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CAPITULO 2 – AMEAÇAS ÀS PLATAFORMAS BLINDADAS

2.4. Plataformas não Tripuladas Terrestres

Plataformas não tripuladas terrestres estão também em crescimento constante, não só como formas de reconhecimento para as forças apeadas, mas também como forma de apoio próximo durante o combate, principalmente urbano. Esse apoio é proporcionado pelos diferentes sistemas de armas controlados remotamente (RWS), geralmente equipadas com metralhadoras pesadas. Em Fevereiro de 2019, na Conferencia e Exibição Internacional de Defesa 2019 (IDEX 19)10, foi demonstrado pela primeira vez uma versão

de UGV, um Sistema de Infantaria Modular de Lagartas (THeMIS), que possui a capacidade de ser equipado com armamento anticarro, constituindo-se o primeiro UGV a possuir tal capacidade. Este sistema proporciona um aumento substancial de poder de fogo de pequenas unidades face a uma ameaça blindada[ CITATION Wid19 \l 2070 ].

Numa primeira fase os protótipos de UGV desenvolvidos pelas diferentes indústrias de armamento estavam vocacionados para o apoio logístico próximo às unidades em primeiro escalão. Com a crescente ameaça e perigosidade dos IED e campos de minas, vários UGV foram especialmente desenvolvidos e adaptados para fazer desminagem e abertura de brechas para uma força, como é o caso do Russo Uran-6 ou Uran-14. Muitos projetos de UGV também foram desenvolvidos para prestar apoio em situações de combate com a capacidade de fazer transporte de material e pessoal da frente para a zona da retaguarda, ou vice-versa. Vários protótipos foram desenvolvidos, com base em sistemas modulares capazes de se adaptar para as diferentes situações desde apoio antiaéreo a anticarro, podendo descorar na blindagem para a sua proteção visto não ter guarnição que

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IDEX 2019 é uma exibição de armamento e tecnologia de defesa realizado bianualmente em Abu Dabi nos Emirados Árabes Unidos[ CITATION IDE19 \l 2070 ].

necessite de ser salvaguardada. Podem assim desempenhar operações de alto risco, sem a preocupação de colocar vidas em risco, sendo que nos piores cenários apenas se perde a plataforma em si[CITATION Har17 \l 2070 ].

2.4.1 Carro de Combate como UGV

Devido às grandes reservas de carros de combate obsoletos, foram criados diversos projetos de conversão de carros de combate em UGV, por forma a apoiarem as diversas operações de forças mecanizadas sem colocar em perigo uma guarnição completa. Países como a China e a Rússia produziram grandes quantidades de carros de combate durante a Guerra Fria, carros de combate que tendo em conta as exigências dos conflitos atuais se encontram completamente obsoletos, embora ainda integrem muitas unidades dos seus exércitos. Em Março de 2018 foi testado com sucesso o primeiro carro de combate não tripulado na China, um Type 59 baseado no T-55 soviético. O protótipo demonstrou limitações relativas ao seu emprego, no entanto ainda não foi possível tirar o maior partido das capacidades do carro, de forma a atingir o potencial da sua versão tripulada. Este projeto de reconversão do Type 59 encontra-se incorporado nos Planos de Modernização do Exército de Libertação Popular, como forma de reaproveitamento da sua enorme frota de carros de combate[ CITATION Dom18 \l 2070 ].

O Teatro de Operações da Síria tem servido como palco de testes para os diferentes e modernos armamentos recém-incorporados nas Forças Armadas Russas. Nesses armamentos estão incluídos uma variedade de plataformas não tripuladas, terrestres e aéreas, que provaram ser eficazes para as diferentes operações em que foram empregues. Uma plataforma de destaque é o UGV Uran-9, que ao contrário do Type-59, não é na sua origem um carro de combate, mas possui as dimensões e peso para se equiparar a um. Este UGV proporcionou o apoio a forças apeadas durante as suas operações em zonas urbanas. Com o seu teste em combate, novas modificações foram realizadas para colmatar as vulnerabilidades encontradas durante o seu emprego tático, atualizações que consistira numa peça de 30mm e capacidade anticarro [ CITATION Nov18 \l 2070 ].

As lições e experiências retiradas pelas Forças Armadas Russas na Síria têm contribuído para o aparecimento de modernas plataformas, na indústria de defesa russa. Em março de 2019 foi revelado um projeto para desenvolvimento de plataformas não tripuladas para as forças especiais, o Marker UGV. Uma plataforma capaz de se ligar diretamente com os soldados e de os acompanhar no campo de batalha, podendo fazer fogo

sobre alvos identificados pelo próprio soldado através da sua arma. Podendo ser lançado de um vetor aéreo junto com as forças das operações especiais e acompanhar operações de longa duração sem necessidade de reabastecimento [CITATION Rov19 \t \l 2070 ].

As plataformas não tripuladas, parcial ou completamente autónomas, são uma vertente cada vez mais presente nos modernos teatros de operações, com capacidades e potencialidades que excedem os meios convencionais. Desde o ataque de 11 de setembro de 2001 que este tipo de tecnologia tem demonstrado ser cada vez mais viável nos teatros de operações. Várias Forças Armadas estão a investir nesta tecnologia, principalmente após a crise da Ucrânia em 2014. Muitas dessas tecnologias demonstram grandes capacidades e avanços que poderão tornar-se decisivos na execução de uma operação. Tal como se prevê os futuros UAV a intercetar aeronaves tripuladas, também os UGV terão a capacidade de enfrentar unidades blindadas, podendo provocar baixas significativas no adversário. Com as lições aprendidas dos consideráveis sucessos do Estado Islâmico com as suas táticas de uso contínuo e intensivo de UAV e SVBIED, várias Forças Armadas encontram-se a desenvolver tecnologias para a coordenação e emprego de uma elevada quantidade de UAV, adotando táticas de Drone Swarm (Enxame UAV)[ CITATION Bun17 \l 2070 ].

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