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PLANEJAMENTO DA SAFRA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO

3.1. Planejamento da Etapa CCT

As operações de corte, carregamento e transporte (CCT) da cana-de-açúcar podem ser realizadas de várias formas, alterando-se os parâmetros, como o tipo de corte (corte manual ou mecanizado) e/ou o tipo de equipamento utilizado (carregadoras, colhedoras,

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tratores-reboque, etc.). Na Fig. 3.1 encontra-se a representação dos subsistemas e componentes do sistema CCT.

A cana-de-açúcar que chega à usina vem de pontos distintos, trabalhada por uma equipe autônoma, denominada frente de corte. As frentes de corte operam com equipamentos diferentes conforme o tipo de cana-de-açúcar (corte manual/colheita mecanizada).

Figura 3.1 – Subsistemas e componentes do sistema CCT (Fonte: adaptado de Gualda, 1995)

Algumas usinas possuem grande parte de sua moagem dependente da entrega de cana-de-açúcar de frente de cortes de fornecedores. A complexidade operacional nas frentes de corte diz respeito a interação na alocação e uso dos equipamentos, que deve ter

como finalidade a maximização do tempo produtivo e do uso da capacidade dos veículos, equipamentos de corte e carregamento e operadores. Assim, de acordo com Silva (2006), evita-se tempos ociosos em filas e esperas por cana-de-açúcar ou outros equipamentos dos quais depende a continuidade das operações.

Outro artifício que as usinas utilizam é dispor de equipamentos reserva sem operador nas frentes de corte e carregamento, como, por exemplo, colhedoras, tratores transbordo, dentre outros. Dessa forma, em eventual quebra de algum equipamento, o operador utiliza o maquinário reserva e continua sua jornada.

Segundo Hahn (1994) apud Mundim (2009), o número de frentes de corte trabalhadas diariamente varia de três até mais de 12, de acordo com a quantidade de cana-de-açúcar estimada em cada frente e a capacidade de moagem diária da usina. Estas frentes encontram-se a diferentes distâncias da usina, fazendo com que a quantidade de caminhões em direção a uma frente de corte seja diferente de outra frente com o mesmo potencial de colheita. Assim, as frentes de corte não são constantes, podendo alterar diariamente em localização e número.

De acordo com Silva (2012), estas frentes são essenciais para a otimização dos recursos, pois a sua distribuição em diferentes distâncias permite operar em uma distância média que possibilite otimizar os equipamentos e que garanta o abastecimento contínuo da indústria, dessa forma, obtém a racionalização do uso dos recursos necessários para a realização da colheita. Do contrário, considerando o processo com uma única frente de corte seria ineficiente, pois haveria sobra de equipamentos quando as distâncias fossem curtas e falta deles quando as distâncias fossem maiores, o que certamente levaria a uma estrutura superdimensionada, com pesado ônus para o processo produtivo e para a organização.

Como mencionado anteriormente, os subsistemas de colheita podem ser do tipo: sistema manual, semi-mecanizado e mecanizado. Genericamente, os sistemas são geralmente identificados pela forma em que a cana-de-açúcar é recebida na indústria: inteira ou picada. Quando uma frente de corte é identificada como sendo de cana-de-açúcar inteira, subentende-se que o sistema seja semi-mecanizado, ou seja, corte manual e carregamento mecânico, porém a colheita mecânica comercial da cana-de-açúcar inteira não é muito difundida. Já o termo cana-de-açúcar picada se refere ao sistema que emprega colhedoras para efetuar o corte e o carregamento (SILVA, 2006).

Além da necessidade de entrega contínua de matéria-prima nas usinas, as máquinas e veículos que são utilizados na produção da cana-de-açúcar são equipamentos de alto investimento. Dessa forma, para aproveitá-los intensamente, turnos de trabalho são determinados ao longo das 24 horas do dia. O procedimento usual considera o trabalho dos

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operadores em três turnos de oito horas, mas algumas usinas trabalham com sistema de dois turnos.

Os tipos de transportes da cana-de-açúcar utilizados no país são: ferroviário, hidroviário e rodoviário, sendo o último o de maior utilização.

Através da malha rodoviária circula cerca de 95% de toda cana-de-açúcar colhida no País e as vias utilizadas podem pertencer à propriedade, aos municípios, aos estados ou ao Governo Federal (SILVA, 2012).

A otimização dos transportes é importante para garantir o abastecimento de cana-de- açúcar nas usinas a um menor custo possível, considerando os altos custos envolvidos na cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro.

O transporte da cana-de-açúcar é predominantemente do tipo rodoviário, com o emprego de caminhões que transportam cana-de-açúcar inteira (colheita manual) ou cana- de-açúcar picada (colheita mecânica). Há diversos tipos de composições de transporte para cana-de-açúcar, sendo os mais utilizados o caminhão com um reboque (Romeu e Julieta), o caminhão com dois reboques (Treminhão) e o cavalo-mecânico com dois semi-reboques (Rodotrem), que são apresentados na Tab. 3.1. A frota pode ser homogênea ou ter várias categorias de caminhões com diferentes capacidades e características operacionais.

Tabela 3.1 - Composições usuais para o transporte de cana-de-açúcar

Descrição Esquema Nome Popular

Caminhão plataforma com um

reboque acoplado Romeu e Julieta

Caminhão plataforma com dois

reboques acoplados Treminhão

Cavalo mecânico com dois

semi-reboques acoplados Rodotrem

O transporte é efetuado de forma repetitiva entre a usina e as frentes de corte. A principal característica deste sistema é que um caminhão, a cada viagem, visita apenas um ponto de fornecimento de cana-de-açúcar, retornando em seguida à usina.

De acordo com a composição de transporte e o tipo da carroceria utilizada, variam a necessidade de potência do motor do caminhão, a capacidade de carga transportada por viagem, as velocidades de deslocamento (vazio e carregado), o tipo de carregamento no campo e o tipo de descarga na usina.

Para o transporte da cana-de-açúcar, a troca de turnos pode ocorrer apenas na usina, no campo e na usina, ou em sistema de troca em trânsito. Neste último sistema, um veículo

transporta os operadores até encontrarem seu veículo de trabalho para que a troca seja feita em seu devido horário de troca de turno.

Embora atualmente não seja uma prática muito difundida, algumas usinas têm realizado contrato de terceirização de algumas operações, como, de acordo com Silva (2006), a colheita mecanizada, o carregamento de cana-de-açúcar inteira e o transporte.

A primeira e grande decisão a ser tomada é se o serviço de transporte na empresa deve ser próprio ou contratado. Esta decisão é complexa e deve ser precedida de estudos especializados de viabilidade econômico-financeira, além de fatores políticos e estratégicos. Hoje as empresas buscam concentrar-se em sua verdadeira vocação, terceirizando atividades não afins (GUIMARÃES, 2006).

As operações de corte, carregamento e transporte (CCT) envolvem equipamentos de custos elevados, tais como colhedoras, carregadoras, tratores e caminhões. O planejamento da utilização desses insumos de produção requer decisões quanto à sua quantificação.

Dimensionar a frota é definir a quantidade certa de veículos para atender a demanda de transporte na empresa (GUIMARÃES, 2006). Caso o dimensionamento do transporte não esteja adequado, poderão ocorrer problemas de abastecimento de cana-de-açúcar na usina. Segundo Caixeta et al. (1998), as operações de CCT respondem por 30% do custo da cana- de-açúcar entregue para moagem, e na sequencia desses custos, após a moagem, o transporte é a operação mais cara, seguida pelo carregamento.

O estudo visando à organização e à racionalização das operações do transporte rodoviário poderá representar uma grande economia de recursos para as empresas do setor, bem como aumentar a eficiência operacional e, consequentemente, a produtividade dos caminhões (LEITE, 1992 apud BERGER et al., 2007).

Assim, o sistema de transporte deve ser eficiente, sem haver ociosidade de equipamentos e deve fornecer matéria-prima em quantidade suficiente sem ocasionar parada da indústria por falta desta, uma vez que qualquer interrupção na moagem irá ocasionar vários transtornos no processo de fabricação e, em consequência, reduzirá a eficiência global da indústria, o que é extremante indesejável.

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