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Na sequência do protocolo de Quioto, vários compromissos foram assumidos. Em 2008, a Comissão Europeia adoptou o plano Energia - Alterações Climáticas que se pode resumir ao objectivo “3 x 20 até 2020“, tendo como objectivos:

a) 20% de redução dos consumos de energia;

b) 20% de redução das emissões de gases com efeito de estufa; c) 20% de energias renováveis no total da energia produzida.

3.3 - Conclusões

O Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) vem trazer uma maior ambição e coerência às políticas de eficiência energética, abrangendo todos os sectores e agregando as várias medidas entretanto aprovadas e um conjunto alargado de novas medidas em 12 programas específicos [27].

Sendo a meta europeia de redução de emissões de 20% em 2020 e dado que as emissões de CO2

têm como contribuintes:

a) O sector dos transportes com 27%; b) O sector residencial com 16%;

51 c) O sector dos serviços com 8%;

d) O sector industrial com 49%.

Pode-se concluir que mais de 50% das emissões são atribuídas ao consumo de electricidade associado aos edifícios residenciais e comerciais, para além de que o impacto do aumento do consumo doméstico com a proliferação de equipamentos de ventilação e ar condicionado tem contribuído para este aumento do consumo de electricidade a um ritmo maior, do que com qualquer outra forma de energia.

As estatísticas demonstram ainda que na maior parte dos países europeus, em 2020, 80% dos edifícios já estarão construídos. Pode então concluir-se que as medidas de eficiência energética serão vitais para se atingirem os objectivos de redução de emissões.

No documento estratégico relativo à "estratégia nacional para a energia" [39], traduzido na Resolução do Conselho de Ministros nº 169/2005, o Governo afirma-se fortemente empenhado em «aumentar a eficiência energética e reduzir as emissões de CO2, com a diminuição do peso dos

combustíveis fósseis nas fontes primárias de energia, através de medidas que, dos transportes à construção de edifícios e à procura pública, insiram a variável energética na escolha dos consumidores».

O trabalho que aqui se apresenta pretende precisamente contribuir para informar e inserir a variável energética na escolha dos consumidores, informando-os, não só relativamente à classe energética e emissão de CO2, mas também relativamente a outros aspectos relevantes no

contexto económico, como sejam, a factura energética potencial, o custo de aquisição, manutenção, vantagens e desvantagens, entre outros.

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Capítulo 4 - Conforto Termo-Higrométrico Interior

em Edifícios

4.1 - Introdução

Quando se realiza o estudo do ambiente interior em edifícios surge inevitavelmente associado o binómio "energia/conforto".

O termo "energia" surge sempre associado ao consumo de energia (de aquecimento, arrefecimento, entre outros). O objectivo será sempre o da sua redução para níveis aceitáveis. O termo "conforto" deve ser interpretado no seu sentido mais lato, envolvendo algumas das suas múltiplas componentes, como sejam:

a) Conforto térmico (responsável pelos grandes consumos de energia);

b) Conforto higrotérmico (impedindo os efeitos patológicos resultantes da condensação); c) Conforto visual/iluminação (em segundo lugar na lista de consumo de energia); d) Conforto acústico, entre outros.

O "nível de conforto" é um parâmetro muito complexo e difícil de quantificar, já que depende não só de múltiplos parâmetros externos (cores, formas, luz, temperatura, humidade relativa, velocidade do ar, qualidade do ar, entre outros), mas também da sensibilidade e tipos de reacção dos indivíduos, do seu comportamento e actividade.

Para uma sensação de conforto, a temperatura deve ser estável no interior, tanto verticalmente como horizontalmente. A distribuição vertical é de especial importância. A distribuição mais próxima da distribuição fisiológica ideal é obtida com o aquecimento por piso radiante. Para o conforto térmico das pessoas numa sala aquecida, é importante que a temperatura da superfície de separação (incluindo os radiadores) seja tão próxima quanto possível da temperatura do ar. Esta é uma das vantagens do resultado da baixa temperatura dos aquecedores de grande porte, tais como por exemplo os pisos aquecidos.

Apenas os aquecedores transmitem a maioria do calor para dentro da sala por convecção. O ar na sala é aquecido a partir das grelhas e o calor é distribuído para o interior. O aquecedor também transfere calor por radiação, mas por causa de uma pequena área deste mecanismo é de pouca importância. O aquecimento por piso radiante tem uma temperatura relativamente baixa. Assim, o ar na sala é aquecido só um pouco, mas transmite-se uma grande quantidade de calor por radiação, por causa da enorme área de superfície, em comparação com o radiador.

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No caso da radiação térmica a partir do piso, as pessoas são relativamente imunes ao factor da diferença de temperatura na vertical, porque o aquecimento do piso é feito a partir de baixo e a radiação de calor mais desconfortável é na cabeça. É por esta razão que raramente se utiliza aquecimento no tecto e no máximo aquecimento de parede.

Em muitos edifícios, a falta de qualidade do ar interior tem tido um impacto crescente na saúde dos seus ocupantes, dando origem a doenças crónicas, como por exemplo, as alergias respiratórias e cutâneas, para além de afectar os padrões de comportamento dos ocupantes, com reflexos significativos no bem-estar e na produtividade dos mesmos [1]. O controlo da QAI nos edifícios é, sem dúvida, um problema de saúde pública que importa solucionar em benefício dos seus ocupantes [1].

De acordo com as novas exigências e disposições regulamentares, no âmbito do RCCTE, para a garantia da qualidade do ar interior, são impostas taxas de referência para a renovação do ar, devendo as soluções construtivas adoptadas para os edifícios ou fracções autónomas, dotados ou não de sistemas mecânicos de ventilação, garantir a satisfação desses valores sob condições médias de funcionamento [11].

No âmbito do RSECE, as novas exigências em termos dos requisitos da QAI vão desde a imposição, para edifícios novos, de valores mínimos de renovação de ar por espaço, em função da sua utilização, à limitação de valores máximos de concentração de poluentes (CO, CO2, COVs,

partículas, etc), até à obrigação de todos os sistemas energéticos, construídos ou existentes, serem mantidos em condições de higiene por forma a garantir a qualidade do ar interior [19].