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O documento selecionado para a análise das ações e propostas de políticas públicas no campo educacional do governo de Yeda Crusius foi o Plano de Governo (2007), apresentado no quadro 6. No documento apenas 6 páginas (de um total de 62) são dedicadas à área educacional, o que representa 9,68% do texto.

Quadro 6 – Características do Plano de Governo de Yeda Crusius

Documento: Plano de Governo de Yeda Crusius

Título: Um novo jeito de governar, para enfrentar nossos desafios

históricos.

Data: 2007

Total de páginas: 62

Documento: Plano de Governo de Yeda Crusius Objetivo: Apresentar as propostas de governo de Yeda

Destaques: Páginas 30 a 35 – Propostas para a Educação no RS

Fonte: Elaborado pelo autor.

A estrutura do documento é constituída por uma parte introdutória onde se posiciona como uma candidata com um jeito novo de governar descreve as desigualdades regionais e faz um balanço da crise econômica do Estado. Por fim, destaca a importância da qualidade dos serviços públicos ofertados. Depois o Plano de Governo se estrutura em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta uma proposta de desenvolvimento econômico sustentável, seguido de uma proposta de desenvolvimento social, onde se insere a educação e, o último capítulo que trata do equilíbrio das finanças e da proposta de gestão pública.

As eleições de 2006 tiveram como resultado, pela primeira vez, uma mulher alcançando o posto de governo do Estado do Rio Grande do Sul, novamente a proposta escolhida altera a sigla partidária no comando do governo. Sai o PMDB e entra o PSDB. Nos debates dessa campanha, segundo as reportagens da imprensa no período, se diferenciam da campanha anterior onde os posicionamentos políticos eram a pauta das discussões. Nesse momento o que se evidenciava mais era um debate em função da situação econômica do Estado e do país, fruto do período de problemas financeiros deixados pelo governo anterior. As manchetes da imprensa a respeito das perspectivas do governo Yeda já apontam para a situação de iniciar o mandato sem o apoio até dos partidos que atuaram na sua coligação43.

No Plano de Governo surge a referência da necessidade de construção de uma política educacional que contribua para promover o desenvolvimento humano e econômico e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Faz referência também à ideia de uma educação de qualidade para todos. Apresenta a necessidade de a escola preparar os estudantes desenvolvendo as competências e as habilidades cognitivas necessárias para que sejam autônomos e produtivos na sociedade do conhecimento. No entanto quando fala em qualidade associa a resultados de indicadores quantitativos.

Enfatiza que para melhorar o fluxo escolar, precisa elevar os níveis de aprendizagem dos alunos e reduzir a repetência. A reprovação escolar passa então a indicar a qualidade da educação (entre outros indicadores quantitativos).

Ao citar as avaliações internacionais, mostra que as taxas de repetência situam o Brasil entre os piores sistemas educacionais do mundo e que aprendem menos do que quase todos os países em igual estágio de desenvolvimento. Destaca também, que mais grave ainda são as taxas de repetência e abandono, que vinham diminuindo, voltaram a subir, de acordo com o seu diagnóstico. O abandono escolar é parte do rol dos indicadores de qualidade da educação. Com isso, esses indicadores, ainda que sejam conduzidos para que se tenha uma qualidade parcial da educação passa a ter importância em seu projeto de governo, aliado a resultados de indicadores internacionais.

No Ensino Médio a proposta de governo destaca que nos últimos anos tem havido um novo perfil de estudantes para essa etapa do ensino e que as escolas teriam que estar preparadas para uma nova oferta, que seja adequada à nova demanda. No documento, a proposta educacional considera importante dar uma atenção específica à Educação Profissional. Também enfatiza que é necessário modernizar a gestão educacional. Esse aspecto é entendido a partir do atingimento de metas para os diferentes níveis e modalidades de educação, tendo como referência os objetivos estabelecidos para os mesmos.

Revela também a necessidade de modernizar a gestão educacional com a criação de um sistema de metas e indicadores de resultado e esforço, monitorando as taxas de reprovação, abandono e de defasagem idade-série, que são os indicadores alvo da minha pesquisa. Finalizando, o texto afirma que não haverá uma boa escola para todos se o governo permanecer como o mantenedor e o gestor de sua rede escolar, mas deve passar a ser o coordenador do esforço também dos municípios e da iniciativa privada pela oferta de educação escolar de qualidade.

O contexto histórico de produção desse documento foi a campanha para o governo do Estado do Rio Grande do Sul, realizada no ano de 2006. Nela a candidatura apresentava sua carta de intenções a respeito de suas propostas políticas. O debate se aprofundava em função do legado do governo anterior, onde as finanças do Estado haviam sido comprometidas. Os discursos da governadora se focavam na proposta de recuperação das finanças, propondo reduzir para zero o

Em 2007, por ocasião da candidatura Yeda Crusius, pela coligação44 que se

intitulava “Rio Grande afirmativo”, o tema das discussões de campanha se concentrava na situação econômica do Estado, que o governo anterior de Germano Rigotto deixava. Conforme noticiado no jornal O Globo45. A crise econômica do Estado,

resultante das secas dos últimos anos e do impacto da sobrevalorização do dólar em segmentos industriais importantes, como o moveleiro, calçadista e de máquinas e implementos agrícolas, esteve no centro de todos os debates da campanha eleitoral e resultou em pesadas críticas contra Germano Rigotto, que disputava a sua reeleição. Ao mesmo tempo, o candidato do segundo turno que disputava com Yeda Crusius era Olívio Dutra, que foi governador do Estado no período 1999-2002 e foi responsabilizado pela saída da montadora Ford, que desejava instalar uma fábrica de automóveis no Rio Grande do Sul.

Ao analisar o documento que revela as diretrizes do governo de Yeda Crusius não existe nenhuma referência à autoria do mesmo. No documento destaco a referência à necessidade de acompanhamento de indicadores de fluxo escolar.

Para melhorar o fluxo escolar, precisamos elevar os níveis de aprendizagem dos alunos e reduzir a repetência. Avaliações internacionais mostram que as taxas de repetência situam o Brasil entre os piores sistemas educacionais do mundo e que nossas crianças aprendem menos do que em quase todos os países em igual estágio de desenvolvimento. Mais grave ainda, as taxas de repetência e evasão, que vinham diminuindo, voltaram a subir. (RIO GRANDE DO SUL, 2006, p. 31).

Com relação à autenticidade e confiabilidade do texto considero que, por estar disponível em um endereço eletrônico (citado anteriormente), onde se concentravam informações de campanha da candidata, confere autenticidade do mesmo.

A natureza do texto segue os padrões dos demais Planos de Governo, que é contextualizar a situação econômico-político-sociais do Estado, apresentando suas deficiências e conflitos gerados a partir de governos anteriores. Dessa forma, apresenta as diretrizes e políticas da proposta de governo como forma de apresentar as suas ações para a melhoria do contexto em que o Estado se encontra. Esse Plano, em particular, se caracteriza por dar enfoque a dois termos: desenvolvimento e

44 PSDB/PFL/PPS/PSC/PL/PAN/PRTB/PHS/PTC/PRONA/PTdoB 45 Oliveira (2006).

finanças, em função da crítica que faz com relação à situação econômica em que o Estado se encontrava.

A última etapa do processo de análise consiste em elencar conceitos-chave que seguiram o mesmo padrão de análise para os três governos pesquisados e descritos na análise do Governo Rigotto. Os termos e expressões destacados do documento do Plano de Governo de Yeda são apresentados no quadro 7.

Quadro 7 – Termos e expressões do Plano de Governo de Yeda Crusius

Categorias Termos e expressões

Educação social

· Desenvolvimento humano · Reduzir desigualdades

· Formação de cidadãos conscientes

· Promover a inclusão com responsabilidade Docentes · Valorizar os professores

Inclusão escolar

· Escola para todos

· Falta de vagas no Ensino Médio

· Ampliar a oferta de cursos técnicos e tecnológicos de ensino superior

Gestão escolar · Modernização da gestão Políticas de

avaliação em

larga escala · Educação escolar de qualidade Educação

mercantilizada

· Desenvolvimento econômico · Eficiência dos recursos públicos · Cumprimento de objetivos e de metas Infraestrutura

escolar · Construir escolas Indicadores educacionais · Fluxo escolar · Reduzir a repetência · Reduzir a evasão Processos de formação · Novos currículos · Novas tecnologias · Educação profissional · Educação especial · Competências · Habilidades Pactos

· Parcerias com municípios · Financiamentos da educação

· Intensificar as parcerias entre escolas estaduais, instituições comunitárias e o sistema “S”

· Intensificar as parcerias com instituições privadas não- lucrativas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao identificar o conjunto de categorias que constituem a análise do Plano de Governo de Yeda percebo a ideia da educação como sendo importante no

desenvolvimento social, com inclusão social. A gestão escolar; a valorização dos docentes; a formação continuada dos mesmos e o reforço da necessidade de eficiência de aplicações dos recursos públicos, observados e acompanhados por metas e objetivos, também são destacados no documento de Plano de Governo. Associa também a ideia de divisão de responsabilidades, por meio de Pactos, com entes públicos e privados. Destaca a preocupação com o acompanhamento dos indicadores educacionais.