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3 PROCESSO DE PLANEJAMENTO

3.2 Planejamento Tático (Orçamento)

3.2.2 Planejamento Financeiro

Esse tipo de planejamento é o resultado financeiro do orçamento operacional. Consiste na projeção de demonstrações e instrumentos financeiros, como o Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) e Fluxo de Caixa. A projeção da DRE, por exemplo, é totalmente influenciada pelo orçamento operacional, pois foi este que projetou as receitas, custos e despesas.

Frezatti (2007, p. 72) define o planejamento financeiro:

A etapa financeira, também denominada demonstrativos contábeis projetados, é o momento de consolidar o orçamento propriamente dito. Decorre de todos os outros planos e deles depende para poder ser elaborada. Tem por finalidade transformar em uma única linguagem (monetária) as decisões de implementação de todo o processo do orçamento.

Isso significa que o plano operacional implementado, a partir do planejamento financeiro, será analisado perante uma visão monetária e econômica. Se o plano operacional estabeleceu que a meta de vendas iria se elevar, as consequências refletirão no planejamento financeiro.

As demonstrações contábeis permitem a análise global do processo de planejamento. Nos casos em que as entidades, na etapa de montagem/revisão do plano estratégico, projetam as demonstrações, existe a disponibilidade de informações comparativas no sentido do que esperar do resultado, do que esperar da situação patrimonial, do caixa etc. Quando isso não se verifica, todo o peso da análise financeira acaba sobrecarregando o orçamento, pois as demonstrações financeiras projetadas indicam a adequação financeira de todas as decisões planejadas.

Sendo assim, o orçamento operacional exerce grande influência sobre as demonstrações financeiras projetadas. Como tanto a projeção operacional, quanto a financeira foram realizadas de acordo com o planejamento estratégico, caso a concretização dos fatos no operacional não aconteça de acordo com o orçado, as demonstrações financeiras serão diretamente afetadas, e assim, os objetivos do planejamento estratégico não serão atingidos.

Além de projetar o Balanço Patrimonial e a DRE, o Planejamento Financeiro compreende também o Orçamento de Caixa, que deverá conter os dados programados referentes aos investimentos e financiamentos.

Bomfim e Passarelli (2003, p. 111) ressaltam a importância do Orçamento de Caixa:

Concluído o Orçamento de Caixa, caso apareçam situações impróprias referentes aos saldos de caixa previstos, todos os demais orçamentos – de vendas, de compras, de investimento, etc. – deverão ser revisados para correção da situação imprópria constatada.

Já Padoveze (2003, p. 261) reconhece a importância do Orçamento de Caixa, porém oferece maior ênfase às Demonstrações Contábeis Projetadas:

É muito comum na literatura contábil entender que o Orçamento de Caixa é que encerra o ciclo do processo orçamentário. É certo que necessitamos do Fluxo de Caixa, seus saldos iniciais e finais para obter as receitas financeiras. Contudo, o Saldo de Caixa é apenas mais um dos saldos do Balanço Patrimonial e decorre, fundamentalmente, das demais contas de resultados e do próprio Balanço. Portanto, é mais fácil entender o Saldo de Caixa, ou Orçamento de Caixa, como um dado residual. O Saldo de Caixa é o que sobra (ou eventualmente falta) após todas as transações operacionais, de investimentos e financiamentos serem projetadas e refletidas no Balanço Patrimonial. Portanto, decorre delas.

A partir destas duas afirmações, verifica-se o quanto o Planejamento Financeiro faz-se importante, e que seu objetivo é projetar os demonstrativos

contábeis. O Orçamento de Caixa, nesse sentido, torna-se uma ferramenta de apoio à essas projeções. Enquanto o Balanço Patrimonial e a DRE apontarão a situação econômico-financeira da empresa, o Fluxo de Caixa será responsável por mostrar a liquidez da empresa, e auxiliará também o processo de planejamento, caso o resultado final não seja atendido.

Gitman e Madura (2003, p. 375) assim definem:

O planejamento financeiro é um aspecto importante das operações da empresa porque fornece diretrizes para orientar, coordenar e controlar as iniciativas da empresa, de modo a atingir seus objetivos. Dois aspectos fundamentais do processo de planejamento financeiro são planejamento de caixa e planejamento de lucros. O planejamento de caixa envolve a preparação do orçamento de caixa da empresa; o planejamento de lucros envolve a preparação das demonstrações financeiras pro forma.

Nesse sentido, conclui-se que tanto o planejamento de caixa, quanto o planejamento das demonstrações financeiras são indispensáveis para o Planejamento Financeiro. Observa-se também que lucro e caixa, são dois fatores distintos. O primeiro, representa a lucratividade que a empresa obtém relacionada a um nível de vendas, ou a um investimento. Já o caixa representa quanto a empresa possui efetivamente, em dinheiro. É o resultado das entradas e saídas de caixa da empresa.

Sendo assim, o Planejamento Financeiro é a última etapa do processo de planejamento: trata-se do resultado econômico-financeiro, de tudo o que foi projetado. Ou seja, todos os orçamentos de vendas, compras, produção, pessoal, investimentos e financiamentos, refletirão nas projeções financeiras.

O Planejamento Financeiro pode também dividir-se entre longo e curto prazos.

“Os planos financeiros de longo prazo são parte de uma estratégia integrada que, com os planos de marketing e de produção, orienta a empresa para a realização de seus objetivos estratégicos”. (GITMAN e MADURA, 2003, p. 375)

Com isso, os planos a longo prazo servem para coordenar e orientar financeiramente os objetivos estratégicos da empresa, de maneira que estes venham a ser atingidos com o passar dos anos, ou de um determinado período. Porém, este plano só poderá ser seguido através de planos financeiros a curto

prazo, que são resultados dos orçamentos operacionais. Ou seja, os planos a curto prazo estão inseridos no planejamento a longo prazo, e este, por sua vez, funciona como orientação para preparar planos financeiros a curto prazo.

Além disso, o Planejamento Financeiro não é somente uma responsabilidade do gestor financeiro, ou então do tesoureiro. Trata-se de um resultado dos orçamentos de todas as áreas da empresa.

Cheng e Mendes (1989, p. 4) afirmam:

Para haver uma gestão financeira eficaz, a empresa deve reconhecer que ela é responsabilidade de todas as áreas e não só da área financeira. E sendo assim todas as áreas devem planejar e controlar seus recursos de forma que os parâmetros básicos da gestão financeira (montante de dinheiro, prazo e custo de capital) sejam bem administrados.

Com isso, observa-se a importância do gerenciamento das informações, pois são as informações geradas pelos diversos departamentos da empresa, que servirão como base para as projeções financeiras. Compras não programadas, ou prazos de recebimentos ou pagamentos não pré-estabelecidos, podem impactar fortemente na saúde financeira da empresa.

Após a estruturação das informações obtidas por todos os departamentos da empresa, inicia-se o processo da projeção das demonstrações contábeis e financeiras.

De acordo com Padoveze (2003, p. 262), a Projeção dos Demonstrativos Contábeis fundamenta-se:

 em um Balanço Patrimonial inicial;

 na Demonstração de Resultados do período orçamentado (projetado);

 no Balanço final após a Demonstração de Resultados;

 no fluxo de caixa como consequência (diferença) dos três itens anteriores.

Nesse caso, o autor não utiliza o método de entradas e saídas para obter o fluxo de caixa, mas utiliza o método do valor residual no balanço patrimonial, ou seja, projeta todos os itens componentes do Balanço Patrimonial, e por último, o saldo final de Caixa.

Padoveze (2003, p. 263) continua:

Partindo da equação fundamental da Contabilidade de que Ativo = Passivo, após projetarmos todos os demais itens do Balanço Patrimonial e após incluirmos o Líquido após os Impostos sobre o Lucro, automaticamente a diferença será o Saldo de Caixa.

Porém, o próprio autor ressalva que, apesar deste método apresentar maior rapidez, oferece maior risco também, pois os cálculos para a elaboração do Balanço devem ser mais rigorosos, pois se houver algum erro de cálculo, o saldo de caixa será diretamente afetado.

Seguindo este raciocínio, Gitman e Madura (2003, p. 383) afirmam que, simulando a ocorrência de vendas e outros eventos, a empresa pode desenvolver uma distribuição da probabilidade de seus fluxos de caixa finais para cada mês.

Além disso, o fluxo de caixa torna-se um importante instrumento no processo de planejamento, pois através dele, podem ser realizadas estimativas de vendas, compras, investimentos, etc., e a partir destas projeções, aliadas às demais projeções contábeis e financeiras, a empresa poderá projetar seus resultados financeiros e econômicos o mais próximo possível da realidade, caso os planos orçados sejam efetivamente realizados.

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