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Juras (2000), afirma que em relação aos resíduos sólidos e sua reciclagem, a legislação brasileira é bastante

CAPITULO 3 – MÉTODO PROPOSTO

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1.3 Planejamento experimental estatístico

Kaoru Ishikawa em 1982 sistematizou uma ferramenta para identificar as causas de um processo produtivo, o “diagrama de causa e efeito”, também conhecido como “diagrama de Ishikawa” ou “diagrama espinha de peixe” ou “diagrama 6M’s”. O diagrama de Ishikawa é uma

ferramenta extremamente útil para apresentar relação existente entre o

resultado de um processo, e as causas que tecnicamente possam afetá-lo. O diagrama de Ishikawa sugere seis famílias de causas, que influenciam diretamente nos resultados de um processo. O Quadro 14 apresenta as famílias propostas por Ishikawa.

Quadro 14 - Famílias de causas do diagrama de Ishikawa Família Descrição

Medida

São as causas que envolvem a calibração dos instrumentos de medida, o acompanhamento dos indicadores, a metodologia de coleta e análise dos dados e as variações dos resultados

Meio ambiente

São as causas que envolvem o meio ambiente e suas variações e o ambiente de trabalho (layout, dimensionamento inadequado das máquinas e equipamentos, entre outros)

Máquinas São as causas que envolvem as máquinas que estão em operação

Mão-de-obra São as causas que envolvem os operadores e suas atitudes

(pressa, imprudência, indecisão, entre outros)

Método São as causas que envolvem o método de trabalho e seu

procedimento

Matéria-prima São as causas relacionadas com a matéria-prima que é utilizado

no ambiente de trabalho

Fonte: Adaptado de Ishikawa

Entre estas causas estudou-se as que mais contribuem para geração de resíduo na ICCSE, bem como as que são apontadas como as

que devem ser monitoradas, dentro dos vinte e cinco processos propostos pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H). O PBQP-H em suas Seções 6, 7 e 8 propõe o gerenciamento e a monitoração dos requisitos de recursos humanos, materiais e medições e métodos respectivamente.

Por meio de pesquisa bibliográfica, observou-se que entre os vinte e cinco processos que devem ser controlados pelo PBQP-H, os maiores geradores de resíduo são os processos de aplicação de revestimento de reboco e assentamento de blocos cerâmicos.

Desta forma, este trabalho, aliando as causas de um processo propostas por Ishikawa e as diretrizes do PBQP-H estudou as influências das causas: método, matéria-prima e mão-de-obra, na geração de resíduos nos processos de aplicação de revestimento de reboco e assentamento de blocos cerâmicos. Para efeitos de pesquisa avaliou-se o revestimento de reboco interno e externo, em áreas secas e úmidas com dois tipos de argamassa, uma com controle industrial, considerada positiva, e outra, semi industrializada, com adição de cimento no canteiro de obra, considerada negativa. Os blocos cerâmicos, bem como a mão- de-obra foram avaliados, quanto a sua qualidade, pelos mestres de obra e engenheiros das empresas participantes da pesquisa.

O Quadro 15 apresenta a instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa de campo.

Quadro 15 - Planilha de coleta de dados

Fonte: Instrumento de coleta de dados

A partir da decisão de pesquisar os três fatores de produção com influência direta na geração de problema utilizou-se o instrumento de coleta de dados apresentado no Quadro 15. Observa-se no instrumento os seguintes registros que são extremamente importantes para análise da pesquisa:

a) construtora – identificação da construtora participante da pesquisa, vale salientar que as construtoras que fizeram parte da pesquisa foram as três maiores da cidade de Criciúma;

b) data – dia do início da pesquisa;

c) nome da edificação – nome do edifício pesquisado; d) área – área total da edificação;

e) cidade – nome da cidade onde a edificação está localizada;

f) estado – estado ao qual pertence a cidade;

g) possui algum tipo de certificação – identifica a construtora ou obra certificada em programas da qualidade. A partir dessa

informação foi possível classificar o trabalhador como tendo conhecimento do método, pois as empresas certificadas devem ter o procedimento operacional implantado;

h) serviço avaliado – identificação do serviço analisado; i) fator de produção – avalia-se o fator de produção que irá ser avaliado bem como se estabelece uma nota para o funcionário em acordo com o mestre de obras e engenheiro responsável técnico da obra; j) nome do profissional – nome do funcionário responsável pelo serviço;

k) quantidade de serviço (m² ou m³) – aponta-se aqui a quantidade de serviço que foi realizada durante o período da coleta de dados;

l) área da peça ou pavimento (m² ou m³) – área do apartamento ou peça onde foi realizado o serviço;

m) volume/peso do resíduo – identificou-se neste item a quantidade de baldes, de vinte litros, retirado de resíduo da obra, o peso de cada balde, e o peso de cada balde vazio;

n) data da coleta – dia em que se coletaram os dados. Todos estes dados foram coletados, entre os meses de janeiro a maio de 2106, e utilizados quando se realizou a análise dos resultados.

A partir do levantamento em campo, foram identificados os dois tipos de resíduos (materiais) gerados nas empresas pesquisadas, e dos serviços constantes do SiAC a eles associados, foi utilizado planejamento experimental estatístico (DoE) tipo fatorial completo ou fracionado para determinar qual tipo de serviço é o maior gerador de resíduos por tipo e quantidade.

Segundo Montgomery e Runger (2010), em análise estatística uma série de conceitos e notações deve ser empregada. Os fatores são as variáveis em estudo. Os níveis são os valores dados aos fatores. Tratamentos são as combinações dos fatores com todos os seus níveis. Variável de resposta é a propriedade ou o fenômeno que está sendo analisado, neste caso, o serviço associado ao SiAC que pode ou não gerar resíduo. Erro experimental é a variação ou flutuação de uma observação ou medida; é uma variável aleatória e não controlável.

Quando uma determinada propriedade é medida, e quando dados são coletados, há sempre uma variação de valores. Uma propriedade medida nunca é absoluta, é inerente a toda medição uma variação em torno de um valor central. Esta flutuação é devida a fatores não controláveis e inevitáveis, chamados de erros experimentais (MONTGOMERY e RUNGER, 2010).

No presente trabalho optou-se por um projeto fatorial do tipo 2k, três fatores analisados variados em dois níveis cada, formando um planejamento fatorial completo. Para os dois principais tipos de resíduos gerados nos canteiros de obras e determinados na etapa de levantamento em campo, foram associados os serviços segundo o PBQP- H, que mais geram estes resíduos. Estes serviços foram considerados os fatores principais, para cada tipo de resíduo, sendo seus níveis: a não execução (-1), execução parcial (0) ou completa execução do serviço (+1), segundo o PBQP-H. O objetivo desta etapa foi mapear os processos que devem ser controlados segundo o PBQP-H.

Assim, a Tabela 5, apresenta a matriz que estabelece a relação entre resíduo gerado e qualidade do serviço prestado.

Tabela 5 - Matriz de serviços x fatores de produção Qualidade/linha Fatores de produção

Mão-de-obra Método Matéria-prima

F1 - - - F2 - - + F3 - + - F4 - + + F5 + - - F6 + - + F7 + + - F8 + + +

Fonte: Matriz ANOVA

A Tabela 5 apresentou as possíveis variações para os fatores de produção. Para o fator de produção “mão-de-obra” a avaliação positiva “+” ou negativa “ – “ foi estimada pelos profissionais das construtoras pesquisadas: mestre de obras e o corpo técnico de engenheiros. Para o fator de produção “método” a avaliação foi realizada em função da certificação da construtora, se a construtora é certificada pelo PBQP-H, considerou-se “ + ” senão, considerou-se “ – “. Para o fator de produção “material” a avaliação foi realizada de acordo com a qualidade percebida pelos profissionais que executam o processo, pedreiros, os mestres de obra e o corpo técnico de engenheiros.