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1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E QUADRO ATUAL

PLANTA DO SIXTO V PARA ROMA, 1585-

5. Comércio Local: Um ou mais locais de comércio adequados à população devem ser oferecidos, de preferência na junção das ruas de

1.2.1 Plano Inicial de Maringá

Para a escolha do sítio e o traçado da cidade de Maringá, tomaram-se como referência a localização da linha férrea e dois pequenos vales posicionados na face sul, que deram origem a dois parques da cidade: Parque do Ingá e o Horto Florestal. Os dois vales foram delimitados como parques urbanos, preservando as duas nascentes ali existentes. Entre os vales, posicionou-se o centro principal em uma área praticamente plana, configurando como o elemento principal do plano (REGO, 2001). O centro principal forma um eixo juntamente com a linha férrea e o centro esportivo (Estádio Willie Davids).

A cidade possui como referência e geratriz o eixo da estrada de ferro e a forma que o desenvolvimento no espigão determina. A ferrovia faz um grande eixo (em formato de arco) no sentido leste-oeste e a cidade acompanha ao seu redor.

A cidade de Maringá é caracterizada por um traçado diferenciado, acompanhando as curvas de nível do sitio escolhido (fig. 30). As vias ajustam-se à topografia onde as áreas residências buscam recuperar a ideia de unidade de vizinhança. Existe ainda a valorização das áreas verdes, como os parques, jardins e praças, bem como “park ways” (BJMV, 1999).

Figura 30 – Esquema básico do plano urbanístico

Fonte: Meneguetti (2009).

As curvas de nível foram determinantes para a formação da morfologia do traçado da cidade. Assim, as vias seguiram as configurações topográficas do terreno. A região central é caracterizada por traçado ortogonal, visto que é a parte mais plana, e os outros bairros possuem um traçado orgânico seguindo as curvas de nível. Com isso, a cidade caracteriza-se com traçados regulares e irregulares, proporcionando identidade ao local (a fig. 31 aponta o anteprojeto da cidade).

Figura 31 – Anteprojeto da cidade de Maringá

A partir das curvas de nível (da pendente do terreno e da configuração topográfica) é que se definiu a forma urbana alongada e o traçado orgânico como diretrizes para as principais avenidas. Com isso, é possível identificar um diálogo com o ambiente natural, estabelecendo um traçado irregular na maior parte da malha urbana, e um traçado regular (simetria e rigidez) no centro da cidade, com o desígnio de destacar o caráter e a importância do espaço público. (REGO, 2001)

A cidade contempla uma linha de eixo onde localiza-se a igreja Catedral, o Centro Cívico, Antiga Rodoviária, Centro Esportivo e Universidade Estadual de Maringá (conforme visualiza-se em parte na figura 32).

Além do centro principal, onde se localiza o centro cívico e a igreja da cidade, foram projetados outros centro secundários nos bairros, com uma correta proporção e relação. Assim, é possível identificar em cada bairro uma via principal destinada a serviços e comércios e vias locais destinadas a residências. Essa característica proporciona conforto aos moradores, já que estes podem ter suas necessidades supridas na própria região.

O desenho da cidade, que tem uma estrutura polinuclear (fig. 33), possui uma hierarquia em relação entre o elemento principal do plano e seus centros secundários. Cada bairro apresenta uma praça cercada por seu núcleo comercial, colocada junto às vias principais que cruzam a área.

Fator importante do projeto de Vieira é o uso de eixos estruturadores, influenciado pelas premissas de Unwin, que organizavam as circulações dos bairros, interligando-os ao centro. No encontro destes eixos, posiciona-se uma rotatória que além de formalizarem o tráfego, trazem efeitos de valorização arquitetônica aos espaços. Essas possuem o uso destinado a praças urbanas ou rotatórias verdes, com muito uso de vegetação e espaços livres. Estes locais também funcionavam como centros secundários, geralmente no ponto central do bairro, com edificações comerciais, e acarretam à cidade o atributo de ser polinucleada (REGO, 2001).

Figura 32 – Eixo monumental de Maringá

Fonte: Prefeitura do Município de Maringá (2006).

Figura 33 – Polarização

As vias principais da cidade são caracterizadas por avenidas largas, com canteiro central amplo, e o uso de vegetações arbóreas centrais e laterais nas calçadas. As vias locais possuem árvores nas calçadas. Assim, as vias da cidade são conhecidas como grandes corredores de Boulevards, já que o termo designa vias, geralmente largas, com muitas pistas divididas nos dois sentidos, projetadas com alguma preocupação paisagística. Essa mesma preocupação é vista por toda a cidade, por meio das vias arborizadas, praças paisagísticas e grandes parques verdes (a fig. 34 aponta o traçado da cidade).

Figura 34 – Traçado da cidade de Maringá

Fonte: Recco (2005).

O projeto de Macedo procurou extrair o melhor proveito da topografia do terreno. Com isso, a maior parte das vias é feita em curvas de nível. Assim, percebe- se a preocupação com proteção de áreas sujeitas à erosão, áreas verdes e vegetação natural. A cidade possui avenidas principais destinadas predominantemente ao comércio. Essas avenidas estão presentes nos bairros, passando em suas extremidades ou cortando em seu interior. Esses focos de comércio são destinados à população do bairro.

Visando que o sistema viário da cidade de Maringá se ligasse ao sistema rodoviário, a proposta foi dividir as vias em dois setores: urbano e não urbano. O

sistema viário urbano foi estabelecido em uma hierarquia viária, sendo: 1) Contorno

Viário – ao sul da cidade; 2) Vias Estruturais – considerando a predominância de

fluxo no sentido leste-oeste; 3) Vias de Penetração – partindo transversalmente das estruturais, adentrando aos diversos bairros ou zonas industriais; 4) Vias Coletoras – ligando as estruturais, principalmente onde nascem as vias de penetração, visando a flexibilidade do tráfego; 5) Vias de Ligação – paralelas às estruturais e que visam interligar as vias de penetração entre si, servindo de alternativa e apoio às estruturais; 6) Vias de Uso Preferencial de Pedestres – destinadas principalmente à circulação de pedestres e ao estacionamento de veículos; 7) Vias de Interesse

Paisagístico – vias de interesse turístico; 8) Expansão Futura – seguindo estudos de

diretrizes viárias.

As Vias Estruturais podem ser divididas em: a) Estrutural Regional – Avenida Colombo, considerando-a como via de acesso e saída para o trafego rodoviário que penetra na cidade; b) Estrutural Comercial - Avenida Brasil, considerando-a a via principal de comércio da cidade; c) Estrutural Residencial – via de trafego de caráter residencial. As Vias de Penetração podem ser repartidas em: a) Penetração

Residencial - adentrando em bairros residenciais; b) Penetração Industrial

entrando em áreas industriais. A Expansão Futura segue as orientações: Contorno Viário; Vias Estruturais; Vias de Penetração; Vias Coletoras; Vias Perimetrais; Vias Secundárias – as demais ruas que completam a rede urbana.

A concepção do plano de Maringá implementou a arborização urbana como decoração natural. Cada via recebeu um tratamento diferente, plantando-se em cada uma espécie distinta das demais, conferindo a cada via a própria individualidade (REGO, 2001). Como exemplo, pode-se encontrar Flamboiant nas Avenidas Tiradentes e Cerro Azul, Grevíleas na Avenida Papa João XXIII, Jacarandá Mimoso na Avenida Juscelino Kubitschek e Sibipirunas que predominam nas ruas locais.

O primeiro plano diretor, de 1967, propõe a divisão da vegetação em: Grandes Áreas Verdes e Pequenas Áreas Verdes. A primeira, além de possuir os dois bosques e o horto florestal, é constituída das reservas de faixas non-aedificandi dos córregos que pertencem ao espigão central. Essas faixas são preservadas com a função de prevenir erosão nas margens dos córregos. Os bosques devem sofrer tratamento paisagístico adequado, preservando as vegetações e elementos naturais.

O plano diretor (PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ, 1997) dispõe que o projeto de Maringá foi baseado no zoneamento rígido de usos e níveis de habitação da Carta de Atenas. O plano inicial previa um zoneamento do uso do solo por função (fig. 35), sendo assim, foram estabelecidas zonas residenciais destinadas às classes sociais mais elevadas e outra para as populares, zonas comerciais, industriais, centro cívico, aeroporto, estádio municipal, áreas verdes, parques etc. Desse modo, a zona 02 foi delimitada como zona residencial principal abrigando as classes mais elevadas.

Figura 35 – Zoneamento da planta original de Maringá.

Fonte: Pereira (2011).

Assim, o primeiro plano diretor fez uma proposta que procurou respeitar o plano inicial e integrar as áreas ocupadas que ultrapassassem o antigo zoneamento. A divisão proposta abordou as zonas: 1) Zona Comercial (ZC-1, ZC-2 e ZC-3); 2) Zona Residencial (ZR-1, ZR-2, ZR-2, e ZR-4); 3) Zona Industrial (ZI-1 e ZI-2); 4) Zona Especial (ZE) (fig. 36 e 37).

No centro da cidade de Maringá (ZC-1), o zoneamento permitiu maiores densidades por meio da verticalização dos edifício e amenizou a expansão horizontal. A verticalização proposta contribuiu para a densificação da área central, valorização das zonas comerciais e das vias principais, o que elevou o valor do solo, segregando a população.

Figura 36 – Planta Esquemática de Maringá com loteamentos Populares – 1960

Fonte: Prefeitura Municipal de Maringá (1997).

Figura 37 – Planta Esquemática de Maringá – Segundo o padrão econômico – 1967

Fonte: Prefeitura Municipal de Maringá (1997).

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