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4. Realização da Prática Profissional

4.2. Área 1 “Organização e Gestão do Ensino Aprendizagem”

4.2.2 Planeamento

No Estágio Profissional, o planeamento foi essencial para definir e concretizar objetivos.

Para mim, o planeamento é fundamental. Não acredito que algum professor pouco experiente consiga ver nos seus alunos aprendizagens significativas se não realizar um planeamento ajustado. É essencial fazer adaptações constantemente, construir progressões de aprendizagem para dar resposta às dificuldades da turma, para isso é necessário planear (Bento, 2003). Segundo o mesmo autor, o planeamento divide-se em três momentos ou níveis: o Plano Anual (PA), a Unidade Didática (UD) e o Plano de Aula, no entanto, estes devem estar relacionados de forma a melhorar a qualidade do ensino.

O PA que consiste num documento que resume de forma global o que se vai realizar ao longo do ano, conciliando o programa com o contexto real (Bento, 2003).

A realização do meu PA ficou muito facilitada, após a análise exaustiva de todos os documentos. O Professor Cooperante disponibilizou todos os documentos necessários. As decisões estavam tomadas, já sabia a duração de cada roulement, as modalidades estavam distribuídas por cada espaço, ou seja, o número de aulas que tinha disponíveis para cada Unidade Didática estava decidido, sabia também qual o material que tinha disponível para cada modalidade, tive de ter em conta as interrupções letivas, os feriados e as atividades exta-curriculares. Assim, o PA foi fruto de uma análise profunda de todos os documentos.

Depois da análise realizada, construí uma tabela em que resumi toda a informação essencial, embora trabalhoso, foi uma tarefa de fácil realização.

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O segundo nível diz respeito às UD. Estas foram estruturadas segundo o modelo proposto por Vickers (1990), o Modelo de Estrutura de Conhecimento (MEC). Este modelo é possível de aplicar em todas as modalidades, trata-se de um documento que sintetiza e organiza toda a informação da modalidade de modo a lecionar as aulas de forma ajustada para todos. A autora subdivide este modelo em três fases (a análise, as decisões e a aplicação) e oito módulos.

A primeira fase (análise) é constituída pela análise da modalidade (módulo 1), análise das infraestruturas e materiais disponíveis (módulo 2) e a caraterização da turma (módulo 3). A segunda fase (decisões) é constituída pela extensão e sequência de conteúdos (módulo 4), definição dos objetivos (módulo 5) configuração da avaliação (módulo 6) e criação de progressões de ensino- aprendizagem (módulo 7). Por último, a terceira fase (aplicação) em que surgem as planificações das aulas e todos os documentos e registos efetuados (módulo 8).

As UD foram de difícil construção, primeiro porque se tratou da primeira vez que escrevi este documento na sua globalidade e, depois, porque tinha bastante receio em tomar decisões. Era essencialmente o módulo quatro que me trazia maior preocupação, não tanto na sequência dos conteúdos, pois isso, as didáticas específicas e a literatura foram dando respostas, mas sim pela extensão dos conteúdos. Como poderia saber quantas aulas, ou quanto tempo de exercitação seria necessário para o aluno consolidar o conteúdo? Inicialmente é bastante difícil, só com a experiência e com o conhecimento aprofundado do nível da turma e dos alunos é que conseguimos realizar uma UD mais real. Este documento não tem um formato imutável, ele pode ser alterado e ajustado à medida que é necessário fazer modificações.

A primeira modalidade que lecionei foi Ginástica de Aparelhos, inicialmente achava que seriam muitos conteúdos para lecionar em 7 aulas. Contudo, com o evoluir das aulas achei que já conseguiria lecionar todos os conteúdos e atingir os objetivos. No final, deixei a sugestão para que no próximo ano os professores aumentem os conteúdos da ginástica.

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Figura 1- Módulo 4 (Voleibol) - Extensão e Sequência de Conteúdos

O último nível de planeamento consiste no plano de aula. Este documento deve conter informação detalhada acerca dos conteúdos a lecionar, os objetivos a atingir e as situações de aprendizagem a realizar, as componentes críticas do exercício, bem como o tempo disponível para cada um deles. Bento (2003) define o plano de aula como um projeto de aula onde se organizam metodologicamente e temporalmente os objetivos definidos na UD. No meu entendimento, o Plano de Aula deve ser bem planeado e estruturado tendo em conta a gestão dos alunos (trabalhar sempre com o mesmo número do início ao final da aula, ou juntar grupos), do exercício (exercícios dinâmicos e complexos mas alcançáveis e com sequência metodológica), dos materiais (evitar mudar o material do sítio), do espaço (aproveitar o espaço disponível) e tempo de aula (evitar tempos de transição e espera muito alargados, perceber qual o tempo essencial para a execução de uma situação de aprendizagem). No entanto, o plano de aula deve servir como guia, podendo ser alterado durante a aula se as circunstâncias da mesma o exigirem.

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4.2.2.1 Contingências

No meu caso, aconteceu, por vezes, ter de modificar o que estava planeado (o que não significa que o planeamento tivesse incorreto). Contudo, existiram circunstâncias que ultrapassaram o planeamento. Por vezes, tive necessidade de dificultar ou facilitar uma situação de aprendizagem porque os alunos não deram a resposta que eu esperava. Outras vezes, aumentar o tempo do exercício para que os alunos consiguissem assimilar o conteúdo. Noutras situações, aumentar/diminuir o número de jogadores ou utilizar o joker, porque um aluno faltou ou não realizou a aula.

Inicialmente tive dificuldades em alterar o que estava planeado porque ficava com a sensação que tinha errado e ficava frustrada. Mas com o passar do tempo, consegui gerir melhor este tipo de situações e aceitei que há situações que não poderia prever, desta forma, consegui descentrar-me mais do plano de aula e foquei-me no que realmente os alunos necessitavam.

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