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4. Enquadramento Operacional

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.3. Planeamento Anual

O planeamento anual é o “primeiro passo do planeamento e preparação do ensino e traduz, sobretudo, uma compreensão e domínio aprofundado dos objetivos de desenvolvimento da personalidade, bem como reflexões e noções acerca da organização correspondente do ensino no decurso de um ano letivo” (Bento, 2003, p. 67). Podemos afirmar que o planeamento anual é o primeiro nível de planeamento e deverá ter em perspetiva todo o ano letivo. Deve ser analisado como um documento abstrato e flexível, não rígido e concreto, com o intuito de organizar o ano letivo, as matérias (modalidades) a serem abordadas, tendo em conta, os espaços, materiais e roulement. De acordo com Bossle (2002), o planeamento anual engloba toda a reflexão, coordenação, organização e racionalização do trabalho docente.

No que concerne, propriamente, ao nosso núcleo de estágio, não tivemos qualquer tipo de influência na elaboração do planeamento anual. Este documento, foi elaborado por professores nomeados pelo Departamento de Expressões e, através de uma adaptação dos Programas Nacionais de Educação Física, criaram um fio condutor que dividiu 8 modalidades pelos 3 períodos que compõem o ano letivo. Desta forma, para o 10º ano, estava definido abordar: Basquetebol, Ginástica Acrobática, Badmínton, Andebol, Barreiras (Atletismo), Futsal, Voleibol e Salto em Altura (Atletismo). Devido a

limitações temporais, não consegui lecionar nem Barreiras, porque o Professor Cooperante teve de faltar durante duas semanas no segundo período, condicionando, desse modo, o planeamento e Salto em Altura porque perdi tempo de aulas devido à falta de espaço aquando das semanas das provas de aferição de 8º ano.

Durante o início do ano letivo, cometi o erro de querer seguir à risca todo o planeamento estipulado no documento e, talvez devido a estar constantemente a ouvir as lamentações de falta de tempo dos professores de disciplinas como Português e Matemática, tentei queimar etapas para “cumprir o programa”. Tal levou a que os conteúdos que pretendia ensinar não ficassem consolidados e não resultasse na aprendizagem desejada. Bento (2003) refere que neste nível de planeamento, é necessário que o professor defina com clareza que objetivos pretende atingir. Ora, como eu ainda não conhecia bem os meus alunos e a minha experiência na lecionação de Educação Física ainda era escassa, cometi o erro de tentar ensinar tudo e acabar por não ensinar nada. Deste modo, a primeira grande lição que retirei da minha experiência com o planeamento anual foi que é necessário existir uma adaptação deste documento às verdadeiras características da nossa turma.

“Na minha curta experiência enquanto professor, apercebi-me que demasiados conteúdos em Unidades Didáticas tão curtas levam a que os alunos não consigam consolidar o que abordamos ao longo da lecionação da modalidade.”

Andebol – Reflexão da Aula 7 – 27 de fevereiro de 2018 A modalidade de Voleibol, talvez por ser a modalidade à qual tenho um contacto mais profundo devido à minha experiência no treino, mostrou-me que este nível de planeamento estava, claramente, desajustado ao real nível das turmas de 10º ano. Segundo o documento, as turmas de 10º ano, em Voleibol, deveriam ser capazes de jogar 4x4 aplicando noções elementares de cooperação e oposição. Ora, para tal, seria necessário que os alunos tivessem noções táticas de sistema defensivo, side-out e contra-ataque e, devido à má execução técnica ser punida a nível regulamentar nesta modalidade, os alunos precisavam, também, de ter noções técnicas de habilidades motoras

fundamentais como o passe e a manchete. Através da observação de várias turmas de 10º ano, pude perceber que este documento estava completamente desajustado relativamente ao nível tático-técnico real das turmas.

“É importante referir que o planeamento anual está completamente descontextualizado no que toca a esta modalidade. Era impossível começar a abordar a modalidade de Voleibol numa situação de 3x3 com esta turma e, posteriormente, partir para o 4x4. Os alunos não tinham nível para uma complexidade tão alta de jogo.”

Voleibol – Reflexão da aula 9 – 12 de junho de 2018 Desse modo, optei por não seguir o planeamento e simplificar o nível de jogo para a situação de 2x2 e 3x3, com o intuito de possibilitar, aos alunos, em primeiro lugar, perceber e jogo e, numa segunda fase, ter maior número de contactos com a bola para que a sua evolução técnica fosse possível.

“Ao invés de seguir o planeamento anual da escola, que se baseia nos programas nacionais de Educação Física, parti do nível mais básico de jogo, criando condições para que os alunos conseguissem sustentar a bola. Se esta modalidade tivesse sido lecionada no 1º período, teria, muito provavelmente, cometido o erro de seguir o programa ao pormenor e a evolução não teria sido consolidada por tentar ensinar demasiado em tão pouco tempo.”

Voleibol – Reflexão da aula 8 – 8 de junho de 2018 Por outro lado, acredito que o professor também não possa ter receio de avançar e adicionar complexidade à sua matéria caso sinta que a sua turma é capaz. Em alguns casos, sobretudo nas turmas de Desporto, os alunos são capazes de realizar mais do que aquilo que está contemplado no programa. A adaptação que eu defendo existir, por parte do professor, em relação àquilo que vem escrito no planeamento anual, deve ser executado para simplificar a matéria, mas também para adicionar complexidade. Assim, temos a garantia de que os nossos alunos continuarão motivados e a trabalhar dentro do seu nível de aprendizagem. Em todas as turmas há diversos níveis de aprendizagem, na minha turma tal não era exceção. Com o objetivo de tentar manter todos os alunos motivados, quando verificava que um aluno era capaz de realizar algo para além do que estava estipulado no programa eu fazia-o. Os casos mais

comuns aconteciam quando tinha algum aluno federado na modalidade que estava a lecionar.

“Acabei por optar pela introdução destes novos conteúdos pelos seguintes motivos: 1. Basta existir um aluno que tenha capacidade para assimilar uma nova habilidade para podermos introduzi-la;

a. Com isto, estaremos a elevar o nível da aula, o que motivará os alunos para a prática da modalidade;

2. A Cultura Desportiva da turma ficará mais rica, aumentando o domínio cognitivo destes jovens no que diz respeito ao Basquetebol. Com isso, estaremos a dar à Educação Física a intencionalidade educativa, capaz de proporcionar aos alunos, prazer, desenvolvimento de competência de autorrealização (UNESCO, 2015).

3. A Unidade Didática está planeada para ser centrada no jogo, portanto, quantos mais recursos dermos aos alunos para ultrapassarem situações (a nível de organização ofensiva e defensiva), mais rico será o jogo 3x3.”

Basquetebol – Reflexão da aula 8 – 17 de outubro de 2017