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3. CAMINHO METODOLÓGICO

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

3.3.2 Planos de coleta, tratamento, análise e interpretação dos dados

Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998), as pesquisas qualitativas tipicamente geram um enorme volume de dados que precisam ser organizados e compreendidos.

À medida que os dados vão sendo coletados, o pesquisador vai procurando tentativamente identificar temas e relações, construindo interpretações e gerando novas questões e/ou aperfeiçoando as anteriores, o que, por sua vez, leva a buscar novos dados, complementares ou mais específicos, que testem suas interpretações, num processo de “sintonia fina” que vai além da análise final. (ALVES-MAZZOTTI E GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 170).

Nesse sentido, destaca-se que os instrumentos utilizados estão

disponibilizados nos apêndices 1 e 2, e detalhados na sequência.

Conforme Richardson (1999), existem diversos critérios de classificação de amostras, mas, em geral, dividem-se em dois grandes grupos: amostras probabilísticas, nas quais todos os sujeitos têm a mesma probabilidade de serem escolhidos, e não probabilísticas, quando os sujeitos são escolhidos por determinados critérios, dentre eles, acidentais, intencionais ou de seleção racional.

O horizonte da pesquisa foi de 2000 a 2018, período que compreende a implantação do PNE 2001-2010, e parcialmente, a implantação do PNE 2014-2024.

O formulário foi enviado aos estudantes e graduados, através do e-mail, fornecidos pelas IES, em número, para além do mínimo necessário, por perfil de respondentes, de acordo com anexo 1, instrumento aplicado para os estudantes e graduados, em duas etapas, conforme segue:

- 1ª Etapa: foi aplicado instrumento de pesquisa, através de questionário semiestruturado, com amostra não probabilística e intencional.

Num primeiro momento, foi aplicada uma pesquisa-piloto, realizada pelo pesquisador com a aplicação de entrevista, com questionário semiestruturado, para dois beneficiados pelas políticas públicas, selecionados de forma aleatória, sendo armazenadas em gravações de áudio, às quais contribuíram para ajustes no referido questionário.

- 2ª Etapa: foi aplicado instrumento de pesquisa para 5 estudantes e graduados beneficiados por cada política pública em cada IES, através de questionário estruturado, com amostra não probabilística e intencional, totalizando 20 participantes por IES e 80 no total.

Foram considerados os 5 primeiros respondentes para cada perfil definido na metodologia, em função de que a quantidade de respondentes, além dos 5 necessários para cada perfil, foi díspare em cada IES, sendo que se limitaram, inclusive, ao limite mínimo necessário, sendo:

- 5 estudantes beneficiados pelo Fies;

- 5 estudantes beneficiados pelo Prouni;

- 5 graduados beneficiados pelo Fies;

- 5 graduados beneficiados pelo Prouni.

Nessa perspectiva, e considerando que na região de abrangência há 4 IES com o perfil definido pelo estudo, destaca-se que, não necessariamente, o totalizador de respondentes foi de 20 de cada perfil, e 80 no total, pois há estudantes ou graduados que podem, em algum momento da sua trajetória acadêmica, terem sido beneficiados, simultaneamente ou não, pelo Fies e Prouni. Isso é possível, considerando-se várias situações, dentre elas:

- ter sido beneficiado com bolsa parcial (50%) do Prouni, e, conforme a lei do Fies, financiar até 50% da mensalidade restante por esta política;

- ter sido beneficiado pelo Fies por um período, e durante a jornada acadêmica, conquistar bolsa parcial ou integral do Prouni;

- ter sido beneficiado por uma ou por ambas as políticas públicas do Fies e Prouni durante a jornada acadêmica, e por motivos diversos, abandonar ou ser excluído de uma ou ambas.

Além destes, e considerando que a pesquisa não se limita aos diretamente beneficiados apenas pelo Fies e pelo Prouni, mas também por outras políticas públicas de ingresso e permanência no Ensino Superior, não se delimitou o quantitativo para estas, por não se ter informações prévias da existência ou não das mesmas na região de abrangência. Neste sentido, a existência e a incidência das mesmas é analisada associada às políticas públicas do Fies e Prouni.

É importante destacar que, na análise dos dados da pesquisa, não far-se-á o tratamento por IES, nem se identificarão nominalmente as mesmas.

O instrumento de pesquisa foi organizando em 3 blocos, totalizando 28 questões, sendo:

- Perfil: 13 questões;

- Importância do Ensino Superior: 6 questões;

- Importância das Políticas Públicas de Ingresso e Permanência no Ensino Superior: 9 questões.

Os dados quantitativos foram usados para subsidiar a análise qualitativa, sendo que o tratamento dado a cada um deles foi descrito separadamente.

- Gestores das IES: foi aplicado instrumento de pesquisa semiestruturado, através de entrevista, com questões previamente definidas, possibilitando aos entrevistados a argumentação além do questionado, para os gestores das 4 ICES localizadas na Região Fronteira Noroeste do RS. Os dados foram coletados pelo pesquisador, de forma presencial, e armazenadas em gravações de áudio. Cada IES teve 1 gestor entrevistado, totalizando 4 no total.

Por fim, apresenta-se na ilustração 5, em forma de representação gráfica, o caminho metodológico do estudo, com as etapas de cada fase da mesma.

Ilustração 5: Representação gráfica do caminho metodológico do estudo

Definição das categorias de Análise: estudantes, graduados e

gestores

Estruturação de questionário para estudantes e graduados

1a Etapa: Aplicação de pesquisa-piloto para 2 beneficiados

pelas políticas públicas nas ICES

2a Etapa: Aplicação de questionário para 5 estudantes e

graduados por cada política em cada ICES (80 no total)

Sistematização na visão dos estudantes e graduados

Ajustes no questionário

Caminho

Metodológico

Tema e

Problema de

Pesquisa

Fundamentação

Teórica

Pesquisa bibliográfica sobre Ensino Superior e

Políticas Públicas de Ensino Superior

Estruturação do roteiro de entrevista para gestores das

ICES

Aplicação das entrevistas (4 no total)

Sistematização na visão dos gestores das ICES

Sistematização Geral

Objetivos

Apresentação da Região Fronteira Noroeste do RS e

das ICES

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS: DO SURGIMENTO DAS ICES ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INGRESSO E PERMANÊNCIA NO CONTEXTO REGIONAL

Este capítulo apresenta o contexto regional, o surgimento das Instituições de Ensino Superior, a análise e discussão dos resultados, conforme proposto nos capítulos anteriores deste estudo.

Inicialmente, merece registro que a área de atuação das Instituições de Ensino, objeto de estudo, conta com uma formação cultural, de forte influência dos descendentes europeus, o que permite identificar que as circunstâncias históricas da vida – sejam elas materiais, políticas e culturais – influenciam e condicionam as vivencias na sociedade. Assim, a região produziu as suas condições de vida, em termos materiais ou espirituais, na qual a constituição de Instituições de Ensino Superior passou a ser uma expressão, um movimento social que carrega valores e interesses. A força dinâmica do movimento buscou a valorização do mundo do trabalho, pela qualificação de profissionais para potencializar o desenvolvimento das atividades na região.

Portanto, nas vivências comunitárias, nas falas dos entrevistados, ficou registrado que a formação superior faz parte da cultura na região, é um movimento social que é ao mesmo tempo um conflito social, pela dificuldade em manter a inclusão de estudantes nas Instituições de Ensino Superior, que historicamente se apresentou como uma prática educativa no preparo dos jovens para o mundo do trabalho e para a vida social.

Assim, nos diálogos ficou claro que educação ocupa lugar central na acepção coletiva na região, isto porque ela se constrói no processo de conquista da região. Foi um movimento educativo formado pela comunidade, com múltiplos desafios, onde a educação surge como uma conquista na construção dos ideais da região. Significa que a educação se cumpre num diálogo de saberes, na busca do entendimento compartilhado entre todos os que participam da mesma comunidade de vida, de trabalho. Nos diálogos realizados ficou evidente que o conhecimento é um mecanismo indispensável que a região dispõe para dar referência à condução de sua existência histórica.

4.1 AS ICES NA REGIÃO FRONTEIRA NOROESTE DO RS – DO SURGIMENTO