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Observou-se que as atuais decisões jurisprudenciais recaem quanto à negativa de provimento da concessão do intervalo de 15 minutos para os homens, e o reconhecimento da constitucionalidade do artigo, concedendo assim o intervalo para as mulheres, e aplicando o pagamento de hora extra com adicional de 50% caso não seja respeitado.

Em relação a negativa de concessão ao homem é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho.

RECURSO DE REVISTA. INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT. SEXO MASCULINO. Quanto ao "intervalo da mulher", previsto no art. 384 da CLT, o Apelo não comporta conhecimento, porquanto a iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assentou-se no sentido de que o referido intervalo de quinze minutos é específico para a mulher, não se aplicando ao trabalhador homem. É o caso dos autos.

Nesta esteira, no ponto, aplica-se como óbice ao provimento do Apelo o disposto no art. 896, § 7.º, da CLT e na Súmula n.º 333 do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST - RR: 3731920135090028 , Relator:

Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 05/08/2015, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/08/2015)

Em análise das jurisprudências, notou-se que o assunto ainda é um tema de grande repercussão e vem motivando inúmeras discussões doutrinárias.

É o entendimento do TST.

RECURSO DE REVISTA. PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER.

INTERVALO ANTES DA SOBREJORNADA. ARTIGO 384 DA CLT. O debate relativo ao intervalo previsto no art. 384 da CLT não comportava mais discussão nesta Corte, visto que o Pleno, por meio do julgamento do TST - IIN - RR 1.540/2005-046-12-00, o qual ocorreu na sessão do dia 17/11/2008 (DEJT de 13/2/2009), havia decidido que o art. 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição da República. Essa decisão foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 658312-SC, com repercussão geral, cujo conteúdo vinculante torna superado o debate em definitivo . Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR:

9531920115020447 , Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 18/03/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015)

Recentemente, o TRT de Minas Gerais sumulou a matéria no sentido de frisar que o não cumprimento desta norma implica não somente em penalidades administrativas, mas também no pagamento da hora extra com o adicional de 50%.

É a Súmula 39 do TRT/MG da 3ª Região.

TRABALHO DA MULHER. INTERVALO DE 15 MINUTOS. ART. 384 DA CLT. RECEPÇÃO PELA CR/88 COMO DIREITO FUNDAMENTAL À HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA. DESCUMPRIMENTO. HORA EXTRA.

O art. 384 da CLT, cuja destinatária é exclusivamente a mulher, foi recepcionado pela CR/88 como autêntico direito fundamental à higiene, saúde e segurança, consoante decisão do Supremo Tribunal Federal, pelo que, descartada a hipótese de cometimento de mera penalidade administrativa, seu descumprimento total ou parcial pelo empregador gera o direito ao pagamento de 15 minutos extras diários. (RA 166/2015, disponibilização: DEJT/TRT3/Cad. Jud. 16/07/205, 17/07/2015 e 20/07/2015). Fonte: http://www.trt3.jus.br/bases/sumulas/sumulas.htm, acessado em 14 de Setembro de 2015.

O presente tema tem sido discutido com veemência por se tratar de matéria ainda não sumulada pelo TST, o que traria para os tribunais uma segurança maior em suas decisões.

O STF em recente análise quanto ao caso, se manifestou no âmbito da constitucionalidade do artigo. O recurso extraordinário que ensejou a jurisprudência teve repercussão geral reconhecida e a decisão então se aplicou a todos os casos sobre a matéria em tramitação na Justiça do Trabalho.

É a ementa da decisão.

EMENTA: DIREITO DO TRABALHO E CONSTITUCIONAL. RECEPÇÃO DO ARTIGO 384 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. DISCUSSÃO ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE DO INTERVALO DE 15 MINUTOS PARA MULHERES ANTES DA JORNADA EXTRAORDINÁRIA. MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DE INTERESSE DE MILHARES DE

PESSOAS. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL.

(RE 658312 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 08/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-083 DIVULG 27-04-2012 PUBLIC 30-04-2012 RDECTRAB v. 19, n. 214, 30-04-2012, p. 26-30 ).

A decisão confirma a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho no sentido de que a concessão de condições especiais à mulher não fere o princípio da igualdade contido no artigo 5º da Constituição Federal. A posição do TST foi consolidada em 2008, no julgamento de incidente de inconstitucionalidade em recurso de revista.

É a consolidação do TST.

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Decisão: por maioria, rejeitar o incidente de inconstitucionalidade do art. 384 da CLT, devendo os presentes autos retornar à 7ª Turma desta Corte para prosseguir no julgamento do recurso de revista. Ficaram vencidos os Exmos. Srs. Ministros Aloysio Corrêa da Veiga, Maria Cristina Peduzzi, Simpliciano Fernandes, Renato de Lacerda Paiva, Dora Maria da Costa, Pedro Paulo Manus, Caputo Bastos, Maurício Godinho Delgado, Vantuil Abdala, Milton de Moura França, Carlos Alberto Reis de Paula e Rider de Brito. Justificarão voto vencido os Exmos. Srs. Ministros Aloysio Corrêa da Veiga e Caputo Bastos. (Processo: RR - 154000-83.2005.5.12.0046 Numeração Antiga: RR - 1540/2005-046-12-00.583 - 17/11/2008)

Por consequência, detectou-se que as jurisprudências estão recaindo no mesmo sentido, qual seja da constitucionalidade do artigo, pois recepcionado pelo Supremo Tribunal Federal e já recepcionado também pelo Tribunal Superior do Trabalho, esse entendimento já se solidificou como se observou.

Por fim, relata-se que, com base em tais decisões, os Tribunais Regionais estão decidindo pela constitucionalidade do artigo aplicado apenas a mulher, pois com a consolidação ficou cada vez mais confortável a aplicação de sua constitucionalidade.

CONCLUSÃO

No presente trabalho observou-se que a mulher passou e ainda passa por inúmeras diferenças no mercado de trabalho em relação ao homem, diferenças essas que ainda necessitam de uma equiparação, ou seja, muito tem que evoluir.

Contudo, a mulher é protegida por um capítulo específico da Consolidação das Leis Trabalhista, o capítulo III, inserido neste capítulo o presente trabalho trouxe em voga a discussão quanto à constitucionalidade do artigo 384 da CLT, o qual da à mulher o direito de usufruir de um intervalo de 15 minutos entre a jornada normal e a extraordinária.

Para que haja uma análise da constitucionalidade, antes se deve ter entendimento de alguns princípios norteadores do ordenamento jurídico, pois com base neles a compreensão da discussão torna-se mais fácil e compreensível.

O Princípio da não discriminação é um dos princípios norteadores da CLT, o qual proibiu atos discriminatórios, não podendo tratar o ser humano com discriminação por motivo injustificado. Verificou-se ainda que o princípio pode ser divido em três pontos, direta, indireta e oculta, a primeira sendo explicita, a segunda sendo atos discriminatórios, por medidas administrativas, empresariais ou legislativas, e a terceira de forma velada. Assemelha-se muito ao princípio da igualdade.

Ainda em análise aos princípios temos o da igualdade material ou isonomia, este é norteador da maioria das decisões referentes à constitucionalidade ou inconstitucionalidade do artigo. Contudo, ainda sobre igualdade, é preciso abordar a necessidade de respeito aos diferentes, pois também é uma forma de atender ao principio da igualdade.

O princípio da igualdade é aplicado na CLT, no presente trabalho observou-se que ele é um dos princípios reguladores da Consolidação das Leis Trabalhistas, e nesta aplicação podemos ver evidenciado que tratar com diferença os diferentes é essencial para que haja uma harmonia da Lei com a constitucionalidade.

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Já quanto ao entendimento pela constitucionalidade do artigo, notou-se que o mesmo vem embasado no principio da igualdade, contudo na vertente de que os diferentes devem ser tratados com diferença para que possamos ter a harmonia constitucional. Ainda neste sentido decidiu pela constitucionalidade o Tribunal Superior do Trabalho e o Supremo Tribunal Federal.

Enquanto a inconstitucionalidade vem trazendo o artigo 5º da Constituição Federal como o norteador da alegação, pois uma vez que o artigo traz que homens e mulheres são iguais perante a lei, deveria então ser inconstitucional uma lei que protegesse apenas um sexo.

Por fim, após a pluralidade da jurisprudencial o STF e TST consolidaram a constitucionalidade do artigo, deixando então o tema de certa forma confortável para decisões pela constitucionalidade do artigo.

Interessante ver que, baseando-se no princípio da igualdade esculpido no artigo 5º da Constituição, pode-se justificar pelo entendimento da inconstitucionalidade, e constitucionalidade do artigo, pois como observado ele é o norteador para ambos os entendimentos.

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