresa, Vanessa Precht, a Ricardo Teixeira, pelo arrendamento de uma fazenda em Piraí (RJ). Os pagamentos mensais de R$ 10 mil de Vanessa a Teixeira começaram quatro meses depois do amistoso.

A conclusão das investigações foi de que houve desvio de mais de R$ 11 milhões do governo do DF.

A secretaria de Transparência e Gestão do GDF, que investigou o desvio, concluiu que ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, o então secretário de Esportes, Pastor Agnaldo Silva, Vanessa Almeida, sócia da Ailanto, e o fundador da empresa e ex- presidente do Barcelona, Alexandre Rosell Feliu, foram os responsáveis.

Segundo a secretaria, Ricardo Teixeira, que na época era presidente da CBF, não está entre os culpados pelo desvio.

Propina da Copa (2010)

Em 2010, o jornalista britânico Andrew Jennings, da BBC Britânica, acusou o ex-presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, e Ricardo Teixeira de terem

100 recebido 9,5 milhões de dólares em propinas da empresa de marketing ISL para conceder contratos de exclusividade em transmissões e patrocínios da Copa do Mundo.

Os pagamentos da empresa foram feitos a uma empresa chamada Sanud, com sede em Lichenstein. Esta empresa enviou dinheiro ao Brasil em forma de empréstimo a Teixeira - que nunca pagou de volta, o que seria um indício de que o empréstimo seria um disfarce para o desvio.

Em maio de 2011, o jornalista afirmou que o dirigente brasileiro teria sido condenado pela Justiça suíça a devolver o dinheiro da propina. No entanto, Ricardo Teixeira negou as acusações e processou o jornalista da BBC na Justiça brasileira.

SOUZA, Beatriz. Pior que 7x1: os escândalos em que a CBF já esteve envolvida. 2015. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/pior-que-o-

101 7x1-os-escandalos-que-a-cbf-ja-esteve-envolvida>. Acesso em: 07 out. 2015.

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