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O Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi elaborado com o objetivo de apresentar as ações estratégicas de abastecimento de água para Fortaleza e sedes dos municípios da região metropolitana que integram o Sistema Hídrico Metropolitano (Aquiraz, Cascavel, Beberibe, Caucaia, Chorozinho, Eusébio, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante).

A problemática da seca já vinha sendo tratada em diferentes esferas e ao longo dos anos conforme pode se observar:

• Em 2012, com a criação do Comitê de Convivência com a Seca. Nele, se discute o aproveitamento dos mananciais do interior para o abastecimento da RMF;

• Em fevereiro/2015, com o lançamento do Plano Estadual de Convivência com a Seca, que atua nas medidas emergenciais, estruturantes e complementares para cinco eixos: segurança hídrica, segurança alimentar, benefícios sociais, sustentabilidade econômica, conhecimento e inovação. Tem sido de

fundamental importância para evitar o colapso no abastecimento de água em diferentes regiões do estado.

• Ainda em 2015, com a criação do Grupo de Contingência, a partir do Comitê Estadual, com o propósito de discutir as operações de abastecimento e captação de recursos.

• Com a Cagece, por sua vez, que possui um grupo interno composto por gestores e técnicos de unidades de negócios e serviços da capital e interior.

Entre as medidas adotadas para estimular a redução do consumo de água, e com isso, ajudar no enfrentamento da crise hídrica estão: controle de vazão, tarifa de contingência, programa de combate às perdas d’água e programas educativos, a seguir detalhados.

2.3.1 Controle de Vazão

De acordo com o Plano de Segurança Hídrica (2015), diariamente, são realizadas simulações de diferentes cenários de água disponível nos mananciais, além do monitoramento e medição da saída dessa água para os diferentes tipos de consumo.

A redução do volume da água bruta ofertada é uma das estratégias de controle e segurança hídrica adotada pela Cogerh. Em setembro de 2015, houve o contingenciamento de 75% da água para irrigação. Essa medida implicou tanto na redução de vazão quanto na suspensão de emissão de outorgas.

Em outubro de 2015, com o Ato Declaratório de Escassez hídrica em vigor, a Cogerh iniciou, gradativamente, a redução da vazão da água bruta ofertada para a Cagece. Com menos água para tratar e distribuir, a companhia precisou readequar parte da operação do sistema de abastecimento de água na tentativa de evitar desabastecimento e equilibrar oferta e demanda.

Em condições hídricas normais, as ETA’s Gavião e Oeste produzem, em média, 21.516.600 m³/mês e 2.592.000 m³/mês, respectivamente. Em junho/2016, as

estações passaram a receber da Cogerh 19.364.940 m³/mês e 2.503.502 m³/mês, respectivamente, conforme a Tabela 5 a seguir:

Tabela 5 – Produção de Água Tratada Produção de Água

tratada ETA Gavião ETA Oeste Vazão Total

Condições Normais 21.516.600 m³/mês 2.592.000 m³/mês 9,3 m³/s A partir de jun/16 19.364.940 m³/mês 2.503.502 m³/mês 8,3 m³/s Fonte: Cogerh/2016

A Cagece monitora, segundo esclarece o Plano de Segurança Hídrica (2015), de maneira sistemática, o abastecimento em áreas elevadas e pontas de rede de Fortaleza e RMF, assim como o comportamento de consumo em áreas sem problemas de abastecimento. O monitoramento tem por objetivo dimensionar as áreas que precisam de mais atenção em termos de contingência, e onde há margem para apostar em ações de educação ambiental na tentativa de estimular a redução de consumo.

2.3.2 Tarifa de Contingência

A Tarifa de Contingência passou a ser aplicada pela Cagece em dezembro/2015, logo após Ato Declaratório de Escassez Hídrica por parte da SRH/Governo do Estado. O mecanismo tarifário é um alerta sobre a necessidade de redução do consumo.

A regra da tarifa de Contingência é a seguinte:

Para os efeitos desta Resolução, considera-se Tarifa de Contingência mecanismo tarifário regulatório correspondente à cobrança de valor excedente sobre as tarifas normais aplicadas a cada metro cúbico de água potável consumido pelos usuários do serviço público de abastecimento de água do município de Fortaleza.

A Tarifa de contingência corresponderá à incidência de 120% (cento e vinte por cento) de acréscimo ao valor da tarifa normal de água sobre o consumo excedente a 90% (noventa por cento) da média de consumo de água de cada usuário durante o período de outubro de 2014 a setembro de 2015.

A adoção da tarifa de contingência se fundamenta na necessidade de controle de demanda de custos operacionais adicionais em virtude do atual quadro de Situação Crítica de Escassez Hídrica.

Para atingir a meta estabelecida pelo mecanismo de contingência, Fortaleza e RMF precisariam reduzir o volume consumido mensal, inicialmente, em cerca de 1,2 milhão m³ do volume médio de água consumido, já que, a média de consumo em Fortaleza e RMF, no período de outubro de 2014 a setembro de 2015 foi de 12 milhões de m³. Posteriormente, em setembro de 2016, a Cagece, aumentou a meta para 20%, dobrando esse volume esperado.

Para efeito dos consumos obtidos nos estudos de caso, será considerado a redução em 10% no consumo para o período correspondente de janeiro a agosto de 2016. A redução do consumo de água em 20% para o período de setembro de 2016 a dezembro de 2017.

Conforme definido, clientes que consomem dentro da demanda mínima da categoria de seu imóvel ficaram isentos desta cobrança desde que seus consumos não ultrapassem à sua demanda mínima.

Ficaram também isentos de cobrança da Tarifa de Contingência imóveis de interesse social como hospitais, prontos-socorros, casas de saúde, delegacias, presídios, casas de detenção e as unidades de internato e semi-internato de adolescentes em conflito com a lei.

Todo o recurso arrecadado pela Tarifa de Contingência deverá ser investido no enfrentamento à seca e na redução de perdas, conforme determinação das agências reguladoras.

Segundo o portal de notícias G1(2017), o alcance da meta de redução foi de 16,75% em outubro de 2017 quando comparado com o mesmo mês de 2014.

2.3.3 Programa de Combate às Perdas de Água e Campanhas Educativas

As principais ações realizadas pela Cagece para minimizar as perdas de água na rede, que segundo o SNIS (2016) é superior aos 40% em Fortaleza, foram:

• Reforço da equipe de pesquisas, que por meio de georreferenciamento e com a utilização de equipamentos específicos, encontram possíveis vazamentos ocultos e de difícil detecção;

• Intensificação e priorização na execução de retiradas de vazamentos;

• Substituição de trechos de rede com vida útil comprometida e construção de novas linhas de transporte de água em áreas críticas;

• Intensificação da substituição de hidrômetros travados, parados ou com submedição, evitando assim, perdas em relação ao volume distribuído real.

• Busca de solução junto ao Poder Público sobre as áreas ocupadas irregularmente onde a Companhia não pode entrar;

O Governo do Estado promoveu a campanha “Cada Gota Conta” e a Cagece promoveu a campanha “Água: Trate com Carinho”, ambas veiculadas nas tevês, rádios e mídias alternativas.

A campanha “Cada Gota Conta” se mobilizou no uso consciente da água, enquanto a campanha “Água: Trate com Carinho” contou com as seguintes estratégias: reforço de práticas contra o desperdício de água, incentivo às denúncias de vazamentos e fraudes, uso dos colaboradores e redes sociais como multiplicadores de informações sobre o combate ao desperdício de água e dicas de economia, palestras e treinamentos em escolas, entidades e associações, incentivo a redução do consumo em prédios públicos entre outras ações.

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