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Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), o Programa de Integração Nacional (PIN) e os

CAPÍTULO 2 A RODOVIA CUIABÁ – SANTARÉM (BR-163) E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O

2.2 O Estado Brasileiro e o Desenvolvimento Regional na Amazônia

2.2.2 Papel do Estado no Processo de Ocupação e de Desenvolvimento Regional da Amazônia

2.2.3.5 Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), o Programa de Integração Nacional (PIN) e os

O Governo Médici deu continuidade às políticas de modernização da economia por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) Este objetivava, sobretudo, o

91 desenvolvimento econômico e a ampliação da malha rodoviária que tornasse viável a integração nacional e uma facilitação do escoamento de produtos primários.

Um grande marco das Políticas Públicas para o Desenvolvimento na área de influência da BR-163 no Governo Médici foram os Programas de Integração Nacional (PIN). O PIN foi criado no mês de junho de 1970 por meio do Decreto – Lei No 1106, assinado pelo

presidente Emílio Garrastazu Médici. O Programa de Integração Nacional tinha como propósito o financiamento de um plano de infraestrutura em regiões compreendidas como de escopo da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e a promoção da integração das regiões norte e nordeste à dinâmica da economia nacional. O interesse do Estado em priorizar ações sinérgicas entre as regiões norte e nordeste era tão grande que dos colonos atendidos pelo programa, cerca de 75% eram migrantes nordestinos.

O PIN trouxe perspectivas positivas para o desenvolvimento por intermédio da construção de estradas, de programas de colonização dirigida, continuidade de incentivos fiscais e exploração de recursos naturais. (SIMÕES, 2002). A primeira etapa do PIN foi a construção das rodovias Cuiabá – Santarém (BR – 163) e da Transamazônica (BR-230). De acordo com Kitamura (1994) muito mais do que integração a construção de estradas significavam dentro do imaginário coletivo possibilidades reais de desenvolvimento a partir da exploração dos recursos locais.

A segunda etapa do PIN consistiu em um plano para ocupação das terras desapropriadas. Objetivando “dar homens a uma terra sem homens e dar terra a homens sem terra” foi criado um grande programa para distribuição de terras na Amazônia. Trata – se dos Projetos Integrados de Colonização (PIC’s). Para coordenação e jurisdição sobre esses projetos foi criado em 09 de julho de 1970 pelo Decreto – Lei No 1110 o Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A influência e importância do Incra para o ordenamento da região da área de influência da BR -163 se deu porque este era o responsável sobre os PIC’s sediados em Altamira, Itaituba e Santarém, além de exercer jurisdição sobre os 100 km de cada lado das rodovias federais.Ficava a cargo do Incra em um primeiro momento, fornecer aos colonos assentados um salário que assegurasse sua sobrevivência durante os seis primeiros meses que antecediam as suas primeiras colheitas, além de prover assistência técnica, crédito rural, infra – estrutura social; acessibilidade para escoamento e comercialização da produção e promoção do ordenamento territorial da nova fronteira.

92 A relevância e efetividade das ações do Incra, pelo menos em território paraense, se deu por meio da federalização de milhares de hectares da terra na região. Estima-se que no estado do Pará, pelo menos cerca de 66% do território do estado tenha sido convertido em propriedade da União. Assim sendo, o Incra passou a deter o controle e administração de grandes faixas de terra ao longo das rodovias federais. De acordo com UFPA (2007) os primeiros dez quilômetros seriam ocupados pelos pequenos agricultores em lotes de 100 hectares (500x200m) para atividades agrícolas de pequena escala. Os noventa quilômetros restantes seriam destinados para o desenvolvimento de atividades pecuárias em lotes de tamanho variável entre 500 a 3.000 hectares.

O plano gerenciado pelo Incra previa que a ocupação seria feita nos primeiros 10 km em assentamentos de agricultores familiares e os 90 km restantes seriam destinados a investidores de maior porte. Havia também o planejamento que a cada 5 km perpendiculares com aproximadamente 10 km de extensão visando o escoamento da produção agrícola. Os PIC’s deveriam prover aos assentados toda uma infraestrutura, além da oferta de incentivos fiscais.

No estado do Pará foram implantados três PIC’s ao redor da Transamazônica entre os municípios de Marabá, Altamira e Itaituba. Na área de influência da BR-163 foi implantado o PIC - Itatituba compreendido pelos municípios de Aveiro, Santarém, Itaituba e Rurópolis. O PIC teve como primeira da sede administrativa Miritituba, distrito do município de Itaituba e posteriormente foi transferida para Rurópolis.

Segundo a UFPA (2007) o modelo de desenvolvimento planejado pelo Estado para a região pode ser compreendido como uma espécie de urbanização rural hierarquizada na qual se tem a presença de agrovilas, agrópolis e rurópolis. Uma das justificativas apresentadas pelo Incra para a escolha desse modelo é que seria um instrumento auxiliar no ordenamento territorial da “selva” facilitando a permanência das famílias assentadas no campo. As agrópolis tinham os seguintes componentes:

93 Ilustração 9: Estrutura das Agrópolis

Fonte: Autora

As agrópolis foram projetadas para serem centros urbanos com capacidade de abrigo para até 1.000 pessoas. Foram modeladas para oferecerem uma estrutura agroindustrial e administrativa a fim de servir como suporte a integração social no meio rural. Já as rurópolis tinham um formato diferente, com uma disponibilidade maior de serviços (aeroportos, hospitais, escolas técnicas, hotéis, cinemas, etc.), tinham suporte para atender até 20.000 moradores e tinham como função servirem de pequeno polo de desenvolvimento e centro das agrovilas e agrópolis distribuídas em um raio de até 200 km. Foi esse padrão de ocupação espacial vislumbrado pelo PIN e dissecados pelos PIC’s que se procurou aplicar nos assentamentos dirigidos na confluência das rodovias Transamazônica e Cuiabá – Santarém, integrando o PIC Itaituba, a única rurópolis implantada pelo Programa, que posteriormente se tornou o município de Rurópolis.(BRASIL, 2006)

O PIC Itaituba abrangia uma área total de 715.524,48 hectares, com perímetro de 1.050 km2 . O PIC abrangia 163 glebas, cada uma com 10 lotes de 100 hectares cada. Desta

94 maneira, o plano propunha que 1630 famílias do PIC se dividiriam a 10 km das rodovias Cuiabá-Santarém e Transamazônica da seguinte forma:

a) Ramal Norte  Gleba 51 – de Rurópolis até o km 40 da BR – 163 no município de Belterra;

b) Ramal Transamazônica  Gleba 62 – de Miritituba até o limite do PIC – Altamira;

c) Rama Sul  Gleba 50 – km 30 (Campo Verde) até o rio Jamanxim.

O PIC Itaituba foi implementado em 1972 e assentou 30 famílias. 3111 lotes de 100 hectares foram delimitados e140 lotes de 500 hectares foram ocupados no período compreendido entre 1972 2 1978. Essas famílias se dividiram entre as vicinais das rodovias BR - 163 e BR – 230. Segue abaixo tabela com a evolução das famílias assentadas no PIC. (UFPA, 2007)

Tabela 5: Evolução das famílias assentadas no PIC Itaituba

ANO N° DE FAMÍLIAS 1972 A 1974 732 1975 1095 1976 1510 1977 1800 1978 1900 (estimado) Total de Assentados 7.037 FONTE: INCRA (1978). Adaptado de UFPA (2007)

Essa metodologia de ocupação territorial só perdurou até o ano de 1974, quando o governo federal afirmou que a colonização dirigida pelo PIN estava fadada ao fracasso. Entre os fatores que culminaram no fracasso dos PIC’sdestacam –se : a falta de assistência técnica aos assentados, dificuldade de obtenção de crédito bancário e a precária situação das BR – 163 e BR – 230 e de suas vicinais.

Desse maneira, a política de ocupação da Amazônia impulsionada pelo Estado foi remodelada no então Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia –

95 POLOAMAZÔNIA. Apesar desse novo direcionamento da política de colonização da Amazônia, os índices de migração para a região continuam bastante altos. Isso por que a expectativa de asfaltamento da BR – 163 criou em efeito de colonização espontânea, a qual o Incra não tinha controle e que gerou um processo de ocupação desordenada da região.

Ainda que o modelo de colonização do Estado tenha sido remodelado, as famílias assentadas pelo PIC encontraram muitas adversidades, abandonando suas propriedades. Como resultado, observou-se uma alta taxa de crescimento demográfico nos municípios de Altamira, Itaituba e Santarém na década de 1970.

2.2.3.6 O II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) e o Programa de Pólos