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2.3 – Plano Estratégico da Educação 2.3.1 – Caderno

O Plano Estratégico da Educação funciona como um instrumento de planeamento, que possibilita a definição de objectivos a médio e a longo prazo, programas de acção ou distribuição de recursos. A necessidade de construção deste plano surge como consequência da mudança que o território sofreu ao longo da última década.

O Concelho de Alcochete passou nos últimos dez anos de um concelho periférico em relação a Lisboa, de muito difícil acesso, com uma população estabilizada, sem pressões urbanas, a um concelho que se encontra junto do coração da Área Metropolitana de Lisboa, bem ligado à capital e com potencialidades de servir de articulação com a Península de Setúbal. Esta alteração decorrente da entrada em funcionamento da Ponte Vasco da Gama introduziu processos de reconfiguração territorial que a aproximaram do padrão de ocupação e uso do espaço urbano das dinâmicas metropolitanas.

Com efeito, nos últimos censos de 2001 o concelho registou um crescimento populacional de 27,9%, o 2º mais elevado na península de Setúbal, sendo esta uma tendência a manter-se e acentuar-se na próxima década tendo em conta com os grandes investimentos públicos entretanto previstos para este território, em especial a construção no Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) e a Pólo Logístico do Poceirão (PLP). Assim, prevê-se um aumento populacional e do tecido empresarial que leva a um repensar da oferta do parque escolar, dimensionando-o à escala da crescente procura.

É esta, portanto, a função do Plano Estratégico da Educação: planear, orientar, unificar todo o concelho em torno de um objectivo comum. Por outro lado, é actualmente reconhecido que o desenvolvimento social e humano é uma realização da competência local. As comunidades locais tornam-se assim, responsáveis por parte dos processos para o seu desenvolvimento e necessitam de adoptar políticas contextualizadas e adaptadas aos seus interesses.

É neste âmbito que se pretende com este documento, construir um conjunto de orientações dirigidas não só à comunidade educativa, como a toda a população residente no concelho de Alcochete. Objectiva-se que não só as instituições directamente ligadas à educação como todas as restantes organizações das mais diversas áreas, construam um plano individual, traduzido num conjunto de acções, opções, princípios, finalidades, estratégias e mudanças organizacionais, que vão ao encontro das directrizes deste plano. Esta ambição de abranger não só a comunidade educativa, mas sim toda a população em geral pretende esbater a ideia de que a educação está apenas ligada às escolas, e à população mais jovem. Actualmente, em busca de melhores condições de

vida, os indivíduos necessitam cada vez mais de se “educar” e “formar”. Este ideal de educação ao longo da vida, conferindo sentido e integrando diversas modalidades e formas de educação / formação, institucionalizadas ou não, assume como um dos objectivos, a educação para a participação e a cidadania democrática, para o desenvolvimento e transformação, para o esclarecimento e autonomia dos cidadãos, tornando-os activos no desenvolvimento da sua comunidade.

Compreende-se assim, que é necessário pôr termo ao empobrecimento que se realiza do conceito de educação. A Educação deve ser entendida como um processo constante, que tem um início e se prolonga por toda a vida, e que envolve o ser humano como um todo: físico, intelectual, emotivo, psicológico, social, religioso etc.

Este ideal de educação ao longo da vida, envolve o ser humano nas suas várias facetas. Ao nos referirmos à educação ao longo da vida, implicamos necessariamente as diferentes situações que nos possibilitam essa constante aprendizagem que podem ir desde as não-formais, como uma simples conversa em família, entre amigos, até às formais como as aprendizagens escolares ou as formações profissionais. Neste processo estão envolvidas um largo conjunto de instituições presentes nas diferentes fases da vida de um indivíduo, desde as escolas até às instituições onde exercemos os nossos cargos profissionais. Todas estas instituições proporcionam oportunidades para a constante aprendizagem, pelo que será importante unir esforços no sentido de construir um território educativo, ou seja, “um espaço e um tempo organizados para a definição e realização de um projecto educativo local, que seja a contribuição educacional para o processo de desenvolvimento local”. (Pinhal, J., 2004, p.2)

Actualmente, as instituições envolvidas no processo educativo são em número reduzido, ambicionando-se que com a construção de um território educativo todas elas façam parte de um mesmo objectivo comum.

Pretendemos assim, alargar o ideal de “educação”. A educação não é só para as crianças, mas sim para todos os cidadãos, e surge nas mais variadas formas. É necessário realizar diagnósticos, construir projectos, colmatar lacunas, sem esperar uma acção da Administração Central. O território deve ser activo na resolução dos seus próprios problemas, em parceria, tornando os cidadãos agentes activos neste processo. E assim, surgem as aprendizagens, as trocas de experiências e valores entre gerações. Assim, desejamos mais do que unificar um território em torno de um objectivo comum. Temos como expectativa que o concelho de Alcochete enquanto aglomerado populacional acompanhe a expansão que prevê a nível do mercado imóvel,

consequência da construção de novas infra-estruturas. Estabelecemos então como meta a atingir, Alcochete agregar-se ao conjunto de Cidades Educadoras que já existem no nosso país. Mais do que um território educativo, em que existe um esforço de todas as instituições para o desenvolvimento territorial, uma Cidade Educadora assume o potencial que o seu património cultural proporciona, e transforma-o em capital educativo. Este conceito parte da ideia de que a educação não é só uma responsabilidade da escola, mas sim uma responsabilidade de toda a sociedade, no conjunto das suas acções. Entende-se portanto, que é necessário humanizar a cidade, para que não se trate apenas de uma aglomerado de habitações, mas sim um conjunto de pessoas que podem trocar experiências, e transmitir valores. O desafio está em valorizar os recursos existentes e torná-los formativos, estando aberta à participação de todos os cidadãos. Estes, por sua vez, tornam-se assim simultaneamente educadores e educandos, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida. Portanto, tudo isto se trata de um processo que a cidade escolhe percorrer.

Como percorrer este percurso?

Como já foi referido, a construção de uma cidade educadora é um percurso longo, realizado não só pelas instituições do território como também pelos cidadãos ali residentes.

Para saber qual o percurso a percorrer, realizámos para este Plano Estratégico um diagnóstico para conhecer qual a situação do concelho. Dado que as nossas expectativas vão ao encontro de uma Cidade Educadora, estabelecemos como ideal comparativo os princípios da carta das Cidades Educadoras, definidos em Barcelona em 1990. Assim, percebemos que alguns passos já foram dados no sentido de um território que proporcione oportunidades iguais para todos os cidadãos.

É necessário investir na educação ambiental, na preservação da cultura local, no sentimento de pertença a um território. E isto não parte apenas das crianças, mas sim de toda a população em conjunto.

É essencial aproveitar o concelho enquanto objecto de conhecimento, e torná-lo um lugar de aprendizagem e consequentemente num agente educativo.

Nesse sentido, o município já deu os primeiros passos com a criação do Pólo de Animação Ambiental, local privilegiado para observação das aves aquáticas e para a realização de actividades desportivas e de lazer em colaboração com a Divisão de

Desporto Juventude e Movimento Associativo e com a Reserva Natural do Estuário do Tejo. As actividades são desenvolvidas para um público maioritariamente escolar durante a semana, mediante marcação antecipada indo ao encontro dos currículos escolares. No entanto, ao fim de semana a abertura do espaço é assegurada pelo FREEPORT permitindo assim que a população em geral tenha acesso a um local de formação e lazer. Este espaço pode também ser utilizado para exposições de fotografia, escultura, pintura ou de outras formas de arte abrindo espaço para a participação da cultura local mas também da cultura de vanguarda, principio enunciado na Carta das Cidades Educadoras.

O município oferece ainda espaços, equipamentos e serviços vocacionados para um público jovem mas também para a população em geral adequados ao desenvolvimento social, cultural e moral permitindo uma aproximação e troca entre gerações, o que vai ao encontro dos princípios enunciados na Carta das Cidades Educadoras. Neste documento, também encontramos a referência à importância de qualquer mensagem publicitada para o público, ter um teor educativo. No município, gradualmente, verifica-se a existência de um esforço neste sentido, pois a maioria das mensagens expostas para o público são a dar conhecimento de acontecimentos culturais. O município também já deu os primeiros passos relativamente às tecnologias da informação e da comunicação, instalando dois quiosques de acesso público à Internet. Este aspecto vai ao encontro de dois princípios do documento acima referido, primeiramente relativamente ao facto de as TIC serem um instrumento privilegiado de formação, e ao facilitar o acesso a estes quiosques o município oferece a oportunidade aos seus habitantes de se formar na informação. Simultaneamente existe um esforço no sentido de existir a igualdade de oportunidades para todos os habitantes do município.

Relativamente ao apoio aos estudantes, existem 2 gabinetes.

Por outro lado, o município ainda tem um longo caminho a percorrer. É necessário mudar a abrangência do conceito de “Educação”, ainda muito direccionado para as crianças e consequentemente para as escolas.

Dado que o nosso objectivo é percorrer o (longo) caminho que vai da construção do território educativo até à transformação deste numa cidade educadora, pensamos que seria pertinente definir alguns princípios que a ser cumpridos. À semelhança da carta das cidades educadoras que define um conjunto de princípios orientadores para estas, pensamos que é importante orientar o percurso que teremos que realizar.

Anexo

2 – Actividades do estágio