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Como o Plano de Ação Articuladas influencia a gestão da educação básica pública no

O PAR apresenta quatro dimensões: gestão educacional; formação de professores e de profissionais de serviço e de apoio escolar; práticas pedagógicas e avaliação, e infraestrutura física e recursos pedagógicos. No âmbito nacional o PAR prioriza o planejamento orgânico sistêmico onde as políticas de inclusão obrigatórias.

No Distrito Federal o PAR priorizou a distribuição e execução das subações na dimensão quatro infraestrutura física e recursos pedagógicos que se concentrava um percentual maior de insuficiência no nível de pontuação.

Dessa forma, neste item busca-se relacionar a dimensão um, Gestão Democrática do PAR, apresentada nos quadro 11 e 12 com a estrutura de gestão da educação básica no DF de 2000 a 2013. Na figura 2 vemos o espelho no ambiente virtual do PAR do DF.

A partir do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), as transferências voluntárias de recursos e de assistência técnica do Ministério da Educação (MEC) para a educação básica passaram a estar vinculadas à adesão do Distrito Federal ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação e à elaboração de seu Plano de Ações Articuladas (PAR).

A dinâmica do PAR tem três etapas. Primeiramente é feito um diagnóstico da realidade da educação, seguido da elaboração do plano na esfera do município/estado. A terceira etapa é a análise técnica, feita pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação e pelo FNDE. Depois da análise técnica, o município assina um termo de cooperação com o MEC, do qual constam os programas aprovados e classificados segundo a prioridade municipal. O termo de cooperação detalha a participação do MEC – que pode ser com assistência técnica por um período ou pelos quatro anos do PAR e assistência financeira. No caso da transferência de recursos, o município precisa assinar um convênio, que é analisado para aprovação a cada ano.

Para o Distrito Federal o PAR configura-se como um planejamento da educação em caráter plurianual, ou seja, um instrumento de médio prazo, previsto no artigo 165 da Constituição Federal, regulamentado pelo Decreto 2.829, de 29 de outubro de 1998, que estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração pública nesta área para um período de 4 anos.

Como o processo do PAR se inicia com o diagnóstico da realidade distrital, os indicadores da dimensão um do PAR, gestão democrática: Articulação e desenvolvimento do sistema de ensino, do Distrito Federal apresentados via SIMEC são evidenciados a seguir.

Os indicadores da dimensão um do PAR para o DF são: existência e avaliação do Plano Distrital de Educação, desenvolvido no Plano de Educação; existência, composição, competência e atuação do Conselho Distrital de educação; Existência de projeto pedagógico, nas escolas, participação dos professores e do conselho escolar na sua elaboração, orientação da secretaria de educação e consideração das especificidades de cada escola; composição do conselho do FUNDEB e do conselho de Alimentação Escolar; Existência e atuação do Comitê Local do Compromisso.

a) Existência de Conselhos

O Distrito Federal possui umConselho de Educação, instituído pelo Decreto nº 171, de 7 de março de 1962 composto por dezoito membros, com mandatos de quatro anos, permitida uma recondução para o período imediatamente subseqüente. É um órgão consultivo-normativo de deliberação coletiva e de assessoramento superior à Secretaria de Educação, com a atribuição de definir normas e diretrizes para o Sistema de Ensino do Distrito Federal. O Conselho sempre foi constituído por membros que representam os interesses dos empresários distritais, o magistério oficial e particular bem como os diversos graus de ensino.

O Conselho de Educação do Distrito Federal é responsável pelo acompanhamento da implementação da política local de educação e pronuncia-se para atender a demandas recebidas. De acordo com o Art. 2º do Decreto Distrital 20.551, de 3 de setembro de 1999, além de outras competências que lhe são conferidas pela legislação federal e do Distrito Federal

Art. 2º compete: I – definir:

a) normas para organização e funcionamento do Sistema de Ensino do Distrito Federal;

b) diretrizes para organização administrativa, educacional e disciplinar das instituições educacionais públicas e privadas;

c) diretrizes sobre supervisão, fiscalização e acompanhamento das instituições públicas e privadas;

d) critérios para autorização de cursos e outras atividades, credenciamento e recredenciamento de instituições educacionais;

e) critérios para avaliação da educação no Distrito Federal; II – aprovar:

a) matérias relativas à organização, à autorização de funcionamento e ao reconhecimento de cursos e outras atividades, ao credenciamento e ao recredenciamento de instituições educacionais;

b) políticas, planos, projetos e programas educacionais propostos para a educação no Distrito Federal;

III – emitir parecer sobre:

a) assuntos e questões de natureza educacional que lhe sejam submetidas pelo Secretario de Educação ou apresentadas por iniciativa de seus Conselheiros;

b) questões concernentes à aplicação da legislação educacional;

IV – acompanhar a implementação da política de educação do Distrito Federal;

V – assessorar o Secretário de Educação.

Quanto aos indicadores de “Composição e atuação do Conselho do FUNDEB e do Conselho de Alimentação Escolar”, no Distrito Federal o conselho FUNDEB foi instituído pela Lei Distrital nº 793, em 19 de dezembro de 2008, é organizado na forma de órgão colegiado e tem como finalidade acompanhar a repartição,

transferência e aplicação dos recursos financeiros do FUNDEB do Distrito Federal. Sua composição, de acordo com o Art. 5º; é a seguinte: I - 5 (cinco) representantes do Poder Executivo, sendo três da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, um da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Distrito Federal e um da Secretaria de Estado de Fazenda do Distrito Federal; II - 1 (um) representante do Conselho de Educação do Distrito Federal; III – 2 (dois) representantes de entidades sindicais, sendo um que represente a Carreira de Magistério Público e um que represente a Carreira Assistência à Educação; IV – 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básica pública do Distrito Federal, sendo um pai de aluno do ensino fundamental e um pai de aluno da educação infantil; V - 2 (dois) representantes dos estudantes do ensino médio do Distrito Federal, indicados pela entidade que representa os estudantes secundaristas do Distrito Federal. A nomeação dos membros se dá por indicação ou eleição por parte dos segmentos ou das entidades.

O Conselho de Alimentação Escolar do Distrito Federal – CAE/DF, foi instituído pelo Decreto nº 20.281, de 1º de junho de 1999. O órgão é colegiado deliberativo e de assessoramento. O Conselho é composto por representantes do Poder Executivo do Distrito Federal, representantes de professores, pais de alunos e da sociedade civil, com a atribuição de acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros do Programa de Alimentação Escolar do Distrito Federal – PEAE/DF, acompanhar e monitorar a aquisição dos produtos, zelando pela qualidade da alimentação escolar, até o recebimento da refeição pelos alunos, receber e analisar a prestação de contas e encaminhar ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, comunicar a Secretaria de Educação do Distrito Federal a ocorrência de irregularidades na execução do PEAE/DF.

A participação da comunidade na gestão da escola, especialmente na definição do projeto político-pedagógico, torna-se relevante para a reinvenção da escola. Para garantir a participação dos diferentes segmentos da escola e da comunidade local instituiu-se o Conselho Escolar33. Os Conselhos foram se

33

A eleição para o Conselho Escolar e para diretor e vice-diretor das instituições educacionais serão convocadas pela SEDF por meio de edital publicado na imprensa oficial e terão ampla divulgação (Art. 46 da lei nº 4.751/2012). A eleição foi normatizada pela Portaria nº 98, de 27 de Junho de 2012. – DODF 29/06/2012. Para referências a respeito de eleição de diretores ver entre outros: Dourado (1990) e Canesin (1993); Homesland et alii (1989) e Leal & Silva (1987); Heeman (1986) e Gonçalves (1994); Castro & Werle (1991); Werle (1991) sobre RS, SC e PR; Paixão (1994) sobre MS; Mendonça (1987) e Couto (1988); Calaça (1993). Paro (1996) faz uma análise das experiências de eleição no país. Dourado & Costa (1998) identificam as modalidades de escolha de dirigentes escolares nas esferas dos estados e dos municípios das capitais.

construindo como instâncias cada vez mais decisivas para o trabalho pedagógico. No Distrito Federal o envolvimento de todos os segmentos da comunidade escolar e da comunidade local está amparado no Art. 24 da Lei nº 4.751, de fevereiro de 2012, normatiza que cada instituição pública de ensino deve funcionar um Conselho Escolar, com caráter consultivo, fiscalizador, mobilizador, deliberativo e representativo da comunidade escolar. Os membros serão eleitos por todos os membros da comunidade escolar, ou seja, com representação de todos os segmentos: professores, funcionários e alunos, e da comunidade.

Temos um Conselho que foi eleito junto com a eleição de diretor e tem representantes de cada seguimento. O diretor é membro nato, tem representantes de pais, alunos, professores e de servidores. Foi uma eleição democrática. Nossas reuniões ordinárias são mensais, também temos reuniões extraordinárias a qualquer momento que for necessário convocar para interesses da escola. É relevante o Conselho saber de todas as nossas ações. Somos transparentes nesse sentido, de modo que a escola está para ensinar. Se na escola você administra com democracia, com participação e transparência, já há um aprendizado para que a gente possa de certa forma, melhorar nossa nação, nosso país (DE-5).

A escola possui Conselho Escolar. Tenho Conselho de Segurança. Tem todos os seguimentos. O diretor é membro nato, tem o seguimento professor, servidor (auxiliar de educação), tem o seguimento pais e alunos. O Conselho é atuante, inclusive teve eleição o ano passado. Ele está completo com todos os membros de todos os seguimentos [...] Fizemos a eleição de diretores como do Conselho Escolar (DE-3).

Quanto às atribuições do Conselho Escolar do Distrito Federal, a lei 4.751/2012 versa que:

Art. 25. Compete ao Conselho Escolar, além de outras atribuições a serem definidas pelo Conselho de Educação do Distrito Federal:

I – elaborar seu regimento interno;

II – analisar, modificar e aprovar o plano administrativo anual elaborado pela direção da unidade escolar sobre a programação e a aplicação dos recursos necessários à manutenção e à conservação da escola;

III – garantir mecanismos de participação efetiva e democrática da comunidade escolar na elaboração do projeto político-pedagógico da unidade escolar;

IV – divulgar, periódica e sistematicamente, informações referentes ao uso dos recursos financeiros, à qualidade dos serviços prestados e aos resultados obtidos;

V – atuar como instância recursal das decisões do Conselho de Classe, nos recursos interpostos por estudantes, pais ou representantes legalmente constituídos e por profissionais da educação;

VI – estabelecer normas de funcionamento da Assembléia Geral e convocá- la nos termos desta Lei;

VII – estruturar o calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente;

VIII – fiscalizar a gestão da unidade escolar;

IX – promover, anualmente, a avaliação da unidade escolar nos aspectos técnicos, administrativos e pedagógicos;

X – analisar e avaliar projetos elaborados ou em execução por quaisquer dos segmentos que compõem a comunidade escolar;

XI – intermediar conflitos de natureza administrativa ou pedagógica, esgotadas as possibilidades de solução pela equipe escolar;

XII – propor mecanismos para a efetiva inclusão, no ensino regular, de alunos com deficiência;

XIII – debater indicadores escolares de rendimento, evasão e repetência e propor estratégias que assegurem aprendizagem significativa para todos.

Desta maneira, o Conselho Escolar torna-se decisivo para o planejamento e gestão. Ele tem como finalidade acompanhar a gestão, buscar alternativas para enfrentar problemas e dificuldades e para implantar e implementar inovações. Essa situação pode ser observada nos depoimentos dos entrevistados, apresentados a seguir:

Temos Conselho Escolar. É formado por pais, professores, alunos e auxiliares da escola. Nosso conselho foi formado este ano 2012. Ele serve de apoio tanto financeiro como todas as discussões são levadas referentes ao processo de aprendizagem, questões administrativas, etc. É um órgão consultivo, deliberativo, de apoio(DE-4).

A escola possui Conselho Escolar. Tivemos eleição no final de 2012, em setembro. É um Conselho articulado, ativo. Tem a participação de todos os seguimentos(DE-2).

O Conselho é composto por 16 pessoas, 4 pais, 4 alunos, 4 assistentes da carreira e 4 docentes mais o diretor . Eles discutem o que vamos fazer, discutem o que é prioridade e eles assinam aquilo que foi comprado decidido dentro da escola (DE-6).

No que concerne ao Conselho Escolar, vários entrevistados ressaltaram sua existência na escola e sua atuação não só nas discussões financeiras, administrativas, mas também nas referentes ao processo de aprendizagem, observe que entre os parágrafos 4 e 13 da Lei 4751, p. 38, não menciona as atribuições do Conselho Escolar. O entrevistado da Liderança Sindical, em seu depoimento, aponta o aumento do trabalho docente.

o diretor vai fazendo, depois ele chega para cada membro do Conselho, principalmente os professore que são maioria, eles assinam e pronto [...] Nós professores trabalhadores em educação, funcionários precisamos estar cientes, entendermos da importância de participar disso. Veja onde estamos esbarrando. Você pega um professor que tem de estar trabalhando 64 horas/aulas por semana, você ainda quer que este professor participe da escola, esteja na associação de pais, esteja à disposição naquele pequeno tempo de descanso que ele quer ficar com a família(Liderança Sindical).

Percebe-se que o Conselho Escolar no Distrito Federal exerce um papel no acompanhamento da gestão, enfatizado pela lei 4.751/2012 bem como na realidade das escolas, conforme o depoimento dos gestores e diretores das escolas

entrevistadas. Isto não quer dizer que ele não sofre os reveses da política local, influenciando os processos decisórios da gestão escolar (MENDES, 2012).

A existência de Conselho Escolar, conforme apresentado na dimensão um do PAR, constitui-se numa efetiva instância de gestão democrática da escola. No entanto, Paro (2001) alerta para o fato que “[...] o Conselho é apenas mais um dos instrumentos de democratização, por isso a vontade democrática deve antecedê-lo e guiar-lhe as ações” (p. 82).

b) Existência de projeto político pedagógico nas escolas públicas

Os diretores entrevistados relataram que a elaboração de projeto político pedagógico - PPP é uma condição para os gestores participarem do processo de eleição das unidades escolares no Distrito Federal.

O PPP tem se sobressaído como um espaço de reestruturação dos caminhos do processo educacional de uma escola, envolvendo seus sujeitos na busca de um avanço qualitativo nos processos de participação.

No Distrito Federal a Lei nº 4.751, de fevereiro de 2012, que dispõe sobre o sistema de ensino e a gestão democrática, no capitulo III, quando fala da autonomia da escola pública, preconiza que cada unidade escolar formula e implementa seu projeto político pedagógico em consonância com as políticas educacionais vigentes e as normas e diretrizes da rede pública de ensino do Distrito Federal.

Embora promover a gestão democrática na rede de ensino seja uma das diretrizes do Decreto 6.094/2007, visando garantir a participação da comunidade nos processos de melhoria da qualidade da educação, deve-se ter consciência, segundo Gracindo (2009), que os avanços no sentido da democratização das relações no interior da escola são frutos das lutas que se construíram no bojo de toda a sociedade e não terá consistência se for uma democratização delegada pelos que representam o poder do Estado. Como ressalta o representante da Liderança Sindical:

Você precisa mudar a cabeça das pessoas, cultura do gestor público, do prefeito da cidade, ele precisa deixar de achar que é dono do município [...] claro que quanto mais você vai mostrando, trabalhando na perspectiva que a construção coletiva é aquela que pode efetivamente democratizar relações; é aquela que vai no processo formando as pessoas e entendendo melhor o funcionamento do mundo; que vão entendendo que fazer política não é uma coisa somente para alguns iniciados; que o pedreiro, o marceneiro, o professor na hora que eles se sentam para discutir a escola, como a merenda pode ser melhorada, como cobrar do governo a melhoria daquela escola, eles estão fazendo política e começam a descobrir coisas [...] Aquele prefeito, aquele governador, aquele gestor que era tão bonzinho

começa a descobrir que não é tão bonzinho assim, que as coisas podem melhorar. O que significa melhora para o conjunto não significa melhora para ele. A idéia é abrir mão do controle(Liderança Sindical).

Durante as entrevistas perguntamos aos diretores: sua Escola possui projeto

político pedagógico? Como é elaborado na escola? Quem participa? O DE-1

enfatizou a necessidade do PPP atender as exigências da comunidade, enquanto que o DE-2 ressaltou que ele foi construído e adaptado de acordo com a realidade da escola.

O colégio possui PPP, antes mesmo de eu assumir a direção. [...] Nós elaboramos um projeto primeiro para ser apreciado pela comunidade, porque era uma exigência do processo de seletivo [...] a comunidade referendava a nosso adesão ou não a direção [...] apresentamos o projeto aos professores, a comunidade e fizemos aqueles ajustes para poder ter uma participação mais efetiva da comunidade, mais ativa [...] não somente para dividir a responsabilidade, mas também para poder atender o anseio de saber o que eles pensam e esperam da escola e tentar atender de uma forma mínima possível as exigências da comunidade, a necessidade dela (DE-1).

Sim, a escola possui. É uma condição para os gestores a elaboração do PPP. Ele foi idealizado já há algum tempo. Nós não fazemos todo ano um PPP. Ele já é construído e nós vamos adaptando de acordo com a realidade da escola, com os projetos que deram certo, que temos que aprimorar, e com aqueles, não que não deram certo mas que precisam ser revistos, aprimorados. O PPP a gente vem fazendo alterações todo ano(DE-2).

A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas públicas se coloca como um dos fundamentos da qualidade da educação, como exercício efetivo da cidadania. E aqui se situa um dos maiores desafios dos educadores: democratizar a gestão da escola e dos sistemas de ensino. Escolas e cidadãos privados da autonomia não terão condições de exercer uma gestão democrática, de educar para a cidadania. A abordagem da gestão democrática do ensino público passa pela sala de aula, pelo projeto politico-pedagogico, pela autonomia da escola (BRANDÃO, 2010).

Em sintonia com o pensamento da autora, o DE-2 explicitou como o PPP foi elaborado e que segmentos participaram em sua escola.

Ele é elaborado nos 3 eixos: pedagógico, administrativo e financeiro. Elaborado com todos os seguimentos da escola: professores, carreira assistência, pais, alunos e a participação do Conselho Escolar. Ele é elaborado diante de perspectivas ou de solicitações também que são feitas. Como é a escola? Como é nossa clientela? Quem é o pai desse aluno? Quem é esse aluno? Quem é o professor? De que forma a escola vai trabalhar? Quais os recursos que a gente tem para aplicar? Então a gente não usa a palavra, “eu fiz o PPP”, mas “nós construímos o PPP”. Todo ano nós temos na escola avaliação institucional. São feitas 2 vezes ao ano, uma no primeiro semestre e outra no segundo. Partindo dessa avaliação a gente também se avalia e vê o que se pode aprimorar no PPP. Porque o fato dele

estar construído não quer dizer que não possa ser alterado. Então, baseado nisso, reunimos com os professores, com os servidores, o pai que vem, ou faz por escrito, ou manda recado pelo aluno, ou telefona. Então o PPP é construído coletivamente(DE-2).

O depoimento dos entrevistados coaduna com o pensamento de Brandão (2010) que compreende o PPP não como um conjunto de projetos, nem um mero documento de diretrizes, mas reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo, que pode influenciar e ser influenciado.

O PPP ainda está em construção. Quando eu assumi a escola não tinha o PPP. Aqui tinha muito problema administrativo, pedagógico, disciplinar. Tivemos que arrumar a casa. Agora conseguimos organizar toda a parte pedagógica, administrativa. [...] Agora nós estamos fazendo os projetos, que são elaborados junto com os professores, com a direção e supervisão pedagógica e a coordenação. Nós tínhamos muitos problemas, não tinha PPP, não tinha direcionamento, cada um fazia o que bem entendia. De início nós fizemos um planejamento geral para o ano. Cada professor fez o Plano de Ação Anual(DE-3).

[...] dentro de um PPP que foi construído por todos, onde reunimos os pais, os alunos para colher a contribuição, debater, em 2013 vamos trabalhar respaldados neste PPP, que tem como eixo a questão da cidadania, da diversidade e da sustentabilidade humana que já é um norte promovida pela Secretaria de Estado da Educação. Então de modo que a gente tem seguido o que está preconizado e tem dado certo aqui na nossa escola (DE-5).

Dessa forma em que pese as propostas externas do governo federal o comprometimento dos professores, funcionários, alunos e gestores na tomada de decisões possibilita a autonomia da escola, foi o que expressou o DE-1 quando indagado se as decisões eram partilhadas em sua escola.

São. Tudo o que nós vamos fazer na escola, quer seja a compra de materiais, ou elaboração de projetos, a gente partilha. No caso dos projetos a direção idealiza, até mesmo porque a justificativa é que comunidade não tem tempo, o professor não tem tempo, assim nós da equipe de direção (diretor/vice-diretor, supervisores pedagógicos, coordenador) rabiscamos e rascunhamos os projetos. Depois apresentamos aos professores pegamos as sugestões, passamos para a comunidade escolar, para os