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O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DE SERGIPE SOB A PROPOSTA DE

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: O DESENVOLVER-SE.

A partir da necessidade criada em se planejar o desenvolvimento social e econômico o Governo estadual se propôs a criar um Plano de Desenvolvimento que reúne um conjunto de ações em função dos novos usos políticos e econômicos dos “Territórios de Planejamento”. O Plano busca dinamizar a economia nos territórios por meio do discurso da equalização, baseando-se no aumento da produção e distribuição da riqueza ao longo de 10 anos14 (2008- 2018) e, para isso, repassa a sociedade também a responsabilidade de levar adiante o Plano junto aos gestores públicos, técnicos e empresários, tratado como um pacto entre governo e sociedade.

Os “compromissos do Governo” estariam relacionados especialmente à reconstrução do sistema viário e logístico para as atividades econômicas, à criação de infraestrutura ambiental e de recursos hídricos na busca pela sustentabilidade dos recursos naturais e à promoção do desenvolvimento territorializado e sustentável para atrair os investimentos privados e aumentar a competitividade dos territórios. Os “compromissos da sociedade” estariam ligados à mobilização social para a cidadania (através de cooperativas, associações, ONGs, movimentos sociais e partidos políticos), à articulação entre produção e pesquisa na geração de inovações por empresas e instituições científicas, à busca constante para elevar a qualidade e produtividade no trabalho e à realização de investimentos com responsabilidade social e ambiental nos locais onde estão inseridas.

O DESENVOLVER-SE foi gestado nas conferências municipais iniciadas em 2007 e parte da ideia de ajustar a relação entre a utilização dos recursos naturais, a utilização e a capacitação da força de trabalho e o investimento do capital através de novas tecnologias, de conhecimentos e de inovações, em busca da geração de emprego e renda e da diminuição da

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O então governador Marcelo Déda afirmou no lançamento do Plano que “o DESENVOLVER-SE traz um conjunto de ações que promovem o desenvolvimento em consonância com os territórios, objetivando o

crescimento de Sergipe a longo prazo” (disponível em

<http://www.sedurb.se.gov.br/modules/news/article.php?storyid=432>. Acesso em 02 de mar. de 2014). Na Solenidade, a assessora-chefe da Secretaria de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Local do BNDES destacou a proposta de planejamento integrada e a longo prazo.

concentração econômica em torno da capital (SERGIPE, 2008g). A concentração populacional e o agrupamento das atividades econômicas são postas em relevo, de modo que justificam a criação de políticas voltadas para as regiões com atividades pouco dinâmicas ou consideradas decadentes no estado, com menos “oportunidades” de negócios e esvaziamento populacional.

O Plano apresenta três tendências determinadas pela economia em Sergipe, são elas: a concentração social da renda - 47% da população estariam abaixo da linha da pobreza; a concentração espacial - 67,6% da riqueza estariam no litoral; e a concentração do PIB industrial - 43% vinculada à indústria de gás e petróleo e energia hidroelétrica (SERGIPE, 2008g). Conforme o documento, o estado se encontra em condições propícias para um crescimento econômico baseado no cenário nacional, compreendido pela estabilidade econômica e pelo modelo ao qual chamou de social-desenvolvimentista. Com isso, argumenta-se a necessidade de uma ação coordenada da economia sergipana para reverter tal tendência à concentração nos seus três âmbitos citados.

Os objetivos propostos são o de promover o crescimento do PIB sergipano, elevar a competitividade da economia, diversificar a base produtiva, distribuir a renda no território e distribuir a melhor renda nas classes sociais. Entre suas metas, destacam-se: a melhoria de estradas pavimentadas e construídas; a criação de oito (8) complexos empresariais integrados; a criação de oito (8) Unidades Produtivas Territoriais e oito (8) Centros Territoriais de Comercialização; o aumento da participação dos municípios do interior no PIB de 44 para 60%; o aumento de Sergipe nas exportações; aumento na produção de grãos de 261 para 520 mil toneladas; e, aumento do rebanho bovino de 1.061 para 1.400 mil.

Para isso, o Estado se utiliza da política de territorialização para identificar as vocações econômicas locais e os problemas comuns aos territórios, retomando a definição do conceito de território do MDA (BRASIL, 2005) para o uso dos “Territórios de Planejamento”. Uma das bases na discussão para se definir as diferentes ações foi tomada a partir do diagnóstico de cenários e vocações econômicas e da formação de identidades territoriais. Estas identidades são pensadas de maneira a fortalecer a coesão territorial e seus efeitos positivos no sistema produtivo local.

O TASS, certamente, é um território em foco para as ações do Plano de Desenvolvimento, pois apresenta o menor índice de IDH do estado, uma destacada produção de leite e rebanho bovino e um crescimento na produção de grãos de milho. Além disso,

acredita-se que o TASS necessite de mais investimentos em sua infraestrutura para que possa aumentar sua capacidade de comercialização e de produção, através das rodovias e da construção de um aeroporto em Canindé de São Francisco.

Planos de Desenvolvimento foram criados para cada território por meio dos Conselhos Setoriais e dos Conselhos Territoriais, com a participação de empresários, sindicatos, ONGs, movimentos sociais e Governo. A sistematização das discussões resultou em seis (6) estratégias de ações para a promoção do desenvolvimento, expressadas no quadro a seguir:

QUADRO I – ESTRATÉGIAS DE AÇÕES PARA O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DE SERGIPE

1 – Qualificação da força de trabalho - por meio da ampliação do ensino profissionalizante e técnico, expansão do ensino superior, melhoria do ensino fundamental, inclusão digital e interiorização dos serviços e equipamentos de saúde;

2 – Incentivo à inovação tecnológica e à democratização da C&T - através da implantação de sistemas de produção e difusão de C&T e ampliação do SERGIPETEC;

3 – Construção e manutenção da infraestrutura produtiva – com a ampliação e requalificação do porto de Sergipe, construção e modernização de aeroportos, modernização do sistema rodoviário estadual e federal, fomento ao transporte ferroviário e hidroviário, ampliação da oferta e da rede de distribuição de gás natural e ampliar o acesso de informação e comunicação por meio da internet;

4 – Melhorias da gestão dos ativos ambientais – através do ordenamento urbano, do projeto Água de Sergipe e da gestão de florestas e biomas;

5 – Promoções do investimento privado na escala estadual – por meio do adensamento das cadeias produtivas, fortalecimento da agricultura irrigada, fortalecimento da cadeia de petróleo e gás e promoção da atividade turística;

6 – Promoções do investimento privado na escala territorial – com o incentivo às MPES, apoio à agricultura familiar, projeto de combate à pobreza rural, promoção da economia e da cultura, interiorização da infraestrutura produtiva e organização e promoção dos arranjos produtivos locais.

Fonte: Plano de Desenvolvimento de Sergipe, 2008g. Org.: GOMES, C. M.M.

As Associações e Cooperativas aparecem como parceiras fundamentais para o estímulo aos investimentos privados na escala territorial, junto ao SEBRAE, agências multilaterais de financiamento, o MDIC, SergipeTec e bancos. Tais organizações são concebidas como peças chaves para a coesão territorial e suas atividades produtivas.

O Plano de Desenvolvimento de Sergipe ainda apresenta um diagnóstico sobre a economia estadual, destacando suas principais atividades produtivas e comparando seu crescimento do PIB com o do Nordeste e com o do Brasil. Tal raciocínio leva a concluir um significativo crescimento do índice do PIB do estado acima da média regional e nacional (SERGIPE, 2008g).

Nesse contexto, o Governo Estadual elaborou Planos Estratégicos de prazos mais curtos, como o de 2011-2014 que envolveu em sua discussão todos os Secretários de Estado, Diretores e Presidentes de entidades e assessores do Governo. Em uma de suas principais áreas de atuação estruturante, identifica-se algumas relacionadas diretamente ao fortalecimento da economia dos territórios: a ampliação da integração logística e transformação da infraestrutura e a potencialização da competitividade da economia sergipana (SERGIPE, 2011d). Programas foram desenvolvidos para fortalecerem tais ações, como o destinado à Produção Agropecuária e Desenvolvimento Rural (idem), em função de tornar visível possíveis capacidades locais para iniciarem e sustentarem determinadas atividades.

A ampliação da infraestrutura e a integração produtiva das localidades “vulneráveis” economicamente fazem parte dos desafios identificados pelo Estado em nome do crescimento econômico e de seus possíveis efeitos na melhoria de vida da sociedade. Portanto, o ordenamento da produção em sua dimensão territorial compõe a matriz para se pensar o desenvolvimento econômico e social, expressado claramente no planejamento do Estado:

[...] o apoio por parte do setor público ao desenvolvimento de APL’s e APT’s, deve entrar como parte integrante de um projeto mais amplo de desenvolvimento, mudança e modernização da estrutura produtiva e social da região. Não se deve imaginar que os APL’s se constituem como a panaceia para o desenvolvimento regional. Todavia, estes, estabelecem-se como importantes instrumentos auxiliares para o desenvolvimento econômico regional (INCRA, 2006, pág. 104).

De acordo com o Documento acima, o desenvolvimento regional deve realizar o fortalecimento das vocações locais; a agregação do valor aos produtos e verticalização da produção por meio de avanços no elo das cadeias produtivas; a diversificação da base produtiva e da pauta de exportações da região; o avanço no indicador de inclusão social com o

aumento de emprego, salário, melhoria técnica e diminuição da desigualdade; o aumento do mercado interno regional; e, a gestação de um processo sustentado de crescimento através da endogeneização das variáveis chaves, da integração do espaço econômico e do apoio às mudanças na estrutura socioeconômica.

Ao planejar a política estadual por meio dos territórios, o Estado articula as escalas de intervenção com base na construção de cenários de desenvolvimento e na pactuação das metas a serem alcançadas. Neste sentido, a promoção de políticas com foco nas aglomerações produtivas passa a fazer parte integrante do projeto de desenvolvimento territorial, pois foca especialmente a identificação de potencialidades locais por meio da criação e da sustentação dessas atividades, funcionando como forças motrizes dos “Territórios de Planejamento”.

1.3. A PRODUÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE PORTO DA FOLHA E GARARU COMO

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