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Para atender as demandas crescentes do mercado financeiro na contemporaneidade, os bancos passaram a exercer múltiplas funções, no intuito de aumentar sua carteira de clientes e, consequentemente sua lucratividade, passando assim a desenvolver diversas atividades ditas não bancárias.

4.1.1 Atividades não bancárias

O desenvolvimento de operações não bancárias tem seu grande marco nos anos 80, visto que a partir de tal data os bancos passam a incluir esses serviços de maneira concorrencial. Nesse sentido, temos que tais atividades incluem, dentre outras: “trusts” (custódia, administração de bens), fundos mútuos, seguros em geral, gestão de ativos, linhas de crédito, serviços de corretagem de imóveis, venda de moeda estrangeira.

Atualmente, estima-se que cinco em cada dez bancos abrangem em seu pacote de operações, as principais atividades financeiras diversificadas supracitadas. Os clientes exigem uma gama de serviços, porque é mais conveniente e seguro para acessá- los através dos bancos. Assim, alguns bancos podem ser capazes de estabelecer uma vantagem competitiva e lucrar oferecendo esses serviços.

Conforme dito anteriormente, a celeridade do crescimento dessas atividades, classificadas como fora do balanço de negócios dos grandes bancos globais, aumentou significativamente em meados dos anos 80, no período pós ditadura o qual o país tentava se reorganizar sócio-político-economicamente.

Vale ressaltar que apesar de os anos 80 serem marcados enquanto mola propulsora destas novas modalidades ingressadas nos bancos, para fins deste trabalho, nos valeremos de análises de lucratividade bancária brasileira no período compreendido entre 2000 e 2010, no intuito de tornar tal apreciação mais realista e contemporânea.

35 Acrescentamos ainda que o marco dos anos 80, deu-se também, em grande parte, devido à expansão dos mercados de derivativos e securitização, os quais serão melhor explicados nos subtópicos a seguir.

4.1.2 Derivativos

De maneira breve, podemos explicar um derivativo como sendo “instrumentos financeiros cujo preço de mercado deriva do preço de mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro" (SANTOS; 1998). Ou seja, é a operação em que o valor das transações deriva do comportamento futuro de outros mercados, como de ações, câmbio ou juros.Existem derivativos com diferentes finalidades, os principais são os de hedge, alavancagem, especulação e arbitragem.

Hedge assemelha-se a um seguro de preço, assumindo o objetivo de proteger o participante do mercado físico de um bem ou ativo contra variações adversas de taxas, moedas ou preços; Alavancagem concerne aos derivativos que têm grande poder de elevar, já que a negociação com esses instrumentos exige menos capital do que a compra do ativo à vista, assim, ao adicionar posições de derivativos a seus investimentos, você pode aumentar a rentabilidade total deles a um custo menor; Especulação se refere a tomada de uma posição no mercado futuro ou de opções sem uma posição correspondente no mercado à vista. Nesse caso, o objetivo é operar a tendência de preços do mercado; por fim, a Arbitragem denota tirar proveito da diferença de preços de um mesmo produto negociado em mercados diferentes. O objetivo é aproveitar as discrepâncias no processo de formação de preços dos diversos ativos e mercadorias e entre vencimentos.

Seu crescimento tem se dado com bastante celeridade. Alguns desses derivativos são negociados em bolsas organizadas que garantem o contrato entre as duas partes. Conforme Shelagh Heffernan (2005) eles aumentaram 13 vezes entre 1980 e 2000, a uma taxa média anual de 29,4%, embora a taxa de crescimento tenha caído para cerca de 10% ao por ano do novo século.

Nos primeiros anos do período supracitado, cerca de metade dos derivados foram negociadas em bolsas organizadas, em comparação com pouco mais de 14% em

36 2002, atestando o rápido crescimento no mercado de balcão. Isto é, em 1988, o tamanho da bolsa comercializado e mercados de balcão eram aproximadamente o mesmo.

A grande expansão dos derivativos está ligada ao crescimento dos investidores bancários e outros mercados financeiros expostos às oscilações do mercado monetário. Dessa forma os derivativos atuam como instrumentos contingentes que permitem que o banqueiro ou investidor se proteja contra alguns dos riscos financeiros.

Devido a essa propriedade de proteger contra riscos financeiros, os derivativos são uma parte importante dos bancos no que tange as técnicas de gestão de risco. Outra função vital é que esses contratos podem também ajudar o banco a cumprir as normas de capital e evitar impostos regulatórios. Um banco pode também aconselhar clientes sobre o uso de derivados para cobrir riscos na sua carteira de serviços.

4.1.3 Securitização

A securitização é uma prática financeira que consiste em agrupar vários tipos de ativos financeiros (notadamente títulos de crédito tais como faturas emitidas e ainda não pagas, dívidas referentes a empréstimos e outros, convertendo-os em títulos padronizados negociáveis no mercado de capitais.

A securitização é a monetização à vista de recebíveis futuros através da emissão de um título representativo destes mesmos direitos creditórios e respectiva venda do mesmo no mercado de capitais. O resultado da securitização de operações de financiamento é o aspecto importante desta combinação de operações bancárias tradicionais com operações de mercado de capitais. Esses títulos são, portanto, caracterizados por um compromisso de pagamento futuro, de principal e juros, a partir de um fluxo de caixa proveniente da carteira de ativos selecionados.

Assim, a dívida é transferida, vendida, na forma de títulos, para vários investidores. Logo, securitização é a conversão de uma dívida (duplicatas, cheques, notas promissórias) em título lastreável e negociável entre instituições financeiras. Estes títulos podem ser adquiridos diretamente por bancos, distribuidoras de valores ou fundos de investimento como forma de rentabilizar o capital investido. Caberá também ao comprador do título securitizado a cobrança individual de todas as dívidas que compõe o título, isentando a securitizadora e qualquer intermediário, de qualquer ônus.

37 A securitização é utilizada pelo sistema financeiro para obtenção de fundos e divisão de riscos. É uma forma de transformar ativos relativamente não líquidos em títulos mobiliários líquidos, transferindo os riscos associados a eles para os investidores que os compram.

Essa prática se aplica tanto a empresas como a estados. No início dos anos 1990, o governo brasileiro deu início a um processo de reestruturação da dívida pública através de securitização. A proposta do Plano Brady, consistia na troca dos empréstimos anteriores por novos títulos, que poderiam ser negociados posteriormente no mercado, com alongamento dos prazos e redução do serviço da dívida. Assim, débitos oriundos de dívidas assumidas pelos estados e por empresas estatais brasileiras foram repactuados e transformados em títulos públicos emitidos para os credores originais.

Este novo conceito operacional estava até então restrito às empresas não financeiras e vinha sendo utilizado pelas empresas exportadoras e pelas empresas comerciais, com base em normativos próprios editados pelo Banco Central, quem em 1998 lançou a resolução 2493 onde o mesmo passa a regulamentar e autorizar que instituições financeiras pudessem atuar com a securituzação.

No que se refere ao crescimento da securitização também tem sido muito rápida, devido à participação dos bancos nessas emissões de títulos. O processo envolve os seguintes passos: origem, localizando o cliente, geralmente através do banco; análise de crédito, estimando a probabilidade de o mutuário potencial pagar o empréstimo; manutenção de empréstimo, garantindo que a dívida e os juros são pagos a tempo pelo calendário acordado, ou seja, fazer cumprir o contrato de empréstimo.

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