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Planejamento e oferecimento da disciplina Teclado 1

CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS DADOS

4.3 Alterações na Base de Conhecimento Docente relacionadas à disciplina Teclado 1

4.3.2 Planejamento e oferecimento da disciplina Teclado 1

O planejamento inicial da disciplina Teclado 1 foi realizado em parceria pelos professores A e B. Por nunca ter lecionado uma disciplina de teclado na modalidade presencial, o Prof. A contou com a colaboração dos conhecimentos pianísticos e experiência docente da Profa. B, como professora de disciplinas de teclado em cursos de graduação em Música e, também, como professora de piano há muitos anos.

Quadro 14 – Planejamento e oferecimento da disciplina Teclado 1

Categoria Subcategoria Unidade de Registro

Prof. A: explicou que o processo de construção da disciplina

Teclado 1 envolveu a troca de informações entre ele e a Profa. B, que procuraram seguir a mesma lógica de aprendizagem em cada unidade da disciplina Teclado 1, baseada um pouco nas propostas dos educadores musicais dos chamados Métodos Ativos.

Profa. B: com formação pianística, a Profa. B afirmou que foi a

responsável pelas questões mais técnicas relacionadas ao ensino de piano, como as revisões dos dedilhados das atividades e peças propostas. 3. Alterações na Base de Conhecimento Docente para o ensino de teclado a distância Planejamento e oferecimento da disciplina

Teclado 1 Profa. C: por não ter sido professora conteudista da disciplina Teclado 1, apontou apenas algumas questões sobre seu oferecimento em 2012, quando foi professora aplicadora. Considerou que o material didático da disciplina foi muito bem elaborado pelos professores A e B, principalmente por conta das videoaulas e dos áudios das atividades que acompanham o livro da disciplina.

Fonte: autoria própria.

A partir dos dados acima, o Prof. A explica que o processo de construção da disciplina Teclado 1 envolveu a troca de informações entre ele e a Profa. B. Inicialmente, ela lhe apresentava algumas ideias que utilizava ao ensinar teclado e demonstrava alguns exercícios e sugestões de atividades. Em seguida, o planejamento envolvia a transformação de uma determinada ideia em algo o mais musical possível. Assim, as primeiras atividades da disciplina Teclado 1 são compostas de músicas e acompanhamentos usando a ideia de teclas pretas e teclas brancas, com o objetivo de o aluno identificar as notas Fá e Dó.

Ao pensar em oferecer uma disciplina a distância, surge o desafio para os professores de rever seu repertório, sua Base de Conhecimento Docente, em busca de articulações com as possibilidades tecnológicas disponíveis atualmente e possíveis de serem utilizadas. Como essa aprendizagem para o professor acontece no fazer docente, é importante registrar as reflexões, dificuldades, inquietações, perdas e ganhos que ocorreram ao longo da oferta da disciplina, para que, antes da próxima oferta, os ajustes necessários na disciplina sejam realizados.

Ademais, o Prof. A destaca que, juntamente com a Profa. B, procuraram seguir a mesma lógica de aprendizagem em cada unidade da disciplina Teclado 1: primeiramente a audição, o experimentar, para depois apresentar o referencial teórico. Essa foi a essência da disciplina, baseada um pouco nas propostas dos educadores musicais31 dos chamados Métodos Ativos ao preferirem inicialmente uma proximidade e prática musical do instrumento para depois inserir procedimentos técnicos/teóricos no processo de ensino e aprendizagem.

Essa abordagem é diferenciada da forma que o ensino de piano e teclado é trabalhado nas escolas técnicas de música, cuja prioridade é, de fato, o ensino instrumental. Os educadores musicais pioneiros nos Métodos Ativos visavam, primeiramente, o bem-estar e o desenvolvimento da criança, aplicando a técnica instrumental apenas numa etapa posterior de ensino (FONTERRADA, 2008).

A Profa. B detalhou ainda mais o processo do planejamento da disciplina Teclado 1, com destaque para o trabalho compartilhado com o Prof. A:

Foi muito parceria mesmo, com o Prof. A conduzindo magistralmente [...] extremamente eficiente na construção do conteúdo, eu sentei na casa dele, do lado [...] e a gente mandou ver no conteúdo e ele já ia no computador organizando tudo (Profa. B).

O trabalho envolveu uma colaboradora técnica32, responsável pela transcrição e formatação das partituras utilizadas no material didático da disciplina. Além disso, essa mesma colaboradora atuou em algumas videoaulas juntamente com a Profa. B, onde fez o papel de uma aluna iniciante de teclado. Essa questão das videoaulas foi considerada importantíssima pela Profa. C:

31

Dalcroze, Orff, Kodály e Suzuki são alguns dos representantes de maior expoente. 32

Uma coisa que eu achei que foi muito bacana, que eu queria ressaltar, é o trabalho que o Prof. A e a Profa. B fizeram, no material didático [...] na produção das videoaulas. Foi bem esclarecedor, eu acho que ficou tudo muito bom, eu quero destacar como um ponto bastante positivo isso daí

(Profa. C).

Com formação pianística, a Profa. B afirmou que foi a responsável pelas questões mais técnicas relacionadas ao ensino de piano, como as revisões dos dedilhados das atividades e peças propostas:

O Prof. A ia organizando, por exemplo, os pequenos trechos, né? "Profa. B, o que você acha disso? Daquilo? Olha como é que está o livro” Aí, eu já dava uma revisada e falava “olha, só essa questão do dedilhado, que são dois dedilhados”, eu fiz uma revisão bastante cuidadosa porque tinha muito erro, que é só quem é pianista que sabe, né? O dedilhado [...] então, questões assim, mais técnicas, do ensino do piano, ficaram ao meu cargo

(Profa. B).

Ao longo da primeira oferta da disciplina em 2011, a atuação da Profa. B se deu apenas em casos relacionados a problemas pianísticos, em alguma atividade específica, ou mesmo sobre o conteúdo da avaliação final. Sobre sua atuação no cotidiano dessa primeira oferta, ela afirma que não enfrentou as dificuldades do dia a dia que o Prof. A e os tutores virtuais enfrentaram. Mesmo um pouco distante ao longo do oferecimento, a Profa. B afirmou que recebeu feedbacks positivos do Prof. A sobre a disciplina, de que esta foi bem recebida pelos alunos.

Destaca-se a importância do planejamento da disciplina Teclado 1 na modalidade EaD, em que os professores precisaram elaborar recursos didáticos muitas vezes com apoio de uma equipe multidisciplinar que atende a diversas demandas, por exemplo, a produção de videoaulas. Diferentemente do planejamento de uma disciplina presencial de teclado, quando o professor trabalha praticamente sozinho, no contexto da EaD podem surgir algumas dificuldades, como salientam Mill et al. (2013):

Na prática, verifica-se que nem a experiência com a educação presencial, nem a boa vontade para realizar um bom trabalho pedagógico virtual socorrem os professores, uma vez que demonstram dificuldades diversas para estruturar a sua disciplina para EaD virtual. Pela natureza de inovação, complexidade e dinamicidade da docência virtual, consideramos normal esse cenário de dificuldades dos professores envolvidos – o que induz à necessidade de equipes multidisciplinares e outros profissionais de apoio ao docente, tanto na fase de concepção e elaboração dos materiais didáticos da disciplina quanto na oferta da mesma (MILL et al., 2013, p. 242).