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3. Intervenção Pedagógica

3.3. Plano Interventivo

3.3.1. Problemática – Análise da fase de Observação

A fase de observação de aulas terminou na segunda metade de janeiro de 2017. Para que se pudesse elaborar, planificar e realizar o Projeto de Intervenção Pedagógica Supervisionada (PIPS), foi feito um estudo referente a esta primeira fase, e para tal, foi necessário recorrer às grelhas e aos textos realizados durante este processo, para perceber como funcionava o aluno dentro da sala de aula, e acima de tudo, para entender e desvendar as suas dificuldades (nomeadamente, inerentes à coordenação motora, falta de consistência e controlo da pulsação, dificuldades rítmicas e ao processo cognitivo), perante a música e o instrumento. Tudo isto foi necessário para que se pudesse elaborar a melhor forma de colocar em prática o Projeto de Intervenção.

De uma forma geral, os alunos mais novos (instrumento individual) apresentam problemas similares (provavelmente devido à dificuldade e à fisionomia do instrumento), falta de capacidade auditiva, alguma displicência no sentimento de pulsação, a falta de rigor rítmico, a pega das baquetas, a má qualidade sonora que obtêm do instrumento, e, principalmente, a coordenação motora que por mais simples que possa ser em certos casos, acaba por ser um problema, nomeadamente na independência de membros, ou, por exemplo na elaboração de “stickings” ou de polirritmias. Os alunos mais velhos (música de câmara) já estão num nível em que os problemas são outros, e que podem influenciar a sua carreira profissional, caso decidam seguir esta vertente. Esses problemas, já não são tão técnicos, embora com a evolução apareçam sempre novas questões – principalmente em termos de coordenação e independência motora na prática da polirritmia ou na elaboração de “stickings” em peças mais exigentes-, mas sim musicais e em termos de performance. Aqui o que acontece é que alguns alunos ainda têm alguma dificuldade em olhar para sua prática instrumental de forma musical, não pensam na performance e não ouvem o que fazem, acabando por não desenvolver, de certa forma, um pensamento crítico. Porém, no mesmo grupo já se encontram alunos que começam a pensar no

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panorama musical, e com isso conseguem desenvolver um pensamento crítico, que acaba por influenciar, positivamente, a sua performance.

Os problemas podem diversificar de aluno para aluno, e tem que se ter em conta a sua experiencia educacional na prática do instrumento. Por exemplo:

 O aluno A, é um aluno que está agora a iniciar o seu trajeto no mundo da percussão, logo, é perfeitamente normal apresentar questões técnicas e motoras pouco desenvolvidas, e, devido à tenra idade, sentir dificuldade em encontrar uma forma de combater todos estes problemas. Neste caso, o aluno irá, com a ajuda do professor e com a ajuda do meu projeto de intervenção, com o devido método de estudo, ultrapassar, ao longo do ano letivo, todas estas questões naturais.

 O aluno B, encontra-se a frequentar o 4º grau, e embora já não tenha as dificuldades iniciais de um aluno de iniciação ou de primeiro grau, apresentar problemas de coordenação motora (ou de cognição – em termos musicais), de concentração e capacidade auditiva, pega de baquetas, falta de rigor rítmico, ou não conseguir sentir a pulsação devidamente, pode ser muito grave, pois está quase a terminar um ciclo, e dificilmente conseguirá terminar o programa definido. No caso deste aluno, mais concretamente, estes problemas podem ser ultrapassados com a ajuda do professor e do meu projeto, e, também, devido ao seu talento. Porém, aparecem, acima de tudo, por causa da falta de estudo consistente que apresenta.

 Os alunos do secundário (Música de Câmara), neste caso, já não apresentam estes problemas, embora, num contexto de futura carreira, seja importante saber ouvir o que se passa à sua volta, e num panorama individual e com o intuito de obter a melhor performance possível, é necessário que saibam, também, ouvir a sua própria música. Chegar ao fim do 8º grau sem um pensamento crítico, e sem uma ideia e uma caracterização musical que possa fortalecer a performance, pode ter consequências graves no seu futuro, como por exemplo, não entrar no ensino superior. No entanto, este grupo, mostra que tem todas as capacidades para ultrapassar estes obstáculos, com o devido método de estudo e com a devia evolução critica.

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A importância da bateria - seguindo as características apresentadas no primeiro capitulo -, neste contexto, revela-se como resposta ás dificuldades e aos problemas apresentados pelos alunos, procurando eliminar certas questões (acima descritas) que contrariam a sua evolução, impondo um desenvolvimento a nível da coordenação motora e cognição, e desenvolvendo questões como a pulsação e a capacidade auditiva intrínseca e extrínseca, que são importantes à prática da percussão.

O tema de intervenção visa quebrar o dogma da pedagogia tradicional, onde raramente é incutido, no plano curricular do aluno – no caso da percussão -, a bateria, enquanto prática instrumental, e, consequentemente, o aluno acaba por não trabalhar aspetos necessários à sua evolução, que podem, efetivamente, melhorar o aproveitamento face ao instrumento de percussão.

3.3.2. Objetivos do Plano de Intervenção

O tema desta intervenção centra-se na problemática que o ensino tradicional vocacional apresenta, tal como exposto no ponto anterior. Muitas vezes os alunos encontram dificuldades motoras ou cognitivas, que desencadeiam vários problemas a nível rítmico e no controlo da pulsação. Ora, isto para um aluno de percussão é impensável, visto que estas características são intrínsecas ao instrumento, portanto, o principal objetivo desta intervenção consiste em perceber o potencial pedagógico que a aprendizagem da bateria terá na evolução de um percussionista, tanto a nível técnico como musical, e averiguar a sua importância, com base nos pontos elaborados, anteriormente, na concessão do Projeto de Intervenção.

A intervenção foi realizada exclusivamente no contexto de sala de aula na disciplina de Instrumento - Percussão -, não sendo realizada nenhuma intervenção dentro desta temática no contexto de música de câmara, (cf. 3.2.2.).

Os objetivos de intervenção foram concebidos com a ajuda do professor orientador supervisor, aquando a elaboração do Projeto de Intervenção, e ajudam a colocar em perspetiva toda a prática interventiva das aulas lecionadas, no contexto de intervenção, aos alunos A e B.

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1. Perceber o potencial pedagógico que a aprendizagem da bateria terá na evolução de um percussionista;

2. Desenvolver o sentimento de pulsação e as suas variantes, 3. Desenvolver coordenação motora e postura;

4. Trabalhar, eficazmente, a coordenação dos membros do corpo executantes (braços, mãos e dedos; pernas e pés.);

5. Evoluir a independência dos membros executantes dos alunos; 6. Desenvolver a parte rítmica musical (“Groove”);

7. Desenvolver, a nível cognitivo, a pulsação, o ritmo e as suas subdivisões, num contexto de maior dificuldade rítmica e musical;

8. Permitir que os alunos que desenvolvam este método, sejam versáteis enquanto músicos e profissionais.

A realização desta intervenção baseia-se no formato de uma investigação-ação (cf. 2), que depois da primeira fase – Fase de Observação -, foi implementada ao longo de 15 aulas (5 aulas 45 minutos ao Aluno A; 5 aulas de 90 minutos ao Aluno B (10 aulas no total)), culminando com a presença do professor orientador supervisor, onde os alunos tocaram o material trabalhado ao longo das aulas lecionadas. No final da intervenção foram feitas as devidas análises interpretativas dos dados obtidos pelos instrumentos de recolha utilizados, nomeadamente as grelhas de observação, entrevistas, e inquéritos a professores exteriores que trabalham com ambos os instrumentos (bateria e percussão), procurando perceber se os objetivos foram cumpridos, para uma posterior análise de resultados a apresentar no relatório de estágio (ponto 4.)

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