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4.3 O CORO INFANTIL COMO ESPAÇO LÚDICO PARA PROCEDIMENTOS

4.3.2 Planejamento do ensaio numa perspectiva de Educação Musical lúdica 89

Macedo (2006) afirma que “jogar e brincar são projetos de crianças” (p. 33). Diante disso, ao professor cabe explorar esta oportunidade do jogar e brincar e estabelecer metas motivadoras para o ensino da música onde haverá aprendizado, satisfação e realização. Complementa o autor que “o jogo terá sempre – mesmo que realizado por ações físicas e que produzem consequências no contexto em que ocorre – uma natureza simbólica ou imaginária, mas não real em seu sentido próprio” (MACEDO, 2006, pág. 120).

Em um diálogo mediado por Arantes (2006), Macedo (2006) e Machado (2006) defendem seus pontos de vista quando falam sobre o jogo. É quando Macedo (2006) traz algumas questões: qual o valor do jogo como recurso de aprendizagem escolar? Como aprender e ensinar por meio de jogos? Não seria contraditório no contexto escolar, por exemplo, não considerar o que faz sentido para as crianças? Afirma que, crianças gostam de brincar e jogar. No brincar e jogar aceitam enfrentar desafios, são perseverantes mesmo diante de insucessos ou derrotas, são disciplinas e pacientes.

Aplicando tais questões para o coro infantil, formula-se a indagação: como aprender e ensinar música no coro por meio de jogos? O fato é que jogos e brincadeiras estão presentes nas escolas, mas excluídos das situações de ensino. Encontram-se propostas práticas nos coros infantis que se apropriam de jogos e brincadeiras para o ensino de música? Acredita-se que onde há crianças há jogo e brincadeira, com todas as suas derivações. Lembrar que jogos podem servir de ensino, como fez Machado (2006) e Macedo (2006), que podem ser bons meios para certas aprendizagens de alunos e professores (em contexto de formação) significa resgatar ou incluir na sala de aula o valor educacional dos jogos.

No diálogo entre Macedo e Machado, este último registra que faz sentido “usar jogos para apresentar de modo instigante e divertido diferentes assuntos” (apud ARANTES, 2006, p. 128) e afirma que:

Se os efeitos colaterais de tais procedimentos forem uma

aprendizagem significativa, uma incorporação tácita de

comportamentos ou de competência, teremos um exemplo prático de unir o útil ao agradável (ARANTES, 2006, p. 128).

O autor reconhece a relevância de tal questão, que envolve a análise das relações entre os meios e os fins, em qualquer realização. Segundo o autor, pode-se recorrer a jogos para exercitar a realização de tarefas que contribuem para a aprendizagem de temas específicos, porém a busca pelos meios lúdicos que são utilizados é uma tarefa que cabe ao discernimento do professor.

Diante de tais colocações, o que faz com que as crianças nos dias de hoje queiram participar de um coro infantil e se mantenham motivadas em participar? Com tantas opções que as cercam qual seria o modelo de coro atrativo para o envolvimento e participação?

Se, jogo e projeto pedem ações responsáveis e autônomas, aqui cabe o planejamento de ações ao utilizar-se do jogo que direcionará “escolhas e coordenações pequenas e grandes, relacionadas a cada parte ou momento e simultaneamente ao conjunto ou ao todo (no espaço e no tempo de suas expressões) que se quer realizar, de preferência de forma bem sucedida” (ARANTES, 2006, pág. 132).

É sabido que através do canto coral, é possível explorar uma infinidade de conhecimentos musicais e extramusicais, desde que com uma metodologia lúdica que motive as crianças, estimule sua frequência aos ensaios e as envolva na execução e na apreciação de obras musicais. Figueiredo (1990) em seu trabalho demonstra o quão importante é para a prática coral, uma preparação adequada do ensaio dentro de uma perspectiva educacional. Uma prática prazerosa e bem fundamentada incitará posturas de busca constante pela atividade e pelo aperfeiçoamento.

O regente inserido no contexto do coro infantil deve ser compreendido como um professor/regente, pois este deverá organizar o coro com propósitos educativos. Este tipo de atuação profissional está fundamentada em trabalhos como o de Figueiredo (1990). Em seu trabalho, o autor demonstra o quão interessante é para a prática coral, uma preparação adequada do ensaio dentro de uma perspectiva educacional (FIGUEIREDO, 1990). É importante que o regente esteja atento às necessidades decorrentes desta ação e opção. A partir deste objetivo definido de forma clara, o mesmo deve orientar o seu planejamento.

Com crianças, assim como em outras situações, uma prática pouco planejada e organizada não obterá êxito. Compreende-se que no contexto do coro infantil, é preciso não apenas ter um ensaio planejado, mas também possuir um repertório de atividades extras e lúdicas. O planejamento deve equilibrar flexibilidade e manter o foco na proposta inicial. A flexibilidade é necessária para mudanças advindas de necessidades imediatas inerentes ao ato educativo e o foco deve ser direcionado ao objetivo do trabalho coral:

aprender a cantar e desenvolver-se musicalmente, além de preparar um repertório.

Sabe-se que o processo de ensino-aprendizagem vem sofrendo mudanças metodológicas em busca de estratégias que auxiliem o trabalho do professor. As mudanças referentes aos recursos didáticos e pedagógicos incluem os jogos que quando utilizados tornam a aprendizagem menos mecânica e mais significativa e prazerosa para o aluno.

Descrever ações práticas e lúdicas do jogar e brincar no coro infantil envolve o ouvir e fazer musical a partir de uma abordagem interativa prática fundamentada na exploração sonora, na apreciação musical, na execução de diferentes atividades que oportunizam o contato e a vivência com os parâmetros do som, na criação musical a partir de diferentes materiais e também a vivência de repertório oportunizando a prática do canto em grupo. Como provável resultado dessas ações ocorrerá uma boa aprendizagem através da motivação estimuladora e criativa proporcionando assim prazer em aprender. O ensaio planejado envolvendo tais propostas por meio de atividades práticas lúdicas oportunizará a apropriação dos conteúdos trabalhados e resultará num momento prazeroso e de motivação.

É importante destacar que a duração das atividades deve variar conforme a faixa etária em questão, crianças entre 7 (sete) e 12 (doze) anos de idade, suas características cognitivas, psicológicas, sua atenção e interesse. Também vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre para se expressar e criar. Essas considerações podem ser transpostas para se pensar as questões referentes à prática pedagógico-musical e permitem localizar a ludicidade enquanto instância privilegiada da ação docente.

A pesquisa bibliográfica realizada revelou que a atividade lúdica pode favorecer o cotidiano de ensino-aprendizagem. Os referenciais teóricos abordados reforçam a hipótese da importância e necessidade do uso de jogos pedagógicos no ensino e que esses possibilitam estratégias diversificadas nas práticas de aprendizagem. A rotina do ensaio muitas vezes contribui para que haja uma desmotivação devido à “mesmice” que leva a criança não querer participar da atividade coral. Os jogos lúdicos apresentam-se como propulsores

de estimulação e encorajamento para o fazer musical das crianças, pois ao utilizar meios lúdicos, cria-se um ambiente gratificante para o desenvolvimento integral da criança, como já mencionado por Piaget (1973).

5 ABORDAGEM METODOLÓGICA

No presente capítulo apresentam-se as perspectivas metodológicas do trabalho, sendo a primeira a escolha do método estudo de caso numa abordagem qualitativa como lógica de investigação. Em seguida, a partir da aproximação com o campo de pesquisa, abordam-se os procedimentos utilizados na pesquisa relatando as técnicas de coleta de dados e o processo de análise dos dados, sua organização e sistematização.