Planejamento da produção

O plano de produção serve de referencial para a busca e alocação de recursos como mão de obra, máquinas, horas extras etc., sendo a base para o desenvolvimento das atividades do planejamento intermediário, de médio prazo, ou planejamento-mestre da produção. As atividades do plano de produção consistem em definir os níveis de estoques, recursos humanos, máquinas e instalações relativas à produção, no período considerado, buscando simultaneamente atender a demanda prevista de bens e serviços. (GOMES, 2002).

As cinco empresas objeto de estudo formalizam o planejamento da produção, a partir do plano anual que faz parte do planejamento estratégico da maioria delas, onde o setor de confecção possui uma diversificação muito grande de itens por coleção e cada uma planeja quatro coleções no ano (primavera, verão, outono e inverno) de acordo com a moda e segmentação de mercado.

Como foi possível observar na pesquisa, o planejamento da produção das empresas são baseados em duas delas na previsão da demanda, duas empresas na previsão da demanda sob encomenda e em uma empresa escolheu ambos os casos.

Diante dessa realidade, devido às tendências de mercado, novos modelos surgem inesperadamente e para atingir a demanda latente, mesmo com o planejamento formalizado, três das empresas pesquisadas alteram o planejamento e a programação da produção, pois precisam acrescentar ou excluir novos modelos da coleção do período, alterando o planejamento produtivo já estruturado.

4.4.3 Programação da Produção

No Planejamento Operacional são preparados os programas de curto prazo de produção e realizado o acompanhamento dos mesmos. O PCP prepara a programação da produção administrando estoques, sequenciando, emitindo e liberando as ordens de compras, fabricação e montagem, bem como executando o acompanhamento e controle da produção.

Dessa forma, são emitidas ordens de compra para os itens a serem adquiridos junto a fornecedores, ordens de fabricação para os itens fabricados internamente e ordens de montagem para as sub-montagens intermediárias e montagem final dos produtos definidos no PMP. Nas respostas coletadas nas empresas pesquisadas, percebe-se que o período de programação da produção é distinto para cada empresa, variando em 30, 60 e 90 dias de acordo com a informação do Gráfico 08:

Gráfico 8 – Período de projeção da programação da produção

0% 10% 20% 30% 40%

30 dias 60 dias 90 dias

2

1

2

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Percebe-se que das cinco empresas pesquisadas, duas delas programam sua produção atendendo a um prazo anual, porém dividida em coleções de período trimestral. O PCP adota

um planejamento para 30 dias, envolvendo todos os modelos presentes na coleção do período em questão, mantendo um ritmo constante de produção.

Outras duas empresas efetuam a programação da produção com antecedência, sendo este incluído nas reuniões previstas para a elaboração do planejamento estratégico anual da empresa. Cada coleção é planejada com bastante antecedência e baseia-se por históricos de vendas da mesma coleção trimestral do ano anterior e tem um prazo de 90 dias, nos quais é acompanhada mediante instrumentos formais pelo fato da possibilidade de vir a sofrer alterações e reavaliações mensais de acordo com aceitação das peças e referencias novas no mercado, segundo informações dos primeiros lotes fabricados e vendidos.

No processo produtivo, o PCP tem o planejamento da coleção trimestral completa, mas executa um plano de produção no qual direciona para o primeiro lote de fabricação a realização de apenas 30% do planejado, esperando os resultados das primeiras vendas.

A empresa restante tem uma programação que duram 60 dias de acordo com cada coleção lançada. A programação da produção estabelece no curto prazo, quanto e quando comprar, fabricar ou montar cada item necessário à composição dos produtos finais, com base no PMP (Programa Mestre de Produção) e nos registros de controle de estoque e baseia-se por históricos de vendas ou projeção de demandas analisando a mesma coleção trimestral do ano anterior, segundo o setor de confecção.

Desta forma, o percentual de históricos de vendas, projeção de demandas, pedidos em carteira que ajudam a elaborar a programação da produção nas empresas de confecção, seguem os dados das respostas de acordo com o Gráfico 09:

Gráfico 9 - Dados de vendas e/ou demanda em que a programação da produção é elaborada

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Ped. Carteira Proj. Demanda Mista

1 1

3

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Percebe-se que três empresas das cinco pesquisadas utilizam uma combinação mista resultante da associação de projeção da demanda com histórico de vendas para planejar a

programação da produção. Nesse caso, essas empresas elaboram seus programas produtivos dentro do cenário avaliado como o passível de ocorrência no momento de elaboração do planejamento estratégico anual. Assim, analisando históricos de vendas juntamente com a demanda de coleções do mesmo trimestre de anos anteriores, projetam percentuais de crescimento de vendas para o ano corrente, considerando esta como a alternativa de análise mais viável. Com o ambiente futuro delineado, determinam-se os aspectos quantitativos do planejamento de vendas, efetuando-se a seguir, os desmembramentos do volume total a ser atingido no período na programação da produção sob a forma de lotes montados nas grades e seus respectivos períodos de realização.

A projeção da demanda alicerçada em informações previstas em suas avaliações de mercado é utilizada por apenas uma das empresas. A outra empresa restante analisa somente os pedidos em carteira, pois executa uma produção direcionada ao atendimento do que, já se encontra, de fato, com sua venda consumada.

De posse destas informações, analisa-se o comportamento das empresas no sentido de utilizar uma programação da produção empurrada que se orienta pela data mais cedo que uma determinada atividade deve ser completada, sendo típico de sistemas de planejamento centralizado utilizados nas confecções, identificando os itens mais vendidos no primeiro momento e programa o segundo lote de produção da mesma coleção trimestral.