• Nenhum resultado encontrado

3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA MICRO E PEQUENAS

3.4. Planejamento estratégico para a micro e pequena empresa do setor

O micro e pequeno empresário, por ser menos experiente, geralmente apresenta dificuldade em enxergar a empresa como um todo em que uma pequena alteração no ambiente externo ou interno pode modificá-la de maneira significativa. Antes de implantar mudanças em qualquer um dos processos da empresa, o administrador precisa avaliar como essas alterações irão influenciar as demais variáveis do negócio. Um pequeno empresário precisa estar consciente de que nenhuma mudança pode ser realizada isoladamente, a empresa funciona como um conjunto que precisa estar disposto da maneira harmônica (OLAVE, AMATO; 2001). A escola com sua missão humana também não deve abrir mão da ferramenta do planejamento. Planejar auxilia a escola no direcionamento de seus objetivos, e como em qualquer outro estabelecimento, é indispensável na identificação de novas oportunidades.

Com o planejamento estratégico, a visualização prévia dos impactos que cada mudança pode causar torna-se possível, porém no grupo de micro e pequenas empresas do setor educacional, essa ferramenta ainda é pouco utilizada e muitos administradores acabam sofrendo consequências indesejáveis a partir de mudanças que eles mesmos realizaram e que no momento da implantação pareciam inofensivas (MIGLIATO, 2004). Não são apenas os projetos isolados que sofrem influência das estratégias utilizadas no estabelecimento de metas e objetivos, o impacto ocorre diretamente no funcionamento geral do negócio. A elaboração de um plano de negócios é uma necessidade cotidiana, muitos proprietários de organizações de menor porte não têm a dimensão dessa demanda, porque acreditam ter controle de tudo já que a empresa é pequena e muita coisa está centralizada em suas mãos.

Um dos passos iniciais do planejamento estratégico é a realização de uma análise setorial do segmento em que a empresa atua. É muito importante conhecer o comportamento do setor, suas especificidades, suas lacunas, pontos em que há maior saturação, períodos de sazonalidade e entender o comportamento do público- alvo. Uma empresa precisa equilibrar o seu ambiente externo com as características internas da organização (PORTER, 1999). Essa harmonização entre a empresa e

seu meio desenvolve no gestor a percepção de como os elementos que fazem parte da empresa interagem com o mercado. Os administradores dos centros de educação infantil não podem ter a mesma conduta do gestor de uma academia ou de um salão de beleza. Embora sejam todas empresas que sobrevivam da prestação de serviços, a missão que está por trás de cada uma delas é totalmente diferente. Durante a análise do setor, o empresário consegue identificar se ainda existe espaço para atuar naquele segmento, afinal, um setor da economia pode ser rentável durante um período, depois com o surgimento de muitas ofertas, e se as novas empresas desenvolverem aquela atividade, ele terá pouco lucro, pois o setor já está saturado (PINDYCK , RUBINFELD, 2002).

As dificuldades da micro e pequena empresa não são poucas, precisam enfrentar a concorrência dos gigantes do setor, os recursos são limitados, os profissionais são menos preparados e o proprietário, que nem sempre é um bom administrador, muitas vezes não consegue fazer uma avaliação correta do meio externo. O planejamento em escolas é uma arma poderosa no auxílio da administração desses problemas, abre para a empresa a possibilidade de autoconhecimento, isso acaba gerando maior flexibilidade na postura dos empreendedores, que a partir deste momento conseguem acompanhar as movimentações do mercado e adequá-las dentro do que a empresa pode oferecer. Não importa o porte do negócio, todo e qualquer empresário deve estar totalmente atento ao que ocorre em sua volta (SANTOS, ALVES, ALMEIDA, 2007). As empresas precisam do plano de ação para organizar suas atividades operacionais, é a partir do planejamento que as atividades que serão desenvolvidas são elaboradas, então identifica-se o que cada uma demanda, assim como os demais detalhes para que seja a atividade seja realizada com qualidade. Isso beneficia não apenas o empresário do setor educacional, mas a empresa como um todo, cada participante, seja ele, um aluno, os pais deste aluno, um funcionário ou uma equipe inteira consegue, com o plano de ação, avaliar sua real importância na empresa e consequentemente isso influencia no interesse pela produtividade individual (LAS CASAS, 2007).

Ser uma micro e pequena empresa, assim como ser média ou grande, traz algumas vantagens e desvantagens. Ao estudarmos as micro e pequenas empresas vemos claramente que existem inúmeras desvantagens quando comparamos estas com algum líder do setor, afinal, as grandes organizações já se consolidaram e

geralmente não dependem de um único produto ou serviço para competirem no mercado. Mesmo que dependam, certamente têm maior chance de recuperação, em caso de um problema do que um negócio de pequeno porte. Já estão preparadas para a sazonalidade do mercado e têm em sua administração principal uma equipe mais profissional (PINDYCK, RUBINFELD, 2002). Um centro de educação infantil geralmente se estabelece numa região específica para atender as famílias da vizinhança, entretanto em vários bairros costumam enfrentar a concorrência dos grandes grupos educacionais que possuem altos investimentos em propaganda e um nome já consolidado no mercado. Com o planejamento estratégico, as micro e pequenas empresas desse setor têm condições de enfrentar os grandes concorrentes com maior segurança, mesmo que não possam eliminá-los, saberão atuar no mercado, explorando o que elas têm de melhor: seu potencial.

As estratégias são elementos poderosos na obtenção de vantagens competitivas, no entanto, a potencialização dos benefícios que esses elementos podem trazer depende muito do quanto o administrador é um bom gestor para saber utilizar estratégias que sejam realmente eficazes na tomada de decisão. No caso das escolas, a imagem e credibilidade também estão vinculadas ao plano de ação (ROSA, 2002). Estratégias são necessárias desde o primeiro momento em que se enxerga a possibilidade de empreender, para montar um negócio o indivíduo precisará avaliar qual a sua capacidade financeira, como fará nos primeiros momentos em que o lucro ainda for modesto, o que ele sabe e o que precisa saber para ser um empresário, o quanto conhece do mercado em que vai atuar e o quanto precisa conhecer. Todos esses pontos podem ser melhor trabalhados pelo empreendedor, a partir do estabelecimento de estratégias, uma atividade que naturalmente leva o empresário à consciência da real situação da empresa, à avaliação do comportamento da concorrência , à percepção dos investimentos necessários, e demais necessidades do estabelecimento (OLIVEIRA,2007). A qualidade do planejamento estratégico depende igualmente do estudo do meio externo e interno, é o resultado desse estudo que permite a elaboração de estratégias que levam à tomada de decisão.

A falta de planejamento é responsável pelo insucesso de grande parte das empresas, os gestores das micro e pequenas empresas acabam centralizando muitas atividades, e pela falta de tempo subestimam a ferramenta de planejamento. O tempo não é o único grande problema do micro e pequeno empresário, este

geralmente enfrenta também a escassez de recursos, empecilho que pode ser mortal para um negócio (SEBRAE, 2003). Com o planejamento estratégico, o indivíduo tem condições de administrar melhor os problemas de sua empresa, porém apesar de reconhecer a importância dessa ferramenta e por nem sempre saber utilizá-la corretamente, o encerramento de grande parte dos pequenos negócios nem sempre pode ser evitado. Comumente encontramos casos em que isso acontece, infelizmente não são poucos os obstáculos que um micro e pequeno empresário enfrenta para realizar o planejamento, além disso, nem sempre em um pequeno negócio, o administrador é a pessoa mais qualificada para a função, geralmente são os donos ou alguém da família, não um profissional especializado (SANTOS, ALVES, ALMEIDA, 2007).

O administrador é o principal responsável pelo bom desenvolvimento de uma empresa, o processo de investigação da interação entre meio externo e interno não deve ser subestimado pelo gestor de nenhuma empresa, pois certamente esta será exposta a um risco muito grande. É exatamente o estudo da relação entre os dois ambientes que identifica as ameaças que impedem a concretização dos objetivos do negócio. O conhecimento que o micro e pequeno empresário tem do seu mundo externo e interno deve ser equilibrado, de forma que um bom plano de ação possa ser estabelecido (ANSOFF, 1993). A partir desse equilíbrio, temos condições de identificar aonde a escola precisa melhorar, e o que ela tem de mais forte para ser explorado, portanto, a fase investigatória é determinante para a tomada de decisão futura, estabelecendo o poder de mercado do pequeno empresário. Um setor precisa ser visualizado de maneira clara, para que sejam posteriormente estabelecidas estratégias eficazes. Entender o ambiente educacional é um passo fundamental para realizar o planejamento, com os fatos externos o micro e pequeno empresário tem a possibilidade de elaborar seu plano, afinal, são muitas as mudanças que ocorrem ao longo de um determinado período, e nestas é que se apresentam as ameaças ou oportunidades (LAS CASAS, 2007).

Também devemos relevar que o universo das micro e pequenas empresas em educação infantil está intimamente ligado ao crescimento econômico de um país, tendo uma importância de destaque por movimentar ao mesmo tempo diversos setores da sociedade (TIMMONS, 2004). O papel econômico e social do empresário merece toda atenção, principalmente ao mencionarmos a quantidade de empregos que esse segmento oferece, fato que resolve problemas comuns em qualquer

governo. Se há mais emprego, há mais renda e aumenta o poder de consumo. Com isso, o indivíduo consegue atender ao menos suas necessidades básicas de alimentação, vestuário, moradia e saúde, mesmo que sem fartura, certamente esse indivíduo precisa muito dessa renda. Além disso, o funcionário de uma micro e pequena empresa de determinado setor, certamente é um consumidor de empresas do mesmo porte em outros segmento, portanto a geração de renda afeta positivamente mais de um setor da economia, assim como sua ausência causa impacto negativo. Um setor parado vai cessar os outros que dependem dele, assim como ao parar esses outros, mais setores serão impactados e desta forma temos um ciclo, pois a maior parte das empresas brasileiras é de micro e pequeno porte (SEBRAE, 2009). Os resultados da crise no final de 2008 teriam sido ainda piores se não fossem os postos de trabalho ocupados nas pequenas empresas.

Empresários do setor educacional, muitas vezes sentem necessidade de formular estratégias quando identificam algum problema na organização, e que esse problema seja de importância comum, isto é, de importância estratégica. Entretanto, uma estratégia demanda um suporte lógico que só ocorre a partir de verificações analíticas da relação entre o meio interno e externo da empresa (AUDY, BECKER, FREITAS, 1999), o descontentamento das famílias, ou condutas insatisfatórias das crianças podem ser questões de ordem administrativas nas quais o planejamento seria um forte aliado na resolução. Essas verificações apresentam uma lógica individual que deve ser tratada de forma particular na fase inicial do planejamento estratégico, as peculiaridades de cada processo da empresa apresentam limites racionais até a elaboração de estratégias que serão gerenciadas de forma integrada. Com isso, vemos o quanto a capacidade administrativa do empresário interfere na qualidade da tomada de decisão (HREBINIAK, 2005).