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O PLANO NACIONAL DE APRENDIZAGEM

No documento PR JAQUELINE PUQUEVIS DE SOUZA (páginas 85-111)

Mesmo com as alterações na Lei de Aprendizagem e a fiscalização do MTE, os índices de pobreza e desemprego entre os jovens brasileiros, ainda são alarmantes, como já expostos nesta pesquisa. Diante desse quadro o MTE, juntamente com a sociedade civil organizada e o poder público, aprovou o Plano Nacional de Aprendizagem (PNAP), buscando fortalecer ações de estímulo a aprendizagem profissional aos jovens e adolescentes. Nessa proposta, algumas ações estão sendo realizadas para melhorias nos programas de aprendizagem. A primeira ação do PNAP foi criar programas de aprendizagem na administração pública e empresas prestadoras de serviços nesses segmentos, que anteriormente não estavam inclusas. Isso tem ampliado as oportunidades:

O propósito é que se realize um processo seletivo público, estrategicamente orientado para os adolescentes de políticas públicas em plena expansão pelo governo federal, como os resgatados do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), quando em idade entre 14 e 17 anos, os beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF), ou ainda os adolescentes submetidos a medidas socioeducativas que encontram muito mais dificuldades para uma oportunidade no meio privado (CLEMENTINO, 2013, 48).

Gostaríamos de ilustrar, aqui, que tal iniciativa é uma ação que tem possibilitado resultados positivos para muitos jovens, os quais não conseguiam postos de trabalho em outros segmentos. O relato abaixo apresenta a fala de uma jovem aprendiz de 19 anos de

idade, do curso de aprendizagem em administração, efetuado por uma ONGs, que a encaminhou para o setor judiciário de uma cidade do interior do Paraná:

Tenho vergonha de assumir, mas parei várias vezes na delegacia por vandalismo e briga, agora com meus colegas de trabalho, aprendi que nem sempre a razão é minha, eles fizeram me conhecer pessoalmente. Estou terminado meu contrato de dois anos. No trabalho, estou aprendendo muito, estou conhecendo jurisdição. Mas quero conciliar com a psicologia, que acabei de passar e consegui bolsa. Eu quero me especializar em reabilitação e drogas, quero mexer com isso, tenho parentes que trabalham na Penitenciária e conheço esta realidade. Com o jovem aprendiz tive a oportunidade de entrar na justiça no setor criminal e aprendi muita coisa, como: penas comunitárias, audiências, fico analisando, olhando os réus e gosto bastante. Ali dentro convivo com pessoas que viraram uma família, meus chefes são um pai e uma mãe, me espelho no jeito deles resolverem os problemas e levarem a vida. Eu era muito afobada e eles me ensinaram que devo terminar o que começo, e não parar por eu quero. Eles me ajudaram a ser forte, a não descontar minha raiva nos outros, a não chegar de cara fechada (APRENDIZ 05, ONG, 2012, COMUNICAÇÃO ORAL).

A fala da entrevistada demonstra que os programas de aprendizagem, apesar de suas limitações, podem ser muito relevantes na vida de muitos jovens. Além das práticas aprendidas nos ambientes laborais, eles podem ter a oportunidade de um convívio social pleno, que os levem a se desenvolverem como pessoas. Especificamente nesse caso, a jovem além de melhorar sua qualidade nas relações sociais, aprender sobre suas possibilidades e restrições, finaliza seu contrato com a inserção na faculdade, pelo incentivo do departamento. Continuando sobre as ações do PNAP, podemos enfatizar que ele tem sugerido a padronização de ofertas dos programas e currículos, qualidade técnico-pedagógica e a constante reformulação dos cursos, para que se tornem condizentes com as ofertas de trabalho que o mercado de trabalho tem oferecido. Atualmente, o PNAP tem veiculado na mídia informações e propagandas com o fim de divulgar a Lei de Aprendizagem e sua relevância para o desenvolvimento social e econômico do país.

3.5 O EMPRESARIADO E A LEI DE APRENDIZAGEM

Buscando o aumento da competitividade industrial para o desenvolvimento econômico do país, o empresariado brasileiro, adepto das propostas da Reforma do Estado e do discurso da crise da educação, tem atuado como protagonista nas articulações das políticas educacionais. Assim, em conjunto com OMs, eles são fortes aliados do capital e os principais agentes financiadores para a concretização das ações que acontecem, consequentemente, traçam os ditames que deverão ocorrer, buscando nessa relação de troca, atender aos próprios interesses. “Na verdade os empresários peticionam a participação ativa nas decisões ativas

referentes aos destinos na educação brasileira, incluindo a participação nas esferas de decisão no Ministério da Educação e até mesmo no cogerenciamento das escolas” (MELO, 2009, p.908).

Em nossa pesquisa, pudemos perceber as determinações sofridas pela educação profissional, num processo desencadeante de uma lógica cíclica: as políticas para juventude em educação profissional com orientações das OMs influenciam as ações e determinações do empresariado brasileiro junto ao Estado, os quais em conjunto gestam as diretrizes do funcionamento dos cursos oferecidos no Brasil. Nesta sessão, começamos nossas discussões por meio da análise dos discursos e ações do empresariado brasileiro, nas práticas da Lei de Aprendizagem e na educação profissional. Como a Lei de Aprendizagem obriga tal segmento a contratar aprendizes, esse tipo de inserção passou, atualmente, a ser a principal fonte formal, de ingresso dos jovens no mercado de trabalho brasileiro.

Os dirigentes das políticas para educação e da indústria começaram a fazer aproximações entre a escola e os setores produtivos, buscando dinâmicas gerenciais muito semelhantes. “O padrão ideal de aprendizagem é aquele no qual o educando desenvolva as habilidades de aprender a aprender e apreender a fazer” (OLIVEIRA, 2005, p.11). Os textos produzidos pela principal instituição representativa do setor industrial no Brasil, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) 46 demonstram esse ideal. A indústria, que não tem interesse em diminuir seus lucros e aumentar de postos de trabalho, apoia a ideia de apenas treinar os trabalhadores.

As determinações do empresariado brasileiro vão ao encontro das propostas das OMs, segundo as quais, por exemplo, deve haver a educação profissional aligeirada, que adéqüe à aprendizagem para novas tecnologias. Para Melo (2009), os documentos da CNI trazem fragmentos de uma proposição de uma educação básica sólida, que facilite a aquisição para o aprendizado desses novos conhecimentos, pois acreditam que, na formação profissional, não pode ser despendido muito tempo para capacitação. A CNI adere às filosofias do BM, BIRD e CEPAL, para as quais a educação é a principal forma de reverter a situação financeira e social de sua população, desde que esteja articulada ao desenvolvimento e competitividade, para isso:

A indústria deseja ser eficiente, competitiva e inserida em uma sociedade marcada pela melhoria dos indicadores sociais e redução dos desequilíbrios pessoais e espaciais

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A Confederação Nacional das Indústrias é o órgão que representa as indústrias brasileiras, defendo seus interesses.

de renda. Atuar, simultaneamente, sobre os problemas de eficiência e eqüidade é o grande desafio da sociedade brasileira. Os caminhos para se atingir este objetivo passam, necessariamente pela elevação da produtividade, pelo aumento da eficácia dos gastos sociais (em especial, saúde e educação) e manutenção de uma trajetória de crescimento sustentável. É a compreensão da indústria em que processos de ajustes centrados, não são suficientes para estruturar uma nova direção estratégica (CNI, 1994, p.6).

Existe, porém, uma contradição explicita, quando a CNI refere-se à eficácia nos gastos sociais, pois não está instigando o aumento do Estado em investimentos nessas áreas, ao contrário, para ela, o investimento público na área social gera altos impostos, impossibilitando que as indústrias consigam competir com a produção estrangeira. Por isso, sempre foram a favor da privatização e da reforma do Estado, do ideário neoliberal, para melhorias em seu próprio favor. “Percebe-se o perfil do trabalhador que se quer formar para os interesses da burguesia industrial: um trabalhador que não se compromete como elemento de classe, mas apenas consigo mesmo e com a empresa” (MELO, 2009, p.897).

Como exposto no tópico anterior, as empresas estão diretamente ligadas aos programas de aprendizagem, pois são as intermediadoras das práticas dos aprendizes, junto à formação pelo Sistema S. Atualmente, tais entidades formadoras representam os setores produtivos como: indústria, comércio, transporte, agricultura, cooperativas e outros. E seu orçamento é controlado pela própria CNI, no montante de 8 bilhões de reais, provindos dos 1,5% das folhas de pagamento das empresas.

As contradições nas propostas políticas, econômicas e educacionais das entidades do Sistema S são evidentes desde a criação do SENAI. Não se pode negar que é um sistema tem grande credibilidade no Brasil, com escolas espalhadas em todos os estados e uma estabilidade de mais de 60 anos. Segundo Cunha (2000), o SENAI, por exemplo, deveria ser uma instituição pública pela sua constituição, mas se analisarmos a gestão de recursos é visivelmente uma instituição privada, mostrando o corporativismo do Estado novo. Na direção do SENAI, como nas outras entidades, ficam evidentes esses traços, através de seu gerenciamento pela:

A Confederação Nacional das Indústrias, mais as federações estaduais de sindicatos patronais que dirigem a entidade, escolhem seus diretores e determinam a política a ser seguida. Na composição do Conselho Nacional e dos conselhos regionais, a participação mínima do Estado pode ser assinalada: ao lado dos presidentes das federações ou sindicatos patronais, estão dois representantes do governo, um do Ministério do Emprego e outro do Trabalho (CUNHA, 2000, p.45).

O problema é que as instituições têm personalidade jurídica de direito privado, mas não se enquadram como fundações ou associações, ficando obscura sua adequação a uma

Administração Indireta47. Outro problema é que essas entidades “não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade privada de interesse público (serviços não exclusivos do Estado); exatamente por isso, são incentivadas pelo Poder Público” (PIETRO, 2010, p. 505). Entidades como essas possuem uma série de privilégios perante o Estado, as exigências ficam apenas focalizadas na fiscalização estatal da contratação de pessoal e prestação de contas de suas atividades.

Para o empresariado, as propostas de Reforma do Estado percebidas no âmbito da qualificação profissional pelo setor público não-estatal fortalecem seu segmento. O empresariado reconhece a ineficiência do Estado, entrando como protagonista nas ações, por meio da filantropia e das questões sociais. Viriato (1997) comenta que a filantropia empresarial não se preocupa apenas com a solidariedade, mas articula seus propósitos em benefício do próprio capital, capacitando mão-de-obra para aumento da produtividade através do desenvolvimento da força de trabalho. Nessa transmissão de ações estatais, uma grande parte dos ganhos fiscais deve ser repassada a um fundo público internacional, impedindo o Estado de investir mais nos problemas sociais, fortalecendo ainda mais as parcerias com a sociedade civil e o empresariado.

Na proposta de responsabilidade social das empresas, existe uma constante problemática, a parceria encobre através de seus feitos a “exploração do trabalho, negando o conflito de interesses de classes” (VIRIATO, 19997, p.82). As empresas, atuando efetivamente na responsabilidade social do Estado, o reduzem a agente de ações sociais e responsável pelos benefícios do trabalhador. O problema é que:

A possibilidade dos trabalhadores intervirem, criticarem, polemizarem, interferirem pelo comum – ocorre na esfera pública estatal; portanto, o público estatal tem sido o espaço do político, da ação em prol do bem comum coletivo. Nele os sujeitos sociais procuram exercer, na disputa política, o poder de interferência e decisão (VIRIATO, 1997, p.82).

Por outro lado, como já exposto no Capítulo III, por meio do documento publicado pelo Banco Mundial: Reformas Econômicas e Trabalhistas na América Latina e Caribe de 1995, o BM já indicava o modelo brasileiro adotada pelo SENAI, como referência de formação aos demais países. No âmbito político brasileiro, cada vez mais as empresas não- estatais ganham credibilidade com base na ineficiência do Estado que deveria ser o espaço de luta pelos direitos sociais.

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3.6 AS OMS E A LEI DE APRENDIZAGEM: A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) “é a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade” (OIT, 2013, s.p). O termo trabalho decente, cunhado em 1999, representa e abrevia toda a missão da OIT exposta na frase anterior, além de ser um dos objetivos estratégicos na busca da diminuição de desigualdades sociais, ou “trabalho produtivo adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna” (MTE, 2013).

Em 2003, a OIT formalizou com o governo brasileiro o compromisso de desenvolverem ações conjuntas de políticas para juventude. Para Clementino (2013), a Aprendizagem respaldada pela Lei 10.097, por meio de seus programas, é vista como um dos mecanismos mais eficientes para o desenvolvimento de ações relativas ao mercado de trabalho juvenil para o trabalho descente. A determinação desta OM foi tão incorporada no Brasil, que em 2006 tornou-se tema da Agenda Nacional de Trabalho Decente (ANTD) e, em 2012, foi Agenda Nacional de Trabalho Decente para Juventude (ANTDJ), onde foram estabelecidas quatro prioridades:

i) mais e melhor educação; ii) conciliação dos estudos, trabalho e vida familiar; iii) inserção ativa e digna no mundo do trabalho; e iv) o diálogo social –, podem-se identificar, no instituto legal da aprendizagem profissional, os elementos que justificam seu caráter de trabalho decente(CLEMENTINO, 2013, p.47).

No primeiro item: mais e melhor educação, foi discutido o cumprimento da Lei de Aprendizagem, o tempo do contrato e a vinculação do programa à frequência obrigatória na escola, para aqueles que não terminaram a educação básica. Outra preocupação dessa agenda é a forma como os cursos de aprendizagem devem ocorrer. Notamos que as colocações feitas teoricamente pelo MTE são extremamente relevantes, pois defendem que a formação produtiva do aprendiz não deve sobrepor-se à formação qualitativa, e a saída da escola para o mercado de trabalho deve ocorrer de forma gradual, para atender aos verdadeiros objetivos da aprendizagem. Em nossa pesquisa, mesmo com um caráter bibliográfico, tivemos a oportunidade de ouvir vários depoimentos de jovens que estão atuando em empresas em contratos de aprendizagem. Esse acesso foi possível, pois, em minha experiência profissional,

fui instrutora do Sistema S e por estar pesquisando a Lei de Aprendizagem, muitos alunos da Universidade onde atuo e que trabalham como aprendizes compartilham suas experiências. A maioria das empresas ainda não conhece a proposta da Lei de Aprendizagem, que poderia contribuir na preparação de bons profissionais. O desenvolvimento pleno do aprendiz por meio de uma formação metódica de qualidade aliada às atividades práticas, convivência social no espaço de trabalho podem formar profissionais mais capacitados profissional e pessoalmente.

A proposta da aprendizagem é de formar e lapidar os aprendizes de acordo com as necessidades do mercado, mas em um ritmo adequado, que atinja todas as possibilidades de aprendizagem do jovem. Na maioria dos discursos dos aprendizes, que ouvimos no decorrer desta pesquisa, existe uma prática contraditória ao que a Lei propõe. Muitos desses jovens relatam que os empresários tecem críticas ao afastamento dos aprendizes de suas práticas para realização dos módulos teóricos; outro problema é a jornada de 6 horas diárias, criticada pelos próprios colegas de trabalho, os quais acreditam que o aprendiz não poderia ter “privilégios” de cargas horárias menores, isso pela falta de explicação sobre o programa. A “sociedade ainda não tem conhecimento da importância de um programa de aprendizes. Tanto o estágio quanto a aprendizagem são oportunidades de inserção, mas a lei de aprendizagem ainda permite uma qualificação profissional”(ROCHA, 2013, s.p). Essa é a segunda prioridade do ANTDJ, a conciliação dos estudos, trabalho e família.

Na quarta proposta: diálogo social deve ser permeado pelas relações de trabalho, uma das formas de atuação é o trabalho decente, como o proposto pela Lei de Aprendizagem. Para isso, foi criado em 2008, o Fórum Nacional de Aprendizagem Profissional, que tem buscado mobilizar todos os segmentos da sociedade civil e organizada, para conscientização dos programas de aprendizagem:

É verdade que o fórum nacional, já replicado na grande maioria dos estados, visando ao equacionamento de questões que necessitam de articulação em nível local, ainda carece de uma participação mais ativa dos próprios aprendizes para que se constitua em um verdadeiro espaço de diálogo social. Não se tem dúvida de que programas de aprendizagem propiciam a reflexão do aprendiz sobre as relações sociais e corporativas em que está provisoriamente envolvido; e que esse jovem tem oportunidade de conviver com diversas categorias profissionais, além da riqueza de interagir com outros jovens na parte teórica do programa, jovens oriundos de outras organizações, com diferentes tipos de gestão de pessoas e de outros setores da economia (CLEMENTINO, 2013, p.46-47)

Neste ponto, gostaríamos de ilustrar nossa pesquisa bibliográfica, com um depoimento de um jovem aprendiz que iniciou seu curso de aprendizagem em uma instituição

do Sistema S, permanecendo por um ano, mas optou por sair e entrar no mesmo curso oferecido por uma entidade filantrópica na mesma cidade:

Quando eu estava em uma instituição formadora do Sistema S, eu não sabia que existia uma lei do aprendiz, nunca nos foi apresentado. Quando entrei aqui, eles nas primeiras semanas começaram a estudar a lei com a gente. Por que lá na outra instituição, eles nunca falaram nada dos direitos e deveres da lei do aprendiz (Grifo nosso para preservar a instituição, APRENDIZ 01, 2013, ONG).

Para que o jovem aprendiz possa engajar-se no reconhecimento dos verdadeiros propósitos da aprendizagem, é necessário apresentar a ele os objetivos do programa. Por meio de nossa experiência profissional, podemos inferir que um dos grandes problemas da Lei de Aprendizagem não é apenas a falta de conhecimento por parte dos empresários, mas dos jovens e dos próprios instrutores. Os profissionais contratados para execução dos módulos dos cursos nas instituições formadoras recebem suas apostilas prontas, sem uma preparação prévia ou uma formação específica para que também estejam conscientes da relevância do projeto, não tendo possibilidades de conscientizar seus alunos. Umas das ações necessárias e primordiais para o funcionamento dos verdadeiros propósitos dos cursos de aprendizagem seria a formação contínua dos instrutores, programas de conscientização das empresas parceiras e dos próprios funcionários para acolhimento dos jovens e acompanhamento contínuo do aprendiz, no período de seu contrato.

3.7 APROXIMAÇÕES DA PORTARIA N◦ 615 ÀS DETERMINAÇÕES DAS OMS E EMPRESARIADO.

A Portaria nº 615, de 13 de dezembro de 2007, altera alguns dispositivos do decreto 5.598, de 1º de dezembro de 2005, que regulamenta o Cadastro Nacional de Aprendizagem. As entidades formadoras inscrevem seus programas para serem aprovados e avaliados. Este é um instrumento do MTE para manter a qualidade desse modelo de formação. Nessa Portaria, queremos dar enfoque às diretrizes gerais, estabelecidas as entidades para que possam elaborar seus programas.

Começamos nossas reflexões trazendo um dos primeiros itens, no qual é proposto: “A promoção da mobilidade no mundo de trabalho pela aquisição de formação técnica geral e de conhecimentos e habilidades específicas como parte do itinerário formativo a ser desenvolvido ao longo da vida” (BRASIL, 2007, s.p).

Podemos observar que esse tópico adere ao discurso das OMs, já relatado no III Capítulo, através da análise do documento “Educação e formação ao longo da vida; uma ponte para o futuro”, da UNESCO. No primeiro eixo temático desse documento, a CEPAL sugere que o ensino profissional seja reformado para que os trabalhadores se adéqüem às novas tecnologias para mobilidade, evitando desemprego e desigualdade social.

Esse documento sugere que os trabalhadores devem estar inclusos na formação geral e profissional, compreendendo valores, conhecimentos, habilidades, competências e qualificações, características estas que devem estar presentes ao longo da vida. São falas muitos aproximadas, ficando bastante claro que o Brasil adota em suas políticas educacionais os modelos e orientações internacionais, principalmente, a respeito à educação profissional. Essa OM traz orientações específicas à aprendizagem, salientando que “a cultura da aprendizagem deveria permitir a criação e manutenção de uma estrutura institucional que instalará a aprendizagem ao longo da vida e uma ampla participação na educação e na formação” (UNESCO, 1999, p.13-14). Para esta, o ensino técnico e profissional é um dos instrumentos mais poderosos para enfrentamento dos desafios aos desenvolvimentos dos países, pois auxilia os jovens trabalhadores a encontrarem uma posição enquanto membros produtivos de uma sociedade.

No mesmo item da diretriz regulamentadora da Lei de Aprendizagem, são colocados, de forma sintética, os termos: “promoção da mobilidade no mundo do trabalho”. Mas, ainda

No documento PR JAQUELINE PUQUEVIS DE SOUZA (páginas 85-111)