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Hipótese 2: Quando da existência de mecanismos informais de conformação, menor o impacto de mecanismos regulativos formais na

3.2 Planejamento da Pesquisa

3.2.1 Sujeito

Em experimentos, um procedimento largamente utilizado é de compor a amostra da pesquisa a partir de alunos de graduação ou MBA. Esse procedimento, às vezes, é observado com certa reserva e normalmente é apontado como uma das limitações da técnica experimental, visto que se questiona se essa amostra pode representar efetivamente o comportamento de tomadores de decisão (considerados mais sofisticados que alunos de graduação ou MBA) fora do ambiente laboratorial.

No entanto, Davis e Holt (1993) apontam diversos estudos Dyer, Kagel e Levin

(1989), Smith, Suchanek e Williams (1988), Mestelman e Feeny (1988) e DeJong et al (1988) - onde se comparou o comportamento de tomadores de decisão em ambientes naturais com aqueles demonstrados nas amostras-padrão experimentais (estudantes de graduação ou MBA) e, os resultados encontrados por esses estudos não apontaram nenhuma diferença significativa de comportamento.

Dessa maneira, nesse trabalho, a população com a qual trabalhamos foi de alunos de graduação dos cursos de administração e economia da FGV, contabilizando um total de 1.981 alunos, segundo levantamento feito Departamento de Inteligência de Mercado (DCM) da FGV. Portanto, nossa amostra da pesquisa foi, de fato, composta por alunos da graduação da EAESP-FGV e EESP-FGV. Assim, trabalhamos com

participantes recrutados entre alunos do 1o ao 8o semestre dos cursos de

administração de empresas, administração pública e economia.

90 alunos de graduação foram então inscritos. O tamanho da amostra foi influenciado pela restrição orçamentária do trabalho (uma vez que todos os

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participantes foram pagos), pela disponibilidade de infra-estrutura disponível (3 laboratórios de informática foram utilizados simultaneamente) e tempo (as sessões do experimento foram rodadas em apenas 3 dias para evitar, ao máximo, que os elementos da amostra se comunicassem, comentando como foi o jogo e influenciando o comportamento daqueles participantes, cujas sessões ainda não haviam sido realizadas).

Um questionário pós-experimento, preenchido por cada um dos participantes, forneceu as seguintes informações sobre a amostra utilizada nessa pesquisa:

Feminino 37% Sexo Masculino 63% AE 68% AP 20% Curso EE 12% Sim 40% Bolsista Não 60% Sim 31% Experiência Prévia em Experimentos Não 69% De 3 a 10 salários mínimos 13% De 10 a 20 salários mínimos 28% Renda

Acima de 20 salários mínimos 59%

Tabela 1: Dados de Característica da Amostra Fonte: Elaborada pela autora.

Conforme mostra a tabela, dos 90 indivíduos da amostra, observamos uma razoável preponderância de homens (57) sobre mulheres (33).

Como já comentado, a amostra foi composta de alunos dos três cursos de graduação da EAESP-FGV. Desses cursos, Administração de Empresas, Administração Pública e Economia de Empresas, o primeiro foi o responsável por boa parte da composição da amostra (61 de 90 alunos recrutados), seguido de AP (18 alunos) e, por último, Economia (apenas 11 alunos).

Desses alunos, houve uma certa dominância de alunos que não utilizam bolsa escolar para financiar o pagamento do curso (54 alunos). Coerentemente com a

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constatação de menor número de alunos bolsistas, a amostra mostrou maior quantidade de alunos com renda superior a 20 salários mínimos (53 alunos).

Em relação à experiência prévia em experimentos, houve uma forte dominância de alunos que nunca participaram de experimentos desse tipo (62 alunos).

O estudo mais aprofundado desses dados poderia fornecer valiosas constatações sobre a influência dessas variáveis nas decisões de cooperação observadas na situação apresentada neste estudo. Porém, uma vez que o escopo deste trabalho não abrange tal investigação, optamos apenas pelo uso desses dados para apresentar um breve perfil da amostra estudada.

3.2.2 Metodologia

O experimento baseou-se em um ambiente de provisão de bem comum. A cada sessão, os participantes, que se candidataram voluntariamente ao experimento, foram divididos em 5 grupos compostos de 6 membros cada. A cada participante, foi fornecida uma dotação inicial de 10 pesos experimentais ao início de cada rodada da sessão. A cada rodada, uma decisão individual deveria ser tomada entre investir qualquer quantia da dotação em uma de duas contas propostas: um fundo pessoal (que chamaremos de P) ou um fundo comum ao grupo (que chamaremos de G).

A quantia investida no fundo P pertencia total e unicamente ao indivíduo; já a quantia investida no fundo G recebia uma dada taxa de juros (seria multiplicada por um fator de rendimento de 2.4) e era dividida igualmente entre todos os membros do grupo. Desse modo, o payoff de cada membro era a soma do investimento feito na conta P mais a parte compartilhada igualmente da conta G. Assim, a utilidade de cada membro i foi dada por:

n

r

G

P

U

n j j i i 1

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Onde:

Pi correspondia à quantia investida no fundo pessoal pelo membro i;

Gj correspondia à quantia investida no fundo G por cada membro do grupo; r correspondia ao fator de rendimento das contribuições feitas no fundo G; n correspondia ao número de membros em um grupo.

Baseado nesse modelo inicial, desenvolveu-se quatro tratamentos no experimento de provisão de bem comum, de modo que as hipóteses do trabalho pudessem ser testadas.

Quadro 2: Tipos de Tratamento Fonte: Elaborado pela autora.

O primeiro tratamento, que chamamos de ambiente base ou T1, não contou com nenhum tipo de mecanismo regulativo, de modo que os participantes não puderam se comunicar e discutir as decisões tomadas, nem punir aqueles que, porventura, não contribuíssem para o fundo comum ao grupo. No segundo tratamento, T2, os membros do grupo ainda não puderam se comunicar entre as rodadas, porém inseriu-se um mecanismo de coerção formal para não-cooperação no fundo comum. O indivíduo, que não contribuísse para a conta G, era punido com uma multa sobre sua renda, assim como a decisão de cooperação na conta de grupo era premiada. No terceiro tratamento, T3, apesar de não estar operando nenhuma sanção formal (sem punição ou premiação sobre a renda) sobre as decisões do grupo, inseriu-se um mecanismo informal de pressão de conformação: a comunicação entre os membros. Finalmente, no quarto tratamento, T4, tanto a comunicação quanto a punição/premiação sobre a renda foram aplicadas, de modo que as decisões dos participantes sofriam pressões, tanto formais quanto informais, de regulação.

Tratamento 1 - (T1 = NC/NP): Não Comunicação e Não Punição Tratamento 2 - (T2 = NC/P): Não Comunicação e Punição Tratamento 3 - (T3 = C/NP): Comunicação e Não Punição Tratamento 4 - (T4 = C/P): Comunicação e Punição

Tratamento 1 - (T1 = NC/NP): Não Comunicação e Não Punição Tratamento 2 - (T2 = NC/P): Não Comunicação e Punição Tratamento 3 - (T3 = C/NP): Comunicação e Não Punição Tratamento 4 - (T4 = C/P): Comunicação e Punição

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Três sessões foram desenvolvidas no experimento, onde os tratamentos foram alternados da seguinte maneira:

Esquema 3: Tratamentos por Sessão Fonte: Elaborado pela autora.

A cada rodada, independente do tratamento, os participantes foram informados do total de contribuições feitas pelo grupo no fundo G, seu ganho individual (tanto o auferido na rodada como o acumulado no tratamento) e um histórico da sua contribuição individual e a média do grupo. Informações sobre os payoffs ou as contribuições individuais dos outros membros no fundo G não foram fornecidas (ver Instruções ao Jogador em Apêndice APÊNDICE A).

O mecanismo de comunicação (utilizado nos tratamentos 3 e 4) funcionou da seguinte maneira: a cada três rodadas, os membros do grupo discutiam o problema de decisão proposto. A comunicação foi gravada. Vale sublinhar que esse mecanismo não alterava os ganhos monetários de cada membro do grupo. Desse modo, consideramos a mesma função de utilidade na nossa análise teórica preditiva.

O mecanismo de punição funcionou da seguinte maneira: se a quantia G i investida

pelo membro i fosse menor que o investimento médio G na conta de grupo G, uma

Sessão 1